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Uma em cada quatro mortes infantis em Pernambuco ocorre nas primeiras 24 horas de vida

Pernambuco, por Kleber Patricio

Foto: Charles Eugene/Unsplash.

Em Pernambuco, cerca de um quarto das mortes infantis entre 2000 e 2019 ocorreram nas primeiras 24 horas de vida. A gestação de curta duração e o baixo peso ao nascer foram relacionadas com a principal causa de mortes nesta faixa etária, que poderiam ter sido reduzidas com atenção adequada no pré-natal. É o que mostra estudo de pesquisadores do Instituto Aggeu Magalhães, da Fundação Oswaldo Cruz, de Pernambuco, publicado no último dia 24 na Revista Brasileira de Enfermagem.

A fim de analisar os riscos e as causas evitáveis da morte de bebês nas primeiras 24 horas de vida, os pesquisadores utilizaram dados de 2000 a 2019 dos sistemas de Informações sobre Mortalidade (SIM) e sobre Nascidos Vivos (Sinasc) do DataSUS. Ao todo, 52.831 óbitos infantis foram registrados neste período, sendo que óbitos nas primeiras 24 horas de vida representavam 13.601, ou seja, 25% deste montante.

O estudo revelou que a ​​idade gestacional, o sexo do bebê, o peso ao nascer, o tipo de gravidez e de trabalho de parto, a idade da mãe e a escolaridade materna têm relação com a morte prematura do recém-nascido.

Segundo analisa a pesquisadora Aline Beatriz dos Santos da Silva, coautora do estudo, a maioria das mortes infantis ocorre no primeiro dia de vida, o que faz com que a mortalidade de recém-nascidos seja considerada um problema de saúde pública mundial. “Essas mortes representam mais de dois terços do total de óbitos infantis e sua compreensão perpassa questões que revelam lacunas socioeconômicas e de acesso a serviços de saúde, pois os países e regiões de baixa renda são os mais atingidos”. Em 2019, a região Nordeste liderou o número de mortes de recém-nascidos nas primeiras 24 horas de vida, com 3.020 mortes registradas. Destas, 16% ocorreram no estado de Pernambuco.

Com os resultados da pesquisa, se torna mais fácil aos pesquisadores e profissionais de saúde identificar variáveis associadas ao óbito prematuro, segundo pontua a pesquisadora. Assim, se podem tomar decisões de atenção e cuidado a mulheres grávidas e recém-nascidos que diminuam essa mortalidade. “Para conseguir avançar de forma efetiva sob essa problemática, é necessário que as intervenções sejam respaldadas na realidade epidemiológica e de capacidade de rede assistencial à saúde materna e infantil de cada localidade, bem como do uso de evidências científicas aplicáveis a esses contextos”, finaliza.

Pesquisa indexada no Scielo – DOI: https://www.scielo.br/j/reben/a/c9b4sWCr7RtMd9jGXqSLxDt/?lang=pt.

(Fonte: Agência Bori)

MIS Campinas recebe exposição “Sob a Pele”, da fotógrafa francesa Pauline Daniel

Campinas, por Kleber Patricio

Algumas das fotografias de Pauline Daniel expostas no MIS com entrada gratuita. Foto: divulgação.

O MIS – Museu da Imagem e do Som de Campinas recebe a exposição “Sob a Pele”, de fotografias de Pauline Daniel, fotógrafa francesa que traz para o Brasil projeto que aborda a questão do desperdício de alimentos. O evento é gratuito e o horário de visitação é de terça a sexta-feira, das 9h às 17h; sábado, das 9h às 13h. Domingos e feriados, fechado. A mostra é uma parceria com a Aliança Francesa, MIS e Secretaria de Cultura e Turismo de Campinas.

A exposição traz 13 fotos de frutas típicas brasileiras, como o mamão papaia, o abacaxi, o limão Taiti, a jaca e a goiaba, além de 7 fotos apresentadas na edição francesa da exposição, com alcachofras, peras e pimentões.

O trabalho de Pauline oferece as duas possíveis facetas de um mesmo alimento: o lado cru, marcado e danificado; depois sua versão descascada, trabalhada e roteirizada revelando seu brilho interior. As fotos, inéditas, foram produzidas no estúdio da fotógrafa brasileira Nana Moraes.

Segundo o chefe do MIS, Alexandre Sonego, “esta exposição marca a retomada das exposições internacionais no museu. A parceria com a Aliança Francesa é estratégica e importante para circulação das produções cinematográficas da França e abre caminho para o intercâmbio dos artistas franceses em Campinas”.

Essa série teve início na França em 2014 e continuou em 2022 durante uma residência de criação no Rio de Janeiro com o tema “Luta contra o desperdício”, com o apoio do Banco de Alimentos na França e do Ceasa/Rio de Janeiro.

Fotógrafa culinária acostumada a trabalhar com produtos frescos de alta qualidade, Pauline Daniel realizou essa série unicamente com frutas e legumes considerados impróprios para a venda.

Nesse conjunto de imagens, Pauline Daniel quis revelar esteticamente as frutas e os legumes danificados e prestes a serem descartados. Na escuridão do estúdio de fotografia, ela procurou trazer à luz o sabor real intrínseco de cada produto. Algumas imagens são construídas em dípticos que mostram as duas facetas possíveis de um mesmo alimento: o lado bruto danificado e a sua versão tratada revelando o seu brilho interior. Desta forma, o espectador/consumidor é convidado a refletir sobre a tirania da aparência tão enganosa. Usando o registro da sedução, as imagens levantam a questão da atração e da repulsa e propõem uma reflexão sobre a noção da “beleza interior”.

Pauline Daniel

Formada em Artes Plásticas pela Universidade Paris I e premiada pela Escola Nacional Superior de Fotografia de Arles em 2002, Pauline Daniel escolheu trabalhar com alimentos e explorá-los como campo de investigação plástica.

Ela foi vencedora de vários prêmios como o Foodprint Culinary Award na Bélgica em 2019,o Grand Prix FIPC 2019,o Grand Prix Milano no Festival Internacional da Fotografia Culinária em 2015 e o Premier Prix Food no 8° International Color Award 2015 em Los Angeles.

Seu trabalho foi exibido no Pavilhão da França na Exposição Universal de Milão em 2015 e na Friche de la Belle de Mai em Marselha em 2020, entre outros lugares.

Serviço:

Exposição “Sob a Pele”, fotografias de Pauline Daniel

Local: MIS – Museu da Imagem e do Som

Endereço: Rua Regente Feijó, 859, Centro, Campinas (SP)

Horário de visitação: terça a sexta-feira, das 9h às 17h; sábado, das 9h às 13h. Domingos e feriados, fechado

Entrada gratuita.

(Fonte: Prefeitura de Campinas)

Sinfônica de Campinas apresenta concerto gratuito sob regência de Ligia Amadio

Campinas, por Kleber Patricio

Ligia Amadio será a regente do concerto de sábado, 5 de novembro. Fotos: divulgação.

A Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas apresenta no próximo sábado, 5 de novembro, às 18h, concerto na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias – Estaca Campinas sob a batuta da maestra Ligia Amadio. A entrada é gratuita e a acomodação é feita por ordem de chegada, sendo dispensada a retirada de ingressos para acesso ao local.

O concerto terá como solista o trombonista Wilson Dias. No programa, a “Sonata em Ré”, do campineiro Carlos Gomes, popularmente conhecida como “O Burrico de Pau”; a “Suíte Holberg”, do norueguês Edvard Grieg; a “Valsa Triste”, do filandês Jean Sibelius; e o “Concertino para Trombone”, do compositor sueco Lars-Erik Larsson.

Sobre Ligia Amadio

Ligia Amadio é uma das mais destacadas maestras brasileiras da atualidade. Notabilizou-se internacionalmente por sua reconhecida exigência artística, seu carisma e suas vibrantes performances, sendo frequentemente convidada para atuar à frente das mais importantes orquestras, de norte a sul do país.

Bacharel em Música com habilitação em Regência e Mestre em Artes pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi premiada no célebre Concurso Internacional de Tóquio (1997) e no II Concurso Latino-Americano para Regentes de Orquestra em Santiago, no Chile (1998), tendo recebido, em 2001, o prêmio “Melhor Regente do Ano” no Brasil, outorgado pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

Atuou como regente titular e diretora artística da Orquestra Sinfônica Nacional, entre 1996 e 2009, ocupou a função de regente titular da Orquestra Sinfônica da Universidade Nacional de Cuyo, em Mendoza, Argentina, de 2000 a 2003, e em 2009 foi diretora artística e regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, sendo laureada com a Medalha Carlos Gomes, concedida pela Câmara Municipal.

De agosto de 2009 a dezembro de 2011 atuou como regente titular da Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo (OSUSP), sendo indicada, em 2011, para o prêmio Carlos Gomes em duas categorias por seu trabalho à frente da instituição, e, em 2012, premiada na categoria “Regente”, “pelo trabalho com a Orquestra Sinfônica da USP”.

Entre 2010 e 2014 ocupou a direção titular e artística da Orquestra Filarmônica de Mendoza. Para todos esses cargos, Ligia Amadio foi eleita pelos integrantes das respectivas orquestras.

Em 2014, convidada para a direção titular da Orquestra Filarmônica de Bogotá, realizou uma temporada dedicada completamente à música do século XX, na qual regeu 42 concertos.

Sua discografia reúne 11 CDs e 5 DVDs: à frente da Sinfônica Nacional, da Sinfônica da Rádio e Televisão Eslovenas e da Sinfônica de Mendoza, na Argentina. Entre eles, destaca-se a realização da coleção Música Brasileira no Tempo.

Sobre Wilson Dias

Primeiro bacharel em eufônio no Brasil pela Faculdade Mozarteum de São Paulo e pós-graduado em Performance e Pedagogia dos instrumentos de Metais e Regência Orquestral pela Faculdade de Ciência e Educação do Caparaó, é Primeiro Trombone Solista na Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas desde 1995, Regente associado e chefe de naipe dos metais da Orquestra Cristã Brasileira (OCB) e professor de Eufônio da Emesp (Escola de Música do Estado de São Paulo).

É frequentemente convidado a participar como docente em diversos cursos e festivais nacionais e internacionais, entre eles: Festival Trombonanza, em Santa Fé (Argentina); Peru LowBrass, em Lima e Festival de Metais em Arequipa (Peru); Festival de Metais em Guanajuato (México); Curso Internacional de Verão de Brasília; Festival Internacional de Música da Universidade Federal de Goiás e Festival Internacional de Metais da Unirio, entre outros. Tem se apresentado como solista frente a diversas instituições musicais no Brasil, Argentina e México e como músico convidado nas principais orquestras nacionais, como Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Filarmônica de Minas Gerais, Sinfônica de Porto Alegre e Sinfônica do Paraná.

Como regente convidado, já esteve à frente da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, da Banda Sinfônica de Sumaré, da Banda Sinfônica de Nova Odessa e da Banda Sinfônica da Academia da Força Aérea de Pirassununga.

Foi organizador dos Festivais Internacionais Carlos Gomes de Campinas nos anos de 2009, 2010 e 2012. É membro da Associação Brasileira de Trombonistas e da Associação de Eufônios e Tubas do Brasil. É regente da Orquestra Filarmônica Popular de Campinas e da Banda Musical Carlos Gomes de Campinas.

Serviço:

Concerto da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas

Dia e hora: 5 de novembro, 18h

Local: Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias – Estaca Campinas

Av. Nestor Castanheira, 379 – Vila Discola, Campinas (SP)

Entrada gratuita.

(Fonte: Prefeitura de Campinas)

Núcleo de Artes Cênicas do SESI Campinas realiza espetáculo autoral em novembro

Campinas, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

Nos dias 4, 5, 18 e 19 de novembro, às 20h, acontece o espetáculo “A saga de Maria da Fé em defesa do Povo Brasileiro”, inspirado na obra “Viva o Povo Brasileiro”, de João Ubaldo Ribeiro. O espetáculo nasce como resultado do processo do curso Encenação, oferecido pelo Núcleo de Artes Cênicas do SESI Campinas em 2022, partindo do tema “Identidades”.

A história conta a saga de Maria da Fé, guerreira brasileira que no século XX lutou de forma clandestina contra a opressão e o descaso das autoridades para com as necessidades do povo. A personagem, filha de uma cativa com um Barão, comanda uma irmandade e defende os direitos à vida e à liberdade.

O livro mistura fatos da história brasileira com ficção. A personagem foi inspirada na escravizada Maria Felipa, que comandando outras mulheres, teve papel importante na guerra pela independência no estado da Bahia.

A obra de João Ubaldo é bem extensa, abarcando um longo período (1647 a 1970), tem inúmeros personagens e núcleos familiares que se revelam no passar dos séculos. A narrativa, focada na história da guerreira do povo, Maria da Fé, mostra o espírito de luta e resistência diante da opressão do poder vigente, que é uma característica de nosso povo; bem como o contraponto da visão da elite diante dos fatos, que se perpetua de geração em geração. A Revisitação da história pelo olhar do autor nos proporcionou reflexões profundas sobre como se estrutura a sociedade brasileira e os preconceitos que ainda trazemos conosco.

Sobre os NACs

Criado em 1987, o Núcleo de Artes Cênicas (NAC) do SESI-SP, vem sendo desenvolvido de maneira ininterrupta e ocupa atualmente 5 unidades por todo o Estado de São Paulo, sendo elas Campinas Amoreiras, Itapetininga, Ribeirão Preto, São José dos Campos e São José do Rio Preto. Os cursos oferecidos gratuitamente pelos NACs proporcionam a vivência da prática teatral para pessoas de diversas idades, que tenham ou não algum conhecimento sobre as artes cênicas.

Participe – retire seu ingresso gratuito em Meu SESI (clicando aqui) e prestigie o trabalho dos nossos alunos. Ingressos remanescentes serão disponibilizados minutos antes do espetáculo.

Classificação: 14 anos

Para agendamento de grupos e EJA, envie e-mail para caccampinas1@sesisp.org.br

Mais informações: (19) 99642-1499, (19) 3772-4100, sucamp1@sesisp.org.br.

Horário de atendimento: de segunda a sexta, das 9h às 18h.

Ficha Técnica

Projeto: Cena Livre

Texto- Inspirado em Viva o Povo Brasileiro de João Ubaldo Ribeiro

Direção e roteiro – Inês Vianna

Adaptação – O grupo e Inês Vianna

Iluminação – Danilo Zavarezi

Painéis do cenário – Bia Medeiros e Tiago Ciurcio

Composições especialmente para a peça – Kadu Anjos

Costureira Isabel Nardez

Elenco: Andreh Outeiro, Antônia Ferreira, Bruna Caroline, Daphne Trevelin, Denise Suassuna, Julia Ramos, Kadu Anjos, Lília Craveiro, Luiz Paulo Andrade, Marcelo Cruz, Mariana Camfrance, Maysa Sigoli e Xaira Lindsay

(Fonte: Assessoria de Imprensa SESI SP)

Retrospectiva do fotógrafo Walter Firmo chega ao CCBB RJ

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Walter Firmo – “Maestro Pixinguinha”, RJ, 1967. Acervo IMS.

No dia 9 de novembro, chega ao Rio de Janeiro a grande exposição retrospectiva “Walter Firmo: no verbo do silêncio a síntese do grito”, um panorama dos mais de 70 anos de trajetória do consagrado fotógrafo carioca. A mostra será apresentada no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ), depois de ter sido exibida com enorme sucesso no Instituto Moreira Salles de São Paulo (IMS Paulista), e marca o início da parceria – inédita – entre as duas instituições. O IMS fechará sua sede carioca para reforma em abril de 2023.

“Essa bela parceria não poderia começar de forma melhor. Inaugurá-la com uma mostra que tem tanta relação com a identidade carioca e que o público do Rio de Janeiro não poderia perder de forma alguma é muito significativo”, afirma Sueli Voltarelli, gerente geral do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro. E complementa: “As imagens de Firmo despertam memórias de uma afetividade profunda, que certamente aumentam a conexão das pessoas com a produção cultural brasileira”.

Marcelo Araujo, diretor-geral do Instituto Moreira Salles, ressalta a especial importância da parceria com o CCBB: “É um privilégio poder apresentar a exposição de Walter Firmo no Rio de Janeiro numa instituição de tamanho prestígio e com uma relação tão forte com a cidade e sua população”.

Walter Firmo – “Carnaval RJ”, 1985. Acervo IMS.

Com curadoria de Sergio Burgi e Janaina Damaceno, “Walter Firmo: no verbo do silêncio a síntese do grito” ocupará todas as salas do segundo andar do CCBB RJ com 266 fotografias, produzidas desde 1950, no início da carreira de Firmo, até 2021. São imagens que retratam e exaltam a população e a cultura negra de diversas regiões do país, registrando ritos, festas populares e religiosas, além de cenas cotidianas. O conjunto destaca a poética do artista, associada à experimentação e à criação de imagens muitas vezes encenadas e dirigidas. “Acabei colocando os negros numa atitude de referência no meu trabalho, fotografando os músicos, os operários, as festas folclóricas; enfim, toda a gente. A vertigem é em cima deles. De colocá-los como honrados, totens, como homens que trabalham, que existem. Eles ajudaram a construir esse país para chegar aonde ele chegou”, diz Walter Firmo.

O fotógrafo percorreu intensamente todo o país, mas sempre manteve um vínculo especial com o Rio de Janeiro, sua cidade natal, onde iniciou e construiu sua carreira e desenhou sua trajetória na fotografia a partir da vivência de homem negro nascido e criado nos subúrbios e arrabaldes de Mesquita, Nilópolis, Marechal Hermes, Osvaldo Cruz, Vaz Lobo, Cordovil, Parada de Lucas, Vista Alegre e Irajá, territórios do samba de raiz e do permanente ronco da cuíca.

Walter Firmo – “Vendedor de sonhos na praia de Piatã, Slvador, BA”, dec. 1980. Acervo IMS.

Dividida em núcleos temáticos, a mostra traz retratos memoráveis de grandes nomes da música brasileira, como Cartola, Clementina de Jesus e a icônica fotografia de Pixinguinha na cadeira de balanço, além de destacar a importante trajetória de Firmo como fotojornalista e de dedicar uma seção à fotografia em preto e branco do artista, pouco conhecida e, em grande parte, inédita.

“Walter Firmo incorporou desde cedo em sua prática fotográfica a noção da síntese narrativa de imagem única, elaborada por meio de imagens construídas, dirigidas e, muitas vezes, até encenadas. Linguagem própria que, tendo como substrato sua consciência de origem – social, cultural e racial –, desenvolve-se amalgamada à percepção da necessidade de se confrontar e se questionar os cânones e limites da fotografia documental e do fotojornalismo. Num sentido mais amplo, questionar a própria fotografia como verossimilhança ou mera mimese do real”, afirma o curador Sergio Burgi, coordenador de fotografia do IMS, que assina a curadoria ao lado de Janaina Damaceno Gomes, professora da UERJ e coordenadora do grupo de pesquisa Afrovisualidades: Estéticas e Políticas da Imagem Negra.

Walter Firmo – “Cartola – Angenor de Oliveira desfilando no Carnaval RJ”, dec. 1970. Acervo IMS.

A exposição é uma oportunidade para o público conhecer em profundidade a obra de um dos grandes fotógrafos do nosso país, que até hoje mantém seu compromisso pelo fazer artístico: “Aí está o meu relato, a história de uma vida dedicada ao fazer fotográfico, dias encantados, anos dourados. Qual a minha melhor imagem? Certamente aquela que em vida ainda poderei fazer. Emoções, demais”, afirma o fotógrafo.

Com patrocínio do Banco do Brasil, a exposição segue para os Centros Culturais Banco do Brasil Brasília e Belo Horizonte.

Núcleos temáticos

A exposição está dividida em sete núcleos temáticos. No primeiro, o público encontra cerca de 20 imagens em cores, de grande formato, produzidas ao longo de toda a sua carreira. Há fotos feitas em Salvador (BA), como o registro de uma jovem noiva na favela de Alagados (2002); em Cachoeira (BA), como o retrato da Mãe Filhinha (1904-2014), que fez parte da Irmandade da Boa Morte durante 70 anos; e em Conceição da Barra (ES), onde o fotógrafo retratou o quilombola Gaudêncio da Conceição (1928-2020), integrante da Comunidade do Angelim e do grupo Ticumbi, e dança de raízes africanas, entre outras.

Walter Firmo – Acervo Instituto Moreira Salles. Coleção Walter Firmo – Cachoeira, BA, c. 2000. Acervo IMS.

O segundo núcleo apresenta a biografia do artista, abordando os seus primeiros anos de atuação na imprensa, quando registrou temas do noticiário, em imagens em preto e branco. O conjunto inclui uma fotografia do jogador Garrincha, feita em 1957; imagens de figuras proeminentes da política nacional, como Jânio Quadros e Juscelino Kubitschek; além de registros de ensaios de escolas de samba do Rio de Janeiro. Também há fotografias feitas para a reportagem “100 dias na Amazônia de ninguém”, publicada em 1964 no Jornal do Brasil, pela qual Firmo recebeu o Prêmio Esso de Reportagem.

Nas próximas seções, a retrospectiva evidencia como, no decorrer de sua carreira, Firmo passou a se distanciar do fotojornalismo documental e direto, tendo como base a ideia da fotografia como encantamento, encenação e teatralidade, em diálogo com a pintura e o cinema. Isso fica evidente no ensaio realizado em 1985 com seus pais (José Baptista e Maria de Lourdes) e seus filhos (Eduardo e Aloísio Firmo), no qual José aparece vestindo seu traje de fuzileiro naval, função que desempenhou ao longo da vida, ao lado de Maria de Lourdes, que usa um vestido longo, florido e elegante. O ensaio faz alusão às pinturas “Os noivos” (1937) e “Família do fuzileiro naval” (1935), do artista Alberto da Veiga Guignard (1896-1962).

Como destaque, a exposição apresenta, ainda, retratos de músicos produzidos por Firmo, principalmente a partir da década de 1970. Nas imagens, que ilustram inúmeras capas de discos, estão nomes como Dona Ivone Lara, Cartola, Clementina de Jesus, Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Martinho da Vila, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Djavan e Chico Buarque. Nesse conjunto, está, ainda, a famosa série de fotografias de Pixinguinha feita em 1967, quando Firmo acompanhou o jornalista Muniz Sodré em uma pauta na casa do compositor. Após o término da conversa, o fotógrafo pegou uma cadeira de balanço que ficava na sala da residência, colocou no quintal, ao lado de uma mangueira e propôs que Pixinguinha se sentasse nela com o saxofone no colo. Assim registrou o músico, em uma série de imagens que se tornaram icônicas.

A exposição traz também um ensaio com fotografias do artista Arthur Bispo do Rosário para a revista IstoÉ, em 1985, feitas na antiga Colônia Juliano Moreira, onde Bispo ficou confinado e criou seu acervo ao longo de cerca de 25 anos.

A retrospectiva apresenta diversos registros produzidos durante celebrações tradicionais brasileiras, como a Festa de Bom Jesus da Lapa, a Festa de Iemanjá e o próprio Carnaval do Rio de Janeiro. Há também um núcleo com fotos feitas em outros países, como Cuba, Jamaica e Cabo Verde.

Na mostra, o público poderá assistir, ainda, ao curta-metragem “Pequena África” (2002), do cineasta Zózimo Bulbul, no qual Firmo trabalhou como diretor de fotografia, e que trata da história da região que recebeu milhões de africanos escravizados. Também há um núcleo dedicado à fotografia em preto e branco, ainda pouco conhecida e em grande parte inédita, cujo destaque é a série de imagens feitas na praia de Piatã, em Salvador, entre o final dos anos 1990 e o início dos anos 2000.

Grande parte das obras exibidas provém do acervo do fotógrafo, que se encontra sob a guarda do IMS desde 2018, em regime de comodato.

Catálogo | A mostra é acompanhada de um catálogo com imagens das obras da exposição, além de textos de autoria do próprio Firmo, de João Fernandes, diretor artístico do IMS, e dos curadores Sergio Burgi e Janaina Damaceno. Há também uma entrevista do fotógrafo com os curadores e o jornalista Nabor Jr., editor da revista O Melenick. Segundo Ato, além de uma cronologia do fotógrafo assinada por Andrea Wanderley.

Sobre o artista

Nascido em 1937 no bairro do Irajá, no Rio de Janeiro, e criado no subúrbio carioca, filho único de paraenses – seu pai, de família negra e ribeirinha do baixo Amazonas; sua mãe, de família branca portuguesa, nascida em Belém –, Firmo começou a fotografar cedo, após ganhar uma câmera de seu pai. Em 1955, então com 18 anos, passou a integrar a equipe do jornal Última Hora, após estudar na Associação Brasileira de Arte Fotográfica (Abaf), no Rio. Mais tarde, trabalharia no Jornal do Brasil e, em seguida, na revista Realidade, como um dos primeiros fotógrafos da revista. Em 1967, já trabalhando na revista Manchete, foi correspondente, durante cerca de seis meses, da Editora Bloch em Nova York.

Neste período no exterior, o artista teve contato com o movimento Black is Beautiful e as discussões em torno dos direitos civis, que marcariam todo seu trabalho posterior. De volta ao Brasil, trabalhou em outros veículos da imprensa e começou a fotografar para a indústria fonográfica. Iniciou ainda sua pesquisa sobre as festas populares, sagradas e profanas, em todo o território brasileiro, em direção a uma produção cada vez mais autoral.

Sobre o CCBB

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro funciona de segunda a sábado, das 9h às 21h, no domingo, das 9h às 20h, e fecha às terças-feiras. Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o CCBB está instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva. Marco da revitalização do centro histórico do Rio de Janeiro, o Centro Cultural mantém uma programação plural, regular e acessível, nas áreas de artes visuais, cinema, teatro, dança, música e pensamento. Em 33 anos de atuação, foram mais de 3 mil projetos oferecidos ao público, e, desde 2011, o CCBB incluiu o Brasil no ranking anual do jornal britânico The Art Newspaper, projetando o Rio de Janeiro entre as cidades com as mostras de arte mais visitadas do mundo. O prédio dispõe de 3 teatros, 2 salas de cinema, cerca de 2 mil metros quadrados de espaços expositivos, auditórios, salas multiuso e biblioteca com mais de 200 mil exemplares. Os visitantes contam ainda com restaurantes, cafeterias e loja, serviços com descontos exclusivos para clientes Banco do Brasil.

Serviço:

Walter Firmo: no verbo do silêncio a síntese do grito

Abertura: 9 de novembro de 2022, às 9h

Exposição: até 27 de março de 2023

Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro

Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de Janeiro – RJ

Telefone: (21) 3808-2020

Funcionamento: Segunda, quarta a sábado, das 9h às 21h. Domingo, das 9h às 20h.

Fechado às terças-feiras.

Classificação indicativa: 14 anos

Entrada franca, com ingressos disponíveis na bilheteria física ou pelo site do CCBB – bb.com.br/cultura.

Curadoria: Sergio Burgi e Janaina Damaceno Gomes

Assistência de curadoria: Alessandra Coutinho Campos

Pesquisa biográfica e documental: Andrea Wanderley

Produção: Tisara Arte Produções Ltda.

(Fonte: Midiarte Comunicação)