Iniciativa acontece durante a 23ª Semana Nacional de Museus e convida o público a refletir sobre inclusão e criatividade


São Paulo
Com uma abordagem crítica ao período colonial, que se afasta do eixo eurocentrado, o historiador e escritor Wilson Júnior apresenta uma fantasia que desafia os grilhões conservadores. Em ‘Fios de Ferro e Sal: Trama Ancestral’, o autor provoca profundas reflexões sobre resistência, memória e identidade. A realidade vivida no Brasil Império misturada ao misticismo evidencia as dificuldades encontradas pelos homens negros e nativos durante a exploração do país.
Os capítulos acompanham as histórias de dois homens pretos. Kayin, um ferreiro agraciado com os dons de Ogum, que o ensinou a ouvir e interpretar as mensagens dos metais. Aprendeu lições valiosas para enfrentar os desafios da vida. Ekundayo, um velho griô morador de uma vila de pescadores, espalha o dom de cura a partir de unguentos, entre outras misturas medicinais. Ele carrega uma importante missão traçada por Iemanjá.
As trajetórias dos dois discípulos dos Orixás se entrelaçam nesta aventura marítima pelas terras coloniais para fugir das mãos dos homens brancos e preservar a memória cultural negra. Eles confrontam forças ancestrais e horrores do passado, em meio a criaturas fantásticas, como Mooby-oh, uma espécie de tartaruga bestial; Tia Nanci, uma perigosa entidade aranha; e Afogado, um ser misterioso de origem desconhecida.
Nenhuma alma viva à vista, apenas o lamento do vento soprando pelos buracos. Ekundayo reconheceu o desenho de um navio negreiro. Seu estômago revirou ao olhar a escada que levava ao porão. Os degraus, escuros e gastos, conduziam à escuridão. Ele quase ouviu o arrastar de correntes e os gritos presos no tempo. (Fios de Ferro e Sal, p. 192)
Publicada pela Cortez Editora, a obra mostra aos leitores que, assim como os seres místicos escondidos no fundo do mar, há temores reprimidos dentro de cada um. E talvez sejam esses os maiores obstáculos.
Fundador do Coletivo Escambau, Wilson Júnior constrói uma história potente sobre representatividade negra na literatura, a importância da preservação da memória histórica, a valorização das religiões de matriz africana e a necessidade de narrativas que descolonizem o imaginário cultural.
Fios de Ferro e Sal resgata e reconstrói por meio da fantasia um enredo silenciado, em que os negros são protagonistas, os brancos antagonistas e, mesmo ambientado no passado, reflete os desafios racistas do presente.
Ficha Técnica:
Título do livro: Fios de Ferro e Sal: Trama Ancestral
Editora: Cortez Editora
ISBN/ASIN: 9786555555547
Páginas: 256
Preço: R$74,00
Onde comprar: Cortez Editora.
Sobre o autor | Wilson Júnior é escritor, editor, professor e historiador. Em 2015, fundou o Coletivo Escambau, que mantinha as revistas de ficção fantástica Escambanáutica, Feira da Pupa, Potocando e Noturna. De 2017 a 2022 manteve o canal Escambau no YouTube, onde falava de literatura, cinema e séries de TV. Pós-graduado em Escrita Literária, ministrou cursos de escrita na Rede Cuca, organizando os livros Contos da Cuca (2019), Raízes (2021) e Tecer Mundo (2022), com textos de alunos. Em 2022, fundou o Coletivo Autores Independentes do Ceará e, em 2023, organizou a primeira Flice – Feira da Literatura Independente do Ceará. 999 (2022) é seu livro de estreia, seguido de Trama Ancestral (2024), que foi lançado na 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.
Instagram: @wilsonjr.999 | YouTube: Escambau
Sobre a Cortez Editora | Foi a solidez do trabalho feito que estimulou a Cortez Editora a expandir e mostrar ao mundo toda a riqueza da cultura brasileira e a densidade ímpar de seus autores. Seu catálogo é referência nas áreas de Literatura Infantil e Juvenil, Educação, Serviço Social, Ciências da Linguagem, Ciências Sociais, Ciências Ambientais e Psicologia.
Site: Cortez Editora
Instagram: Cortez Editora | Youtube: TV Cortez | Facebook: Cortez Editora.
(Com Luísa Lacombe/LC Agência de Comunicação)
Até o dia 10 de maio, a Simões de Assis apresentará uma exposição com pinturas inéditas de Jorge Guinle (1947–1987), em São Paulo. A mostra ‘Infinito’ apresenta um conjunto de 10 obras, sendo nove em grande formato, realizadas pelo artista durante sua temporada em Nova York, entre 1985 e 1986. Pela primeira vez reunidas e trazidas ao Brasil, essas pinturas marcam um momento singular em sua trajetória, combinando maturidade artística com a densidade emocional que permeou seus últimos anos de vida.
No período em que produziu essas telas, Guinle participou da 17ª Bienal de São Paulo e realizou exposições individuais em importantes galerias. Paralelamente, enfrentava o impacto de um diagnóstico de doenças relacionadas à Aids, que levaria ao seu falecimento em 1987. As telas dessa fase nova-iorquina revelam um percurso intenso e visceral no qual suas composições se tornam mais diluídas e translúcidas sem perder a vibração gestual e cromática que caracterizou sua obra.
A exposição conta com texto assinado por Vanda Klabin, curadora, historiadora e amiga próxima do artista, que contextualiza a importância desse conjunto dentro da produção de Guinle. Reconhecido por sua abordagem singular dentro da pintura contemporânea brasileira, ele estabeleceu um diálogo intenso com as tendências internacionais da época, como o expressionismo abstrato e a pintura norte-americana do pós-guerra. Ao longo de sua curta, mas intensa carreira, Guinle foi um dos grandes incentivadores da revalorização da pintura nos anos 1980, sendo uma referência fundamental para a chamada Geração 80. Seu trabalho era marcado pelo gestual enérgico, pelo uso audacioso das cores e pela busca constante de uma harmonia dissonante, que se distanciava das vertentes conceituais predominantes na década anterior.
A série de pinturas realizadas no Kaufman’s Studio, em Nova York, permaneceu inédita até o momento, mesmo sendo considerada uma das mais significativas de sua carreira. As nove pinturas foram localizadas pela galeria Simões de Assis e trazidas para primeira exposição no Brasil, ao lado de outras obras produzidas entre 1985 e 1986; elas consolidam o estilo único do artista, que soube capturar tanto a energia do cenário artístico internacional quanto às especificidades do contexto brasileiro.
Jorge Guinle Filho nasceu em Nova York em 1947 e passou parte de sua vida entre o Brasil, Paris e Nova York. Autodidata, aprofundou seus estudos em pintura a partir do contato direto com grandes mestres do modernismo, como Henri Matisse, além de influências decisivas da action painting e da pop art. Sua produção, concentrada nos últimos sete anos de vida, revela um comprometimento absoluto com a pintura como experiência vital.
Com esta exposição, a Simões de Assis pretende trazer ao público obras fundamentais da arte moderna e contemporânea brasileira, promovendo a redescoberta de um dos grandes nomes da pintura do século XX.
Sobre Jorge Guinle
Jorge Guinle Filho (Nova York, EUA, 1947–1987) viveu entre o Rio de Janeiro e Paris durante o período de 1965 a 1977, fixando-se na cidade carioca em 1977. Nos anos seguintes, o clima de abertura política no país favoreceu as manifestações artísticas e Guinle retomou sua carreira em uma trajetória muito rápida: trabalhou por sete anos, nos quais produziu obras marcantes. Entre 1980 e 1982, realizou entrevistas para a revista Interview, de circulação nacional, com importantes artistas brasileiros; entre eles, Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Antonio Dias, Lygia Clark, Mira Schendel e Cildo Meireles.
Sua obra integra coleções importantes, como Museo de Arte Contemporáneo de Monterrey, México; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Coleção Gilberto Chateaubriand, Brasil; Museu Nacional de Belas Artes, Brasil; Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Brasil; Centro Cultural Cândido Mendes, Brasil; Instituto Figueiredo Ferraz, Brasil; Coleção Roberto Marinho, Brasil; Coleção José Olympio Pereira, Brasil; Coleção Hecilda e Sérgio Fadel, Brasil; Coleção Ronaldo Cezar Coelho, Brasil; Coleção Ricardo Akagawa, Brasil e Coleção Orandi Momesso, Brasil.
Sobre Vanda Klabin
Vanda Mangia Klabin (Rio de Janeiro) é cientista social, historiadora e curadora de artes plásticas. Formada em Ciências Políticas e Sociais, graduou-se também em Educação Artística e História da Arte, com pós-graduação em História da Arte e Arquitetura pela PUC/Rio. Foi coordenadora adjunta do Curso de Especialização em História da Arte e de Arquitetura no Brasil, PUC-Rio, entre 1983 e 1990. Dirigiu o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro, 1996-2000, onde realizou exposições de artistas brasileiros e estrangeiros. Foi coordenadora adjunta de Brasil + 500 Mostra do Redescobrimentos, na Bienal de São Paulo, 1999-2000, e curadora do módulo A vontade construtiva na arte brasileira – 1950/1960, integrante da exposição Art in Brazil, no Festival Europalia, Bozar, em Bruxelas, Bélgica (2011-2012). Participou regularmente de conselhos consultivos em instituições como o Paço Imperial, Dia Center for the Arts, ICOM, Museu da Chácara do Céu – Fundação Raymundo Castro Maya, Prêmio Pipa, entre outras. Atualmente, trabalha como consultora e curadora independente para museus, instituições e editoras.
Sobre a Simões de Assis
Desde a sua abertura, em 1984, a Simões de Assis dirige o seu olhar para a arte moderna e contemporânea, especialmente para a produção latino-americana. Ao longo de quatro décadas de trabalho, a galeria se especializou na preservação e na difusão do espólio de importantes artistas como Abraham Palatnik, Carmelo Arden Quin, Cícero Dias, Emanoel Araujo, Ione Saldanha e Miguel Bakun, contando com a parceria de famílias e fundações responsáveis.
A partir do contato estreito com pesquisadores e curadores, a Simões de Assis conseguiu a articulação necessária para difundir e representar seus artistas no Brasil e no exterior. Ampliando o alcance no mercado de arte do Brasil, atualmente, a galeria tem três espaços: em São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Balneário Camboriú (SC), estimulando trocas e debates, além de fomentar o talento e a carreira de seus artistas.
Serviço:
Infinito, exposição individual de Jorge Guinle
Período expositivo: até o dia 10 de maio
Local: Simões de Assis | Alameda Lorena, 2050 – térreo – Jardins – São Paulo/SP
Horário de visitação: segunda a sexta, das 10h às 19h | sábados, das 10h às 15h
Entrada gratuita
@simoesdeassis_ | www.simoesdeassis.com.
(Com Patricia Marrese)
O legado de Paulo Gustavo, um dos maiores talentos do humor brasileiro, recebe uma homenagem especial no formato de exposição imersiva e sensorial no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC). Com uma abordagem atual e multilinguística, ‘Rir, um ato de resistência’ convida o público a vivenciar de perto a essência do artista por meio de registros de sua vida pessoal e profissional, figurinos icônicos e sua admiração por obras contemporâneas. Mais do que um tributo à sua trajetória, o projeto, que nasce em sua cidade natal, é uma verdadeira imersão em sua irreverência, energia vibrante e amor pela arte.
Idealizado pela família, com Thales Bretas à frente do projeto, Rir, um ato de resistência possui curadoria de Nicolas Martin Ferreira e cocuradoria de Juliana Cintra. A exposição é aprovada pela Lei de Incentivo à Cultura, com apresentação do Ministério da Cultura e do Grupo Bradesco Seguros. Patrocínio da TV Globo e Multishow e apoio da Prefeitura de Niterói, Fundação de Arte de Niterói (FAN), MAC Niterói e Galeria Silvia Cintra + Box 4. A realização é da InterArt. A mostra tem encerramento previsto para 1º de junho.
Thales Bretas, marido de Paulo Gustavo e idealizador do projeto, fala com carinho sobre a concepção: “Esse é um presente cheio de amor para o público. A exposição foi pensada como uma homenagem afetuosa ao legado de Paulo Gustavo. Mais do que reviver sua genialidade, queremos acalentar o coração das pessoas de forma leve e inspirar novas gerações a enxergarem a arte e o humor como forças transformadoras e de resistência”.
A magia do riso e uma homenagem através da arte
Paulo Gustavo sempre enxergou o riso como um ato de resistência e transformação. Com uma abordagem lúdica e interativa, Rir, um ato de resistência convida o público a mergulhar em sua trajetória, explorando sua identidade cultural e paixões, como o teatro, a moda e as artes visuais.
Dividida em cinco galerias, a exposição apresenta registros inéditos de sua infância e juventude, além de figurinos icônicos de personagens inesquecíveis. Os visitantes poderão interagir com cenografias envolventes, reviver cenas marcantes de sua carreira e assistir a um curta-metragem exclusivo em um ambiente inspirado em uma sala de cinema.
Galeria 1 – Uma vida à luz
Sua história é contada por meio de fotografias inéditas organizadas em uma linha do tempo que vai da infância à vida adulta. Episódios significativos ao lado da família e amigos se conectam a trajes e acessórios emblemáticos, exibidos em sofisticadas vitrines e manequins.
Galeria 2 – O lúdico e o humor
O encantamento do universo lúdico, do teatro e da comédia teve papel essencial na formação criativa de Paulo Gustavo. Em um cenário vibrante, o visitante se envolve com instalações interativas, peças representativas e elementos simbólicos. A experiência celebra sua devoção ao riso e à arte, com caixas de som reproduzindo falas memoráveis e um telão projetando momentos icônicos de palhaços que influenciaram sua trajetória no cinema e na televisão.
Galeria 3 – A moda como expressão
Uma projeção envolvente alterna registros de arquivo com figurinos marcantes, apresentados em requintados manequins. Seu estilo arrojado se traduz em sapatos cravejados de cristais, chapéus exuberantes e joias sofisticadas, onde cada detalhe conta um capítulo de sua jornada artística. Entre peças emblemáticas e itens de seu acervo pessoal, destacam-se criações de grifes renomadas como Comme des Garçons, Balmain, Saint Laurent e Gucci, além de exclusividades assinadas pelo estilista americano John Varvatos.
Galeria 4 – Uma coleção inspiradora
Um conjunto notável de obras contemporâneas brasileiras, pertencente ao seu acervo particular, reflete suas inspirações e refinado olhar artístico. O espaço reúne trabalhos de grandes nomes como Miguel Rio Branco, Vik Muniz, Adriana Varejão, Os Gêmeos, Nelson Leirner, Rodrigo Matheus, Marcus Galan, Roberto Magalhães, Cristina Canale e Cinthia Marcelle. Na área externa do MAC, a escultura CDR-14, de Amilcar de Castro, com 2,5 metros de altura, simboliza sua presença marcante na cultura nacional.
Galeria 5 – Multishow apresenta 220 Volts de Humor
Em colaboração com a TV Globo e o Multishow, uma acolhedora sala de exibição apresenta um curta-metragem exclusivo sobre a carreira de Paulo Gustavo. A seleção reúne cenas emblemáticas de suas produções no cinema, televisão e teatro, além de entrevistas inesquecíveis, proporcionando uma imersão no seu talento e revivendo as gargalhadas que deixou como legado.
Para Cristovam Ferrara, diretor de valor social da Globo, “Paulo Gustavo foi um talento extraordinário, que marcou a história da dramaturgia e do humor brasileiro com o dom de conectar pessoas através da arte. Para a Globo, é uma honra apoiar essa exposição, que celebra não só o artista genial que ele foi, mas também o seu legado na cultura brasileira. Como uma empresa brasileira, feita por brasileiros, que valoriza e exalta a nossa arte e o nosso povo, essa homenagem é uma forma de manter viva a memória e o impacto cultural que Paulo Gustavo deixou para o Brasil”.
A Fundação de Arte de Niterói (FAN) tem como missão fomentar a produção artística da cidade, valorizando e criando espaços para o talento de seus artistas, promovendo o cenário cultural. Paulo Gustavo é um importante símbolo da vocação artística de Niterói, que se manifesta na irreverência, no humor e na coragem de sua obra. Além de sua genialidade, sua trajetória foi marcada pelo combate ao preconceito e pela defesa da diversidade, temas fundamentais para a arte e para a sociedade. “Celebrar Paulo Gustavo em sua cidade natal, dentro de um equipamento público tão emblemático, é mais do que uma homenagem, é um ato de reconhecimento à sua grandiosidade e ao impacto que ele teve na cultura brasileira. Essa exposição não apenas revisita sua trajetória brilhante, como reforça o poder da arte como ferramenta de afeto e transformação social, proporcionando à cidade um mergulho na história de um dos maiores artistas do Brasil”, destaca Micaela Costa, presidente da FAN, entidade gestora do MAC.
“Paulo Gustavo é um dos maiores orgulhos de Niterói. Sua arte, seu humor e sua generosidade ultrapassaram fronteiras e conquistaram o Brasil inteiro. Inaugurar esta exposição no Museu de Arte Contemporânea, um dos ícones culturais de nossa cidade, reforça a luz e o legado do artista. Paulo continua brilhando, emocionando e inspirando. É uma honra para Niterói celebrar sua trajetória com essa homenagem tão especial”, afirma o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves.
Paulo Gustavo Amaral Monteiro de Barros, um artista completo. Ator, diretor, roteirista e apresentador, deixou sua marca na televisão, no cinema e no teatro, encantando o público com seu talento e carisma inigualáveis. Dono de uma trajetória extraordinária, tornou-se um dos maiores fenômenos de bilheteria do cinema nacional, conquistando milhões de espectadores com sua versatilidade artística e comunicação autêntica. Criador e intérprete da inesquecível Dona Hermínia, Paulo trouxe aos palcos e às telas uma personagem que dialogava diretamente com o povo brasileiro, abordando com sensibilidade e humor temas como família, diversidade e inclusão social. Além de sua genialidade cômica, foi um defensor incansável de causas sociais, usando sua arte como ferramenta para promover mudanças e dar voz a importantes questões. Seu humor afiado e carisma irresistível não apenas divertiram, mas também emocionaram, consolidando seu nome como um dos maiores ícones do entretenimento nacional.
Serviço:
Exposição Paulo Gustavo – Rir, um ato de resistência
Local: MAC – Museu de Arte Contemporânea de Niterói / Mezanino
Período: 13 de abril a 01 de junho de 2025
Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (entrada até 17h30)
Endereço: Mirante da Boa Viagem, s/n – Boa Viagem, Niterói – RJ
Classificação: Livre
Informações sobre ingressos no site oficial do MAC.
Equipe Rir, um ato de resistência
Thales Bretas – Idealização
Nicolas Martin Ferreira – Curadoria
Juliana Cintra – Cocuradoria
Elaine Rollemberg – Direção de produção
Mariana Villas-Bôas – Direção de Arte e Cenografia
Daniela Fonseca – Assistência e Produção de Cenografia
Dienis | Napoleon Productions – Produção Artística
Giovanni Bianco | GB65 – Projeto Gráfico
Beatriz Coelho Gomes – Antropóloga – Pesquisa e texto da linha do tempo
Fernanda Mantovani – Iluminação
Lara Cunha – Assistência de Iluminação
Luana Safar- Conservação de figurinos
Reka Koves- Figurinista ‘Dona Hermínia’
Rubens Nascimento – Gerência de Logística
Jay Office – Relações Públicas
Estar Comunicação – Assessoria de imprensa
Mariane Thamsten – Assistência de Curadoria.
(Com Luana Barreto/Estar Comunicação)
Belém sediará a 1ª Bienal Internacional de Arte e Cultura Amazônica em 2025. Esse evento promete reunir artistas, curadores e especialistas do setor, tanto do cenário nacional quanto internacional, para celebrar a rica diversidade cultural da região.
Belém, a capital do Pará, é uma cidade rica em história e diversidade cultural, onde diferentes expressões artísticas se entrelaçam, refletindo a alma amazônica. Abrigando desde monumentos históricos até vibrantes manifestações contemporâneas, a cidade oferece um panorama único da arte brasileira.
Patrimônio Histórico e Arte Sacra
Um dos marcos mais emblemáticos de Belém é o Museu de Arte Sacra, instalado na Igreja de Santo Alexandre e no antigo Palácio Episcopal. Este museu abriga mais de 300 peças de arte religiosa, destacando-se pelo altar em estilo rococó e pelas representações da Via Sacra, que impressionam pela diversidade e riqueza de detalhes. A própria igreja, datada do século XVII, foi restaurada no século XX após um período de abandono e hoje serve também como sala de concertos, preservando a herança barroca da região.
Fortificações Históricas
O Forte do Castelo é outro ponto de destaque. Construído no século XVII, é considerado o marco inicial da cidade de Belém. Além de sua importância histórica na defesa da região, o forte oferece vistas panorâmicas da Baía do Guajará e abriga exposições que narram a trajetória da cidade desde os tempos coloniais.
Arte Contemporânea e Popular
A Casa das Onze Janelas, originalmente uma residência do século XVIII, foi transformada em um espaço cultural dedicado à arte contemporânea. O museu exibe obras de artistas locais e nacionais, promovendo um diálogo entre o passado histórico e as tendências artísticas atuais. Além disso, o Museu de Arte de Belém (MABE), localizado no Palácio Antônio Lemos, possui um acervo com mais de 1.500 obras, incluindo pinturas, esculturas e fotografias que retratam a evolução artística da região.
Arte de Rua e Expressões Urbanas
As ruas de Belém são adornadas por uma vibrante arte urbana. Murais e grafites coloridos enfeitam paredes e muros, refletindo temas sociais, culturais e ambientais. Essas expressões artísticas não apenas embelezam a cidade, mas também servem como meio de comunicação e resistência cultural. Recentemente, Belém inaugurou seu primeiro museu de grafite protagonizado por mulheres, destacando a força e a criatividade das artistas locais.
A Perspectiva da Especialista
Para aprofundar nossa compreensão sobre a cena artística de Belém, conversamos com a Dra Marta Fadel Martins Lobão, filha do também advogado e colecionador de arte Sérgio Ronaldo Sahione Fadel .
Como você avalia a diversidade artística presente em Belém?
“Belém é um verdadeiro caldeirão cultural. A coexistência de arte sacra, contemporânea, indígena e urbana cria um ambiente rico e estimulante. Essa diversidade reflete a história multifacetada da região e a interação entre diferentes culturas ao longo dos séculos.”
Qual é a importância da preservação desses espaços históricos e culturais?
“A preservação desses espaços é fundamental para manter viva a memória coletiva e promover a identidade cultural. Museus e monumentos históricos servem como pontes entre o passado e o presente, educando as novas gerações e valorizando as raízes culturais da região.”
Como você vê o papel da arte urbana na cidade?
“A arte urbana em Belém desempenha um papel crucial na democratização da cultura. Ela torna a arte acessível a todos, transforma espaços públicos e dá voz a questões sociais relevantes. Iniciativas como o museu de grafite protagonizado por mulheres são exemplos poderosos de empoderamento e inovação artística.”
Belém destaca-se como um polo cultural dinâmico, onde o passado e o presente convergem em uma celebração contínua da arte e da cultura. A cidade convida moradores e visitantes a explorarem seus tesouros artísticos, desde os intricados altares barrocos até os vibrantes murais que enfeitam suas ruas, oferecendo uma experiência enriquecedora e inesquecível.
Leia mais em Arte – Marta Sahione Fadel.
(Com Michele Rocha/Boost Imprensa)
O pintor, desenhista, gravurista e poeta cubano Alejandro Lloret inaugura a individual ‘Exílio da Noite’ no novo espaço da paulistana Galeria Cukier Arte com um conjunto de 28 pinturas em grandes e pequenos formatos. As duas salas da galeria do galerista e artista Diego Cukier são ocupadas pelas obras. Sob curadoria de Andrés Inocente Martín Hernández – também cubano –, o artista reapresenta uma natureza, não como um dado do real. Explora paisagens luxuriantes, com predomínio de variações de cores vegetais, potencializadas com a força da sua imaginação poética. A fauna também está presente em seus trabalhos.
A arte de Alejandro é produto de uma formação pictórica e filosófica. As duas disciplinas foram adquiridas desde os 12 anos, quando começou sua iniciação no interior de sua província em Cuba. As paisagens se abrem como janelas de um pensar estético. “Para construir as minhas paisagens, me aproprio de livros de botânica, de livros de paisagistas, gosto muito dos jardins de Roberto Burle Marx (1909–1994), juntamente com outros autores, fotógrafos e artistas, entre tantas outras fontes de inspiração, como por exemplo, correr no Parque Ibirapuera. Enfim, é um banco de dados que venho construindo há 50 anos”, diz o artista.
A natureza que pinta, como ele observa, não é a real, não corresponde exatamente a um catálogo botânico, apesar de similaridades com a que vemos nos biomas brasileiros. Há ainda nelas referências mescladas às florestas cubanas, como os caules de palmeiras. Alejandro insere o espectador no amálgama de um re-plantar poético em diálogo com as ações das ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – conjunto de 17 metas globais estabelecidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas) e ESG (sigla em inglês que significa Environmental, Social and Governance, ou seja, Ambiental, Social e Governança) alinhadas a economia verde, baseada na luta contra a desertificação e descarbonização, ampliando o comprometimento com a preservação.
Natureza ficcional
Os ‘lugares’ apresentados por Alejandro têm, segundo ele, aparência de ‘ficções’. “Há uma incerteza”, resume. Na série exibida surgem com frequência animais como girafas, cavalos e outros. A fauna inserida também não é fiel à realidade: não há girafa na fauna brasileira, por exemplo. Os bichos estão solitários e compõem o paisagismo ‘surrealista’ do artista. Eles parecem posar em densos cenários florestais.
Ver as obras frente a frente amplifica a sensibilidade do espectador para que esteja diante de uma ‘perfeita simulação’, algo que parece ser. O trabalho exaustivo de velatura (técnica antiga na história da pintura em que as pinceladas são repetidas) realça tal sensação. Ou seja, Alejandro é um artista pensante, dialético, inquieto poeticamente, mas que se dedica a técnica de grande mestre ao consumir horas e dias para chegar aos resultados visuais e cromáticos.
Na série apresentada na Galeria Cukier Arte há obras em que a perspectiva é voltada para nuvens que pairam e predominam na paisagem pelo tamanho. São matéricas, dominam o olhar e provocam sensação de transcendência no espectador. A totalidade dos trabalhos foi produzida desde 2023. A obra ‘Exílio da Noite’, vista na exposição, dá nome a individual. O curador Andrés Hernández diz que “cada obra é um pixel de um mundo cheio de vida e energia, de reflexão, ação e convicções”. A obra de Alejandro, é pertinente ao incentivar o debate, a partir da arte, sobre o estágio atual da relação do homem com seu ambiente. “Suas obras retomam e atualizam a pintura de paisagem (um dos gêneros mais tradicionais da arte) de forma particular”, escreve o curador.
Destaca-se ainda o seguinte trecho do texto da exposição: “Vivenciamos na exposição verdadeiros manifestos visuais resultado de uma percepção ultrassensível, única, incomum e que se constituem como arco e referência nas conexões entre arte e ciência, natureza e sociedade, cultura e conduta”.
Sobre o artista
Alejandro Lloret nasceu em Yaguajay, na província de Sancti Spiritus, em Cuba, em 1957. De 1973 a 1977, estudou na Escola Nacional de Artes em Havana, especializando-se em pintura e desenho. Alejandro é um dos precursores da Escola de Paisagens hiper-realistas cubanas. Vive e trabalha em São Paulo, no Brasil, desde 1993. Sua produção foi diretamente afetada pelo pintor norte-americano Andrew Wyeth (1917-2009), que conheceu em Cuba e que lhe deu um olhar ‘quântico’. A literatura também é fortemente presente em sua produção, sendo influenciado pelo filósofo espanhol Miguel de Unamuno (1864-1936) e pelo poeta português Herberto Helder (1930-2015).
Realizou exposições individuais como Primavera Negra, na Almacén Galeria Gávea, no Rio de Janeiro, em 2013; na Embaixada do Brasil em Bruxelas e na Galeria de Arte Nader, em Santo Domingo, na República Dominicana, ambas em 2006 e na Ana Maria Mattei’s Gallery em Santiago, no Chile, em 2002. No período de 2001 a 2004, algumas das suas pinturas foram leiloadas em Nova York, na Rainforest Alliance e na Wildlife Trust. Em 2013, participou da SP Arte e da Art Rio com a Galeria Ipanema. Em 2017, participou da Arte Rio e da Feira da Hebraica, ambas pela Almacén Galeria; em 2016, participou da SP Foto com a Galeria Arte Hall e da Art Rio com a Almacén Thebaldi Galeria e em 2013, da Feira da Hebraica/Almacén Galeria e da Arte Rio/Galeria Ipanema.
Participou de exposições coletivas como Sinfonia da Arte, na Kovak & Vieira Galeria de Arte, em São Paulo, em 2025; no Instituto Cervantes, em São Paulo, em 2024; Bienal da Cerâmica em Jingdezhen, na China, com curadoria de Tereza de Arruda, entre 2023-2024; On Water & Plants, na Troy House, em Londres, com curadoria de Tereza de Arruda, em 2023; 14ª Bienal de Curitiba, em 2019; Polo Santa Catarina, na mostra Fronteiras em Aberto, organizada pelo MASC – Museu de Arte de Santa Catarina, em Florianópolis, em 2019; Galeria Arte Hall em São Paulo, em 2016; Figarely’s Art Gallery em Phoenix, Arizona, em 2007; Palácio Itamaraty, através da Fundação Armando Alvares Penteado, em 2006; Rainforest Art Foundation de Nova York, exibindo no Las Vegas Art Museum, no Kaohsiung Museum of Fine Arts em Taiwan e no Centro Cultural Chinês em Nova York, entre 2001 e 2002. https://alejandrolloret.com
Sobre o curador
Andrés I. M. Hernández é pesquisador, professor, curador e crítico de arte. Pós doutor pelo IA da Unesp, Doutor em Artes Visuais, Mestre em Teoria, Crítica e Produção em Artes Visuais y graduado em Educação. Foi coordenador de exposições na Bienal de Havana (Cuba – Centro de Arte Contemporânea Wifredo Lam, 1994-1998), assistente curatorial do departamento de curadoria do Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAM-SP (1999-2005), coordenador executivo do departamento de curadoria do MAM-SP (2005-2010) e coordenador de projetos da Luciana Brito Galeria.
Em 2022 é curador do projeto Phygsionomy In Contradiction, no Kirkland Lake Museum (Museum of Northern History), Ontario Canadá, que inclui palestras na Sur Gallerys (Toronto), Quest Art School + Gallery, Midland, na Novah Gallery, North Bay (com exposição) e na Temiskaming Art Gallery, Haileybury; 2023, Cartografias Visuais para uma Escrita
LGBTI+ na SP Arte e no espaço do Teatro Vivo, em São Paulo. Como pesquisador, é autor da trilogia Obras comentadas da coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2007); doações à coleção do Museu Universitário de Arte MunA UFU (2016) e Avanti Campinas (2018); assim como A pipa projeto de ocupação (2014), Ela que não é de Hugo Curti (2021) e Transgressões Cerâmicas (maio 2021), que é a primeira publicação com esse viés no Brasil. Tem publicações em capítulos de livros, artigos, jornais e revistas no Brasil e no estrangeiro, como na revista Arteria, na Colômbia; Arte Cubano, em Cuba, e Têmpera no Brasil.
Sobre a galeria
Galeria Cukier Arte foi fundada em 2011 por Diego Cukier, grande amante das artes, que decidiu deixar a gastronomia para seguir carreira como artista e também empreendedor, se tornando especialista em gravuras e contando com um acervo de técnicas variadas, repleto de artistas renomados, oferecendo também telas e esculturas de grande valor artístico. Tem orgulho de proporcionar uma boa experiência em conhecer, apreciar e adquirir obras de arte, garantindo que você receba obras que dão o melhor valor para o seu dinheiro, no conforto da sua casa. https://www.cukierarte.com.br/
Serviço:
O Exílio da Noite, de Alejandro Lloret
Curadoria: Andrés Inocente Martín Hernández
Abertura: 18 de março de 2025 (terça-feira), 18h às 22h
Visitação: até 17 de maio de 2025 | segunda a sexta, 10h às 19h; sábado, 11h às 15h
Quanto: gratuito e livre
Local: Galeria Cukier Arte
Rua Padre João Manuel, 176 – Jardim Paulistano – São Paulo, SP
Telefones: (11) 97663-4515 – 97663-4515
Site: https://www.cukierarte.com.br/
Redes sociais:
Alejandro Lloret @lloret.alejandro
Andrés Inocente Martín Hernández @/inocente1212 Galeria Cukier Arte @cukierarte.
(Com Erico Marmiroli/Marmiroli Comunicação)