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Arte & Cultura

Belém

Eventos fora do eixo: Após Lady Gaga no Rio, Mariah Carey, em Belém, lidera a descentralização de eventos no Brasil

por Kleber Patrício

O Brasil presencia uma transformação no cenário de grandes eventos musicais. O show gratuito de Lady Gaga em Copacabana, realizado em 3 de maio, reuniu aproximadamente 2,1 milhões de pessoas, tornando-se o maior da carreira da artista e o maior já realizado por uma mulher na história. O evento, parte do projeto ‘Todo Mundo no […]

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Mais de 47% dos profissionais negros relatam não ter sensação de pertencimento nas empresas em que trabalham

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: divulgação.

Todo funcionário busca se sentir bem em seu ambiente de trabalho – afinal, é onde, na maioria das vezes, ele passa a maior parte do seu tempo. No entanto, isso nem sempre acontece. A falta de um senso de pertencimento na empresa está ligada a diversos fatores e um deles é a discriminação. De acordo com uma pesquisa realizada pelo site de empregos Indeed em parceria com o Instituto Guetto, 47,8% dos entrevistados não têm um senso de pertencimento nas empresas em que trabalham atualmente ou trabalharam.

O levantamento, feito com 245 profissionais negros para saber suas percepções sobre práticas de RH e o mercado de trabalho atual, revelou ainda que 41% dos entrevistados acreditam que ser reconhecido e ter suas contribuições valorizadas ajuda nesse processo de ter um senso de pertencimento na empresa. Dado que demonstra que as companhias precisam estar atentas ao que acontece no ambiente de trabalho para que consigam desenvolver iniciativas de valorização ao funcionário, aumentando assim a motivação e o engajamento dos colaboradores em suas atividades diárias.

Discriminação no ambiente de trabalho | A discriminação racial e o fato de não se sentir confortável para se expressar com autenticidade são alguns dos fatores que refletem na falta deste sentimento em ser reconhecido como parte de um time, por exemplo. Ainda segundo a pesquisa do Indeed e do Instituto Guetto, 36% dos profissionais negros entrevistados afirmaram que poder ser autêntico no trabalho contribui para a concepção de pertencimento dentro da companhia.

Para Victor Del Rey, presidente do Instituto Guetto, a discriminação no ambiente de trabalho nem sempre vem com uma ofensa explícita. “A pesquisa mostrou que 60% dos profissionais entrevistados já sentiram discriminação racial no ambiente de trabalho e quase 47% afirmaram já terem presenciado cenas de discriminação”, disse ele.

Segundo Del Rey, muitas vezes o preconceito vem disfarçado de piada, surge em rodas de conversa em tom de brincadeira (o chamado racismo recreativo) ou até mesmo em olhares e diferenças de tratamento. “O RH precisa estar atento porque nem todos vão denunciar uma atitude de discriminação, mas coibir essas práticas e desenvolver ações no sentido de aumentar o senso de pertencimento desses profissionais vai fazer toda a diferença até mesmo na produtividade. Também é preciso criar um ambiente de segurança institucional para que o colaborador possa denunciar práticas racistas, nem que seja de forma anônima. Isso fortalece a posição da empresa de não tolerar tais práticas”, afirma.

Inclusão e pertencimento | Quando perguntados quais práticas acreditam que mais podem ajudar na educação e disseminação de informação dentro das empresas para criar um ambiente mais aberto à inclusão e pertencimento de pessoas negras, 68% dos entrevistados disseram que uma formação antiracista continuada pode ser um dos caminhos adotados pela companhia. Além disso, 40% dos respondentes acreditam que um programa de letramento racial também é uma ferramenta eficaz.

Medidas efetivas de combate à discriminação racial e ao racismo precisam fazer parte da cultura organizacional da empresa. “Vemos muitas empresas adotando discursos em prol da diversidade, com programas de recrutamento específicos para profissionais negros, mas é preciso ir além, desenvolver ações que possam ser aplicadas e que façam a diferença no dia a dia da empresa”, ressalta Vitor Del Rey.

Metodologia | A pesquisa foi elaborada e conduzida pelo Indeed, em parceria com o Instituto Guetto, com 245 profissionais negros no Brasil. As entrevistas foram realizadas por meio de um painel online em março de 2021.

Paraíso musical: Fortaleza ganha Hard Rock Hotel com estúdio de gravação

Fortaleza, por Kleber Patricio

Imagem: divulgação.

Andar pelos corredores de um hotel e se deparar com algum ícone da música pode se tornar algo recorrente. No Hard Rock Hotel Fortaleza, que já espera um grande público fã da marca, essa possibilidade pode se tornar rotineira. O resort está preparando um estúdio musical para receber músicos profissionais e fãs que queiram ensaiar ou mesmo gravar suas canções na paradisíaca praia de Lagoinha, que tem alto potencial para se tornar cenário de produções artísticas. O mesmo estúdio estará também à disposição no Hard Rock Hotel Ilha do Sol, empreendimento em construção em uma ilha no norte do Paraná, na divisa com São Paulo.

O estúdio profissional será instalado dentro do hotel, mas poderá ser utilizado mediante reserva, estando o músico instalado ou não no hotel. O estúdio conta com toda infraestrutura de um estúdio profissional de gravação e os principais instrumentos, tanto para uso de profissionais da música como para uso de hóspedes que queiram ter uma experiência de rockstar gravando junto com a família. Para os hóspedes que não tocam instrumentos haverá também instrutores para auxiliar e garantir que mesmo os leigos possam gravar uma música inteira como recordação da sua experiência no Hard Rock Hotel.

A primeira fase do hotel na praia de Lagoinha tem previsão de entrega das obras em 2022. O empreendimento deve atrair mais de 100 mil pessoas por ano ao complexo.

Seleção especial de livros proporciona viagem por sabores do mundo

São Paulo, por Kleber Patricio

Entre dança, roupas e outros elementos que compõem a cultura de diferentes países, a gastronomia é uma das características mais marcantes. Os temperos, ingredientes e até mesmo o modo de preparo podem variar de um lugar para outro, mas em todos a comida é uma das maneiras mais fortes de representar as particularidades de um povo. E que tal unir conhecimento, curiosidades e bons momentos na cozinha em uma viagem por sabores do mundo sem sair de casa? A distribuidora Disal preparou dicas de livros incríveis com deliciosas receitas da Itália, México, Portugal e Brasil com preços especiais no catálogo PromoMag. Confira:

Caderno de receitas tradicionais da Toscana (Disal Editora) | A aparente simplicidade – porém sempre atenta à harmonia e ao equilíbrio dos sabores – da culinária toscana é a sua principal característica, além da seleção de ingredientes de qualidade. Este livro contém mais de 200 deliciosas receitas da autêntica culinária toscana, incluindo massas, carnes e doces. São receitas “de família”, passadas de avós para netas, que irão trazer muito prazer à sua mesa. Saiba mais: https://cutt.ly/cbJlrEF.

Saboreando Lisboa – Mariana Daiha Vidal | Por meio de 24 receitas visualmente representadas, Mariana Vidal compila os passeios pela capital portuguesa e seus arredores com base em pratos, pessoas e lugares que a inspiram. Seja de restaurantes, seja de família ou de amigos, nem sempre, porém, a receita é seguida com exatidão. Ao reconstruir suas visitas, Mariana muitas vezes empresta a própria interpretação, enriquecendo ainda mais essa deliciosa viagem. Saiba mais: https://cutt.ly/4bJlXKD.

Caliente – A verdadeira comida mexicana | A comida mexicana é considerada uma das mais sofisticadas do mundo – um verdadeiro diamante gastronômico. Neste livro, os amantes dos sabores do México vão ter a oportunidade de entrar em contato com a autêntica culinária de origem asteca, com receitas tradicionais e ousadas criações contemporâneas. Como dizem os mexicanos, ¡Buenu provecho! Saiba mais: https://cutt.ly/dbJzgpp.

Comida di buteco  – Vários autores | Uma seleção de receitas deliciosas que participaram do concurso Comida di buteco (assim com “i” e “u”, como os mineiros falam) desde sua criação em 2000. São mais de 50 opções para receber os amigos com uma cerveja bem gelada ou uma boa caipirinha bem brasileira. Saiba mais: https://cutt.ly/PbJz0Y7.

A PromoMAG é um catálogo de super ofertas da Disal. As edições são trimestrais e contam com títulos das melhores editoras nacionais e estrangeiras separados por temas. Para conferir, basta acessar o site https://www.disal.com.br/. Com recursos interativos, é possível comprar diretamente do catálogo clicando sobre o livro escolhido – uma janela com todas as informações da obra será aberta com a opção de adicionar o pedido ao carrinho e finalizar o processo. Outra forma é acessar o catálogo virtual completo diretamente pelo link https://cutt.ly/BbJcGld.

Há mais de meio século em operação, é considerada a mais importante distribuidora de livros e materiais didáticos do Brasil para o ensino de idiomas e, também, técnicos e científicos, de ciências humanas e sociais, literatura, autoajuda e conhecimentos gerais. Possui um catálogo com 400 editoras e mais de 400 mil títulos comercializados. Tem 18 filiais distribuídas nas principais cidades do país e um portal em que é possível encontrar todos os serviços e produtos oferecidos.

Di Cavalcanti é homenageado em exposição na Biblioteca do MAM SP

São Paulo, por Kleber Patricio

Cartaz da exposição ‘50 Anos de Arte: Di Cavalcanti’ no MAM São Paulo, 1971. Foto: Patrícia de Filippi.

No ano de 1971, o Museu de Arte Moderna de São Paulo organizou a exposição 50 anos de Arte: Di Cavalcanti em celebração aos 50 anos do pintor Di Cavalcanti (1897-1976), um dos principais nomes do Modernismo Brasileiro. Meio século depois, o MAM apresenta a mostra Di Cavalcanti no MAM: 50 anos x 2, uma homenagem ao artista com material do acervo bibliográfico e audiovisual da mostra de 71, em cartaz a partir de 25 de maio na Biblioteca do Museu. Para a mostra, foram recuperados catálogo, pôster, convite, recorte do jornal Diário do Povo e filme de época do acervo bibliográfico e audiovisual da Biblioteca Paulo Mendes de Almeida, que guarda a memória institucional do MAM e é referência para a pesquisa sobre arte moderna e contemporânea.

A exposição 50 anos de Arte: Di Cavalcanti, que foi exibida de 28 de outubro a 5 de dezembro de 1971, reuniu pinturas, caricaturas, desenhos, gravuras, publicações, tapeçaria e joias trazidas de instituições de diversas cidades do Brasil e da Europa. “A mostra Di Cavalcanti no MAM: 50 anos x 2 é uma homenagem a um dos protagonistas da arte moderna brasileira e contribui para os estudos sobre a história das exposições no Brasil”, pontua Cauê Alves, curador-chefe do MAM São Paulo.

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti, foi um pintor, ilustrador, caricaturista, gravador, muralista, desenhista, jornalista, escritor e cenógrafo. Um dos expoentes da pintura brasileira, Di Cavalcanti destaca-se por retratar figuras populares em sua busca constante por constituir uma arte nacional.

Idealizador e organizador da Semana de 22, sua obra possui unidade que não pode ser compreendida por fases cronológicas. O artista retomou, ao longo de toda a sua trajetória, temas que transbordam o lirismo do povo e o seu amor pelo Brasil – pescadores, paisagens, músicos, o samba, o carnaval e, principalmente, figuras femininas e curvilíneas, são alguns dos temas explorados.

Visitação presencial | O MAM São Paulo segue um rigoroso protocolo de saúde e higiene implementado em colaboração com a equipe da Consultoria do Hospital Israelita Albert Einstein, além de adotar medidas de proteção estabelecidas pelos órgãos brasileiros de Saúde Pública. A mostra na Biblioteca pode ser visitada gratuitamente, mediante agendamento online com hora marcada (http://mamsaopaulo.byinti.com/#/event/MrY57GQ6VPhFFgMlEwUc). O número de pessoas é limitado, o uso de máscara é obrigatório e dispositivos de álcool em gel estão distribuídos em pontos estratégicos do Museu. A Biblioteca pode ser visitada de terça-feira a sábado, das 12h30 às 17h30, sendo os períodos de agendamento: 12h30 – 14h30 e 15h30 – 17h30.

Visitação do público | O horário de funcionamento do MAM acompanhará a evolução das fases do Plano de Reabertura da Prefeitura de São Paulo. Neste início o público poderá visitar o museu de terça-feira a domingo, das 12h às 18h. As visitas serão organizadas em circuitos de hora em hora, com a última entrada às 17h30. Já a biblioteca opera de terça-feira a sábado, das 12h30 às 17h30.

Os ingressos serão disponibilizados apenas online (http://www.mam.org.br/ingresso) e com hora marcada. O limite da capacidade de público dentro do espaço físico é de 4 pessoas na Biblioteca, 55 pessoas na sala Milú Villela e 15 na sala Paulo Figueiredo. Foi estabelecido também fluxo único de entrada e saída da instituição, respeitando as recomendações das instituições de governo. O fluxo unidirecional ajuda a evitar cruzamento de pessoas e, portanto, aglomerações. A entrada acontecerá pela recepção principal e, a saída, pela porta voltada para o edifício da Bienal.

Sobre o MAM São Paulo | Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.

O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de áudio-guias, vídeo-guias e tradução para a língua brasileira de sinais. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.

Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.

Serviço:

Di Cavalcanti no MAM: 50 anos x 2

Abertura: 25 de maio de 2021

Local: Biblioteca Paulo Mendes de Almeida do Museu de Arte Moderna de São Paulo

Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3)

Horários: terça-feira a sábado, das 12h30 às 17h30

Telefone: (11) 5085-1300

Agendamento prévio: http://mamsaopaulo.byinti.com/#/event/MrY57GQ6VPhFFgMlEwUc

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Regularização ambiental é essencial para aumentar a cobertura da vegetação nativa em SP, aponta estudo

São Paulo, por Kleber Patricio

Imagem de José Eduardo Camargo por Pixabay.

Análise elaborada pelo GeoLab, ligado ao Departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da USP, em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, indica que a regularização dos imóveis ao Código Florestal poderá também trazer uma contribuição importante para o aumento da vegetação nativa e para a proteção das águas no estado de São Paulo. Porém, isoladamente, não resolverá a situação nas bacias e municípios com maior déficit de vegetação da Mata Atlântica, que é o bioma mais ameaçado do país. Para estes, também será necessária a restauração local das Reservas Legais ou de incentivos para restauração de vegetação nativa fora das áreas exigidas pelo Código Florestal. O estado conta com vegetação de dois biomas – além da Mata Atlântica, tem ocorrência de Cerrado.

O Programa Agro Legal regulamenta o Código Florestal no Estado de São Paulo. O governo estadual estima que para a adequação ambiental será necessário restaurar ou compensar 800 mil hectares entre Áreas de Preservação Permanente (APPs) que precisam ser restauradas nos imóveis, como as matas ciliares, e de Reserva Legal, que podem ser restauradas nos imóveis ou compensadas fora das propriedades. Tanto nas APPs dos imóveis menores do que quatro módulos fiscais como nas Reservas Legais pode haver exploração sustentável da vegetação, permitindo a geração de renda para o produtor rural.

Os estudos do GeoLab apontam outros números, indicando que São Paulo tem um déficit estimado de 768.580 hectares de APPs que precisam ser restaurados no local, sendo 111.785 hectares no Cerrado e 656.795 hectares na Mata Atlântica. O déficit de Reserva Legal foi estimado em 367.403, que podem ser restaurados no local ou compensados fora das propriedades. No total, precisam ser restaurados e/ou compensados 1,14 milhão de hectares.

“O ganho de vegetação nativa com a restauração somente de APPs será muito maior do que aquele que São Paulo teve ao longo dos últimos 10 anos, se compararmos com os dados do Inventário Florestal de 2020”, afirma Kaline de Mello, bióloga, doutora em Ciências e pós-doutoranda do GeoLab. Segundo o inventário, esse ganho foi de 4,9% em uma década (214 mil hectares de vegetação nativa).

São Paulo possui cerca de 5.670.532 hectares de vegetação natural. A restauração da faixa mínima de APP – que foi instituída no novo Código Florestal (Lei 12.651/12 no seu Artigo 61-A), de 2012, com a chamada “Regra da Escadinha” – levaria ao aumento de 14% da vegetação nativa do estado. Já se a APP fosse recuperada integralmente (sem aplicar a Regra da Escadinha), haveria um incremento de 22% em relação à vegetação nativa atual. No total, 768.580 hectares seriam acrescidos à vegetação nativa existente se fosse restaurada a faixa mínima de APP ou 1.228.026 hectares, no caso da recuperação de toda a APP – um incremento de 60% no total a ser restaurado (459.446 hectares). “Observamos que faz muita diferença restaurar toda a APP, em vez de recuperar somente a faixa mínima. E isso garantiria maior proteção dos recursos hídricos”, ressalta Luis Fernando Guedes Pinto, diretor de Conhecimento da SOS Mata Atlântica. “Restam somente 12,4% de Mata Atlântica em bom estado de conservação no país. Em SP, a situação é um pouco melhor, mas a vegetação está distribuída desigualmente, com regiões de cobertura natural muito baixa. A recuperação das APPs pode atenuar esta situação em algumas bacias hidrográficas e municípios. Mas, para outras, o estado precisa ir além para alcançar o mínimo necessário e dar um exemplo para os demais estados”, complementa ele.

Kaline concorda e reforça que essa análise é uma contribuição da Academia e da área científica para melhorar a implementação de políticas públicas.

Água e floresta | O trabalho também avaliou a situação das bacias hidrográficas do Estado e de cada um dos 645 municípios paulistas. Das 21 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs) de São Paulo, atualmente apenas 6, localizadas em região costeira, possuem cobertura de vegetação nativa maior ou igual a 30% – que é o recomendado para manter o equilíbrio ecológico e garantir a conservação da biodiversidade. As UGRHIs do oeste paulista possuem as porcentagens mais baixas de vegetação nativa, sendo que Baixo Tietê, Baixo Pardo Grande e Turvo Grande estão próximas de 10%. No total, 13 UGRHIs possuem porcentagem de cobertura de vegetação nativa abaixo de 20%.

De acordo com o estudo, com a restauração da faixa mínima de APP, nenhuma UGRHI atingirá os 30%; porém, a bacia do Pardo alcança mais de 20%. Com a restauração total da APP, a bacia do Alto Paranapanema passaria a ter 30,5% de cobertura de vegetação, sendo que atualmente possui 25% e algumas bacias do oeste paulista passariam a ter ao menos 20% de cobertura de vegetação

A bacia do Paraíba do Sul é a que possui o maior déficit de APP e a restauração, tanto de APP mínima como total, representa o maior ganho em vegetação entre todas as bacias, passando de 33% para 40% e 45%, respectivamente.

Em relação aos municípios paulistas, hoje apenas 104 (16% do total) possuem vegetação nativa maior ou igual a 30%. Esse número passaria para 134 com restauração da faixa mínima de APP e 160 com restauração total da APP. Ou seja, 30 municípios (4,7% do total) alcançam os 30% apenas com restauração da faixa mínima, e 56 (8,7%) alcançam essa porcentagem com restauração total de APP.

Novamente a região do oeste paulista se destaca de forma negativa. Os municípios atualmente com vegetação nativa abaixo de 10% – que são considerados totalmente desflorestados segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) – se concentram na região de Ribeirão Preto, Piracicaba e Paranapanema. Entretanto, grande parte dos municípios conseguirá atingir mais de 10% de vegetação nativa apenas com a restauração de APP.

Na Mata Atlântica, 117 (18%) possuem atualmente vegetação nativa maior ou igual a 30% – esse número passaria para 147 (23%) com a restauração de faixa mínima de APP e 176 (28%) com a restauração de APP total. No Cerrado, o cenário é mais preocupante, com apenas 10 municípios de 192 (5%) com vegetação nativa maior ou igual a 30%. Esse número passaria para 17 (9%) apenas com a restauração de APP mínima, e 28 (15%) com a restauração de APP total.

“Os municípios possuem realidades muito distintas de cobertura de vegetação nativa e na geografia dos déficits de APP. Diferentes estratégias de adequação ambiental precisam ser adotadas de acordo com essa realidade. Para alguns municípios, a restauração da faixa mínima de APP é suficiente para aumentar a cobertura de vegetação nativa de forma satisfatória, chegando a 20% ou 30%. Para outros, isso não é suficiente para melhorar o cenário de baixa cobertura de vegetação nativa, por isso a importância de compromissos voluntários e incentivos de recuperação de APP total”, ressalta Gerd Sparovek, coordenador do Geolab.

Segundo ele, o Protocolo Etanol mais Verde, assumido por parte do setor sucroenergético, é um bom exemplo de como compromissos voluntários podem contribuir na solução de problemas ambientais. “Como a restauração da Reserva Legal localmente não é obrigatória e a compensação fora da propriedade pode não gerar benefício ambiental local ou regional algum, incentivar a restauração com florestas multifuncionais, que permitem atingir os objetivos ambientais, ao mesmo tempo que podem ser exploradas de forma sustentável para fins econômicos nas propriedades, é outro exemplo que concilia o aspecto econômico e ambiental da adequação das propriedades. No entanto, os compromissos voluntários e incentivos existentes atualmente ainda são muito tímidos para o enorme desafio de garantir o mínimo de vegetação natural em todo estado”, conclui Sparovek.