Projeto inédito feito com mulheres cis e trans une arte, sustentabilidade e economia circular para fortalecer a autonomia feminina


Cerquilho
A cantora e compositora Roberta Campos vai apresentar seus grandes sucessos autorais como De Janeiro a Janeiro, Minha Felicidade e Abrigo em um show especial no Teatro Oficina do Shopping Iguatemi Campinas, dia 13 de agosto, a partir das 20h00.
O repertório é formado por hits da carreira, seus últimos lançamentos e algumas canções do novo disco O Amor Liberta, como o reggae Miragem, single feito em parceria com Natiruts.
“Voltar aos palcos em Campinas tem um peso emocional muito grande. No ano de 2018, Campinas foi minha casa; guardo memórias bonitas desse período e lá no Teatro Oficina Iguatemi fiz um dos shows mais bonitos da minha vida. Não poderia ser diferente essa retomada. Sinto-me acolhida, em casa e feliz”, comemora Roberta Campos.
Indicada ao Grammy Latino 2016 na categoria Melhor Álbum de MPB com o disco Todo Caminho é Sorte, Roberta Campos é um dos nomes que aparecem em um time de grandes cantoras da MPB.
Mineira, Roberta vem se destacando como autora de canções que compõem trilhas sonoras de diversas novelas e hits que alcançam os primeiros lugares das rádios brasileiras, além de parcerias com nomes como Humberto Gessinger, John Ulhôa, Fagner, Fernanda Takai, Paulo Mendonça, Natiruts, Vitor Kley e Skank, entre outros.
Serviço:
Roberta Campos – Voz e Violão
Data: 13 de agosto de 2021 (sexta-feira)
Horário: 20h
Local: Teatro Oficina do Shopping Iguatemi Campinas
Ingressos: R$30,00 – R$80,00
Vendas: Ingressodigital.com e na bilheteria do Teatro Oficina do Shopping Iguatemi Campinas – Av. Iguatemi, 777, Vila Brandina – Campinas/SP
Classificação: Livre.
Ana Maria Magalhães. Foto: Mustapha Barat.
Em 1992, a diretora Ana Maria Magalhães realizou o vídeo-documentário Mangueira do Amanhã, que mostra a influência do samba na vida das crianças, a formação da escola mirim e o desfile de carnaval daquele ano. O vídeo documenta a tradição cultural transmitida pelos mais velhos para incentivar as crianças a desenvolverem seu talento. A ideia de realizar Mangueira em 2 Tempos surgiu nos encontros ocasionais da diretora com Wesley, hoje mestre de bateria da escola, que lhe dava notícias de seus amigos mais próximos. Eram crianças que ela conhecera durante as filmagens do vídeo e com quem estabelecera laços de confiança e amizade. Desde então, Ana Maria se interessou em acompanhar os seus percursos, mas a ideia de continuar a narrativa partiu de Wesley. Naquele período ela achou que ainda era cedo para que as suas histórias de vida pudessem ser vistas em perspectiva. O projeto nasceu vinte anos depois.
A pesquisa foi iniciada pelas entrevistas de Wesley e Danielle e foi com surpresa que Ana Maria soube que as filmagens do primeiro documentário foram os momentos mais felizes de suas infâncias. Na época, ouvir aquele menino magrinho de 12 anos dizer com um brilho no olhar que queria ser músico soou como possibilidade remota. É impressionante ver como ele realizou seu intento chegando ao comando da bateria. Já o Ailton (Buí para os amigos), não poderia imaginar que aquele garoto de seis anos que tocava em lata de óleo vazia, seria percussionista na China.
Mas as histórias de vidas são encobertas pelo contexto social e, ao realizar o documentário, a diretora foi motivada a revelar a expressão do talento e da criatividade em condições adversas, pelo desejo de ultrapassar as fronteiras da nossa linguagem musical com a fusão de samba, funk e jazz brasileiro. Esses ritmos de origem africana foram executados conjuntamente por instrumentistas de formação tradicional e percussionistas da Mangueira, realçando suas contribuições à nossa musicalidade.
A introdução do funk nos desfiles da Mangueira por um grupo do qual Wesley fez parte sugere a conexão entre samba e funk que têm em comum os dois tempos da marcação do ritmo. Como expressão universal, a música considera que o encontro entre as diferenças é elemento de desenvolvimento e fator de união.
Ana Maria tem forte ligação com a Mangueira, já que ela participou da comissão de carnaval no ano em que a escola homenageou Tom Jobim e tem amigos na comunidade.
Este é também um filme sobre o Brasil negro representado nas escolas de samba. Seus compositores fizeram história na música popular com canções conhecidas do grande público.
Mangueira em 2 Tempos foi patrocinado pelo Banco Itaú, Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro e Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro. O filme estreia nos cinemas das principais cidades brasileiras em 5 de agosto.
Ana Maria Magalhães | Nascida no Rio de Janeiro em 1950, Ana Maria Magalhães atuou em importantes filmes brasileiros: Como era gostoso o meu francês, de Nelson Pereira dos Santos; Lucio Flavio, o passageiro da agonia, de Hector Babenco e A Idade da Terra, de Glauber Rocha.
Mestre Wesley e Ana Maria Magalhães. Foto: divulgação.
Sua mais recente atuação foi no filme O Estranho Caso de Angélica, do aclamado diretor português Manoel de Oliveira, que foi selecionado para a mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes de 2010. Atuou também em novelas de TV, como Gabriela e Saramandaia, da Rede Globo.
Como diretora, seu primeiro filme foi Mulheres no Cinema, documentário sobre as mulheres cineastas do Brasil. A seguir, realizou o documentário sobre Leila Diniz Já que ninguém me tira pra dançar, uma das primeiras produções independentes veiculadas pela televisão brasileira, e alguns curtas de sucesso; entre eles, Assaltaram a gramática. Dirigiu também o longa-metragem Lara, cinebiografia da atriz Odete Lara.
Seu filme Reidy, a construção da Utopia foi premiado no Festival do Rio (Melhor Documentário de Longa-Metragem) e no Cine Eco Seia (Prêmio Pólis), em Portugal e a série de cinco episódios O Brasil de Darcy Ribeiro recebeu o prêmio de Melhor Série Documental pela TAL TV – Televisión de America Latina, em 2015.
Mangueira em 2 Tempos
Brasil, 2019, 90 min
Produção, Roteiro e Direção: Ana Maria Magalhães
Direção de Fotografia: Jaques Cheuiche
Som: Tiago Tostes e Pedro Sá Earp
Edição: Terêncio Porto
Música Original: Fernando Moura
Canção: Sala de Recepção, de Cartola, cantada por Chico Buarque
Produtor de Finalização: Ade Muri
Produção: Nova Era
Co-Produção: Canal Brasil
Distribuição: Arteplex Filmes
Entrevistados: Mestre Wesley, Érika, Buí do Tamborim, Danielle, Michele, Tathy
Participações: Alcione e Ivo Meirelles.
Sinopse: Depois de quase trinta anos, Mangueira em 2 Tempos revisita amigos de infância retratados no vídeo Mangueira do Amanhã, sobre a escola de samba mirim. Suas histórias revelam as circunstâncias brutais da vida dos moradores das favelas do Rio de Janeiro, mas também de seus surpreendentes destinos. Mestre Wesley se inspira na musicalidade local para realizar a carreira de percussionista. A narrativa de sua trajetória explora a conexão entre samba e funk, ritmos marcados pelas batidas em 2 tempos e propõe o diálogo entre o jazz e a percussão da Mangueira. Trailer: https://youtu.be/XhK8ygkvWSE.
Nova Era – Produtora | A Nova Era Produções realiza projetos audiovisuais que visam contribuir para a afirmação e divulgação de expressões artísticas relevantes, a provocar a reflexão sobre questões socioculturais e a temática feminina pela interseção entre Memória e Cultura Contemporânea. Seja pela escolha do tema ou forma de abordagem, suas obras buscam o diálogo com a sociedade sobre a nossa identidade e diversidade. Com dezesseis prêmios, inclusive em festivais internacionais, atualmente finaliza a remasterização do documentário Já que ninguém me tira pra dançar, sobre a atriz Leila Diniz.
Canal Brasil – Coprodutor | O Canal Brasil é o principal coprodutor de cinema brasileiro, com 362 longas-metragens coproduzidos em mais de uma década. Além da importância pelo volume de obras, a curadoria e o olhar apurado do canal para o cinema independente vêm se destacando, com a presença cada vez mais constante e consistente destes títulos nos principais festivais internacionais de cinema do mundo. Eventos de grande prestígio, como as mostras de Berlim, Cannes, Veneza e Sundance, entre outros, vêm concedendo láureas às produções nacionais das quais o canal é parceiro.
Fotos: divulgação.
A Onii, loja autônoma que permite realizar compras diretamente via aplicativo, inaugurou na quarta-feira (21), em Paraisópolis, a eegloo – braço corporativo voltado para a criação de novos negócios, renda e postos de trabalho nas periferias do Brasil. O foco do projeto é o empreendedorismo social.
Realizada em parceria com o grupo G10 das Favelas e com a ONG Turma do Jiló, a ação visa implementar educação aos novos empreendedores. A ideia da Onii é capacitar as pessoas que perderam o emprego na pandemia para ser um operador eegloo. Em Paraisópolis, Daniel Cristovão passou por treinamento com mentoria e apoio jurídico e hoje já ajuda na distribuição. Por exemplo, se um morador empreendedor decide montar um eegloo em outro ponto da comunidade e os produtos acabam, é com Daniel que eles precisam falar. “Esse projeto trouxe uma ideia muito boa para nós da região”, comemora Daniel. “O bacana é que além da comunidade, os moradores podem apresentar essa solução também em seus trabalhos, nas escolas dos filhos, em todos os lugares. São ideias como essa que nos mostram que o futuro já chegou e está na periferia também”, completa.
Produtos eegloo.
O faturamento de cada loja será dividido em cinco partes: o empreendedor, o grupo G10 das Favelas, a ONG Turma do Jiló, o Instituto Kobra e a Onii, que recebe apenas o valor necessário para arcar com os custos de tecnologia e operação. O logo da obra foi feito por Eduardo Kobra, nascido na periferia de São Paulo, e o projeto conta com parceiros como a Ambev e P&G. Um dos grandes diferenciais desse modelo é que parte do que for arrecadado será reinvestido no ecossistema econômico local.
Segundo Ricardo Podval, sócio fundador da Onii, a ideia é ajudar quem mais precisa e foi afetado pela pandemia. “Estamos criando parcerias com grandes empresas e com o Sebrae para que as pessoas afetadas na pandemia possam empreender, criar seus próprios negócios, sejam licenciados eegloo e até mesmo ter os seus produtos (bolos, tortas, salgados) disponíveis em nossas lojas”. O CEO Victor Azouri Bemurdes completa: “Também queremos atender a comunidade focando em mulheres empreendedoras e na população acima dos 60 anos de idade, trazendo dignidade, geração de renda e uma cultura empreendedora para essas pessoas”.
O projeto é ambicioso: a Onii já está falando em seis comunidades do Rio de Janeiro, próxima cidade onde o eegloo será apresentado. Os planos são de chegar a 1000 eegloos, se tornando assim o maior programa de empreendedorismo social do Brasil.
eegloo
Rua Itamontiga, 100 – Paraisópolis – São Paulo/SP
Sobre a Onii | A Onii é a democratização do modelo Amazon Go, loja autônoma da varejista norte-americana, e foi criada em 2019 no ONOVOLAB, centro de inovação em São Carlos, interior de São Paulo, por Conrado Rantin, Ricardo Podval, Tom Ricetti e Victor Azouri. Acerca dos produtos disponíveis nas lojas, há ofertas tanto de grandes varejistas, como de produtos fornecidos por pequenos produtores, como leite e pães. O objetivo é facilitar a personalização dos estoques disponíveis por região, atendendo à preferência dos moradores e fomentando o mercado de fornecedores locais.
Foto: Janine Moraes.
Quatro pesquisadores fizeram um trabalho inédito de cartografia para mapear cerca de 120 iniciativas populares que agem em defesa de três bacias importantes para a sustentação do sistema hidrelétrico do país. Marcela Bertelli, Damiana Campos, Bianca Lemes e Yuri Hunas foram os responsáveis pelo trabalho que sinalizou as comunidades ribeirinhas “guardiãs das águas” das bacias do São Francisco, do Rio Doce e do Jequitinhonha. O mapa interativo poderá ser acessado na plataforma digital do Festival Seres-Rios, do BDMG Cultural, que acontece de 2 a 10 de agosto.
“A cartografia expõe iniciativas e experiências da sociedade para enfrentar os problemas, como o da crise ambiental e hídrica e que estamos vivendo, da luta em defesa de territórios e da desigualdade social. É uma espécie de fotografia não estática do agora, do que está acontecendo, porque as comunidades são dinâmicas, respondem gerando movimentos a todo instante”, explica a antropóloga e curadora do festival Marcela Bertelli. “Muita gente pensa que as pessoas que vivem nessas regiões são marcadas apenas pela pobreza. Mas o que elas nos mostram é que existem formas de abundância, de produção aliada à proteção ambiental, de generosidade, de organização, de luta. São elas que estão protegendo nossos rios, nossas sementes, nossas florestas, nossa biodiversidade, nossa alimentação, ensinando algo que perdemos ou que destruímos”, acrescenta.
Marcela conta que cada um dos outros três pesquisadores ficou responsável por uma bacia em que já atuam em pesquisa e junto a movimentos populares. Os dados foram lançados em um mapa digital das bacias dos três rios que permite acesso às iniciativas das comunidades ribeirinhas marcadas por pontos que, quando clicados, abrem as informações. “Tem registro de movimentos de turismo comunitário e cultural, produção artística, cultura agrícola e alimentar. Não temos pretensão de abarcar todas as iniciativas, mas a cartografia ficará aberta para que outros registros sejam feitos. As pessoas podem enviar informações que iremos inserindo, assim que validadas”, diz.
Apolo Heringer Lisboa, um dos autores da Carta de Morrinhos, que conta com o movimento popular de quilombolas ribeirinhos e que foi mapeada na cartografia do Seres-Rios, afirma que é importante que todos saibam da existência dessas iniciativas para que apoiem, invistam e ajudem a manter. O movimento da Carta de Morrinhos, inclusive, precisa de financiamento, já que atua com lagoas imensas que precisam de fiscalização e monitoramento constante. A preservação delas é vital para o Rio São Francisco. Elas são local de desova dos peixes na piracema e funcionam como viveiros para os alevinos antes que voltem ao rio com as cheias.
(Fonte: Press Voice)
Foto: Mathias Reding/Unsplash.
Por Elisabetta Recine
Já ao ser anunciada pelo secretário geral da Organização das Nações Unidas, no final de 2019, a Cúpula Mundial sobre Sistemas Alimentares, que acontece em setembro de 2021, gerou questionamentos por desconsiderar instâncias existentes e processos em andamento do próprio sistema da ONU. Considerando que os sistemas alimentares impactam direta ou indiretamente em todas as dimensões da agenda de desenvolvimento sustentável para 2030, a Cúpula tem o objetivo anunciado de apresentar uma agenda de ações para impulsionar o alcance dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Atualmente, há inúmeras concepções de sistemas alimentares. Para a Cúpula foi adotado que ‘sistema alimentar’ se refere ao conjunto de atividades envolvidas na produção, transformação, transporte e consumo de alimentos. As grandes questões mundiais e nacionais como crise climática, devastação ambiental, fome, obesidade, fazem o tema ganhar importância incontestável. O relatório da revista Lancet sobre “sindemia global” argumenta que os desafios acima têm como determinante comum, justamente, o sistema alimentar agroindustrial. Portanto, nada mais potencialmente oportuno que uma ampla discussão para apontar caminhos de transformação profunda.
No entanto, o processo de organização da Cúpula de Sistemas Alimentares, sua coordenação e composição das diferentes equipes levantam dúvidas quanto aos seus resultados. A coordenação geral está nas mãos de Agnes Kalibata, ex-presidente da Aliança para a Revolução Verde na África (AGRA) e não são públicos os critérios utilizados para composição do Grupo Científico e dos cinco grupos temáticos responsáveis pelo detalhamento das propostas que comporão o documento final.
Apesar de estar sendo anunciado como a “Cúpula dos Povos”, o Mecanismo da Sociedade Civil do Comitê de Segurança Alimentar da ONU faz duras críticas ao processo por estarem “escolhendo a dedo” as representações deste setor. Os movimentos sociais e organizações que defendem transformações profundas nos sistemas alimentares decidiram não participar do processo oficial e denunciam sua captura corporativa. Esta captura se expressa na própria linguagem, quando as grandes bandeiras da sociedade civil são utilizadas, mas esvaziadas de sentido; no uso de evidências que foram geradas por pesquisadores financiados por aqueles que se beneficiam dos resultados obtidos e nos processos decisórios, onde o setor privado e suas fundações têm igual ou maior poder que governos.
A análise dos documentos atualmente disponíveis indica que as propostas a serem apresentadas poderão ampliar as iniquidades e dependência dos povos e países por expandirem processos já em andamento nos sistemas alimentares como concentração, desmaterialização, digitalização e financeirização.
Há um conjunto de visões e propostas que, infelizmente, a Cúpula não irá atender. A alimentação como um direito fundamental e não como uma mercadoria é uma dessas visões. O direito dos povos de definirem suas práticas de produção e consumo e terem as condições adequadas para exercê-las é outra visão não atendida, assim também como a proposta de mudança do paradigma que rege os sistemas alimentares na direção de uma abordagem holística, multissistêmica e agroecológica. A base desta transformação é uma governança que tenha sua centralidade nos direitos humanos, na igualdade de gênero, na autonomia das comunidades, na responsabilização e responsabilidade intergeracional e na democratização da tomada de decisões enraizada no interesse e bem-estar públicos. Com cartas já marcadas, a Cúpula perde a chance de discutir esses processos — e de propor uma mudança no nosso sistema.
Sobre a autora | Elisabetta Recine é docente da Universidade de Brasília e integra o Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional (OPSAN/UnB). Integrante de diversos coletivos como Núcleo Nacional da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, Grupo Coordenador do GT de Alimentação e Nutrição da Abrasco e Comissão Organizadora da Conferência Popular pela Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.