Iniciativa acontece durante a 23ª Semana Nacional de Museus e convida o público a refletir sobre inclusão e criatividade


São Paulo
Somente 13,7% das áreas de proteção tiveram bom desempenho na proteção de anfíbios – a maioria são terras indígenas. Foto: Filipe Frazão/Wikimedia Commons.
Mais de 80% das espécies de anfíbios do Pantanal e região terão seus habitats reduzidos até 2100, como consequência das mudanças climáticas. A perda das espécies semiaquáticas deve ocorrer em 99% da Bacia do Alto Paraguai — estimativas preocupantes, agravadas pela falta de impacto de áreas protegidas (APs) existentes (unidades de conservação e terras indígenas). As APs cobrem 6% da região e protegem menos de 5% da distribuição geográfica dos anfíbios. As conclusões foram publicadas por pesquisadores das universidades federais da Paraíba (UFPB), de Mato Grosso (UFMT), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com outras instituições, na revista científica ‘Journal of Applied Ecology’ nesta quinta (16).
A equipe chegou às estimativas a partir de registros de ocorrência de espécies de anfíbios da Bacia do Alto Paraguai, considerando dados climáticos e topográficos, modelos de distribuição de espécies e dados de 73 unidades de conservação da região. O estudo buscou analisar a capacidade das atuais áreas protegidas de abrigar a biodiversidade, além de aplicar ferramentas de planejamento sistemático de conservação — um algoritmo de busca inteligente — para identificar áreas prioritárias para expansão e maior proteção possível da fauna semiaquática.
Somente 13,7% das APs existentes tiveram desempenho acima de áreas escolhidas aleatoriamente na proteção de anfíbios, a maioria sendo terras indígenas. Além disso, a análise apontou que apenas 12% das áreas de proteção estão em locais com grande diversidade, conforme explica o primeiro autor do estudo, Matheus Oliveira Neves: “As demais áreas foram estabelecidas há muito tempo, quando ainda não havia estudos suficientes, sendo escolhidas por sua beleza ou ancestralidade. Não levaram em consideração as espécies que estavam protegendo”, explica.
Portanto, é necessário aumentar as áreas de conservação no Pantanal — e as regiões prioritárias, segundo o estudo, seriam suas porções norte e oeste, especialmente em regiões de altitude nas transições com o Cerrado brasileiro, e ao sul, próximo ao Chaco paraguaio.
Ampliar as áreas protegidas é, inclusive, uma das metas que compõem o Quadro Global de Biodiversidade Pós-2020, proposto pela Convenção sobre Diversidade Biológica, da qual o Brasil participa. O autor sênior, Mario R. Moura, ressalta: “É a Meta 30×30, que propõe expandir as APs de 17% para 30% das superfícies de terra, mar e águas interiores até 2030. Se implementada, poderia garantir a proteção de quase 50% da área de ocorrência dos anfíbios no Pantanal, um avanço 10 vezes superior à proteção oferecida pela rede atual de áreas protegidas”.
(Fonte: Agência Bori)
Após cinco décadas de esforços para erradicar o cancro cítrico, uma das doenças bacterianas mais prejudiciais à produção de laranjas, a ameaça ainda persiste nos pomares paulistas. É o que indica um estudo publicado na quinta (16) na revista científica ‘Microbial Genomics’. Realizado através de parceria entre a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Metropolitana de Manchester, na Inglaterra, o trabalho detalha a evolução genética da bactéria Xanthomonas citri, causadora da doença, nas regiões produtoras de cítricos do estado de São Paulo. Os resultados podem abrir caminhos para estratégias mais eficazes de combate, considerando as diferenças genéticas das linhagens locais do microrganismo.
Para entender a distribuição e evolução do agente causador do cancro cítrico nos pomares em São Paulo, os pesquisadores recolheram amostras de folhas com sintomas da doença em 13 municípios entre 2018 e 2021. O material resultante foi raspado, tratado e incubado para permitir o crescimento das bactérias presentes, que foram, então, submetidas a análises genéticas. Os dados obtidos foram combinados com informações disponíveis em bancos de dados científicos e permitiram a construção de uma árvore de parentescos para as linhagens de Xanthomonas citri do estado de São Paulo. No total, 1488 conjuntos de genes foram estudados. A equipe ainda investigou e mapeou a distribuição do patógeno em cada região, o que permitiu avaliar como ele se comportou ao longo do tempo no estado.
Os resultados revelaram que tanto linhagens antigas como tipos mais recentes desse microrganismo seguem comprometendo a produção. As variedades identificadas na região pertencem a 7 grupos genéticos diferentes, sendo que o predominante, denominado L7, surgiu junto à expansão da produção de suco de laranja no Brasil, por volta de 1964. Segundo o estudo, esse grupo enfrentou declínio populacional entre 2000 e 2010, período em que o protocolo de erradicação ficou mais rigoroso. No entanto, a partir de 2009, flexibilizações nas normas coincidiram com um aumento na incidência da doença, que subiu rapidamente de 0,14% para cerca de 1% em apenas 2 anos. As conclusões também relatam a presença de uma subdivisão mais recente no grupo, chamada L7.1, que parece ter emergido no estado em meados dos anos 2000.
A persistência simultânea de linhagens diferentes reforça a necessidade de revisar as estratégias em vigência. “Os protocolos de erradicação adotados ao longo dos anos foram, até certo ponto, eficientes em manter níveis baixos da doença; entretanto, ela nunca foi erradicada no país”, destaca Henrique Ferreira, autor principal do estudo. O pesquisador explica que as recomendações atuais combinam diversas frentes, incluindo o uso de barreiras para minimizar o espalhamento da bactéria e, desde 2017, a aplicação de sprays de cobre. “Mas há uma preocupação com o fato de que o cobre é um metal cumulativo e que pode atuar no desenvolvimento de tolerância e, até mesmo, resistência bacteriana a longo prazo”, alerta. “Se tivermos que aumentar cada vez mais a dose de cobre, chegaremos a um cenário de maior contaminação ambiental com menor eficiência do bactericida”, complementa o autor.
Ferreira defende que as conclusões do estudo podem embasar o desenvolvimento de alternativas mais sustentáveis e assertivas de controle, adaptadas às especificidades genéticas das linhagens de cada região. “Com o monitoramento das linhagens, podemos identificar novas introduções da doença, novas variedades, ver como está ocorrendo sua dispersão e o surgimento de características preocupantes, como resistência aos defensivos em uso”, acrescenta.
Ferreira e sua equipe, que está vinculada ao Centro de Pesquisa em Biologia de Bactérias e Bacteriófagos (CEPID B3), planejam aprofundar as pesquisas sobre o cancro cítrico, com foco na busca por substitutos ao uso do cobre. “Pretendemos, por exemplo, avançar em estudos de controle biológico mediado por vírus que infectam Xanthomonas citri e, assim, desenvolver alternativas de controle com o menor impacto possível ao meio ambiente”, prevê. “Com os resultados do nosso estudo, podemos explorar se existem diferenças genéticas e fenotípicas com relação à virulência das linhagens e como as populações de diferentes locais se comportam frente a novos compostos bactericidas”, conclui o pesquisador.
(Fonte: Agência Bori)
Samuel Beckett é mais conhecido por sua peça ‘Esperando Godot’, mas o impacto de sua escrita vai além dessa obra e não se limita ao teatro. No recém-lançado ‘Rastros do Mundo: Experiência e Repetição em Samuel Beckett’ (Edusp, 2024), o professor Luciano Gatti explora alguns dos aspectos que tornaram a produção do escritor um objeto de estudo tão rico.
Os ‘rastros do mundo’ citados no título do livro representam os vestígios de um processo histórico: o enfraquecimento das tradições, sobretudo os fundamentos da cultura europeia, e o surgimento dos novos paradigmas da modernidade. Nesse contexto, Beckett buscou, em suas narrativas, novas formas de desenvolver a relação entre sujeito e mundo.
Gatti inicia sua análise pelos romances do autor irlandês, abordando as transformações que podem ser percebidas nos narradores beckettianos de diferentes obras. Ele destaca, por exemplo, o elemento paródico de ‘Murphy’, que o aproxima à prosa de James Joyce, o serialismo de ‘Watt’, marcado por repetições e linguagem peculiar, e a redução temática e formal de ‘O Inominável’, que abandona as convenções da literatura realista.
Em seguida, o livro se volta para as peças de Beckett, tratando de questões como a crise do drama, notável em ‘Fim de Partida’, e a dimensão concentrada de seus trabalhos mais tardios para o teatro, como ‘Não Eu’, ‘Aquela Vez’ e ‘Passos’, cada um centrado num único intérprete em cena.
‘Rastros do Mundo’ também conta com dois capítulos sobre as peças televisivas que Beckett escreveu, como ‘Eh Joe’, ‘Trio-Fantasma’, ‘…só as nuvens…’ e ‘Noite e Sonhos’. Esses trabalhos evidenciam o trabalho do dramaturgo para desenvolver um novo modo de produção artística para essa mídia. “A seleção de obras comentadas […] se fez à medida que eu avançava pelos textos e era detido pelos obstáculos que levantavam, pelas questões que provocavam”, explica Gatti sobre seu livro. “O que apresento aqui, afinal, não é mais que o relato de um percurso pela obra de Beckett. Cada um poderá fazer o seu, mas espero que, caso decidam avançar pelas páginas à frente, os percalços da experiência sirvam como fio condutor.”
Evento de lançamento | O autor de ‘Rastros do Mundo: Experiência e Repetição em Samuel Beckett’, Luciano Gatti, estará presente no lançamento do livro para autografar cópias. O evento acontece no dia 13 de março, quinta-feira, das 18h às 21h, na Livraria Martins Fontes Paulista, próxima à Estação Brigadeiro do Metrô.
Serviço:
Evento de lançamento de ‘Rastros do Mundo: Experiência e Repetição em Samuel Beckett’
Data: 13/3/25 (quinta-feira) | Horário: das 18 às 21h
Local: Livraria Martins Fontes Paulista – Av. Paulista, 509
Fone para contato: 2167-9900.
(Com Bruno Passos Cotrim/Libris Comunicação)
No dia 25 de janeiro, quando São Paulo celebra 471 anos, a cidade ganha um novo marco cultural: a Estação CCR das Artes, uma parceria entre o Grupo CCR, por meio do Instituto CCR, a Fundação Osesp e o Governo do Estado de São Paulo. Localizado no Complexo Cultural Júlio Prestes, ao lado da icônica Sala São Paulo e da Estação Júlio Prestes, o espaço será inaugurado com uma programação especial gratuita que promete emocionar o público e valorizar a rica história ferroviária da capital.
O destaque da noite será uma apresentação gratuita, às 20h, com um repertório temático inspirado no universo dos trens. O espetáculo contará com a cantora Virginia Rosa, o acordeonista Toninho Ferragutti, um ensemble da São Paulo Big Band, a São Paulo Companhia de Dança, um Quarteto de Cordas formado por músicos da Osesp, o Coro Acadêmico da Osesp, a pianista Juliana Ripke e a companhia Mundo do Circo.
Com capacidade para 543 pessoas e com um palco de 160 metros quadrados, a Estação CCR das Artes foi projetada para ser uma sala de espetáculos multifuncional, perfeita para abrigar uma programação diversificada que inclui música, teatro, dança, literatura, cinema e atividades educacionais.
Localizado no antigo concourse da Estação Júlio Prestes, o espaço preserva a arquitetura original com seus vitrais coloridos da tradicional Casa Conrado e os três imponentes lustres, integrando história e modernidade em um ambiente que celebra a arte. Assinado pelo escritório Dupré Arquitetura, de Nelson Dupré, também responsável pelo restauro da Sala São Paulo, o projeto transforma o local em um novo polo cultural no coração da cidade.
Serviço:
Inauguração da Estação CCR das Artes
Onde: Complexo Cultural Júlio Prestes – ao lado da Sala São Paulo (Praça Júlio Prestes, 16 – Luz – São Paulo/SP)
Quando: 25 de janeiro de 2025
Horário: 20h | Sessão gratuita para o público (ingressos disponíveis a partir de 21/1, às 12h, em salasaopaulo.art.br)
Ingressos gratuitos.
Programação detalhada:
AS ARTES NA ESTAÇÃO
QUARTETO DE CORDAS COM MÚSICOS DA OSESP
DAVI GRATON VIOLINO
TATIANA VINOGRADOVA VIOLINO
PETER PAS VIOLA
MARIALBI TRISÓLIO VIOLONCELO
SÃO PAULO BIG BAND ENSEMBLE
DANIEL D’ALCANTARA REGENTE DO ENSEMBLE
CORO ACADÊMICO DA OSESP
MARCOS THADEU REGENTE DO CORO
JULIANA RIPKE PIANO
TONINHO FERRAGUTTI ACORDEÃO
VIRGÍNIA ROSA CANTORA
ODILON WAGNER ATOR
SÃO PAULO CIA. DE DANÇA
MUNDO DO CIRCO
ESTAÇÃO I
TOM JOBIM [1927–1994]
Trem para Cordisburgo [Arranjo de Rafael Rocha] [1971]
TOM JOBIM [1927-1994]
Chora coração [Arranjo de Rafael Rocha] [1971]
ESTAÇÃO II
MILTON NASCIMENTO [1942] & FERNANDO BRANT [1946–2015]
Encontros e despedidas [Arranjo de Toninho Ferragutti] [1985]
ESTAÇÃO III
MÁRIO QUINTANA [1906-1994]
Poema transitório do livro Baú de espantos [1986]
TOM JOBIM [1927–1994] & MANUEL BANDEIRA [1886–1968]
Trem de ferro [Arranjo de Rafael Rocha] [1986]
ESTAÇÃO IV
CHICO BUARQUE [1944] & EDU LOBO [1943]
Na carreira [Arranjo de Rafael Rocha] [2012]
CHICO BUARQUE [1944] & EDU LOBO [1943]
O Grande Circo Místico: Abertura [Arranjo de Rafael Rocha] [1983]
ESTAÇÃO V
FRANCISCO MIGNONE [1897–1986]
Valsas de esquina: nº 6 e nº 7 [Arranjo de Juliana Ripke] [1938–1944]
BERNARDO SOARES, HETERÔNIMO DE FERNANDO PESSOA [1888–1935]
Fragmento 451 do Livro do desassossego [1982]
ESTAÇÃO VI
OSWALD DE ANDRADE [1890–1954]
Poema da cachoeira [1925]
HEITOR VILLA-LOBOS [1887–1959]
Bachianas brasileiras nº 2: Tocata – O Trenzinho do Caipira [Arranjo de Rafael Rocha] [1934]
ESTAÇÃO VII
ADONIRAN BARBOSA [1910–1982]
Trem das onze [Arranjo de Rafael Rocha] [1964].
Atuação do Instituto CCR em cultura:
Desde a sua fundação, em 2014, o Instituto CCR já destinou mais de R$300 milhões a projetos sociais, beneficiando mais de 18 milhões de pessoas em mais de 430 municípios de todo o País. Em 2024, ano em que comemorou 10 anos de atuação, valor investido girou em torno de R$70 milhões em projetos de impacto social, um aumento de quase 30% em relação ao montante investido no ano passado.
Em abril do ano passado, o Grupo CCR assumiu ainda o compromisso de investir R$750 milhões em iniciativas de impacto social até 2035, nos pilares de Educação & Cultura, Mobilidade & Cidades Sustentáveis e Saúde & Segurança. A criação da Estação CCR das Artes faz parte de uma estratégia mais ampla do Grupo CCR de democratizar o acesso à cultura no País. Outro exemplo nesta frente é o Projeto Centenários.
Por meio do Projeto Centenários, o Instituto CCR (ICCR0 leva exposições de grandes nomes brasileiros que estão completando ou completaram seu centenário para estações de metrô em São Paulo. Atualmente, as estações da Linha 4 – Amarela, operada pela ViaQuatro, recebem as mostras em homenagem à Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Heitor Villa-Lobos e Tomie Ohtake.
Além do projeto Centenários, o ICCR tem se consolidado como um dos principais patrocinadores de museus no Brasil, viabilizando a oferta de entradas gratuitas no Museu da Língua Portuguesa e no Instituto Tomie Ohtake (SP), no Museu do Amanhã (RJ) e na Fundação Casa Jorge Amado (BA).
O ICCR também ampliou a sua participação em feiras literárias, apoiando os principais projetos do país em 2024, como a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty – RJ), a Flup (Festa Literária das Periferias – RJ), a Bienal do Livro de São Paulo, a Feira do Livro de São Paulo e a Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô – BA).
(Com Carolina Ferraz/FSB Comunicação)