“Não se combate a violência com um único modelo de enfrentamento. Cada geração exige uma abordagem diferente”, segundo advogado criminalista Davi Gebara


São Paulo
Nesta quinta-feira, 28 de maio, às 16 horas, Rogério Flausino será o convidado do programa Janela UBC, série de lives que a União Brasileira de Compositores promove para divulgar a campanha Juntos Pela Música, criada em parceria com o Spotify e que visa arrecadar fundos para artistas impactados pela crise da Covid-19. Flausino será entrevistado pela cantora Paula Lima, que é também diretora da UBC. Além da entrevista, os artistas cantarão alguns sucessos que marcaram suas carreiras. A live será transmitida na página da UBC no Instagram (ubcmúsica).
O fundo Juntos Pela Música foi aberto no último mês com um aporte inicial de R$1 milhão, sendo R$500 mil da UBC e R$500 mil do Spotify. Atualmente, a campanha já recebeu mais de R$270 mil em doações do público por meio de um crowdfunding no site Benfeitoria: http://benfeitoria.com/juntospelamusica. Com o valor arrecadado até o momento, a iniciativa irá ajudar 792 músicos. Mais de 1,5 mil artistas já solicitaram o auxílio e mais de 2 mil pessoas já colaboraram.
Sobre o fundo Juntos Pela Música
A pandemia da Covid-19 acertou em cheio a indústria da música. A proibição da realização de eventos estancou quase por inteira a fonte de renda de milhares de artistas. A crise afeta também a arrecadação de direitos autorais por execução pública, que terá queda de R$140 milhões em 3 meses, segundo o ECAD. Diante deste cenário, a União Brasileira de Compositores (UBC) e o Spotify lançaram o fundo Juntos Pela Música, que remunerará artistas que enfrentam dificuldades financeiras. Para ampliar o alcance dos benefícios, as entidades abriram a campanha para doações da sociedade civil por meio de uma plataforma de crowdfunding: www.benfeitoria.com/juntospelamusica.
O movimento faz parte do projeto global Spotify COVID-19 Music Relief. A empresa irá igualar as doações arrecadadas via crowdfunding em parceria com a UBC para atender os artistas. Neste caso, o Spotify se compromete a equiparar a doação em 1:1. Para cada real doado pela sociedade, a empresa doará o mesmo valor, além do aporte inicial de R$500 mil, até o limite do seu programa global de ajudas do gênero.
Sobre a UBC
União Brasileira de Compositores – UBC é uma associação sem fins lucrativos, dirigida por autores, que tem como objetivo principal a defesa e a promoção dos interesses dos titulares de direitos autorais de músicas e a distribuição dos rendimentos gerados pela utilização das mesmas, bem como o desenvolvimento cultural.
A UBC foi fundada em 1942 por autores e atua até hoje com dinamismo, excelência em tecnologia da informação e transparência, representando mais de 30 mil associados, entre autores, intérpretes, músicos, editoras e gravadoras. Para mais informações: Elisa Eisenlohr (elisa.eisenlohr@ubc.org.br/Whatsapp 21 99746-4047).
Onça-parda. Fotos de Luciano Candisani.
Um levantamento realizado pelo Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, mostrou que, em seus oito anos de existência, as pesquisas científicas e monitoramento de fauna e flora já registraram 1.765 espécies na área, localizada no Vale do Ribeira paulista. Deste total, 809 são espécies animais e, neste mesmo grupo, 50 estão ameaçadas de extinção. Os números também chamam a atenção para a diversidade de aves: são 296 espécies catalogadas no local, o que representa 40% de toda a avifauna do Estado de São Paulo. Já na flora, a lista conta com 956 espécies, sendo 9 ameaçadas.
Quando comparado com dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Brasileiro de Florestas (IBF), que mostram que a Mata Atlântica abriga 383 dos 633 animais ameaçados de extinção no Brasil, o Legado das Águas é refúgio para 13,05% do total de espécies animais ameaçadas no bioma. A área da Reserva, localizada entre os municípios de Juquiá, Miracatu e Tapiraí, é correspondente ao tamanho da cidade de Curitiba.
Muriqui-do-sul.
Das 809 espécies animais registradas, 296 são de aves, 322 são de borboletas, 70 de mamíferos, 67 de anfíbios e répteis e 54 de peixes. Já do total de 956 de espécies da flora, sendo 233 de orquídeas.
Para David Canassa, diretor da Reservas Votorantim, os números do balanço impressionam. “Ter 13,05% das espécies animais ameaçadas de extinção na Mata Atlântica em nossa área nos anima e reforça a importância e o compromisso do Legado das Águas em manter a área conservada. Temos certeza que o número de espécies nas florestas do Legado pode ser bem maior. O monitoramento da fauna em florestas densas e fechadas como da Mata Atlântica é mais difícil, mas o balanço nos mostrou que a catalogação de novas espécies é crescente, o que pode indicar que nos próximos anos, incluindo 2020, podemos ter mais boas surpresas”, diz Canassa.
Além do levantamento feito por meio das pesquisas científicas, o Legado das Águas mantém o monitoramento constante da fauna e flora utilizando dois métodos – um deles é com o registro fotográfico e de vídeo feitos pelos monitores ambientais, guias turísticos e técnicos de campo; o outro, por armadilhas fotográficas instaladas na mata que disparam automaticamente quando os animais passam pelo sensor. Os equipamentos não oferecem risco algum para os animais.
Descobertas
Cágado-da-serra.
As pesquisas no Legado das Águas já resultaram em descobertas relevantes para a ciência e, assim, para a conservação da Mata Atlântica. Entre as principais, estão: com a descoberta de duas antas albinas, possivelmente as únicas do mundo, em parceria do Instituto Manacá; a redescoberta de uma espécie de orquídea considerada extinta na natureza no Estado de São Paulo, com parceira do biólogo Luciano Zandoná; a descoberta de uma borboleta que não era registrada há mais de 50 anos no Estado, em parceria com a bióloga Dra. Laura Braga; o reconhecimento pela União Internacional Para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) como Área Prioritária Global para conservação do macaco muriqui-do-sul, em parceria com o Instituto Pró-Muriqui, e o reconhecimento como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica pelo sistema ONU/Unesco. Além disso, na biotecnologia, em parceria com o pesquisador Mauro Rebelo, atualmente o Legado das Águas detém o maior banco genético de flora da Mata Atlântica do mundo, que pode ainda resultar na descoberta de ativos de interesse para as indústrias de cosméticos, perfumaria e farmacêutica.
Os resultados das pesquisas realizadas no Legado das Águas têm como principal objetivo gerar conhecimento para subsidiar ações de conservação da Mata Atlântica, assim como possibilitar o respaldo para o desenvolvimento de negócios. “No Legado das Águas, buscamos sempre transformar esses dados em oportunidades – exemplo disso são as possibilidades de ecoturismo incluindo o avistamento da fauna; já com a flora, a produção de espécies de plantas nativas para projetos paisagísticos. É urgente que a conservação seja vista pelo viés das oportunidades de geração de renda com nossos biomas. E as pesquisas relacionadas ao momento pós pandemia mostram a importância das florestas e a reconexão que será buscada pelas pessoas”, finaliza Canassa.
Sobre o Legado das Águas – Reserva Votorantim
Jaguatirica.
O Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, com extensão aproximada à cidade de Curitiba (PR), é um dos ativos ambientais da Votorantim. Localizada na região do Vale do Ribeira, no sul do Estado de São Paulo, a área foi adquirida a partir da década de 1940 e conservada desde então pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que manteve sua floresta e rica biodiversidade local com o objetivo de contribuir para a manutenção da bacia hídrica do Rio Juquiá, onde a companhia possui sete usinas hidrelétricas.
Em 2012, o Legado das Águas foi transformado em um polo de pesquisas científicas, estudos acadêmicos e desenvolvimento de projetos de valorização da biodiversidade em parceria com o Governo do Estado de São Paulo.
Hoje, o Legado das Águas é administrado pela empresa Reservas Votorantim, criada para estabelecer um novo modelo de área protegida privada, cujas atividades geram benefícios sociais, ambientais e econômicos de maneira sustentável.
Diretora executiva da Casa do Saber Rio, Adriana Zebulun, conta que negociação, gestão de conflitos e comunicação criativa são, no momento, as áreas de maior interesse. Foto: divulgação.
Empresas de todos os portes e setores têm buscado, durante o isolamento social, cursos online que mantenham suas equipes estimuladas e equilibradas emocionalmente para os desafios presentes e futuros. A diretora executiva da Casa do Saber Rio, Adriana Zebulun, conta que negociação, gestão de conflitos e comunicação criativa são, no momento, as áreas de maior interesse. Mas que também há procura por questões ligadas à filosofia, à psicologia e mindfulness. Para Adriana, gestores têm entendido que o treinamento remoto também serve para reunir as equipes em torno de um objetivo comum, “devolvendo a seus parceiros a sensação de pertencimento a um mesmo time. Mais do que nunca, as empresas precisam investir no seu capital humano, pois este será o agente responsável pela adequação à nova realidade”, afirma.
O que empresas podem fazer para estimular, profissional e emocionalmente, seus funcionários em tempos de pandemia?
Este é um momento em que temos muito mais perguntas do que respostas. Buscar conhecimento é fundamental, tanto para ocupar nossa mente com conteúdo relevante, quanto para nos ajudar a manter o equilíbrio emocional. Quando falo em conhecimento, me refiro à cultura, à arte, à história, à filosofia e aos saberes técnicos. As empresas, neste período, podem estimular seus colaboradores a buscarem esse tipo de aprofundamento ou oferecer, elas mesmas, conteúdos que, além de cumprirem seu papel, vão também reunir a equipe em torno de um objetivo comum, devolvendo a seus parceiros a sensação de pertencimento a um mesmo time.
Em momento de crise econômica e do emprego, por que investir em treinamento?
Mais do que nunca, será essencial investir em diferenciais para fazer com que a equipe de uma empresa se torne mais criativa, disruptiva e produtiva. A empresa precisará investir no seu capital humano, pois este será o agente responsável pela adequação a essa nova realidade.
Como montar um conteúdo personalizado para públicos tão distintos?
Esse é um dos diferenciais da Casa do Saber Rio. Nossa essência sempre foi a de fazer uma curadoria de qualidade. Somos extremamente atentos e incansáveis quando se trata de entender as necessidades do cliente. Não temos produtos de prateleira, prontos, por mais que tenhamos conteúdos procurados com mais frequência. Nossa equipe se debruça sobre aquilo que as empresas e parceiros desejam oferecer a seus colaboradores e confecciona uma combinação perfeita de temas e palestrantes. Temos um hub de conhecimento com mais de 1.500 professores que já passaram pela Casa e, a cada dia, procuramos agregar novos.
Há cursos que fazem o cruzamento de diversas áreas do saber, como comunicação e neurociência. Por que esse formato?
Porque quando você trabalha de modo interdisciplinar, você amplia o campo de visão do seu colaborador. Faz com que ele veja uma questão por diferentes perspectivas e, principalmente, faz com que ele adquira ferramentas diversas para enfrentar um problema ou um desafio dentro da empresa. Somos seres complexos e essa mistura de conteúdos e de olhares amplia a visão de mundo e enriquece muito a absorção do conhecimento. Temos alguns exemplos de sucesso bastante ilustrativos dessa característica da Casa do Saber Rio. Há alguns anos, fomos desafiados pelo RH de uma multinacional a criar um programa que impactasse em médio prazo no aumento da participação das mulheres nas lideranças da empresa. Criamos um ciclo que reuniu uma antropóloga, uma psicóloga, um filósofo, um profissional de design thinking e uma atriz. Outro exemplo foi o de uma emissora de TV que desejava oferecer algo disruptivo para seus colaboradores da área de efeitos visuais. O que propomos foi uma série de encontros que incluía Gestalt, Física, Arte e Arquitetura.
Atualmente, quais são as principais áreas de interesse dos gestores?
Depende – as dores das empresas são muitas. Tem empresas buscando negociação e gestão de conflitos; outras, comunicação criativa ou Comunicação Não Violenta (CNV) e muitas estão focando em questões ligadas à diversidade. Mas veja o que uma pandemia foi capaz de fazer: as empresas têm buscado temas ligados à filosofia, à psicologia e mindfulness. Esses temas mencionados vêm sendo adaptados para o modelo virtual. Hoje, já temos workshops online, com separação de equipes em pequenos grupos de trabalho em salas no aplicativo zoom.
A pandemia da Covid-19 teve algum impacto na definição dos conteúdos?
Sim e não. O impacto foi grande na forma que vamos nos relacionar daqui em diante. As empresas também vão se transformar; afinal, essa nova realidade implica em mudança de prioridades. Talvez as principais ferramentas para lidarmos com esse momento sejam a filosofia e o mindfulness, além das reflexões acerca do equilíbrio emocional. Será fundamental o desenvolvimento de habilidades e características como a comunicação criativa, a gestão de conflitos, a adaptabilidade, a negociação e a resiliência. Mudam o enfoque, a perspectiva, o olhar para o futuro, mas as transformações são constantes, fazem parte das nossas vidas, do ser humano.
O que os gestores podem esperar de novo no ambiente corporativo após esses treinamentos para suas equipes?
Uma pesquisa recente do National Endowment for Science,Technology and the Arts, de Londres, diz que resiliência, criatividade e capacidade de resolução de problemas serão as grandes habilidades necessárias para o profissional do futuro. Acredito que o tipo de treinamento que a Casa do Saber Rio oferece é do tipo provocador, que tira o participante de uma zona confortável e o instiga a ponto de seguir refletindo por muito tempo sobre o que aprendeu. São conteúdos para a vida. É assim que acreditamos que se dê qualquer transformação. Esses colaboradores terão vontade de usar o que aprenderam em suas vidas profissionais e pessoais. E o resultado certamente virá em forma de produtividade.
Crédito da foto: Alexandre Macieira.
Depois da lives de artistas e especialistas em diversos temas fazerem sucesso com o público, o AquaRio também desenvolveu sua programação para divertir, ensinar e entreter crianças e adultos nesse momento de isolamento social. São duas lives semanais (veja a programação abaixo) e uma certeza: não tem como não se encantar com a vida marinha e o trabalho de bastidores das equipes. Depois da abertura das câmeras, a programação do Em casa com o AquaRio não pode ficar de fora do seu calendário.
No dia 26 de maio, será a vez de falar sobre a alimentação dos tubarões bebês. O público vai conhecer características e curiosidades desse animal desde os seus primeiros dias de vida e entender que às vezes as equipes técnicas do AquaRio precisam dar uma “mãozinha” para a natureza na hora do parto dos tubarões. Apresentado pela bióloga marinha Carol Laff, a live acontece às 16h, no canal do AquaRio no Youtube.
Já na quinta-feira, dia 28, o gerente técnico e também biólogo marinho Rafael Franco entra em cena para falar sobre os peixes-palhaços (foto), imortalizados no cinema pelo personagem Nemo, e sua relação com as anêmonas. Nesse dia também acontecerá a primeira transmissão pela câmera que foi instalada nesse tanque e o lançamento do desafio Procurando Inscritos, para estimular o público a ficar atento às novidades do canal.
Junho já começa com a programação definida até a segunda quinzena do mês e que pode sofrer alterações que serão comunicadas com antecedência nos canais do AquaRio. Veja a programação completa e fique ligado.
Programação das lives do Aquario – maio e junho
26/5 16h – Alimentação dos tubarões bebês
28/5 8h-11h – Interações entre os peixes-palhaço e as anêmonas. Lançamento do desafio Procurando Inscritos e da câmera nesse tanque
3/6 14h – Peixes do Indo Pacífico
5/6 16h – Alimentação no grande tanque oceânico
9/6 16h – Cultivo de água-viva
11/6 14h – Sistema de Suporte à vida
16/6 16h – Museu do Surf
18/6 14h – Condicionamento animal
23/6 14h – Fragmentação de corais
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O presidente da Abrasel RMC, Matheus Mason. Foto: divulgação.
Quatro em cada cinco donos de bares e restaurantes tentaram obter empréstimos para sustentar seus negócios durante a pandemia, mas, destes, 81% tiveram o crédito negado por instituições financeiras. A informação vem de uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) com empresários do setor em todo o país. Os bancos privados são os que mais negam acesso a empréstimos: 57,55% dos entrevistados receberam uma negativa em instituições deste perfil, contra 42,45% que foram barrados em bancos públicos. Com este quadro, quase 20% dos entrevistados dizem ter que demitir todo o quadro de pessoal se a situação se mantiver nos próximos 30 dias.
Para o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, os bares e restaurantes estão precisando com urgência de dinheiro barato e em adequadas condições com carência e prazo de pagamentos ajustados para os desafios atuais. “Enxergamos muitas tentativas do Governo Federal de oferecer crédito barato e que chegasse na ponta, mas que, até agora, foram infrutíferas”, afirma.
Segundo Solmucci, a situação parece estar mudando. “Estamos esperançosos com os movimentos que vêm acontecendo desde a semana passada, que começam a mostrar uma luz no fim do túnel. O Ministério do Turismo liberou uma linha de crédito de R$5 bilhões via Fungetur que começa a ser utilizada com sucesso pelos empresários. Essa semana foi sancionado o Pronampe, que pode trazer alívio a uma parcela das empresas. E há informações de que o BNDES está reformulando a primeira linha anunciada, com muito alarde, mas que efetivamente não estava acessível aos empresários. Então, embora tenha havido uma frustração inicial, justificável, a expectativa é que o que deu errado está virando aprendizado para que o Governo disponibilize crédito de forma mais efetiva”.
A queda de faturamento é brutal. O delivery foi a única saída para 55% dos estabelecimentos continuarem operando. Mesmo assim, a queda na receita é de mais de 75% para 64% das empresas do setor. Além de forçar uma corrida por empréstimos, a queda obrigou os empresários a cortar custos em diversas frentes. Quase 80% das empresas já fizeram uma renegociação de aluguel.
Delivery foi a única saída para 55% dos estabelecimentos continuarem operando. Imagem de Hans Braxmeier por Pixabay.
E a possibilidade aberta pela Medida Provisória 936 (conhecida como MP dos salários) permitiu às empresas suspender os contratos de trabalho de metade dos funcionários, em média. Renegociar com fornecedores também passou a ser mandatório. Neste ponto, a resposta é positiva. Pelo menos 50% dos fornecedores já concordaram em postergar o pagamento de dívidas ou parcelar pagamentos.
Panorama na RMC
Na Região Metropolitana de Campinas (RMC), os dados levantados são preocupantes. Dos 340 associados, 64 tentaram acessar linhas de crédito junto às instituições financeiras – tanto do governo como particular –, sendo que nenhum pedido foi aceito. “O que as empresas conseguiram foram as linhas antigas, com juros bem mais elevados, com taxas na faixa de 2% a 5% ao mês”, revela o presidente da Abrasel RMC, Matheus Mason, lembrando que Campinas e diversas cidades da região completam neste sábado 60 dias de isolamento social.
Com relação ao movimento de vendas, na região constatou-se uma queda em torno de 85%. Os 15% que os bares estão conseguindo manter vêm da venda através de delivery, uso de aplicativos e drive thru. “Muitos comerciantes estão se reinventando para manter os negócios ativos durante a quarentena, sendo que mais da metade deles jamais haviam trabalhado com estes tipos de negócio. Tanto que o delivery apresentou em dois meses um crescimento que era esperado para os próximos dois anos”.
Para o presidente da Abrasel RMC, o momento é crítico e cada vez mais a necessidade de isolamento faz com que o setor e aproxime de um colapso, embora a entidade e empresários entendam a necessidade do isolamento, desde que ele tenha transparência quanto à reabertura. “O consumidor também está preocupado, mas deseja voltar a frequentar os bares e restaurantes assim que terminar a quarentena”, aponta.
Ele cita como exemplo uma pesquisa realizada pela empresa Food Consulting para um estudo inédito sobre o Impacto da Covid-19 no Consumidor do Foodservice: 69% dos entrevistados disseram que prentendem voltar a frequentar bares e restaurantes, sendo 1/3 assim que terminar a Quarentena, 1/3 após um mês e 1/3 dois meses depois.
O pós-pandemia
Le Triskell, em Indaiatuba (SP): delivery e take away permitiram manter vínculos com clientes, funcionários e fornecedores. Foto: divulgação.
Em alguns lugares já começou a ser permitida a reabertura dos estabelecimentos para o serviço no salão. Mas a retomada não é fácil. Ela significa retomar custos fixos que estavam suspensos e até investir: 62% das empresas dizem estar encontrando dificuldades para repor os estoques. Por isso, dois em cada três empresários afirma planejar a retomada com menos funcionários e com uma capacidade de atendimento reduzida em relação à situação pré-crise.
O restaurateur Gilles Mourier, do Le Triskell Bistrô, em Indaiatuba, diz que se viu em um dilema com a decretação da quarentena. “Como praticamente todo gestor do setor de alimentos e bebidas, me vi diante de duas únicas opções: manter a casa fechada ou em funcionamento parcial”, afirma Mourier. “O prejuízo mensal seria equivalente; então, decidi aproveitar o momento de desafio para estruturar o serviço de take way e delivery. O faturamento passou a ser de 25% do habitual, mas acredito que a atitude nos permitiu manter o vínculo com nossos clientes, funcionários e fornecedores”, diz. De acordo com o restaurateur, ambos os serviços serão mantidos após a quarentena, inclusive como uma forma de evitar demissões. “O oferecimento de serviços voltados ao consumo externo já era uma intenção nossa, mas estruturar todo um serviço com a casa em andamento acabava ficando em segundo plano em função da correria. No meio do processo, aproveitei a energia reunida para incorporar o imóvel ao lado, que por coincidência ficou disponível no período e, com isso, desocupei outro imóvel que detinha as mesmas funções operacionais”.
O empresário afirma que manterá várias das medidas preventivas num primeiro momento da liberação pelas autoridades. “A menos que isso venha a confrontar eventuais medidas estabelecidas pelas autoridades para o funcionamento pós-quarentena, é nossa intenção reabrir com 50% da capacidade e manter as ações de distanciamento e higienização, como funcionários de máscaras, disponibilização de álcool gel etc.”.
Na visão desta coluna, o governo do estado de São Paulo deve anunciar em breve o início gradual e controlado das atividades comerciais presenciais de maneira setorizada e conforme a realidade de cada município, com base em dados como índice de ocupação hospitalar, mortalidade etc. Caso o segmento de bares e restaurantes não seja um dos segmentos liberados, o mês de junho promete ser crucial para a sobrevivência de grande parte de seus integrantes. Segundo estudo da Abrasel divulgado no final de abril, a estimativa é de que 40% dos bares e restaurantes em SP devem fechar após crise. Levantamento da Associação Nacional de Restaurantes também em abril apontou que mais de um milhão de pessoas foram demitidas no setor desde o início da pandemia.