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Filme conta a história dos campos de concentração no Ceará

São Paulo, por Kleber Patricio

Cena do documentário “Currais”: Estado brasileiro agiu para evitar que as famílias de flagelados atingidos pela seca da década de 30 chegassem à capital do Ceará.

O documentário Currais, dirigido por Sabina Colares e David Aguiar, é um dos destaques das estreias do mês da distribuidora O2 Play. O filme mostra os bastidores de uma história pouco contada no País.

É que durante o período da seca de 1932, no Ceará, foram criados vários campos de concentração para aprisionar e impedir que os flagelados chegassem à cidade de Fortaleza, capital do Estado. Militares e representantes da sociedade civil decidiram escravizá-los, legitimando os interesses da elite econômica por meio de políticas de repressão e higienização social. Remanescentes narram fragmentos de memórias e lutos interrompidos, testemunhados nos casarões em ruínas das concentrações e no culto das “almas da barragem”, resistentes ao forte apagamento histórico.

Currais recebeu o Prêmio Abraccine (Associação Brasileira dos Críticos de Cinema) de Melhor Filme de Diretor Estreante durante a 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e percorreu outros festivais, incluindo o tradicional Cine Ceará (Prêmio de Melhor Filme Olhar do Ceará), a Mostra Competitiva de Tiradentes (MG), foi premiado no Festival de Aruanda do Audiovisual Brasileiro em João Pessoa (PB) como Melhor Direção, Direção de Fotografia, Direção de Arte e Atriz (Zezita Matos) e ainda foi premiado como Melhor Direção no Amazônia Doc (AM). Foi selecionado também para o International Documentary Film Festival de Buenos Aires, na Argentina e para o Festival Cine del Mar em Punta del Leste, no Uruguai.

Ficha Técnica

Currais – 91 minutos

Direção: David Aguiar e Sabina Colares

Roteiro: David Aguiar e Sabina Colares

Fotografia Petrus Cariry

Montagem: David Aguiar, Sabina Colares, Ted Rafael

Música: João Victor Barroso

Elenco: Rômulo Braga, Zezita Matos, Vitor Colares, Débora Ingrid

Produtor: Khalil Gibran

Produção: Além Mar Filmes

Distribuição: O2 Play

Sobre a distribuidora O2 Play | A O2 Play é dirigida por Igor Kupstas sob a tutela de Paulo Morelli, sócio da O2 Filmes e faz parte do grupo O2, que tem como sócios também o cineasta Fernando Meirelles e a produtora Andrea Barata Ribeiro. Em atividade desde 2013, a O2 Play se diferencia das demais distribuidoras por trabalhar além do cinema, TV e vendas internacionais, o VOD (Video on Demand), como uma distribuidora digital. Para mais informações, acesse http://www.o2play.com.br/.

(Fonte: Agência Lema)

Dispositivo criado por pesquisadores do Pará monitora fluxo de carbono no meio ambiente

Pará, por Kleber Patricio

Foto: Jorge Ramirez/Unsplash.

O efeito estufa é um fenômeno natural que regula a temperatura de forma que fique ideal para a manutenção da vida na terra e o dióxido de carbono (CO2) desempenha um papel essencial nessa regulação. Entretanto, devido à ação humana, o ciclo natural do carbono vem sendo alterado consideravelmente nos últimos 200 anos, gerando o fenômeno conhecido como aquecimento global. Para facilitar a quantificação dos níveis de carbono, pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) desenvolveram um dispositivo para monitorar os fluxos e a concentração de CO2 no ambiente. O estudo é descrito em artigo publicado na Revista Brasileira de Meteorologia.

Para a construção do sistema, os cientistas utilizaram a tecnologia de sensores e microcontroladores, procurando desenvolver um sistema de baixo custo de aquisição e que medisse, armazenasse e transmitisse os dados por radiofrequência, não necessitando de internet. “Por conta das mudanças climáticas, os níveis de CO2 no ambiente são cada vez mais alvo de pesquisa, sendo assim, é preciso um sistema acessível que capte dados com eficiência”, explica o engenheiro físico Renato Trevisan Signori, integrante do estudo. O dispositivo é capaz de monitorar a concentração e pressão parcial de CO2, além de medir a temperatura do ambiente.

O dispositivo pode ser utilizado, na prática, como um sistema embarcado, embutido em um outro sistema, ou como uma microestação, independente de outros sistemas. Com o objetivo de avaliar o desempenho do dispositivo, os cientistas realizaram testes de alcance e funcionalidade. “O intuito era simular a utilização contínua em campo do dispositivo e ver o alcance máximo da transmissão de dados e a resposta dos sensores às mudanças ambientais”, explica Signori. Os testes demonstraram que o sistema desenvolvido pelos pesquisadores é seguro e confiável. “A intenção era realizar mais testes e, dessa vez, em ambientes aquáticos, porém, por conta da pandemia de Covid-19, não foi possível”, complementa o pesquisador.

Compacto e de fácil manuseio, o dispositivo é indicado tanto para medições pontuais de CO2 como para medidas prolongadas. “Desenvolvemos um sistema versátil, que serve tanto para medição de dióxido de carbono, como para outras medições, por ser um sistema flexível a diversos sensores”, comenta o pesquisador. Outro fator que chama a atenção para o dispositivo é a sua praticidade. “Pesquisas que analisam fluxo de carbono podem ser realizadas em locais de difícil acesso com esse dispositivo. Por ser pequeno e de fácil manuseio, a obtenção dos resultados fica mais fácil”, destaca Rardiles Ferreira, pesquisador que fez parte do estudo.

(Fonte: Agência Bori)

“Há mais ciência ao nosso redor do que percebemos”, defende físico em livro

Campinas, por Kleber Patricio

Foto: Stephen Walker/Unsplash.

Quem nunca se perguntou por que a Lua parece maior quando está na linha do horizonte, como a comida cozinha ao fogo ou por que as coisas caem? A curiosidade para compreender o mundo ao nosso redor faz parte da natureza humana desde a infância, mas costuma se perder com o tempo diante de respostas frustradas. Precisamos resgatar esse desejo pelo conhecimento — o que, de quebra, ainda pode nos ajudar a enfrentar o negacionismo científico. Essas ideias estão compiladas em A ilusão da Lua (ed. Contexto, 160 pgs), primeiro livro do físico da Unicamp Marcelo Knobel, lançado durante o Simpósio de Divulgação Científica da Unicamp, que aconteceu nos dias 8 e 9 de março. A obra é uma compilação de textos escritos pelo pesquisador ao longo da vida, devidamente atualizados. “A pandemia me despertou uma necessidade grande de desengavetar os trabalhos, compilar esse material e torná-lo disponível”, diz.

Divulgador científico conhecido — ele ganhou o Prêmio José Reis de divulgação científica em 2019 e há quase um ano tem um canal no YouTube chamado Espaço Recíproco, no qual dialoga com cientistas e celebridades –, Knobel trata, no livro, de questões do cotidiano para mostrar que a ciência está o tempo todo ao nosso redor. No preparo da carne grelhada, por exemplo: a casca fica crocante porque perde líquido, mas o interior amolece porque as moléculas de colágeno se deterioram. Ou no café, cujos grãos torrados perdem CO2 e outras moléculas voláteis com o tempo e, consequentemente, também perdem sabor. E por aí vai.

O pesquisador também trata, no livro, da lógica e das etapas do pensamento científico, e aborda as consequências no negacionismo da ciência — um dos maiores desafios no enfrentamento da Covid-19 hoje. No livro, Knobel, inclusive, lembra que o movimento antivacina, que ficou evidente agora com o novo coronavírus, é considerado pela OMS como um dos dez maiores desafios da saúde pública mundial.

Magnetismo e divulgação | De família de médicos, psicólogos e profissionais de saúde, Knobel decidiu se graduar em física depois de uma visita realizada na Unicamp durante o ensino médio. Hoje, academicamente, trabalha com magnetismo de materiais nanoestruturados — que têm uma escala cerca de dez mil vezes menor que um fio de cabelo.

Desde o início da carreira, sempre se preocupou com a divulgação científica para a sociedade e escreveu sobre o assunto. No final da década de 90, por exemplo, ele já comandava uma página na internet — programada por ele mesmo em html — chamada Radar da Ciência, na qual tratava de novidades da ciência mundial.

A ilusão da Lua é o primeiro livro do pesquisador e marca, também, neste mês de março, a conclusão da gestão de Knobel como reitor da Unicamp.

(Fonte: Agência Bori)

Nascido em Valinhos, Adoniran Barbosa ganha homenagem em forma de animação

Valinhos, por Kleber Patricio

Imagens: divulgação.

A nova produção autoral do cineasta e animador Maurício Squarisi, Rubinata, é uma homenagem poética a Adoniran Barbosa, um dos maiores cronistas musicais de seu tempo e ícone da cultura paulista.  A estreia do curta-metragem será na 1ª Mostra Som Quadro a Quadro, festival no formato virtual de curtas de animação, que reúne 25 filmes na mostra principal e mais uma mostra infantil. O evento ocorre nos dias 18, 19 e 20 de março e será aberto para votação do público pelo site https://www.mostrasomquadroaquadro.com.br/.

O título Rubinata, que dá nome à personagem feminina do filme de Squarisi, é inspirado no nome de batismo de Adoniran: João Rubinato. O curta-metragem faz referência às origens do artista, nascido em Valinhos, em uma família de colonos italianos, no ano de 1910. A ideia da produção surgiu quando Squarisi foi convidado para uma exposição coletiva de desenhos em Valinhos e quis imprimir a este trabalho uma marca local. Maurício então criou uma série de desenhos, com uma personagem feminina inspirada em Adoniran que inclusive usa elementos característicos do visual do artista, como o chapéu, o terno e a gravata borboleta.

Com esta personagem em mãos, Squarisi viu a possibilidade de ampliar a homenagem a Adoniran também por meio da animação. As canções tradicionais serviram de base para criação de um grande poema por Squarisi, que depois virou a música que acompanha todo o filme com a entrada da compositora e cantora Bah Virgínia no projeto.

A produção é do animador, fundador e co-diretor do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas, Wilson Lazaretti, com direção de produção de Janice Castro. A obra tem apoio do ProAC Expresso Lei Aldir Blanc 41/2020 e será exibida também na plataforma online #CulturaEm Casa, mas ainda sem data de estreia.

Mais sobre Maurício Squarisi | Nascido em Campinas em 1958, Maurício Squarisi tem uma longa carreira no mundo da animação como realizador de filmes e professor. No vasto currículo, estão dezesseis filmes realizados como diretor, além de participação em dezenas de outros trabalhos como produtor, animador e colaborador.

Em 2017, lançou seu primeiro longa-metragem, Café, um Dedo de Prosa, desenho animado contando a história do café com Vera Holtz e Wandi Doratiotto. Produzido em Valinhos entre 2009 e 2014, o filme teve distribuição da Polifilmes e Spcine e foi considerado o melhor filme brasileiro na mostra principal do 8º Arraial Cine Fest pelo júri popular.

Também cartunista, Squarisi desde 1979 integra e dirige o Núcleo de Cinema de Animação de Campinas, fundado por Wilson Lazaretti em 1975. Ultrapassando os 45 anos de atuação e mais de 300 filmes produzidos, o Núcleo é uma entidade sem fins lucrativos que desenvolve diversas atividades relacionadas ao ensino, pesquisa e divulgação de técnicas de animação. São duas linhas de produção de filmes de animação: os trabalhos autorais, realizados individualmente pelos diretores, e filmes realizados em oficinas, desenvolvidos com o objetivo de proporcionar aprendizado aos participantes. Já foram mais de 2500 oficinas de animação para crianças, jovens e adultos, em quase todos os estados brasileiros e em países como Portugal e Moçambique, entre muitos outros. Para mais informações, basta acessar o blog http://nucleodeanimacaodecampinas.blogspot.com/ e o canal no Facebook @ncacampinas.

Brasileiro se consolida entre os melhores produtores de vinho no Chile

Valle de Casablanca, Chile, por Kleber Patricio

Vinhedos inclinados e de alta densidade da La Recova. Foto: Paula Theotonio.

O brasileiro David Giacomini e sua vinícola chilena de boutique La Recova, situada no Vale de Casablanca, celebram mais um ano de excelentes resultados no Guia Descorchados. Na edição 2021 da publicação, assinada pelo especialista Patricio Tapia e que será disponibilizada no Brasil ainda este ano, o Avid Sauvignon Blanc 2017 recebeu 94 pontos e o Avid Sauvignon Blanc 2018 alcançou 95 pontos. Esta safra mais recente também foi listada na categoria Vinho Revelação e entrou no Ranking dos Melhores Sauvignon Blanc do Chile.

O rótulo, que vem sendo premiado desde sua primeira safra, em 2014, vem de um vinhedo de 4 hectares cultivado em escala humana. “Hoje a Sauvignon Blanc é a segunda uva mais produzida no Chile, ficando atrás apenas da Cabernet Sauvignon, com 11,2% de toda a área de vitis vinifera no país. É trabalhada pelos melhores e mais renomados enólogos chilenos. Para nós, da pequena La Recova, estar entre os melhores do Chile é um enorme reconhecimento”, conta David Giacomini, engenheiro e empreendedor que criou a marca.

Ainda segundo David, esses resultados são graças à busca incessante pela boa qualidade da uva no campo, pela expressão do terroir e pela diferenciação do seu produto. “Não tinha a intenção de lançar mais um varietal ao estilo neozelandês, jovem, com os clássicos aromas de maracujá e grama cortada. Queria algo mais e alcançamos esta diferenciação com o AVID. Muito nos alegra alcançar essas altas pontuações (mais comumente vistas em tintos)”, complementa.

David Giacomini é o brasileiro fundador da La Recova, vinícola de 4 hectares que tem ganhado diversos prêmios no Chile. Foto: divulgação.

Feeling e paciência | Natural de Porto Alegre (RS) e descendente de italianos, David Giacomini já era um apaixonado estudioso de vinhos quando, em 2005, passou de enófilo para enólogo autodidata. “Morava há alguns anos neste sítio frio no setor de Las Dichas, a 11 km do Oceano Pacífico e em meio ao Valle de Casablanca – região famosa pela sua vocação para excelentes brancos. Comecei a estudar para produzir vinho, fiz alguns cursos no Brasil e na Califórnia, até que decidi plantar a Sauvignon Blanc em 4 hectares”, recorda.

Por puro feeling e contrariando o modus operandi dos demais viticultores chilenos, decidiu implantar um vinhedo de alta densidade, de trato orgânico e com 9,8 mil plantas por hectare (quase o triplo da média no país). “Soube que assim era feito na Borgonha e em Bordeaux, na França, então decidi apostar”, relembra David.

As videiras estão em encostas de alta inclinação e com exposição leste, protegidas da incidência solar vespertina. Além de pouca água via irrigação, elas recebem a vaguada costera, uma neblina matinal oriunda do Oceano Pacífico e que protege os vinhedos dos primeiros raios solares da manhã. Um terroir quase extremo e que levou 5 anos para produzir sua primeira safra, que acabou sendo vendida à Viu Manent. Naquele ano, as uvas comercializadas entraram no blend do rótulo Secreto, que recebeu destaque no Guia Descorchados 2011 como Melhor Vinho da renomada vinícola ao lado do Viu 1. “Foi quando descobri, enfim, que estava em um terroir especial”, conta David. Em 2013, construiu sua cantina e, no ano seguinte, passou a vinificar na própria La Recova. Os primeiros vinhos nasceram em um contêiner próximo à sua casa, hoje repleto de tanques de inox e ovos de cimento. Giacomini produz também o Obstinado, um rosé meio seco de Sauvignon Blanc “tingido” com cascas de Syrah, e o Orquídea Late Harvest, também com a mesma cepa.

Vinhos distintos | Além de toda a influência do terroir, ambas as colheitas do AVID foram realizadas quando as uvas estavam com sua maturação ideal. Isso garantiu aos vinhos maior complexidade aromática, excelente acidez e equilíbrio, mesmo com teor alcoólico mais elevado, de 14%.

Mas as semelhanças entre as safras param por aí. A colheita de 2017 foi 100% elaborada em tanques de inox e, após o término da fermentação, os vinhos ficaram quase um ano em contato com as leveduras. O resultado foi um vinho branco de guarda, mineral, untuoso e com notas de salsa e endro.

Já o 2018 teve 50% do seu volume estagiando por 12 meses em ovos de cimento, fazendo dele um vinho ainda mais untuoso e com excelente volume em boca. Este AVID chegará ao mercado mais suculento, cremoso e complexo, com aromas de frutas cítricas, frutas brancas como maçã e pêssego e toques herbáceos de capim limão, goiaba e aspargo, além de nuances minerais.

A sugestão é harmonizá-los com Moqueca de Siri Mole, Escondidinho de Camarão, Nhoque ao Pesto com Lascas de Parmesão, Camarão na Moranga, Atum Selado com Crostas de Gergelim e Purê de Mandioquinha e Risoto de Limão Siciliano. O AVID 2017 custa R$102 no site DaGirafa e também pode ser adquirido nas melhores adegas e lojas especializadas do país. O AVID 2018 chega ao Brasil em maio de 2021.