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SESC Bauru recebe exposição de Sebastião Salgado

Bauru, por Kleber Patricio

SESC Bauru – Gold.Foto – Sebastião Salgado 4.

A partir de 9 de junho de 2021, o SESC Bauru recebe itinerância da mostra Gold – Mina de Ouro Serra Pelada, exposição do fotógrafo Sebastião Salgado, um dos nomes mais proeminentes da contemporaneidade. Os mais de 50 registros que compõem a mostra, todos feitos na década de 1980, trazem ao público a realidade do que foi o maior garimpo a céu aberto do mundo, na região da Amazônia Paraense. A exposição, que teve a sua estreia no SESC Avenida Paulista, passando pelo SESC Guarulhos e SESC Birigui, tem curadoria e design de Lélia Wanick Salgado, responsável pela editoria e organização de todo o trabalho de Sebastião Salgado, co-fundadora da agência Amazonas Images e do Instituto Terra.

Na ocasião da abertura, dia 9 de junho, o SESC Bauru promove um bate-papo online, às 19h30, em seu canal do YouTube entre o garimpeiro e agricultor Etevaldo da Cruz Arantes e o fotógrafo e antropólogo indígena Edgar Kanaykõ Xakriabá. O encontro, que é mediado pela geógrafa e educadora Flora Pidner, aborda questões relacionadas ao garimpo, sustentabilidade e fotografia.

Segundo Danilo Santos de Miranda, diretor regional do SESC São Paulo, “Ao apresentar a exposição Gold – Mina de Ouro Serra Pelada, o SESC reitera o seu compromisso com uma agenda cultural que revela relações entre habitantes e o planeta e que, aliadas a pulsões distintas, compõem o temperamento humano e servem como semeadura para terrenos geopolíticos e expressivos. Assim, corrobora com o propósito de exercitar olhares éticos e críticos, sobre acontecimentos fundamentais de uma história recente e que se relaciona intimamente com ambos, presente e futuro, que avistamos diante de nós”.

SESC Bauru – Gold.Foto – Sebastião Salgado.

O público poderá visitar a exposição de forma gratuita, de terça a sexta, das 8h às 19h, e aos sábados, das 10h às 17h, mediante agendamento prévio pelo site sescsp.org.br/bauru. As visitas têm duração máxima de 60 minutos, a cada 1h15, e máximo de 10 pessoas. O uso de máscara facial é obrigatório para todas as pessoas, durante todo o período.

Serra Pelada presente | A descoberta acidental de ouro em uma remota encosta do morro do Pará atraiu milhares de garimpeiros autônomos de diversas partes do país em busca do mesmo sonho: enriquecer. Serra Pelada, como a mina foi batizada, se tornou um imenso buraco de cerca de 200 metros de diâmetro e profundidade, onde em torno de 80 mil homens tinham um fluxo intenso de trabalho em condições precárias. Tudo o que era retirado da terra tinha destino e, cada metro quadrado, um dono.

Os primeiros a chegar ao local receberam lotes de 2 x 3 metros para explorar e contratar peões para fazer o trabalho pesado, que envolvia cavar e juntar terra e depois carregar morro acima sacos de cerca de 40 quilos. No topo, a terra era peneirada em busca de ouro sob os olhos do proprietário do lote. Os peões, homens de todas as idades, raças e classes sociais eram supervisionados pela Polícia Federal, enviada para conter a violência. Entretanto, a maior tensão ocorria justamente entre os oficiais e os garimpeiros.

SESC Bauru – Gold.Foto – Sebastião Salgado 2.

Em meio a este ambiente de esperança e aflições, Sebastião Salgado registrou as trilhas encravadas na cratera, os garimpeiros com sacos de terra nas escadas de madeira (apelidadas sugestivamente de “adeus mamãe”), o sobe e desce de corpos cobertos de lama e suor, o desapontamento em cada vão aberto sem uma pepita achada e a euforia do encontro com um lampejo dourado. Suas fotografias revelam anseios e alegrias de homens que largaram suas vidas e famílias para desbravar uma terra com condições inóspitas e de futuro incerto.

As obras resultantes da expedição do fotógrafo são expostas em Gold – Mina de Ouro Serra Pelada. O conjunto propõe a reflexão e o olhar crítico sobre a história da mina mineira, que configura um passado recente possível relacionado com o presente e o futuro da humanidade e do planeta.

Sobre Sebastião Salgado | Nascido em 1944, em Minas Gerais, Brasil, Sebastião Salgado atualmente vive em Paris, na França. É casado com Lélia Wanick Salgado, com quem tem dois filhos e dois netos. Formado em economia, Salgado começou sua carreira como fotógrafo profissional em 1973, na capital francesa, e trabalhou com agências de fotografia – dentre as quais a Magnum Photos – até 1994, época que ele e Lélia Wanick Salgado fundaram a Amazonas Images, dedicada exclusivamente à sua obra.

SESC Bauru – Gold.Foto – Sebastião Salgado 3.

Salgado já viajou por mais de 100 países para desenvolver seus projetos fotográficos. Além das publicações na imprensa, sua obra foi apresentada em livros como Other Americas [Outras Américas] (1986), Sahel: l’homme en détresse (1986), Sahel: el fin del camino (1988), Workers [Trabalhadores] (1993), Terra (1997), Migrations [Êxodos] e Portraits [Retratos de crianças do êxodo] (2000), Africa (2007), Genesis (2013), The Scent of a Dream [Perfume de sonho] (2015), Kuwait, a desert on fire (2016) e Gold (2019). Todos esses livros foram editados, concebidos e tiveram seu projeto gráfico elaborado por Lélia Wanick Salgado.

Atualmente, Sebastião trabalha em um projeto fotográfico sobre a Amazônia brasileira, seus habitantes e as comunidades indígenas; seu objetivo é ampliar a conscientização sobre as ameaças que elas enfrentam em consequência da exploração ilegal da madeira, da mineração do ouro, da construção de represas, da criação de gado e do cultivo de soja e, cada vez mais, das mudanças climáticas.

Desde 1990, Lélia e Sebastião vêm trabalhando juntos na recuperação de parte da Mata Atlântica brasileira no estado de Minas Gerais. Em 1998, conseguiram tornar essa área uma reserva natural e criaram o Instituto Terra. A missão do Instituto é voltada ao reflorestamento, à conservação e à educação ambiental.

SESC Bauru – Gold.Foto – Sebastião Salgado 5.

Orientações de segurança para visitantes | O SESC São Paulo retoma, de maneira gradual e somente por agendamento prévio online, a visitação gratuita e presencial a exposições em suas unidades na capital, na Grande São Paulo, no interior e no litoral. Para tanto, foram estabelecidos protocolos de atendimento em acordo com as recomendações de segurança do governo estadual e da prefeitura municipal.

Para diminuição do risco de contágio e propagação do novo coronavírus, conforme as orientações do poder público, foram estabelecidos rígidos processos de higienização dos ambientes e adotados suportes com álcool em gel nas entradas e saídas dos espaços. A capacidade de atendimento das exposições foi reduzida para até 5 pessoas para cada 100 m², com uma distância mínima de 2 metros entre os visitantes e sinalizações com orientações de segurança foram distribuídas pelo local.

A entrada na unidade será permitida apenas após confirmação do agendamento feito no portal do SESC Bauru. A utilização de máscara cobrindo boca e nariz durante toda a visita, assim como a medição de temperatura dos visitantes na entrada da unidade serão obrigatórias. Não será permitida a entrada de acompanhantes sem agendamento. Seguindo os protocolos das autoridades sanitárias, os fraldários das unidades seguem fechados nesse momento e, portanto, indisponíveis aos visitantes.

Serviço:

Gold – Mina de Ouro Serra Pelada

Local: SESC Bauru

Período expositivo: Até 30 de outubro de 2021

Funcionamento: terça a sexta, das 8h às 19h, e aos sábados, das 10h às 17h

Tempo de visitação: 60 minutos

Horários sujeitos à alteração em virtude da pandemia de Covid-19.

Agendamento de visitas: https://www.sescsp.org.br/bauru

Classificação indicativa: Livre

Grátis

SESC Bauru – Avenida Aureliano Cardia, 6-71, Vila Cardia

(14) 3235-1750

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Agricultores se reinventam e encontram novas formas de chegar ao consumidor durante pandemia

Paraná, por Kleber Patricio

Há três anos, Rolinda Salomons produz diversas hortaliças pela região dos Campos Gerais. Crédito das fotos: Rolinda Salomons/Divulgação.

Com o vai e vem no funcionamento de restaurantes e feiras, muitos produtores rurais precisaram encontrar uma forma de, literalmente, chegar diretamente ao consumidor na pandemia. Um formato de trabalho que antes ficava restrito às pequenas cidades tomou conta da rotina de quem precisava sobreviver nesse período. É o caso das irmãs Christina e Rolinda Salomons, que atuam no setor de hortaliças em Castro (PR). Há três anos, elas distribuem alface, beterraba, brócolis, couve, cebolinha, salsão e outros alimentos pela região dos Campos Gerais. Com a interrupção das atividades dos clientes maiores em vários momentos, foram os pequenos consumidores que mantiveram o negócio vivo.

E, para auxiliar no crescimento das vendas, Christina e Rolinda também mudaram a forma de produzir as hortaliças. “Aumentamos a produção e começamos a investir em diferentes variedades de hortaliças para atender às necessidades dos nossos clientes. Criamos assim, formas diferenciadas de aproveitamento de todos os vegetais que produzimos”, conta Rolinda.

As hortaliças produzidas pelas irmãs são naturais, sem agrotóxicos, o que faz com que tenham um diferencial ainda mais valorizado pelos clientes. “As pessoas estão procurando muito por produtos 100% naturais, o que nos motiva ainda mais a produzir hortaliças de boa qualidade e nos incentiva na produção de variedades diferentes”, salienta.

A produção aumentou durante a pandemia e Rolinda buscou investir em variedades de hortaliças.

Como as produtoras já faziam entregas por delivery, as mudanças com a pandemia foram em relação ao uso de máscara, luva e pagamentos feitos por transferência bancária para garantir a segurança delas e dos clientes. Elas contam que os aprendizados nesse período foram muitos, como a busca pela criatividade no empreendedorismo e também a importância do uso das redes sociais. “Percebemos que temos que estar sempre procurando coisas novas, sendo criativas. Com certeza devemos saber o que o nosso cliente gosta, procura e necessita e, assim, produzir hortaliças que os agradem”, destaca.

Hortaliças e orgânicos em alta | De acordo com o levantamento da Associação de Promoção dos Orgânicos, o setor registrou uma alta nas vendas de 30% em 2020, movimentando R$5,8 milhões. Além do aumento da produtividade, novas unidades orgânicas foram cadastradas pelo Ministério da Agricultura, com um crescimento de 5,4%. A produção de hortaliças, tanto orgânicas quanto tradicionais, fica geralmente com pequenos produtores, em terrenos de no máximo 10 hectares, que são responsáveis por 60 a 70% da produção nacional nos cinturões verdes das cidades.

Na região dos Campos Gerais, o aumento no interesse levou otimismo para a economia local. “Temos muitos imigrantes e descendentes de holandeses que optaram por atividades relacionadas ao plantio de hortaliças na nossa região; por isso, ver o crescimento desse mercado nos traz esperança de que a atividade seja cada vez mais valorizada e também traga protagonismo aos nossos colegas e vizinhos que trabalham na área”, ressalta Willem Kiewiet, tesoureiro da Associação Cultural Brasil-Holanda.

Reinvenção em meio à pandemia | Ainda dentro da agricultura, mas da produção de cogumelos, a fungicultora Caroline Boff, de Arapoti (PR), precisou se reinventar. A jovem de 24 anos começou a produção em 2017 com objetivo de gerar uma renda extra para a família e conciliar a agricultura e a maternidade. “Eu sempre gostei de agricultura, principalmente da parte ecológica, onde os cogumelos se encaixam perfeitamente, pois são alimentos extremamente nutritivos produzidos a partir de resíduos da agricultura convencional, além de serem saborosos e exóticos”, explica a empreendedora.

De acordo com Caroline, no começo das restrições para conter o avanço da Covid-19, as vendas estavam estáveis, mas, com o tempo, foram diminuindo bastante. “Por esse motivo, optei por mais variedades e não quantidade. O mais difícil mesmo foi lidar com o mercado, pois quem perde sempre é o produtor. Para não perder o cliente temos que reduzir os preços, porém os custos da matéria-prima aumentaram, então a conta não fecha”, diz.

Dessa maneira, a jovem começou a fazer cursos e buscou aprender mais sobre empreendedorismo. “Conheci novas pessoas, aumentei minha rede de apoio, de conhecimento e me renovei mesmo”, afirma. Caroline conta que estudou sobre startups, sistemas de entrega de produtos e marketing digital. Com isso, ela adaptou a produção para atender melhor os clientes. “No momento, estou com um projeto encaminhado de industrialização de cogumelos para não depender mais tanto do produto in natura, que acaba sendo uma corrida contra o tempo pra não perder a qualidade”, comenta.

Ela destaca que, com as mudanças, teve a oportunidade de aprender muito e acredita que essas transformações ajudaram o negócio a crescer. “Eu acredito que os resultados de todo esforço e aprendizado serão gloriosos quando tudo isso acabar”, finaliza.

Orquestra Sinfônica Heliópolis convida o violoncelista Rafael Cesário para sua temporada de concertos

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Priscila Corderi.

No próximo dia 13 de junho, às 17 horas, a Orquestra Sinfônica Heliópolis sobe ao palco do Auditório Ibirapuera ao lado do violoncelista Rafael Cesário. Com um repertório unicamente erudito, o concerto terá aberturas de óperas bastante tradicionais, como Egmont, de Ludwig van Beethoven, O Franco Atirador (Der Freischütz), do músico e compositor alemão Carl Maria von Weber (1786-1826), e A Flauta Mágica (The Magic Flute), do músico e compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791).

Nesta apresentação, o Instituto Baccarelli levará para o palco mais uma inovação: os jornalistas Irineu Franco Perpétuo e João Luiz Sampaio – ambos dedicados à música clássica, à crítica musical e à história da música – atuarão como comentaristas das obras. Da plateia, eles irão interagir com a orquestra e o maestro, assim como com o público ativo no chat do YouTube, sempre com informações sobre cada música e os compositores, tornando o repertório orquestral mais acessível e interessante a todos os espectadores da live.

Esta, que será a terceira apresentação da Temporada de Concertos 2021, faz parte de uma programação que contempla a música erudita e a popular, alternando repertórios instrumentais – nos segundos domingos de cada mês – e os concertos populares – nos quartos domingos do mês. Ao longo do ano serão divulgados os nomes das atrações e convidados que irão se apresentar ao lado dos jovens músicos.

A regência ainda está atribuída ao maestro Edilson Ventureli, assim como se dará com a maioria dos concertos, que não poderão contar, momentaneamente, com o maestro titular e diretor artístico da OSH, Isaac Karabtchevsky, devido à pandemia.

Sem a presença física do público, desde 2020 os concertos passaram a ser transmitidos ao vivo pela internet, pelo canal do YouTube do Instituto Baccarelli. Pensando na qualidade do conteúdo e da transmissão, o Instituto firmou parcerias com os melhores fornecedores de áudio, iluminação e vídeo-transmissão para realizar concertos com excelente nível cenográfico. Neste ano, a novidade fica também por conta do novo palco, o do Auditório Ibirapuera, com tamanho para receber uma orquestra maior e mais completa – sem contar que o espaço fica dentro do Parque Ibirapuera, outro importante corredor cultural da cidade ocupado pela Orquestra Sinfônica Heliópolis.

A apresentação seguirá o protocolo de segurança sanitária para prevenção contra a Covid-19 desenvolvido pelo Instituto Baccarelli com base em diversas premissas definidas nos meios cultural e musical, protegendo músicos e equipe de produção.

Rafael Cesário – violoncelo | Mestre pela Universidade de São Paulo (USP), obteve o diploma de perfectionnement por unanimidade e felicitações do Júri no Conservatoire départemental du Val de Biévre, Paris (França), na classe do renomado violoncelista francês Romain Garioud.

Camerista ativo, atuou como solista na Orquestra do Theatro São Pedro (SP), Orquestra Sinfônica de São José dos Campos, Camareta Fukuda e Orquestra Acadêmica de SP, entre outras.

Atuou como professor na segunda edição do Festival Internacional Violin festspiele Brazil, onde solou o Concerto Triplece de Beethoven com a Orquestra Sinfônica do Paraná, ao lado do pianista Cristian Budu e o violinista Winston Ramalho, sob a regência do renomado maestro alemão Henrik Schaefer. Atualmente é Professor no Instituto Baccarelli e integra o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo. Em 2021 ele lançou seu primeiro disco, Um outro adeus, em plataformas digitais com o renomado compositor e pianista André Mehmari.

Campanha Tocando Juntos por Heliópolis | Durante a live, o público poderá fazer doações para a campanha Tocando Juntos por Heliópolis, organizada pelo Instituto Baccarelli com o intuito de minimizar os efeitos da pandemia na comunidade. Com apoio de empresas que apadrinham o projeto e doadores individuais, a campanha que já arrecadou mais de 466 toneladas de alimentos e R$952 mil para as famílias da comunidade. As doações ainda podem ser realizadas por meio da página https://institutobaccarelli.doareacao.com.br/campanha/tocando_juntos_por_heliopolis.

Sobre o Instituto Baccarelli | O Instituto Baccarelli é uma das organizações sem fins lucrativos mais respeitadas no Brasil por proporcionar ensino de excelência combinando três eixos de grande importância: cultural, educacional e social. Além disso, formou a primeira orquestra do mundo em uma favela, quebrando diversas barreiras. Com direção artística e regência de um dos maiores maestros da atualidade, Isaac Karabtchevsky, a instituição oferece todas as atividades gratuitamente e tem sua sede na comunidade de Heliópolis, onde atua há 24 anos como agente de transformação social por meio da arte. Mais do que dar acesso ao ensino musical, o instituto mostra um futuro com mais perspectivas àqueles que, pela desigualdade, são colocados à margem da sociedade. Para mais informações, acesse https://www.institutobaccarelli.org.br.

Serviço:

Evento online: Orquestra Sinfônica Heliópolis e Rafael Cesário, violoncelo

Local de gravação: Auditório Ibirapuera – Transmissão ao vivo

Inscrições para acesso à transmissão: https://www.institutobaccarelli.org.br/inscricao-eventos

Data: 13 de junho de 2021 – domingo

Horário: às 17h.

Dia Mundial do Meio Ambiente: Brasil sofre maior crise ambiental dos últimos anos

Belo Horizonte, por Kleber Patricio

Foto: Freepik.

Comemorado mundialmente no dia 6 de junho, o Dia Mundial do Meio Ambiente é um lembrete latente ao país que mais destrói florestas em todo o mundo, segundo dados da Global Forest Watch divulgados neste ano. Embora a data seja um convite à conscientização e preservação dos biomas de todo o mundo, o Brasil não tem o que comemorar quando o assunto é a preservação ambiental  e o avanço do desenvolvimento sustentável que, nessa altura do campeonato, ganha o status de utopia.

Para se ter ideia, estima-se que 94% do desmatamento da Amazônia seja ilegal, de acordo com informações coletadas pelo Instituto Centro da Vida (ICV) em parceria com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) no ano de 2020. Isso faz com que, embora seja o país com maior biodiversidade do mundo, o Brasil continue saindo em desvantagem no debate sobre soluções à destruição ambiental.

A combinação de uma cultura de normalização da apropriação do meio ambiente e péssimas medidas públicas de controle aos danos ajudam a perpetuar o que é visto hoje. Para a advogada ambiental e bióloga Cristiana Nepomuceno, parte essencial da conscientização das massas é o entendimento de pertencimento ao meio ambiente. “Devemos ter em mente que também estamos inseridos nesse todo e que a preservação do meio ambiente é, consequentemente, a preservação da espécie humana”, diz.

Ela ainda complementa alertando que, além do aquecimento global e tantos outros efeitos colaterais já conhecidos, a devastação do meio ambiente também pode ocasionar desequilíbrios ambientais como as pandemias. “Com a perda dos habitats naturais, outras espécies passam a ter vida próxima a dos humanos, o que nos expõe a vírus e bactérias que até então não tínhamos contato e que, portanto, não temos defesas contra”, afirma.

A advogada e bióloga Cristiana Nepomuceno de Sousa Soares. Foto: divulgação.

O Dia Mundial do Meio Ambiente existe para relembrar a abertura da Conferência de Estocolmo, na Suécia, que foi um importante evento para o avanço de pautas ambientalistas. A comemoração deve movimentar debates em todo o mundo a respeito do assunto.

Sobre a Dra. Cristiana Nepomuceno de Sousa Soares | É graduada em Direito e Biologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Pós-Graduada em Gestão Pública pela Universidade Federal de Ouro Preto- MG. Especialista em Direito Ambiental pela Universidade de Alicante/Espanha. Mestre em Direito Ambiental pela Escola Superior Dom Helder Câmara. Foi assessora jurídica da Administração Centro-Sul da Prefeitura de Belo Horizonte, assessora jurídica da Secretaria de Minas e Energia- SEME do Estado de Minas Gerais, consultora jurídica do Instituto Mineiro de Gestão das Águas- IGAM, assessora do TJMG e professora de Direito Administrativo da Universidade de Itaúna/MG. Atualmente é presidente da Comissão de Direito de Energia da OAB/MG.

Seis entre dez doenças infecciosas têm origem em animais, mas ação humana facilita sua proliferação

Rio Grande do Sul, por Kleber Patricio

Foto: CDC/Unsplash.

Em revisão sistemática, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) revelam que 75% das doenças infecciosas, como a Covid-19, são derivadas de microrganismos que originalmente circulavam em espécies de animais selvagens e “saltaram” para os seres humanos. A proliferação dessas doenças entre os seres humanos, no entanto, é facilitada pelas ações humanas. O estudo, que traz reflexões sobre como prevenir o salto de patógenos entre espécies, está publicado na revista Genetics and Molecular Biology.

Os autores revisaram estudos científicos em inglês sem restrição de ano de publicação a partir das principais bases de dados das áreas de medicina e biologia do PubMed/MEDLINE,  SciELO e Google Scholar. Os termos buscados foram  “spillover”, “zoonotic spillover”, “pathogen spillover”, “host jump”, “cross-species transmission” e “zoonotic transfer”.

Embora o salto de patógenos de uma espécie de animal selvagem para outra e, posteriormente, para humanos seja comum, segundo mostram os dados, é raro que esses eventos levem a uma situação epidêmica, explica José Artur Bogo Chies, coautor do estudo. No caso da pandemia de Covid-19, o vírus Sars-Cov-2 se adaptou ao ser humano com grande poder de transmissibilidade, o que reforça o papel da ação humana na cadeia de disseminação do vírus. “Podemos citar os casos de Influenza, cujo salto para a espécie humana foi favorecido pela criação de aves e suínos em um mesmo ambiente ao longo da evolução humana”, exemplifica.

No caso da Covid-19, a principal hipótese é que o Sars-CoV-2 surgiu do morcego, conforme demonstram as análises de sequências genéticas do vírus, mas que alguma espécie, como os pangolins, agiu como intermediária para a infecção. “A carne dos pangolins é comumente consumida na China e pode ter havido contaminação ao manusear ou se alimentar deste mamífero. Outra possibilidade é que esta variante do coronavírus estivesse em estudo e, acidentalmente, tenha escapado do controle laboratorial. Porém, é importante saber diferenciar o conceito de um vírus escapar do laboratório da teoria da conspiração de que o vírus tenha sido fabricado em laboratório”, alerta.

Bogo Chies reforça que o salto de espécies zoonótico de doenças infecciosas é altamente conectado com a forma como os humanos interagem com as espécies animais e o meio ambiente. Por isso, a preservação da biodiversidade se faz necessária para controlar os riscos de surgimento de potenciais patógenos para a espécie humana. “Com esse controle, potenciais patógenos seriam encontrados em pequenas quantidades e em seus hospedeiros usuais, com menor risco de transmissão”, comenta.

Outro problema, aponta o pesquisador, é o uso excessivo de antibióticos ou drogas antivirais, inclusive no campo veterinário, o que favorece uma seleção de micro-organismos que se tornam resistentes. Protocolos de segurança na cadeia produtiva de alimentos de origem animal podem ajudar a diminuir os riscos ao manter os animais em ambientes livres de infecção e disseminação de vírus, com medidas de vigilância, controle, teste e eliminação dessas doenças não humanas.

(Fonte: Agência Bori)