Projeto inédito feito com mulheres cis e trans une arte, sustentabilidade e economia circular para fortalecer a autonomia feminina


Cerquilho
Com mais de 50 anos de carreira artística, o cantor, compositor e violonista Geraldo Azevedo lançou muitos sucessos que se fazem presentes na memória afetiva de diversas gerações. Seu show “Voz & Violão”, em formato intimista, traz um clima aconchegante, com repertório variado, contemplando os hits e músicas inéditas. As apresentações acontecem nos dias 12, 13 e 14 de janeiro, sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 18h, no Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros.
Acompanhando de seu virtuoso violão, Geraldo passeia por essas cinco décadas de composições, apresentando desde músicas do início de sua carreira, como “Táxi Lunar” (Azevedo, Alceu Valença e Zé Ramalho), “Bicho de Sete Cabeças” (Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha) e “Caravana”, até canções do seu último álbum solo, o CD e DVD “Solo Contigo”.
“Geraldo Azevedo – Voz & Violão” é um daqueles shows intimistas, que emocionam e fazem cantar junto, da primeira à última música. “Gosto muito desse formato, pois tenho liberdade no repertório. Se toco uma canção romântica e vejo que o público curtiu, logo emendo outra. Mas se vejo que a plateia quer dançar, engato um forró, que é para ver todo mundo balançar”, explica Geraldo Azevedo.
Serviço:
Geraldo Azevedo no Sesc Pinheiros
Dias 12, 13 e 14 de janeiro de 2024 – sexta e sábado, às 21h; domingo, às 18h
Duração: 90 minutos
Local: Teatro Paulo Autran (1000 lugares)
Classificação: recomendação 12 anos
Ingressos: R$60 (inteira); R$30 (meia) e R$18 (credencial plena).
(Fonte: Sesc SP)
O Conservatório de Tatuí abre inscrições para o curso de férias gratuito intitulado Músicas do Mundo. Serão três oficinas ministradas por intercambistas do programa MOVE. Eles apresentarão músicas tradicionais, brincadeiras típicas e curiosidades sobre os costumes de seus países de origem: Malawi, Moçambique e Noruega. As inscrições podem ser feitas gratuitamente pela internet até o dia 16 de janeiro. As vagas são limitadas e será considerada a ordem de inscrição. As aulas iniciam-se no dia 22 de janeiro.
A oficina “Tradições Norueguesas” será conduzida por August e Fredrik. Participantes vão aprender sobre a música e a flauta harmônica norueguesa. “Será uma introdução à música do nosso país. É um tipo de música caracterizada por uma tonalidade especial de mistério, mitos e lendas e muito diferente da música tradicional brasileira. O curso terminará com uma introdução à flauta harmônica norueguesa, chamada Seljefløyte, e os participantes aprenderão a tocar uma melodia tradicional nesta flauta. “Será uma troca de tradições musicais, com novas perspectivas sobre qual pode ser o propósito da música. Conheça expressões musicais diferentes e as histórias que rodeiam esta música”, comentam os intercambistas. As aulas serão realizadas às segundas-feiras, das 18h30 às 20h30. Para participar, basta ter mais de 8 anos de idade.
A oficina “Tradições de Moçambique” será ministrada por Ester e Leusio. “Um dos objetivos deste workshop é fazer com que os participantes compreendam a interculturalidade. Também poderão aprender outras gastronomias, músicas e moda de Moçambique, o que irá influenciar na sua vida cotidiana”, observam. As aulas serão às terças-feiras, das 18h30 às 20h30. Participantes devem ser maiores de 10 anos de idade.
A oficina “Tradições do Malawi” será conduzida por Neo e Ruth e abordará a diversidade cultural deste país. “Queremos compartilhar com a comunidade canções e contos folclóricos dos ancestrais africanos que carregam mensagens fortes e lições de vida, além da história do Malawi”, comentam. As aulas serão realizadas às quartas-feiras, das 18h30 às 20h30. O único pré-requisito para participar é ser maior de 6 anos de idade.
Ao final do curso, haverá um concerto para apresentação dos trabalhos desenvolvidos durante as oficinas. “É importante participar, porque as oficinas serão ministradas por pessoas que vivem no continente africano e na Noruega desde a sua nascença e que têm conhecimento amplo sobre seus países”, acrescentam os moçambicanos.
Serviço:
Curso de férias Músicas do Mundo
Oficina 1: Tradições da Noruega (às segundas-feiras)
Oficina 2: Tradições de Moçambique (às terças-feiras)
Oficina 3: Tradições do Malawi (às quartas-feiras)
Início das aulas: 22 de janeiro de 2024
Inscrições gratuitas até 16 de janeiro de 2024
Link de inscrição.
(Fonte: Máquina Cohn&Wolfe)
O criador do espaço cultural Bosque dos Gnomos, Victor Valentim, chega pela primeira vez às livrarias com a obra “Magia elemental”, publicada pelo selo Academia, da Editora Planeta. Fruto das práticas e vivências mágicas acumuladas ao longo de mais de vinte anos de dedicação do bruxo, o livro é um manual que busca ensinar praticantes e entusiastas da bruxaria natural a se conectarem com a natureza e usarem o poder da magia elemental.
Segundo explica Victor, a magia elemental é a energia que rege todos os elementos naturais do planeta, desde o sopro dos ventos e as ondas do mar até as brasas de uma lareira e as flores e plantas de um jardim. Dessa maneira, cada um desses elementos está ligado com o ser humano, tanto de forma física, quanto mental e espiritual. A cada novo capítulo, Victor ensina sobre os reinos elementais, as práticas e os rituais mágicos que usam os elementos da natureza, além dos feitiços e encantamentos que envolvem a magia elemental.
“Dentro deste livro mágico, você acessará uma dimensão de seres do mundo dos elementais, onde flores, animais e criaturas encantadas estão sempre presentes, buscando nos passar ensinamentos de magia e de compaixão. Neste universo, temos grande conexão e respeito com a natureza, com cada pedra, semente, flor e criatura mágica. Aqui, respeitamos a evolução de cada um”, escreve Victor na apresentação da obra.
Com projeto gráfico especial em capa dura e ilustrações da artista Larissa Arantes, Magia elemental apresenta uma dimensão de seres mágicos, como silfos, salamandras, duendes, djinns, gnomos, fenodoree, daeva, wendigo e orochi, e revela como se conectar com cada um deles para trair boas energias. Para Victor, não é necessário caldeirões, velas e varinhas para fazer magia, afinal, a verdadeira magia é acreditar. “Espero que você trilhe um lindo caminho de magia e autoconhecimento dentro desse percurso de tijolos dourados que é o mundo da magia elemental. Abra o seu coração para aproveitar ao máximo tudo o que este universo tem a oferecer”, finaliza.
Ficha técnica
Título: Magia elemental
Autor: Victor Valentim
ISBN: 978-85-422-2460-3
Páginas: 240 p.
Preço livro físico: R$89,90
Editora Planeta | Selo Academia.
Sobre o autor | Victor Valentim iniciou sua jornada na Magia Natural aos 12 anos. Desde então, sua vida foi permeada por bruxarias. Em 2016, ele abriu a própria escola e loja esotérica, a Bosque dos Gnomos, onde atualmente ministra cursos on-line e presenciais de Magia e Bruxaria.
Sobre o Selo Academia | O selo Academia tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos leitores, apresentando soluções simples para problemas complexos. Fundado por Augusto Cury em 2000, foi incorporado pela Editora Planeta em 2007, passando por um reposicionamento da marca em 2022. Conta com mais de 170 livros publicados e autores como Monja Coen, Tiago Brunet, Augusto Cury, William H. McRaven, Pablo d’Ors, Rafa Brites, Rossandro Klinjey, Mariana Rios, Chico Xavier, Vera Lúcia Marinzeck, Flávia Melissa e Marcos Mion. O selo Academia engloba seis linhas editoriais: motivacional, inspiracional, espiritualidade, religião, saúde e desenvolvimento pessoal.
(Fonte: Editora Planeta)
Vista da obra de Fernando Velázquez “Górgona 01”, série Outras Naturezas, (2023), no lago do Parque Ibirapuera. Foto: Luís Felipe Abbud.
Foi prorrogada até o dia 28 de janeiro a exposição de realidade aumentada “Realidades e Simulacros”, do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Com obras espalhadas por várias regiões do Parque Ibirapuera, a mostra busca explorar o diálogo entre o virtual e o físico, perceber a realidade ao redor de outra maneira e interagir com as dimensões de uma mesma experiência. A iniciativa é realizada pelo MAM e conta com patrocínio da 3M por meio da Lei de Incentivo à Cultura, apoio da Africa Creative e parceria com a Urbia.
Com curadoria de Marcus Bastos, artista e pesquisador na convergência entre audiovisual, arte e novas mídias, e de Cauê Alves, curador-chefe do MAM, a exposição reúne obras do Coletivo Coletores – Daniel Lima, Dudu Tsuda, Eder Santos, Fernando Velazquez, Giselle Beiguelman, Katia Maciel, Lucas Bambozzi, Regina Silveira e Paola Barreto. Cada artista recebeu convite da curadoria para criar experiências digitais, obras virtuais em realidade aumentada que integram o jogo de multiplicidades que é a exposição.
Obra digital, experiência presencial
No entorno do MAM, no Jardim de Esculturas, um disco voador paira sobre os visitantes. Trata-se de “Rasante” (2023), obra de Regina Silveira. A artista dialoga com o imaginário da ficção científica, muito presente em filmes e histórias em quadrinhos, e cria um disco voador que se coloca em relação à arquitetura de Oscar Niemeyer no Parque Ibirapuera. “A sobreposição entre a realidade e a ficção ecoa a combinação entre o radioteatro e a notícia jornalística. Em 1938, uma transmissão de rádio do diretor de cinema norte-americano Orson Welles causou pânico ao dramatizar ‘A Guerra dos Mundos’, de Herbert George Wells. Entretanto, no século XXI, o trabalho de Regina Silveira tende a gerar mais fascínio do que medo”, comentam os curadores.
Sombras pouco nítidas sugerem um percurso por uma floresta de sons plantada no entorno da Praça da Paz. “Em RevoAR :: a Vida é uma Utopia” (2023), Dudu Tsuda convida o visitante a utilizar fones de ouvido para adentrar uma paisagem sonora que mistura sons da Mata Atlântica originalmente existente na região do Ibirapuera com sons de animais da região, de espíritos da floresta e de entidades fantásticas criadas a partir das cosmovisões dos povos originários brasileiros.
Alinhadas entre o MAM São Paulo, a Oca e o Pavilhão da Bienal de São Paulo, uma escultura digital do Coletivo Coletores reúne corpos que representam três povos: latinos, africanos e resistentes de outras partes do globo. “Monumento à Resistência dos Povos” (2023) apresenta figuras brancas como o mármore em posição de defesa e aborda a ideia de contra monumentos ao problematizar questões sobre a cidade, a memória e a violência cotidiana sofrida pela população.
Em “Rádio Detín” (2023), Paola Barreto leva ao entorno da Oca imagens de um manto branco que carrega sons gravados pela artista em uma viagem ao Benim. A obra é um convite para interagir com as árvores do Ibirapuera pelas lentes de uma experiência visual e sonora que oscila entre o documental e o poético. O percurso permite refletir sobre um espectro amplo de sentidos da ancestralidade. A natureza e as culturas que antecederam o colonialismo são entendidas pela artista como vetores que permitem pensar um tempo que está além da duração da vida humana.
Flutuando no Parque e refletindo seu entorno, entre o MAM e o pavilhão da Bienal de São Paulo, a enorme “Bolha” (2023), de Katia Maciel, apresenta um aspecto lúdico. Em geral, as bolhas duram pouco. Elas estouram quando a elasticidade que surge da junção das moléculas de detergente e água se rompe com a evaporação. Mas na obra “A Bolha”, esse momento é alargado, o instante em que a bolha estoura parece nunca chegar. Para os curadores, “no sentido metafórico, estourar a bolha é também alargar nossos horizontes, é nos relacionarmos com realidades diversas. A artista nos faz pensar que talvez a bolha em que vivemos seja mais resistente do que imaginamos, já que o dentro e o fora da bolha, o simulacro e a realidade, permanecem”.
Lucas Bambozzi explora processos de reconhecimento de padrões por meio de “Incerteza artificial” (2023), obra realizada a partir de inteligência artificial que escaneia a região entre a Ponte Metálica, a Praça da Paz e seu entorno no Ibirapuera, nomeando o que encontra. Mas, para os algoritmos, as coisas nem sempre parecem ser o que são. Neste processo, os equívocos geram instabilidades resultantes dos limites da capacidade que as máquinas têm de identificar seres ou coisas.
Em “Brejo das delícias” (2023), Giselle Beiguelman faz uma incursão na história do Parque Ibirapuera a partir de uma pesquisa das espécies nativas anteriores à sua urbanização. Com base em estudos botânicos da flora paulistana, foram identificadas cerca de 50 espécies que habitavam sua área originalmente alagadiça. Inspiradas em ilustrações botânicas, as criaturas aqui apresentadas foram feitas com inteligência artificial, fundindo as espécies originárias em novos seres vegetais que ganham vida por meio de recursos de realidade aumentada. Dessa forma, abordam também a diversidade das imagens técnicas que povoam nossas noções de natureza e paisagem.
Logo em frente ao Planetário do Ibirapuera, Eder Santos posiciona a pirâmide nomeada “Ouragualamalma” (2023). A pirâmide é uma ligação entre o céu e a terra, uma arquitetura que conecta ambos – é uma imagem ancestral que se refere tanto a uma realidade anterior à colonização, quanto a uma realidade decolonial.
Fernando Velázquez leva ao Lago do Ibirapuera uma criatura feita de elementos orgânicos, vegetais e minerais. Com “Górgona 01” (2023), o artista reflete sobre um modo de viver em um planeta reconfigurado por suas catástrofes. A aparição da criatura no Lago pode surpreender tanto pelo caráter quimérico quanto pelo aspecto de porvir, refletindo sobre os caminhos por onde o antropoceno pode levar a vida.
Em outro ponto do Lago, próximo ao Portão 09 do Ibirapuera, Daniel Lima apresenta uma réplica da embarcação usada por Pedro Álvares Cabral na invasão da América em 1500. Reconstruída pelo governo brasileiro para homenagear os 500 anos de descobrimento do Brasil, por erros no projeto e problemas técnicos, ela naufragou e não participou do evento oficial em Porto Seguro, no ano 2000. Com seu “Monumento à Colonização” (2023), o artista propõe, não sem ironia, um “monumento inverso” que aponta para o modo como esse tipo de celebração revela nossa mentalidade colonizada e incapaz de projetar um futuro emancipado para o país.
A jornada de visitação pode ser realizada de diferentes formas e trajetos. É possível fazer o percurso andando a pé, de bike ou com o Ibira Tour, um passeio feito em carrinhos elétricos com guias da Urbia. Mais informações no site da empresa. Dentro do Parque, haverá, também, sinalizações físicas instaladas em locais próximos às obras para otimizar o percurso do público.
Ainda que as obras sejam digitais, a exposição foi desenvolvida para ser vista presencialmente no Parque, com o uso do celular, pelos mais de 55 mil visitantes que transitam diariamente ali.
Nem site, nem aplicativo
O conjunto de obras em realidade aumentada foi instalado em diferentes pontos do Ibirapuera por meio de georreferenciamento – um processo de sistema de referência – e pode ser acessado pelo celular, através de uma plataforma criada para a exposição.
A plataforma realizada para a mostra não é um site e nem um aplicativo – é um meio que conecta o virtual ao físico. Não é necessário fazer download para acessar, pois ela está integrada ao site do museu e também pode ser acessada pelo celular direto no link mam.org.br/realidades.
O projeto expográfico digital foi pensado a partir do conceito do cubo branco e concentra elementos que ajudam na jornada de visitação: a lente, uma espécie de câmera pela qual o visitante pode ver e fotografar as obras; o mapa, que apresenta a localização das obras no Parque e ajuda o visitante a chegar até os pontos de visualização; o mapa, que apresenta a localização das obras no Parque e ajuda o visitante a chegar até os pontos; e a ficha catalográfica, que concentra sinopses das obras, informações sobre os artistas e referências utilizadas no processo de pesquisa e criação dos trabalhos.
O desenvolvimento de Realidades e Simulacros contou com uma equipe técnica formada por Luís Felipe Abbud, do Estúdio Hiper-Real, responsável pelos modelos 3D e animações das obras; Bruno Favaretto e Renato de Almeida Prado, do Museu.io, que realizaram a programação da exposição, e Celso Longo e Daniel Trench, do cldt design, que assinam a identidade visual.
Sobre a expografia digital, Bruno Favareto e Renato de Almeida Prado explicam: “buscamos assim uma estética minimalista que auxiliasse os visitantes em seu fluxo pelo Parque e no uso da tecnologia em si, mas que ao mesmo tempo permitisse a experiência com a obra de forma isolada ou com o mínimo de informação desejada”.
Para além das paredes do museu
“Realidades e Simulacros” é mais uma iniciativa do Museu de Arte Moderna de São Paulo para expandir suas fronteiras físicas e proporcionar experiências que utilizem linguagens contemporâneas para impactar públicos diversos, traduzindo poéticas artísticas e cultura por meio da tecnologia digital.
A exposição dialoga conceitualmente e dá continuidade aos pensamentos das ações realizadas em 2020 e 2021. No primeiro, o MAM levou obras emblemáticas de seu acervo para as ruas de São Paulo por meio de projeções em grande escala em empenas cegas de edifícios da cidade. A iniciativa surgia como resposta às dinâmicas sociais impostas pela pandemia de Covid-19 e buscava democratizar o acesso à arte. Já em 2021, em parceria com Microsoft e a Africa Creative, o museu lançou um projeto educativo inédito no jogo Minecraft: “MAM no Minecraft”, uma combinação de arte, educação e games, com reproduções do espaço do museu e de obras do acervo, jogos pedagógicos, atividades lúdicas e propostas de aulas.
“Realidades e Simulacros” integra a programação comemorativa dos 75 anos do MAM e 30 anos do Jardim de Esculturas. No decorrer do período expositivo, serão anunciadas ativações na exposição realizadas pelo Educativo do museu, como visitas mediadas, oficinas a partir dos temas e obras e outros.
Serviço:
Realidades e Simulacros
Mostra coletiva com Coletivo Coletores, Daniel Lima, Dudu Tsuda, Eder Santos, Fernando Velazquez, Giselle Beiguelman, Katia Maciel, Lucas Bambozzi, Regina Silveira e Paola Barreto.
Curadoria: Cauê Alves e Marcus Bastos
Período expositivo: 23 de julho a 28 de janeiro de 2024
Local: entorno do Jardim de Esculturas, Praça da Paz e região dos Lagos do Ibirapuera
Endereço: Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº – Entrada pelos portões 1 e 3
Entrada gratuita
Mais informações: mam.org.br/realidades
MAM São Paulo
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(Fonte: A4&Holofote Comunicação)
O pirarucu (Arapaima gigas) simboliza ao mesmo tempo a grandiosidade e o potencial da economia da Amazônia. Ao entrar para a lista de espécies com risco de extinção em 1996, a pesca extrativa foi proibida e o peixe se tornou objeto de pesquisa do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Quase 25 anos depois da implementação do primeiro plano de manejo sustentável, em 1999, a unidade, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), consolida um exemplo bem-sucedido de desenvolvimento sustentável. “A espécie estava ameaçada e o manejo sustentável foi o responsável pela recuperação da população”, afirma o diretor do Mamirauá, João Valsecchi.
O pirarucu, contudo, continua na lista do Anexo 2 da convenção internacional de espécies com risco de extinção porque não há projetos de manejo em toda a extensão da bacia amazônica. Mas, na região do médio Solimões, desde que o manejo sustentável do pirarucu foi adotado, a população da espécie aumentou 620% – um crescimento médio anual de cerca de 25%. O cálculo é do Instituto Mamirauá.
“Não precisa entrar na área de reserva para ver o pirarucu. Hoje, a população voltou a níveis naturais nessas áreas que fazem com que, naturalmente, haja uma migração para o rio”, explica a coordenadora de manejo de pesca do instituto, Ana Cláudia Gonçalves. Segundo ela, no Amazonas há duas possibilidades de manejo legal: a piscicultura e a pesca extrativa sustentável. O Instituto Mamirauá presta assistência na segunda modalidade. Para trabalhar legalmente com o pirarucu, o Plano de Manejo Sustentável precisa ser aprovado pelo Ibama. “O tempo de implementação do projeto de manejo varia, pode levar um ou vários anos”, relata Ana Cláudia.
Uma vez aprovado o plano, o Ibama emite a primeira autorização, que será considerada a ‘pesca-piloto’. “Sendo bem executada e prestado contas, é possível renovar o pedido. A autorização saiu em agosto, mas precisa de uma condição ideal de água para o escoamento da produção”, diz a coordenadora.
A captura do pirarucu é realizada da segunda quinzena de outubro e a 30 novembro, data limite para autorização da pesca. Isso porque o período de dezembro a maio compreende o defeso, para a reprodução dos peixes. “Uma premissa básica do manejo é respeitar o defeso”, afirma Ana Cláudia.
Além da quantidade, as análises do Instituto Mamirauá também indicam que o tamanho médio do pirarucu aumentou. Em 1998, a média era de 1,27 metro. As medições realizadas em 2022 revelaram que o peixe passou a ter 1,80 m, em média.
Produção
O projeto iniciou com a adoção da técnica do manejo sustentável por uma localidade. Atualmente, são 12 áreas de produção manejada. O Mamirauá assessora tecnicamente 41 comunidades e quatro organizações de pescadores com capacitações e apoio na elaboração dos planos de manejo. O projeto beneficia 1.176 pessoas.
A cota de pesca autorizada pelo Ibama para as localidades assessoradas pelo Mamirauá para a temporada de pesca de 2023 é de 14.983 peixes ou 749 toneladas. O número representa um crescimento de cerca de 15% em relação ao ano passado. Em geral, as comunidades pesqueiras capturam mais de 90% da cota estabelecida.
Em 2022, o faturamento superou R$4,3 milhões e promete crescer neste ano. Enquanto o preço médio de comercialização do pirarucu no Amazonas em 2023 foi de R$4,50/kg, as comunidades que contam com a assessoria técnica do Instituto receberam em média R$6,68/kg, atingindo R$10,00 em algumas localidades. O valor quase 50% superior é resultado de um esforço do Mamirauá em articular arranjos comerciais, buscando comercializar diretamente com os frigoríficos, reduzindo os intermediários. “É um conjunto de estratégias para tentar valorizar o produto. Além disso, iniciamos o processo de indicação geográfica do pirarucu, participamos da rede Origens Brasil, e com outros parceiros uma marca coletiva chamada Gostos da Amazônia”, conta Ana Cláudia. O selo de procedência da Indicação Geográfica Mamirauá foi concedido em 2021 pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).
Para as comunidades pesqueiras, a renda proveniente do pirarucu manejado tem impacto significativo, representando até 40% de toda a renda proveniente da pesca e 15% da renda geral. Segundo o Mamirauá, o ganho bruto por pescador em cada temporada, apenas com o pirarucu, se aproxima de R$4 mil. A concentração da renda em um período também influencia a capacidade dos pescadores para o planejamento, como a melhora das condições de moradia, investimento na atividade e na educação dos filhos. “O manejo traz um conjunto de benefícios”, analisa.
Conhecimento tradicional
Os números impressionantes são resultado do trabalho que alia tecnologia e conhecimento tradicional. A cota de pesca é estabelecida por meio de uma metodologia de contagem dos peixes publicada em 2004. “A metodologia de contagem do pirarucu tem como alicerce o conhecimento tradicional do pescador, e é validado pela ciência”, relata a coordenadora.
Segundo ela, o pescador de pirarucu é um especialista na captura da espécie, mas ainda assim, não é todo pescador que sabe contar o pirarucu.
Outro aspecto que Ana Cláudia Gonçalves destaca é a relação que os pescadores estabeleceram com as áreas de produção. “O manejo possibilitou a proteção dos territórios, governança, estabilidade da comunidade, geração de renda e a permanência da população no território sobrevivendo dessa geração de renda.”
Investimento
O MCTI investiu na construção de um entreposto de beneficiamento do pirarucu. O flutuante, planejado para aprimorar o sistema de pré-beneficiamento, utiliza energia solar para tratar a água retirada do rio que é utilizada na lavagem dos peixes. Além disso, permitiu avançar nas boas práticas de manipulação e na ergonomia dos manipuladores do peixe. “Já conseguimos comprovar que isso melhora a qualidade do produto final, aumenta o tempo de prateleira e de armazenamento no frigorífico”, ressalta.
Seca na Amazônia
A seca na Amazônia, decorrente dos fenômenos El Niño e do aquecimento do Atlântico Tropical Norte, afetou a navegação dos canais de acesso para a chegada dos pescadores até os lagos. Outra preocupação envolve os custos para escoar a produção. “Em anos de seca, os custos com combustível crescem por conta das distâncias que aumentam de seis para 10 horas, em média, na maioria das áreas”, exemplifica.
Questionada se a seca pode provocar mortalidade do pirarucu, a coordenadora explica que a espécie é uma das mais resistentes e os peixes têm respiração aérea, capturando ar da atmosfera. “Isso traz um pouco de vantagem em relação aos outros peixes que têm apenas respiração aquática”, afirma Ana Cláudia.
Segundo o Mamirauá, mesmo em períodos de seca extrema, as ações de assessoramento às comunidades de pesca manejada não são interrompidas. “Com isso, garantimos a manutenção da produção pesqueira, assegurando renda, mesmo em um ano de seca extrema”, afirma o diretor.
(Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI)