“Não se combate a violência com um único modelo de enfrentamento. Cada geração exige uma abordagem diferente”, segundo advogado criminalista Davi Gebara


São Paulo
Série Janelas Abertas OSU terá vídeos em que músicos abrem as janelas virtuais desde suas casas e compartilham performances com a orquestra completa. Imagem: divulgação/Ciddic/Unicamp.
A Orquestra Sinfônica da Unicamp estreia hoje (5/8, quarta-feira), às 17h, a série Janelas Abertas OSU. Serão vídeos em que os músicos abrem as janelas virtuais desde suas casas e compartilham performances com a Orquestra completa.
A primeira obra preparada é a Abertura de Noite de São Paulo, de Dinorá de Carvalho, em uma edição a partir de manuscrito presente no acervo CDMC (Ciddic) da Unicamp. O público pode saber curiosidades dessa peça na conversa com o pesquisador Tadeu Tafarrello, que será lançada hoje, juntamente com a performance da OSU.
E segue o mês de agosto com mais novidades e surpresas. No dia 9, Dia dos Pais, haverá um emocionante depoimento do Prof. Dr. Jônatas Manzolli (Unicamp) sobre uma composição de sua autoria chamada Salmo 23, que a Sinfônica da Unicamp executou anos atrás. O público vai poder saber mais sobre essa peça e sentir o afetuoso abraço da equipe da OSU com o lançamento deste lindo vídeo, a partir das 10h30 do próximo domingo, no canal da orquestra no Youtube. E a performance da OSU e convidados também estará disponível para serem curtidos juntos.
Acesse o canal e fique por dentro dos conteúdos: www.youtube.com/c/orquestrasinfonicadaunicamp.
Foto: Jan Baborák/Unsplash.
Com a pandemia da Covid-19, muitas pessoas passaram a trabalhar de forma remota. Sem condições adequadas de trabalho em suas casas, no entanto, o home office tem trazido impactos na saúde e no bem-estar dos brasileiros. Os principais sintomas físicos que se tornaram mais frequentes que o habitual são dores nas costas (58%), no pescoço (75%), fadiga ocular (55%), perda de sono (55%) e dores de cabeça (53%).
Os resultados são de estudo realizado pelo Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da Fundação Getulio Vargas (FGVSaúde) em parceria com o Institute of Employment Studies (IES) do Reino Unido e com o apoio técnico da empresa Sharecare. A pesquisa entrevistou 533 pessoas entre os meses de junho e julho, por meio de questionário eletrônico desenvolvido pelo instituto britânico. A maioria dos participantes eram mulheres (67,9%) e tinham uma idade média de 40 anos.
A grande maioria dos respondentes (87,4%) começou a fazer home office devido à pandemia, mas apenas 15,9% receberam algum tipo de suporte em termos de adaptação da sua casa para o trabalho por parte do empregador. Ainda, 63% dos trabalhadores relataram que não têm conseguido se exercitar como faziam anteriormente e 46% têm trabalhado mais horas e em horários irregulares.
Essa realidade trouxe ainda outros desafios para o desempenho das funções laborais pelos trabalhadores. De acordo com o estudo, 47,7% dos respondentes relataram compartilhar o seu espaço de trabalho com outro adulto, 46% vivem com filhos dependentes menos de 18 anos e 21,2% cuidam de parente idoso. “Essa mudança trouxe repercussões para a saúde física e emocional das pessoas que exigirão ações efetivas pelos gestores das organizações. Caso contrário, as taxas de adoecimento aumentarão, com redução da produtividade pessoal e organizacional”, avalia Alberto Ogata, pesquisador do FGVSaúde e um dos autores do estudo.
A pesquisa incluiu instrumento da Organização Mundial da Saúde (OMS) que permite a avaliação do estado de saúde mental dos respondentes. Na próxima etapa, além de comparação com dados internacionais, os pesquisadores analisarão uma possível associação dos sintomas físicos e emocionais relatados com a saúde mental dos trabalhadores.
(Fonte: Agência Bori)
O Parque Ecológico de Indaiatuba. Foto: Giuliano Miranda.
Pessoas que moram perto de áreas arborizadas têm menos chances de desenvolver transtornos mentais comuns, como ansiedade, estresse e quadros leves de depressão. Além disso, o bem-estar de pessoas de baixa renda é influenciado por um maior uso de parques, jardins privados, praças públicas e outros tipos de vegetação urbana em relação a pessoas de alta renda. Esse foi o resultado de estudo feito por pesquisadores do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, publicado na Revista de Saúde Pública em setembro de 2019.
Os pesquisadores analisaram dados de 2.584 funcionários técnico-administrativos que moram na cidade do Rio de Janeiro e avaliaram o nível de saúde mental a partir da aplicação questionários baseados no General Health Questionnaire, indicador usado por profissionais da saúde para detectar transtornos psiquiátricos não severos, como ansiedade e sintomas somáticos. Essas informações foram cruzadas com dados sobre a exposição a áreas verdes a partir de imagens feitas por sensoriamento remoto por satélite. O sexo dos indivíduos, a idade, a renda mensal líquida e a prática de atividades físicas também foram considerados.
Mais pobres se beneficiam mais
A renda mensal dos indivíduos teve um papel importante na relação entre saúde mental e área verde. Para os pesquisadores, populações com menos renda tendem a ter maior dependência das condições da vizinhança, já que não têm as mesmas oportunidades de lazer das classes mais altas. O alívio do estresse e outros sintomas de transtornos mentais comuns parece estar associado à capacidade das áreas arborizadas de diminuir a fadiga e o estado de vigilância da mente das pessoas. Além disso, essas áreas tornam o ambiente mais agradável ao reduzir a poluição do ar e os efeitos de calor das cidades.
Políticas públicas de planejamento urbano que incluam e preservem áreas verdes em bairros de periferia de cidades brasileiras podem beneficiar o bem-estar psicológico de seus moradores. A taxa de transtornos mentais comuns é alta em centros urbanos do Brasil. Segundo pesquisa realizada em 2014, mais de 50% da população atendida em unidades de saúde da família do Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Porto Alegre sofrem com sintomas de ansiedade, estresse e depressão.
Essa é a primeira investigação sobre o impacto do meio ambiente urbano na saúde mental realizada na cidade do Rio de Janeiro – a maioria dos estudos da área se foca em populações de países de alta renda. Para a pesquisadora Patrícia Amado Barreto, o próximo passo será aumentar a consistência destes estudos com análises mais sofisticadas que incluem analisar tipos de áreas verdes que podem trazer mais benefícios e se a biodiversidade tem algum papel nesta relação.
(Fonte: Agência Bori)
Foto: divulgação/Agência Bori.
As condições de trabalho se transformaram radicalmente durante a pandemia de Covid-19, sobrecarregando, principalmente, as mulheres. Metade das brasileiras passou a cuidar de alguém durante esse período e 41% das mulheres com emprego afirmam estar trabalhando mais do que antes. Os dados são de pesquisa realizada pela organização de mídia Gênero e Número, em parceria com a SOF Sempreviva Organização Feminista.
O estudo indica que a realidade não é a mesma para todas. Nos ambientes rurais, 62% das respondentes afirmaram que passaram a exercer tarefas de cuidado. Para identificar os efeitos da pandemia sobre o trabalho, a renda das mulheres e a sustentação financeira da casa, os pesquisadores aplicaram um questionário online em mais de 2.600 mulheres brasileiras entre abril e maio. A perspectiva era de que as tarefas de cuidado e trabalho passaram a se sobrepor de forma mais intensa durante os meses de isolamento social. A análise das respostas levou em conta variáveis como raça e área de residência das respondentes e se moram em zonas rurais ou urbanas. A amostra é representativa da população brasileira.
Os dados mostram que as mulheres residentes em áreas rurais e negras assumiram mais responsabilidades com relação ao cuidado do outro. Além disso, as mulheres negras parecem ter menos suporte nestas tarefas.
A maior parcela das mulheres que seguiu trabalhando durante a pandemia com manutenção de salários é de mulheres brancas. Elas relataram estar trabalhando mais no período da quarentena, evidenciando que a ausência de funcionárias no domicílio ou de espaços como a creche/escola pesou mais para esse grupo. As mulheres que estão em casa sem renda ou com prejuízo de renda são 39%.
A pesquisa também coletou depoimentos que mostram como é complexa a leitura da condição de vida e de trabalho neste momento. Mesmo as que seguem trabalhando, com renda, podem estar sob condições diferentes, mais precarizadas, em relação ao período anterior ao da quarentena. Para Tica Moreno, socióloga da SOF Sempreviva Organização Feminista envolvida no estudo, os dados mostram que as dinâmicas de vida e trabalho das mulheres se contrapõem ao discurso de que o trabalho e a economia pararam durante o período de isolamento social. “Os trabalhos necessários para a sustentabilidade da vida não pararam – não podem parar. Pelo contrário, foram intensificados na pandemia. A economia só funciona porque o trabalho das mulheres, quase sempre invisibilizado e precarizado, não pode parar”, comenta.
Para os pesquisadores, entender a situação do cuidado durante a pandemia é fundamental para o desenho de ações que sejam capazes de transformar essas dinâmicas de desigualdade que imbricam gênero, raça e classe. Os resultados do estudo, segundo Guilliana Bianconi, diretora da Gênero e Número, dão visibilidade para a crise do cuidado. “O cuidado está no centro da sustentabilidade da vida. Não há possibilidade de discutir o mundo pós-pandemia sem levar em consideração o quanto isso se tornou evidente no momento de crise global”.
(Fonte: Agência Bori)
Foto: divulgação.
O segundo volume da coleção Bela Flor, em homenagem à poetisa portuguesa Florbela Espanca, estará disponível para os leitores de Língua Portuguesa a partir de agosto. Lançado em e-book, A Mensageira das Violetas traz mais de 60 poesias e sonetos de uma escritora excepcional e uma mulher à frente do seu tempo, que transformou um ousado diário íntimo em literatura de excepcional qualidade. O lançamento integra o portfólio digital da Primavera Editorial.
Uma das marcas da produção literária de Florbela Espanca é o arrebatamento e a linguagem telúrica, elementos com os quais construiu uma obra com forte teor confessional: densa, amarga e triste. A expressão poética – via contos, poemas, cartas e sonetos – é marcada por sentimentos como amor, saudade, sofrimento, solidão e morte, mas sempre em busca da felicidade. São textos que convidam o leitor, sobretudo as mulheres, a refletir sobre o amor, a devoção e o erotismo de uma forma deslocada do tempo. Aliás, a produção literária dessa portuguesa socialmente inovadora, nascida no século XIX, dialoga perfeitamente com as defesas feministas contemporâneas.
Segundo Larissa Caldin, publisher da Primavera Editorial e autora do prefácio, Florbela sempre teve uma necessidade de colocar para fora os próprios sentimentos, o que torna a sua obra tão pessoal e biográfica. “Florbela nunca precisou levantar bandeiras, porque ela em si já era a personificação da emancipação feminina em sua época. É impossível passar incólume à sua obra, que cozinha amor, erotismo e devoção – devoção esta, muitas vezes, submetida ao amor de um homem, sim, mas sempre consciente em ser uma escolha, não uma imposição”, analisa Larissa.
Sobre Florbela Espanca
Crédito da foto: desconhecido – http://www.jornalcomarca.com.br/?pagina=noticias&id_materia=163175.
Florbela Espanca é uma poetisa que já tem poema no próprio nome. Embora ofuscada muitas vezes pela figura de poetas como Fernando Pessoa, foi um dos grandes nomes da poesia portuguesa. Nascida em 8 de dezembro de 1894 na região do Alentejo, Florbela Espanca – cujo nome de batismo era Flor Bela Lobo – é fruto de uma relação extraconjugal entre João Espanca e Antônia da Conceição Lobo, que a registrou como “filha de um pai incógnito”. Com a morte prematura da mãe, passou a ser criada pelo pai e a esposa, Mariana do Carmo Toscano. O reconhecimento como filha legítima só veio após a morte da madrasta. Com 18 anos, Florbela iniciou o ensino secundário, sendo uma das primeiras mulheres a estudar, o que configurava um escândalo para a sociedade da época. Após se casar, a poeta decide voltar a estudar e ingressa a Faculdade de Direito de Lisboa – era uma das 14 mulheres entre 347 estudantes homens.
Não foram apenas os estudos que tornaram Florbela uma mulher à frente do seu tempo. Em 1921, ela se apaixonou por António Guimarães e decide, então, pedir o divórcio a Alberto, primeiro marido (ela se divorciaria, depois, de Antônio também). Embora o ato tenha sido completamente condenado pela sociedade, Florbela não se importou; não queria seguir os mesmos passos da mãe, pois estava mais interessada em buscar a própria felicidade. Morreu aos 36 anos, de uma overdose de barbitúricos, deixando uma obra da mais alta qualidade literária.