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Guia prático auxilia empresas a aplicarem a Devida Diligência em Direitos Humanos (DDDH)

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: website Instituto Ethos.

O Instituto Ethos lançou, em parceria com as empresas associadas e junto do escritório TozziniFreire Advogados, o Guia Prático – Devida Diligência em Direitos Humanos: Ferramentas para Implementação nas Empresas. Por meio de uma linguagem acessível e democrática, o guia define e propõe a aplicação do processo de Devida Diligência em Direitos Humanos (DDDH), metodologia de gestão de riscos e impactos das atividades empresariais em direitos humanos.

O material tem como objetivo contribuir para que as empresas adotem as melhores práticas em suas atividades e cumpram os compromissos com os direitos humanos em toda a cadeia de valor. O guia exemplifica como o conceito pode apoiar as empresas no cumprimento de sua responsabilidade social, possibilitando a previsão de possíveis riscos e impactos de violações de direitos humanos em toda a cadeia. Seu conteúdo abarca ferramentas de prevenção, mitigação, reparação e monitoramento de violações a direitos humanos, assim como exemplos de países que já possuem legislação no tema, como França, Alemanha e Noruega.

As etapas para o alinhamento das empresas à agenda passariam pelo mapeamento das atividades e operações, a identificação de riscos, a implementação de mecanismos para prevenção, mitigação, monitoramento e reparação de impactos negativos, e o acompanhamento de resultados, com reporte público para todos os stakeholders.

O Guia foi lançado em painel com a participação de Scarlett Rodrigues, coordenadora de Projetos em Direitos Humanos do Instituto Ethos, Luiz Carlos S. Faria Jr, advogado da área de Empresas e Direitos Humanos de TozziniFreire Advogados, e Lucas Carvalho, analista de projetos de Direitos Humanos do Instituto Ethos. De acordo com Scarlett Rodrigues, “o material parte do princípio de que não há uma fórmula única para mapear e definir processos acerca do impacto das empresas. O conteúdo do Guia mostra os caminhos e diretrizes para construir seu mapeamento de riscos a partir da realidade de cada companhia”.

“Vemos muitos clientes travarem ao conhecerem o conceito de devida diligência em direitos humanos. Querem atuar para prevenir impactos negativos em direitos humanos, mas, por ser um processo contínuo e com muitas camadas, não sabem por onde começar. Por isso, o material busca munir as empresas de ferramentas para que consigam mergulhar nessa jornada”, explica Clara Serva, sócia responsável pela área de Empresas e Direitos Humanos de TozziniFreire Advogados.

Para Luiz Carlos Faria Jr., “esse guia prático se propõe a iniciar conversas com as empresas, para que elas possam discutir sobre temas de direitos humanos, mapear aquilo que elas já fazem e então partirem para a condução de um processo de Devida Diligência em Direitos Humanos. A ideia é que seja um documento vivo, que vá sendo complementado a partir da experiência das empresas.”

Para acessar o Guia Prático – Devida Diligência em Direitos Humanos: Ferramentas para Implementação nas Empresas na íntegra, clique aqui.

Sobre o Instituto Ethos | O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é a organização da sociedade civil brasileira pioneira na mobilização de empresas por uma atuação justa e responsável. O Ethos nasceu ASG (ESG), pois desde 1998, as pautas da responsabilidade social, da ética e da sustentabilidade guiam todas as suas atividades. O Instituto desenvolve indicadores para auxiliar as empresas a compreenderem a sua situação e os caminhos para se tornarem mais diversas, inclusivas e éticas. Com mais de 460 associadas, o Ethos realiza diversas atividades de advocacy colaborativo e coordena a Conferência Brasileiro de Mudança do Clima ao lado das principais organizações do setor.

Sobre o Tozzinifreire | TozziniFreire é uma organização de serviços jurídicos líder na América Latina com atuação em todas as áreas do direito empresarial e histórico relevante no atendimento a empresas nacionais e estrangeiras dos mais diversos setores. Com unidades próprias em diversas cidades do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Campinas, e em Nova York), TozziniFreire garante padrão único de qualidade e atendimento aos clientes e os mesmos recursos em todo o País.

TozziniFreire Advogados, que completou 47 anos de atuação em setembro, conta com 56 áreas e 25 grupos setoriais, 98 sócios e mais de 1.200 profissionais. O escritório tem desempenhado papel relevante em muitas das operações mais significativas conduzidas no Brasil, que contribuíram para o crescimento da economia do País nas últimas décadas.

(Fonte: Analítica Comunicação)

Museu do Amanhã recebe exposições inéditas a partir de janeiro

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Foto: Bernard Lessa/website Museu do Amanhã.

Para comemorar as férias e o início do ano, o Museu do Amanhã terá uma programação com duas exposições e diferentes atividades do projeto “Brincar é Ciência” ao longo de janeiro. Já no dia 9, será inaugurado “Arte de Código Aberto”, trabalho individual do artista- programador Vamoss. No fim do mês, dia 30, o Museu recebe a exposição “Sentir Mundo – Uma Jornada Imersiva”, uma experiência sensorial que vai levar o público a um passeio pelas florestas, pelo solo e pela vida dos animais.

A exposição “Arte de Código Aberto”, que vai ocupar o Laboratório de Atividades do Amanhã – LAA, apresentado pelo Santander, é uma oportunidade para o público compreender e ver de perto como operam os programas que influenciam o dia a dia da sociedade em áreas essenciais, como nas máquinas hospitalares, nas escolas, nos celulares e nas redes sociais, por exemplo. O trabalho é assinado por Vamoss, artista-programador que utiliza o código como matéria prima para criar projetos de arte gerativa. Doutorando em Artes Visuais no PPGAV-UFRJ e formado em Design e mestre em Economia Criativa pela ESPM-Rio, o artista é diretor de tecnologia na SuperUber (produtora com foco em experiências interativas em arte, tecnologia, arquitetura e design) e já contribuiu para projetos de museus em todo o mundo desde 2011.

A partir de 30 de janeiro, o Museu do Amanhã vai receber a exposição “Sentir Mundo – Uma Jornada Imersiva”, que aguça os sentidos do público no intuito de aproximá-lo da perspectiva que outras espécies têm do meio onde habitam. Idealizado e desenvolvido pelo Sensory Odyssey Studio, o projeto leva os visitantes a passearem por três áreas temáticas: a parte visível da floresta, por dentro do solo e a dança dos insetos através de painéis informativos, sons característicos, cheiros e acervo entomológico (coleção científica formada por insetos). A exposição é uma versão reduzida de Odisseia Sensorial, que estreou em Paris, em parceria com o Museu Nacional de História Natural, e foi exibida em Singapura.

O projeto “Brincar é Ciência”, apresentado pela ArcelorMittal, tem programação confirmada para todas as terças, sábados e domingos de janeiro. No dia 9, será a vez de homenagear o dia do astronauta com uma oficina para construir naves espaciais e aprender sobre a profissão. O primeiro fim de semana do mês dá espaço para uma oficina de colagem e oficina de holograma portáteis, no sábado, 13, e uma oficina lúdica com músicas para crianças entre 3 e 6 anos e uma roda de contação de histórias no domingo, 14. Para conferir a programação completa, acesse o link.

Sobre o Museu do Amanhã | O Museu do Amanhã é um equipamento da Prefeitura do Rio de Janeiro, gerido pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão – IDG.

(Fonte: AtomicaLab)

Espetáculo “Feitiço de Soma” apresenta uma trajetória da epidemia de HIV/Aids e reflete sobre a recepção da soropositividade no Brasil

São Paulo, por Kleber Patricio

Feitiço de Soma. Foto: Pedro Jorge Afrop.

Estruturada como uma espécie de palestra em que eventos históricos relevantes vão se sobrepondo a experimentações musicais, “Feitiço de Soma”, peça inédita da coletiva Rainha Kong estreia no TUSP Maria Antonia dia 10 de janeiro de 2024 com temporada até 4 de fevereiro. O projeto também prevê a realização de um ciclo de três debates públicos, com datas, locais e participantes a definir. As conversas têm parceria da Coletiva Loka de Efavirenz, bem como com outres pesquisadores e artistas que abordam o tema HIV/AIDS em seus trabalhos, com a mediação de Pisci Bruja – membra da Coletiva Loka de Efavirenz.

Desde o início da epidemia de HIV/AIDS no Brasil, na década de 1980, a estigmatização sobre os corpos que convivem com o vírus é impactada diretamente pela ideia de que apenas pessoas pertencentes às comunidades LGBTQIAP+ e/ou pessoas racializadas como não-brancas possam contrair o vírus – ideia midiaticamente estruturada naquela década, mas que encontra ecos até hoje. É daí que parte “Feitiço de Soma”, obra criada em 2020 por Aleph Antialeph. “A peça compreende a história particular de alguém que recebeu o diagnóstico da soropositividade, mas ainda é sujeito da história dentro desse fluxo que se iniciou antes e que se prolonga para muito depois”, conta Aleph.

Na peça, há uma subversão da ideia tradicional da palestra, fazendo com que uma fala por vezes verborrágica vá dando espaço a um feitiço que conclama todas as pessoas para a questão do HIV, muitas vezes colocada como um problema pessoal e carregada de estigmas, como a da sujeira e da depravação.

Sinopse | Duas performers se encontram num palco iluminado e recortado por um símbolo de “+”. Aleph Antialeph e Nãovenhasemrosto reúnem-se para uma palestra, na qual refletem sobre suas próprias trajetórias relacionadas ao HIV, retomando a história do vírus e da epidemia de AIDS – fatos históricos como a Operação Tarântula, deflagrada nos anos 80 no Brasil ou a suposta descoberta de G.D., comissário de bordo canadense intitulado como “Paciente Zero”, supostamente tendo trazido o vírus para a América do Norte. Um avião cai no espaço. A racionalidade da palestra é engolida pelo “Feitiço de Soma”. As duas palestrantes, agora agentes deste feitiço, performam magias para curar-se do vírus infectando todes.

A livre associação do HIV/AIDS com pessoas dissidentes da norma (sexual, de gênero, classe e raça), em sua maioria bixas, pessoas trans e/ou racializadas como pretas, além de tentar construir um processo higienista que marca tais corpos enquanto “sujos”, corrobora também para um projeto de extermínio e criminalização deste recorte populacional. 

A situação se torna ainda mais complexa quando se percebe que as várias manifestações midiáticas que tem como objetivo combater os estereótipos do HIV/Aids acabam por ocultar a sorologia destes corpos que – mesmo permitida por lei -, ainda revela o medo social desse compartilhamento, um processo de invisibilização fomentado por anos de violência que repercutem ainda hoje. 

Não enquadrar o debate sobre HIV/AIDS enquanto um tópico de saúde pública, mas sim com a premissa de se tratar de uma doença que se difunde apenas dentro de uma população já marginalizada, reflete nas formas com que corpos soropositivos são assimilados socialmente.

Na obra, o feitiço busca criar uma espécie de contaminação, como se numa dinâmica que faça o problema deixar de ser encarado de modo individual e seja visto como algo coletivo. “Existem indícios do feitiço desde o começo da peça, como uma carta de tarô gigante do Mago no centro do palco”, conta Aleph, reforçando que a obra vai aos poucos expondo elementos e signos que compõem a magia. Ao longo do trabalho, a DJ e produtora musical Nãovenhasemrosto, que está ao lado de Aleph no papel de uma interlocutora, traz elementos sonoros executados ao vivo na cena por Venus Garland (baterista) e Helena Menezes (baixista).

A sonoplastia da obra existe desde uma mix-tape preparada por Nãovenhasemrosto ainda em 2020 e que contaminou a forma com que Aleph estava escrevendo a dramaturgia da peça. “Essa mix-tape é uma provocação não-bibliográfica ou textual que até foi publicada junto com o livro”, diz Aleph.

A cena é composta ainda por danças executadas por Nata da Sociedade e oito TVs espalhadas no espaço que projetam gravações ao vivo, exibidas ao público em uma estética de VHS, além de sugerirem ações ao público por meio de uma função de teleprompter, já que a plateia é nomeada como a personagem assistente durante a peça.

Sobre a coletiva Rainha Kong

A Rainha Kong é uma coletiva de teatro e performance fundada em 2016, em Campinas – dentro do curso de Artes Cênicas da Unicamp – e que hoje está sediada na cidade de São Paulo.

O primeiro espetáculo da companhia, “O Bebê de Tarlatana Rosa”, estreou em 2016 no departamento de Artes Cênicas da Unicamp e se apresentou no FETO (Festival Estudantil de Teatro de Belo Horizonte – 2017), no Festival de Teatro Universitário da UFRN (2017), no Teatro de Contêiner em São Paulo (2017), na Mostra Todos os Gêneros, organizada pelo Itaú Cultural em São Paulo (2018), no SESC Pinheiros (2022), nos SESCs Piracicaba e Campinas por meio da Semana de Arte Transviada – projeto contemplado pelo ProAC –, e, em 2021, realizou, com apoio da 36 ª edição Lei de Fomento, temporada online nos teatros municipais paulistanos Arthur de Azevedo, Cacilda Becker, Alfredo Mesquita e João Caetano.

Em 2019, Aleph antialeph, integrante da Rainha Kong, foi contemplada com o edital ProAC nº 20/2019 para escrever e publicar a peça “Feitiço de Soma”, publicada pela editora Urutau.

Em 2020, a coletiva participou da série “Cena Inquieta”, veiculada pela SESC TV com direção de Toni Venturi e curadoria de Silvana Garcia. Neste mesmo ano, participou da mostra DRAMAQueer, organizada pelo CCSP, com a vídeo-performance “Rute Varadão Conta Evir Mancebo”.

Em 2021, como parte do projeto “As Histórias Vistas de Baixo”, contemplado pela 36 ª edição da Lei de Fomento, a Rainha Kong realizou três aulas públicas com Helena Vieira, Ferdinando Martins e Ave Terrena, todas disponíveis no YouTube no canal da Casa 1. Realizou também a oficina de performance “As Histórias Vistas de Baixo”, que contou com a participação de diversos atores e performers, provocações de Daniel Veiga, Pedrx Galiza e Lino Calixto e uma mostra na LGBTflix. Em 2022, também por meio da Lei de Fomento, a Rainha Kong realizou temporada de 24 apresentações no TUSP e no Teatro João Caetano da peça “Sarah e Hagar decidem matar Abraão”, com direção de Diego Moschkovich.

Em 2023, a Coletiva foi contemplada pela 16ª Edição Prêmio Zé Renato para produção e temporada da peça de Aleph Antialeph, “Feitiço de Soma”. Essa será a primeira montagem a partir de um texto dramatúrgico escrito por uma das integrantes do grupo, dando não só continuidade, mas aprofundando a pesquisa da coletiva, que, desde o ano de sua fundação, em 2016, se dedica à pesquisa de corpas dissidentes e seus desdobramentos, tanto temáticos quanto estéticos, quando friccionados com a cena.

Ficha Técnica

Atuação – Nãovenhasemrosto e Aleph Antialeph

Dramaturgia – Aleph Antialeph

Direção e Encenação – Vitinho Rodrigues e Jaoa de Mello

Preparação Corporal – Helena Agalenéa

Iluminação – Felipe Tchaça

Sonoplastia – Nãovenhasemrosto

Figurino – Nilo Mendes Cavalcanti

Cenografia – Victor Paula

Assistente de Cenografia – Rey Silva

Contrarregra – Nata da Sociedade

Baterista – Venus Garland

Baixista – Helena Menezes

Designer Gráfico [Identidade Visual] – Gunshy

Fotografia [Identidade Visual] – Afrop

Registro Fotográfico e Fílmico da Peça – Noah Mancini

Vídeo Streaming – Vinicius Feitoza

Mediação dos Debates Públicos – Pisci Bruja

Assessoria de Imprensa – Márcia Marques (Canal Aberto)

Produção – Corpo Rastreado – Gabs Ambròzia.

Serviço:

Feitiço de Soma

Temporada: 10 de janeiro a 4 de fevereiro de 2024 – quarta a sábado, 20h; domingo, 19h

Local: TUSP Maria Antonia (R. Maria Antônia, 294 – Vila Buarque, São Paulo)

Ingressos gratuitos

Classificação indicativa: 14 anos | Duração: 70 min

(Fonte: Canal Aberto Comunicação)

Elias Andreato escreve e dirige espetáculo “O Antipássaro”, que enaltece a poesia de Orides Fontela

São Paulo, por Kleber Patricio

Nilton Bicudo. Foto: divulgação.

O Teatro Sérgio Cardoso recebe a obra teatral “O Antipássaro”, que traz à vida as palavras profundas e a existência marcante de Orides Fontela, uma das mais notáveis poetas do Brasil. Com estreia marcada para o dia 20 de janeiro, sábado, 18h, o espetáculo promete colocar em destaque não apenas a poesia de Orides, mas também sua visão artística, conferindo protagonismo ao universo feminino. O espetáculo tem roteiro e direção de Elias Andreato e é interpretado por Nilton Bicudo.

Orides Fontela, nascida em São João da Boa Vista (SP) em 21 de abril de 1940, enfrentou desafios notáveis como poeta, sendo frequentemente marginalizada no mundo acadêmico masculino. Sua vida foi marcada por períodos de solidão e pobreza refletidos de maneira filosófica e profunda em sua obra – seca e concisa – sobre a vida.

A dramatização tem como ponto de partida a vida e obra desta renomada poeta brasileira cuja importância transcende fronteiras. Antonio Candido e Davi Arigucci Jr. reconheceram desde cedo a radical modernidade e a lucidez cortante de sua linguagem. Orides deixou um legado consistente, publicando volumes incontornáveis de poemas, como “Transposição” (1969), “Helianto” (1973), “Alba” (1983 – vencedor do Prêmio Jabuti), “Rosácea” (1986) e “Teia” (1996), além de dezenas de poemas inéditos que combinam densidade e clareza, aspereza e beleza.

O evento também lança luz sobre aspectos menos conhecidos da vida de Orides Fontela. Filha de um pai operário e analfabeto, iniciou sua jornada literária aos sete anos. Estudou filosofia na USP, foi professora primária, mas detestava lecionar. Morou no CRUSP e no Centro Acadêmico XI de Agosto, teve poucos amigos e era conhecida por ser “de difícil convivência”. Suas palavras revelam a dureza de uma vida marcada pela pobreza, como quando morou na Cesário Mota ao lado do Minhocão, tendo a luz cortada várias vezes por falta de pagamento.

O destino trágico da poeta também é abordado. Orides Fontela faleceu em 12 de outubro de 1998, vítima de tuberculose, no Sanatorinhos de Campos do Jordão. Quase foi enterrada como indigente, mas um exemplar de seu livro “Teia”, encontrado por uma enfermeira, evitou esse desfecho. Amou gatos, mas não teve a mesma afinidade com as pessoas. Foi atropelada por quatro vezes ao longo de sua vida.

Em suas próprias palavras, Fontela expressou: “Quero morrer sem obedecer a ninguém, sou o próprio coração selvagem”. Ela lamentou a necessidade de viver de prosa, cuidando da vida e transformando o verbo em verba. Em um país que a tratou não apenas como poeta, mas como um caso humano, ela refletiu sobre o cansaço do folclore que a envolvia, destacando que seu maior fracasso era não ser ateia.

Ficha técnica

Roteiro e direção: Elias Andreato, baseado na obra e vida da poeta Orides Fontela

Com: Nilton Bicudo

Luz e cenário: Elias Andreato

Música: Jonatan Harold

Fotografia: Adriano Escanhuela

Designer gráfico: Keren Ora Karman

Figurino: Marcelo Leão

Produção: Rosa Vermelha Produções Artísticas.

Serviço:

O Antipassáro

Local: Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno

Endereço: R. Rui Barbosa, 153 – Bela Vista, São Paulo – SP

Data: 20 de janeiro a 3 de março de 2024, sábados e domingos, às 18h

Ingressos: R$40 (inteira) e R$20 (meia)| Sympla

Duração: 60 minutos

Classificação indicativa: 12 anos

Capacidade da Sala: 143 lugares + 6 espaços de cadeirantes

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(Fonte: Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo)

Performance “CONTRA XAWARA – Deus das Doenças ou da Troca Injusta” faz estreia de temporada no Sesc Ipiranga

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Mylena Sousa.

Na história da América Latina, indígenas morreram ao primeiro contato com o homem branco. Por isso, o multiartista Juão Nyn criou uma performance que problematizasse as primeiras colonizações europeias e, ao mesmo tempo, mostrasse os reflexos desse momento nos dias de hoje. Nasceu assim “CONTRA XAWARA – Deus das Doenças ou da Troca Injusta”, que faz sua estreia de temporada no Auditório do Sesc Ipiranga com apresentações de 5 de janeiro a 4 de fevereiro, às sextas, às 21h30, e, aos sábados e domingos, às 18h30.

Xawara é o deus das doenças na cosmovisão Yanomami. E como a aproximação entre indígenas e brancos teve como uma das consequências a introdução de várias doenças virulentas e bacteriológicas entre os seus antepassados, Nyn escolheu o nome “Contra Xawara” para o seu trabalho, significando contra-a-epidemia.

Sobre a performance

Para representar a divindade, o performer construiu um cocar com 120 seringas. Ao final da ação, ele propõe um escambo entre as agulhas da peça e os itens de roupas ou acessórios do público. Em um primeiro momento, esses objetos são expostos juntos no corpo do artista, em um acúmulo que não só o soterra como o transforma em uma espécie de assombração consumista.

Depois, a farsa é revelada e esses materiais ficam acomodados em uma mesa de exposição para quem quiser pegar de volta seus pertences, desequilibrando mais ainda a troca. “Eu também queria problematizar essa ideia estigmatizada de que os indígenas do passado trocaram ouro e os seus pertences valiosos por espelhinhos. Afinal, não cultuávamos os mesmos deuses, não falávamos as mesmas línguas. Por que reagíramos todos iguais ao nos oferecerem esse tipo de objeto?”, defende Nyn.

Inclusive, muitas das suas obras buscam acabar com essa visão do indígena único. “Comecei a criar uma série de cocares feitos com os mais diversos itens para mostrar que temos as nossas particularidades. Por exemplo, não existem apenas cocares feitos de penas. Na realidade, não só nem todos os povos têm cocares, como eles podem ser feitos de vários materiais, como meu povo, Potyguara que usa palha de carnaúba”, acrescenta.

Por esse motivo, Juão também pensou em uma dramaturgia com ares de manifesto. “Fiz uma conexão espiritual entre os diversos povos indígenas como se estivéssemos ligados por rios suspensos. Esses rios são uma metáfora para o mundo onírico, que é esse território que nos permite ir mais longe e não ficarmos somente sonhando com nós mesmos. Inclusive, essa é uma grande diferença em relação aos brancos, que só sonham consigo mesmos e não conseguem perceber os sinais da natureza, por exemplo”, detalha.

A presença do som

A performance CONTRA XAWARA – Deus das Doenças ou da Troca Injusta dura entre 40 e 60 minutos. Juão Nyn adentra o espaço fazendo uma caminhada lenta. Enquanto percorre o ambiente, a musicista transvestigenere Malka Julieta executa ao vivo, no piano, a trilha sonora composta exclusivamente para o espetáculo.

Outro elemento importante para a ação é a presença de um tambor-boneco em forma de humano. A cada batucada de Nyn, esse parceiro de cena sangra. A mágica acontece porque ele é revestido pelo Bloody Bath Mat, um tapete que fica vermelho ao entrar em contato com água – um produto vendido para fãs de produções de terror.

Esse trabalho já teve apresentações pontuais no Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo, FIT BH e no Festival TePI – Teatro e os Povos Indígenas e, pela primeira vez, faz sua estreia em uma grande temporada, com 16 apresentações. A ação integra a programação paralela da Exposição “Araetá – A Literatura dos Povos Originários”.

Sinopse | Não estávamos todos nus, não cultuávamos os mesmos deuses, não falávamos as mesmas línguas; por que reagíramos todos iguais ao nos oferecerem um espelhinho? O corpo é terra, mas também pode ser Caravela.

Em CONTRA XAWARA, o ano é 2024, mas poderia ser 1492. O colonizador tem a chance de se rever no espelho que abandonou e descobrir se o próprio reflexo é igual ao de todos os outros que vieram dentro das Caravelas que são.

Sobre Juão Nyn | Juão Nyn é multiartista, Potyguar/a, 34 anos, ativista comunicador do movimento Indígena do RN, integrante do Coletivo Estopô Balaio de Criação, Memória e Narrativa e vocalista/compositor da banda Androyde Sem Par, há 10 anos em trânsito entre RN e SP. Em 2021 lançou a dramaturgia de estreia, chamada “TYBYRA – uma tragédia Indígena Brasileira” e está como Mestre na Escola Livre de Teatro com o terreiro “Teatro Contracolonyal”.

Ficha Técnica

Manifesto e performance: Juão Nyn

Contrarregragem: Mara Carvalho

Paramentação: Mbodjape

Iluminação: Rodrigo Silbat

Trilha sonora: Malka Julieta

Cantos em Tupi: Juão Nyn – Nhe’etimbó

Vídeo arte: Daniel Minchoni e Flávio Alziro

Projeção mapeada: Flávio Alziro

Operação de áudio: Jo.mo Faustino

Assessoria de imprensa: Márcia Marques – Canal Aberto

Cenotécnico: Enrique Casas

Produção Executiva: Wemerson Nunes – WN Produções

Serviço:

CONTRA XAWARA – Deus das Doenças ou da Troca Injusta

De 5 de janeiro a 4 de fevereiro, às sextas, às 21h30, e, aos sábados e domingos, às 18h30

Local: Sesc Ipiranga – Auditório – Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo/ SP

Duração: 60 minutos

Classificação Indicativa: 14 anos

Ingressos: R$40 (inteira), R$20 (meia-entrada) e R$12 (credencial plena) | Vendas nas bilheterias das unidades do Sesc e no link https://www.sescsp.org.br/programacao/contra-xawara-deus-das-doencas-ou-troca-injusta-2/.

(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)