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Pinacoteca de São Paulo inaugura instalação inédita de André Komatsu

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: divulgação.

A Pinacoteca de São Paulo apresenta a instalação inédita do artista André Komatsu no espaço central do museu – o Octógono. A obra faz parte do tradicional Projeto Octógono Arte Contemporânea, que comissiona obras site especific para o local desde 2003.

A instalação Noite Longa poderá ser vista a partir de 28 de agosto. As relações de poder e os conflitos sociais permeiam os trabalhos de Komatsu. Nesta obra que estará na Pina, o artista dialoga com as ideias de controle, possibilidade e restrição. A curadoria é de Ana Maria Maia.

O piso do Octógono será revestido por placas de ferro onde serão fixadas 51 lanças de aço de 4 metros de altura. Cada uma das lanças estará posicionada a uma distância de 150 cm, criando uma organização com contornos de ordem e hostilidade, além de caracterizar um espaço controlado em que é impossível se movimentar livremente.

Nas extremidades das lanças, objetos como livros, sacos de terra, moedas empilhadas, papel moeda, folhas de ouro e garrafas de água estarão espetados. O público, que poderá circular entre essas estruturas de maneira ordenada, conseguirá vislumbrar os elementos em seu topo, longe do alcance das mãos. Os itens simbolizam bens que, embora devessem ser garantidos enquanto direitos básicos, permanecem inacessíveis para grande parte da população, sobretudo em contextos de crise e agravamento das desigualdades sociais.

Sobre o Projeto Octógono Arte Contemporânea | Criado em 2003, o projeto Octógono Arte Contemporânea ocupa um espaço importante na Pinacoteca, apresentando produções de arte contemporânea comissionadas pelo museu. Ao longo desses 18 anos, o projeto apresentou cerca de 40 site specifics de artistas brasileiros e estrangeiros; entre eles, já passaram pelo projeto nomes como Ana Maria Tavares, Artur Lescher, Carla Zaccagnini, Carlito Carvalhosa, Joana Vasconcelos, João Loureiro, José Spaniol, Laura Vinci, Laura Lima, Regina Silveira, Rubens Mano e Jorge Pardo, entre outros. Desde o seu surgimento, debates sistemáticos sobre a produção e ideias que conformam a contemporaneidade nas artes visuais foram realizados.

Sobre André Komatsu | André Komatsu (1978) nasceu em São Paulo e atualmente vive e trabalha na cidade. Integra a geração que cresceu com a retomada da democracia no Brasil e viu o neoliberalismo ser implementado pelas políticas econômicas nos anos 1990. E é neste contexto que nasce sua obra. O artista questiona as diferentes formas de atuação do homem no mundo, a maneira como lida com o espaço urbano e com os poderes estabelecidos. Saiba mais aqui.

Foto: Levi Fanan.

Sobre a Pinacoteca de São Paulo

A Pinacoteca de São Paulo é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até a contemporaneidade e em diálogo com as culturas do mundo. Museu de arte mais antigo da cidade, fundado em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, vem realizando mostras de sua renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais. A Pinacoteca também elabora e apresenta projetos públicos multidisciplinares, além de abrigar um programa educativo abrangente e inclusivo.

Serviço:

Instalação Noite Longa

André Komatsu

A partir de 28/8/21 até 8/11/21

Octógono da Pinacoteca de São Paulo

Ingressos com reserva de horário em https://www.pinacoteca.org.br

Edifício Pina Luz

Praça da Luz 2, São Paulo, SP.

(Fonte: Assessoria de Comunicação/Pinacoteca)

Intervenções surpresa com grupo circense de pernaltas agitam o Bairro do Bixiga

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Rubia Neiva.

Se você mora na região do Bixiga, em São Paulo, preste atenção ao seu redor nos próximos dias e você poderá se surpreender com ações artísticas da Trupe Baião de 2 em espaços emblemáticos do bairro. Respeitando o distanciamento social e todos os protocolos de segurança, de 22 a 29 de agosto de 2021, o grupo circense de pernaltas (pessoas que andam na perna de pau) formado no Bairro do Bixiga realizará intervenções urbanas surpresa, com execução de cenas, acrobacias, danças e interações com o espaço e com o público, que poderá apreciar à distância. Com essa iniciativa, o grupo lança um desafio divertido, convidando a população a gravar vídeos das intervenções urbanas e postar nas redes sociais usando a hashtag #caminhodasaracura ou as redes sociais do grupo @trupebaiaode2.

“Essa brincadeira virtual busca direcionar o olhar das pessoas do bairro para os significados, a história e as características deste território de forma poética, alegre, plural e em cima do nosso palco andante: as pernas de pau. Uma forma de expandirmos para a população a oportunidade de compartilhar seus olhares sobre o Bixiga e despertar a curiosidade para a história do bairro”, comenta a trupe.  O projeto visa fazer com que as pessoas encontrem um momento distinto em seu trajeto cotidiano, reduzindo a velocidade de modo a enxergar a cidade e o seu próprio bairro por novas perspectivas.

Foto: Rubia Neiva.

A Trupe Baião de 2 convida a população para conhecer ou relembrar a história do bairro e do Vale do Saracura, um dos rios mais importantes da cidade, que acabou sendo escondido, abaixo da Avenida Nove de Julho, quando a cidade se transformou com o processo de urbanização. “Usaremos a poesia para trazer atravessamentos de ordem ambiental e social, onde tornar invisível um rio torna também invisível a contação da história de um povo”, explica a Trupe.

Apesar de reconhecido pela predominância de imigrantes italianos, o Bairro do Bixiga possui uma identidade própria muito relevante e pouco conhecida pelas pessoas que ali vivem. Além de ter sido uma grande trilha indígena, ali foi construído o primeiro quilombo urbano da cidade, no entorno do Vale do Saracura, rio que foi tamponado (obstruído com tampão) se tornando invisível para a cidade. “Assim como o apagamento da memória dos povos originários, a violenta arquitetura aqui consolidada levou também ao apagamento dos rios. Queremos chamar atenção para que essa história possa ser transposta para locais diferentes que sejam semelhantes. Histórias de diversos povos”, explica o grupo.

Explorando este território, o cortejo será iniciado em frente à sede da Escola de Samba Vai-Vai, seguirá pelas ruas Dr. Lourenço Granato, Alameda Marques de Leão, Conselheiro Carrão, Santo Antônio e finalizado na escadaria da Rua Almirante Marques de Leão, transitando simbolicamente como um rio. As cenas buscarão construir uma narrativa de alguma lembrança destes territórios, como se cada pernalta fosse o próprio rio Saracura materializado na superfície, entrando em contato com esse chão e tudo o que ele viu se passar ali. Os artistas em pernas de pau farão uso de elementos acrobáticos, teatro físico, música e comicidade para propor ao público um novo olhar à paisagem, convidando-o a ver o passado, refletir sobre o presente e prospectar um futuro possível.

Foto: Mafalda Pequenino.

Durante as intervenções, a Trupe Baião de 2 realizará as gravações de seu novo projeto Caminho da Saracura, que dará origem a um espetáculo de mesmo nome que será transmitido virtualmente, trazendo a reflexão sobre o patrimônio cultural e natural do bairro, mas também tratando da questão do descuido com os rios – uma realidade global nos países banhados pelo Oceano Atlântico.

O projeto faz referência também ao pássaro Saracura, ave de pernas longas e finas, tão abundante naquela região por volta de 1920 que tornou-se o nome do rio. “O espetáculo traz a temática das águas, enxergando cada um de nós como uma nascente, já que podemos nutrir, habitar e preencher as lacunas existentes no mundo. Podemos ser mansos e violentos como a água que bate e fura, mas também acolhe. Água que une todos os continentes”, diz o grupo.

Caminho da Saracura é um projeto que vem sendo realizado desde janeiro com oficinas, preparação vocal, treinamentos corporais, com a proposta de uma intensa pesquisa sobre as origens do bairro.

A Trupe Baião de 2 nasce no bairro do Bixiga buscando dar visibilidade às culturas que não são chanceladas pelo poder público, levando aos espetáculos referências da memória e cultura popular. Nesse bairro, o grupo realiza constantemente oficinas de perna de pau em espaços públicos.

As ações fazem parte do projeto Caminho da Saracura, contemplado no edital ProAC  Expresso Lei Aldir Blanc nº 49/2020, Premiação Circo No Estado de São Paulo.

Mais informações em: www.facebook.com/TrupeBaiaoDe2www.instagram.com/caminhodasaracura / www.instagram.com/trupebaiaode2.

FICHA TÉCNICA

Intérprete Criadores: Aipim, Alex Bingó, Guilherme Awazu, Karen Nashiro, Lemon Yce e Rachel Monteiro | Direção Geral: Mafalda Pequenino | Preparação Acrobática: Rubia Neiva | Figurinos: Juliana Bertoline | Direção Musical e Trilha Sonora: Ivan Alves | Assessoria de Imprensa: Luciana Gandelini | Assistente de Produção: Jeronimo Ali | Produção Executiva: Gisele Tressi | Realização: Trupe Baião de 2.

Serviço:

Intervenções urbanas Caminho da Saracura com Trupe Baião de 2

Quando:

28 de agosto de 2021 (sábado) – manhã e tarde

29 de agosto de 2021 (domingo)  – manhã e tarde

Grátis – Classificação Livre.

(Fonte: Assessoria de Imprensa/Luciana Gandelini)

Profissionais da saúde veem alimentação em contextos de pobreza como “problema sem solução” na periferia de SP

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Giorgia Prates/Fotos públicas.

Profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) veem a alimentação adequada e saudável para todos como um problema sem solução, especialmente quando o cenário é a periferia e seus moradores. Esta é a conclusão de um estudo da Universidade de São Paulo (USP) publicado na revista “Cadernos de Saúde Pública” na quarta (25). As pesquisadoras Lúcia Guerra, Fernanda Botelho e Ana Cervato-Mancuso realizaram entrevistas com profissionais de saúde que conduzem, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), grupos educativos sobre alimentação e nutrição na APS na cidade de São Paulo, com foco em bairros da periferia. A maior parte dos agentes tinha formação em áreas como enfermagem, medicina e fonoaudiologia. A APS é uma das áreas-chave para a atuação profissional que vise à efetivação do Direito Humano à Alimentação Adequada.

Com o objetivo de entender de que forma os profissionais de saúde atuavam para promover o direito humano à alimentação adequada, o estudo identificou três perfis de atuação. O primeiro tem foco apenas na dimensão biomédica da alimentação, com recomendações como a redução do consumo de alimentos que, muitas vezes, são os únicos acessíveis à população atendida.

O segundo perfil reconhece as complexidades do acesso e disponibilidade de alimentos nestas regiões, mas se mostra resignado com as violações ao DHAA (com pensamentos como “melhor comer por um ou dois dias do que não comer nada”, sem preocupações, por exemplo, com a regularidade da alimentação da população).

Por fim, o terceiro tipo de atuação dos profissionais da saúde é mais coerente com a promoção do direito humano à alimentação adequada. São agentes que se envolvem em ações de responsabilidade coletiva, integrando profissionais de diversas formações, e levam em consideração os modos de vida das regiões periféricas para orientar a população. Ainda assim, não se veem como agentes de transformação: buscam problematizar o Estado e os usuários para garantir alimentação adequada e saudável a todos.

Para Guerra, compreender o que é alimentação e nutrição adequadas é um dos principais pontos para que os profissionais de saúde consigam ajudar a promover o direito humano à alimentação. “É a partir desta tomada de consciência política que poderemos melhor elaborar e realizar as ações de alimentação e nutrição na atenção primária à saúde por meio da nossa prática profissional cotidiana”, completa.

A pesquisa evidencia a necessidade de ampliar as noções que os agentes de saúde têm sobre os problemas relacionados à alimentação, podendo ter impactos até mesmo em políticas públicas. “Abordagens que proponham um olhar mais abrangente para os sistemas alimentares, nesta pesquisa e em estudos futuros, devem construir caminhos transformadores para a sociedade”, finaliza a cientista.

(Fonte: Agência Bori)

Fotografia: exposição retrata bicicletas no cotidiano em diversos países

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

A partir de 3 de setembro, a galeria da Unibes Cultural irá receber a exposição Bicicleta, Identidade Cultural, uma série de fotografias que irá explorar toda a relação das bicicletas como meio de transporte e todo o universo que envolve essa cultura no mundo. As fotos que serão expostas são da jornalista Denise Silveira e retratam cenas do cotidiano, onde a bicicleta está inserida como meio de transporte e no dia a dia da sociedade, foram registradas em mais de sete países. Além disso, a exposição também pretende disseminar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU na realidade brasileira. A curadoria é de Marcos Alves.

Os cenários dos cliques são os mais variados possíveis: passam por Dublin, pela Alemanha, pela Bélgica, na Fietsen Door Het Water, a ciclovia dentro d’água de Bokrijk, eleita recentemente pela revista Time como um dos 100 lugares que você não pode deixar de conhecer, entre outros grandes centros. “Não comecei esse trabalho pensando numa exposição. Ele foi surgindo a partir de cenas que fotografei na Alemanha em 2016 e não necessariamente eu estava clicando bicicletas, mas elas apareciam no quadro. A ideia do trabalho é aproximar as pessoas de uma realidade onde a bicicleta está fortemente inserida no cotidiano”, diz Denise.

Para Bruno Assami, diretor executivo da Unibes Cultural, “a exposição é uma oportunidade de o público ter acesso a um novo tema muito presente no dia a dia das grandes cidades, é imaginar a bicicleta como um modal de transporte sustentável”.

A utilização da bicicleta como mobilidade ativa traz diversos benefícios para a saúde por conta do gasto de energia e exercício feito para os deslocamentos. Além disso, existe também a questão do meio ambiente: bicicletas não exalam gases poluentes em sua utilização. Além de ser extremamente atual, a temática surge em um momento de crescimento da utilização da bicicleta como meio de se locomover. Segundo a Companhia de Engenharia e Tráfego (CET), na capital paulista subiu cerca de 22,8 vezes a circulação de bikes pelas principais vias no primeiro trimestre de 2021. A exposição também pode ser agente incentivador para que mais pessoas adotem esse hábito e tenham significativas melhoras em sua saúde.

Por conta dos protocolos da OMS para a prevenção da Covid-19, a visitação será feita somente com horário agendado e a quantidade de pessoas será reduzida. É obrigatório o uso de máscaras no local, assim como a utilização de álcool em gel. O agendamento deve ser feito no site da Unibes Cultural.

Sobre Unibes Cultural | Em funcionamento desde 2015 na Rua Oscar Freire, em São Paulo, a Unibes Cultural tem o papel de hub da cultura, do empreendedorismo criativo e das causas sociais ao convergir, conectar e distribuir cultura e diferentes conhecimentos. Com uma programação variada que inclui shows, exposições, palestras, atividades para o público infantil e peças de teatro, o centro cultural da Unibes assume a vocação não só de formadora de público, mas também de agente transformador do cenário cultural. A curadoria do espaço propõe encontros, debates e reflexões para todos que querem ajudar a preparar a cidade para o futuro.

Serviço:

Exposição Bicicleta, Identidade Cultural

De: Denise Silveira

Curadoria: Marcos Alves

Data: 3/9 até 30/9

Local: Unibes Cultural

Rua Oscar Freire, 2.500 – São Paulo/SP – ao lado da estação Sumaré do Metrô (Linha 2 – Verde)

De terça a sexta, das 14h às 22h

Sábados, domingos e feriados, das 12h às 20h

Telefone: (11) 3065-4333.

Coletivo Brazilinas busca ajudar mulheres vítimas de violência a resgatarem a sua autoestima

Brasil, por Kleber Patricio

Imagem de Here and now, unfortunately, ends my journey on Pixabay.

O isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19 acabou expondo outro grande problema social: a violência doméstica, especialmente contra as mulheres. Segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgada recentemente, o aumento de casos de agressões contra mulheres foi de 20,3%.

De acordo com o artigo 2º da Lei n° 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.

Daniele Costa, especialista em gestão de pessoas, mentora de desenvolvimento humano e bem-estar, destaca que agosto é marcado pela Campanha de Conscientização pelo Fim da Violência contra a Mulher. A data também simboliza o aniversário da Lei Maria da Penha, sendo mais um forte apelo para divulgar a legislação, bem como trazer mais consciência a respeito do fim da violência contra a mulher.

A Lei Maria da Penha traz em seu escopo cinco tipos de agressões que configuram abusos e violências contra a mulher. “Ocorrências física, psicológica, moral, sexual e patrimonial devem ser sempre levadas ao conhecimento de autoridades. A campanha é um chamado para o que já estamos fazendo de forma recorrente neste período pandêmico, que é falar sobre a violência contra a mulher”, destaca Daniele.

Durante a pandemia esses casos aumentaram ainda mais, tendo em vista a necessidade de isolamento, bem como o impacto na economia, considerando que a violência patrimonial, ligada às questões financeiras, é mote para que as mulheres se mantenham no ciclo do abuso.

Motivadas pela necessidade de gerar ainda mais consciência por empatia, respeito e sororidade, no início da pandemia, em 2020, mulheres de diferentes regiões do país se juntaram para contribuir de alguma forma com outras, vítimas de violência doméstica.  Surgiu, assim, o Coletivo Brazilinas, formado por mulheres da sociedade civil que já atuavam de alguma forma com voluntariado, questões sociais e políticas públicas.

O movimento foi iniciado com Daniele Costa, de São Paulo, que teve a ideia de reunir mulheres que desejavam contribuir de alguma forma com as questões de equidade de gênero. “Fiz um chamado para algumas amigas que gostaram da proposta e convidaram outras mulheres que decidiram somar forças e entrar para o grupo. Num primeiro momento, selecionamos entidades que atuavam no combate à violência contra a mulher e que precisavam de ajuda”, conta a mentora, que é coordenadora do Coletivo Brazilinas.

Em março de 2021, o projeto completou um ano, sendo que neste período foram realizadas diversas ações junto às entidades selecionadas. O Coletivo colocou no ar duas campanhas de arrecadação por meio da Plataforma Solidário Brasil e conseguiu arrecadar mais 10 mil reais para as duas entidades que trabalham com vítimas de violência doméstica: a Casa Noeli e o Programa Apolônias do Bem.

A Casa Noeli abriga mulheres vítimas de violência doméstica em Ariquemes, Rondônia, e o programa Apolônias do Bem reúne dentistas voluntários de todo o Brasil que atendem mulheres que sofreram agressões físicas e tiveram rosto, boca e dentes atingidos. “Começamos com ação de arrecadação de dinheiro para cestas básicas e produtos de limpeza e, no decorrer dos meses, percebemos que este espaço poderia ser a primeira entidade a contar com os nossos cursos de capacitação, que era uma das propostas iniciais do Coletivo Brazilinas”, explica Daniele.

Na Casa Noeli também houve um aumento de vítimas de violência doméstica acolhidas em 2020. A maioria das mulheres abrigadas no local é formada por jovens de 19 a 25 anos, com ensino médio incompleto e dois filhos. Muitas já trabalhavam, mas ainda dependiam do companheiro para sobreviver. “A partir do segundo semestre, partimos para uma ação de capacitação dessas mulheres. Quem sofre violência fica sem autoestima”, diz Daniele.

As Brazilinas desenvolveram então um ciclo de palestras para empoderar essas mulheres. “Selecionamos temas como autoconhecimento, inteligência emocional, mentalidade empreendedora, utilização de redes sociais e ferramentas de marketing, eliminação de crenças de escassez e criação de consciência financeira, autoestima e imagem pessoal”, conta a coordenadora do Coletivo.

Segundo Daniele, levar essas ações de capacitação é uma forma de jogar luz e mostrar que há saída, mesmo que se comece com passos de formiguinha. “Ajudamos no resgate do amor-próprio, o primeiro passo fundamental para uma retomada. Além disso, reforçamos sempre que elas não estão sozinhas, que existe uma rede de apoio e acolhimento”, descreve.

O Coletivo Brazilinas já está em seu terceiro ciclo de facilitação e desenvolvimento dessas mulheres, sendo que neste último foram abordados temas como análise de perfil comportamental e constelação familiar.

Para Carla Correia, uma das voluntárias que atuam no Coletivo, participar deste ciclo de facilitações e poder dividir o que aprendeu sobre ser mulher, se dar voz e se honrar é a forma mais delicada de caminhar por essa trilha, de se desenvolver e se conhecer.

Ao todo, foram capacitadas 74 mulheres e o Coletivo já está pensando em novas ações voltadas ao empreendedorismo. Por enquanto, o projeto piloto do curso de capacitação do Coletivo Brazilinas está sendo realizado apenas para as mulheres atendidas pela Casa Noeli. A ideia é também ampliar o curso para mulheres atendidas por outras entidades no Brasil.

Segundo a coordenadora do Coletivo Brazilinas, em que pese ser uma ação social, a orientação é de sempre buscar, paralelamente, o auxílio de instituições púbicas como o Ministério Público, bem como outros meios como o aplicativo de Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDHA), além do telefone 190.

Nas últimas semanas, foi sancionada pelo Governo Federal a lei que tipifica no Código Penal o crime de violência psicológica contra a mulher. E ainda virou Lei a campanha do sinal vermelho, que sugere às vítimas mostrar aos atendentes de farmácia um sinal de X vermelho na palma da mão para sinalizar que está sofrendo violências e abusos.

Para finalizar, Daniele Costa reforça que é preciso repensar os pontos de vista e cultura da sociedade a respeito de empoderamento. Ela diz que se for mantida a crença de que ser forte e empoderado é abusar e desrespeitar, a cultura do abuso continuará a perdurar. “A cultura que endeusa abusador tende a criar novos e eternizar os abusadores. E toda ação que puder ser adotada no sentido de se evitar e eliminar esse tipo de pensamento, crença e comportamento na sociedade, é válido e importante para o desenvolvimento de uma consciência social”, conclui.

Foto: divulgação.

Sobre Daniele Costa | A especialista em gestão de pessoas é mentora, palestrante e facilitadora em desenvolvimento integral humano.  Também é idealizadora da Plataforma da Vida, um portal de conteúdo e serviços voltados para autoconhecimento e gestão emocional. Formada em letras, passou pelo serviço público de Brasília e atuou 13 anos como bancária; nove deles, como gestora.

Durante os anos de banco, coordenou trabalhos que exigiam empatia e a presença do outro, o que a fez expandir características como a facilidade com a escrita e o interesse em relacionamento humano. Ainda em seus anos corporativos, se aprofundou na área de gestão de pessoas com cursos dentro e fora do País, conhecendo a ferramenta Access Consciousness, entre outras.

Além do portal, Daniele também criou o coletivo Brazilinas, que em um ano de existência desenvolveu, entre outras ações, a capacitação profissional de diversas mulheres em situação de vulnerabilidade social, trabalhando também a autoestima e incentivando a independência dessas mulheres.

Para saber mais, acesse https://plataformadavida.com/ e Instagram: @plataformada.vida e @dani.costa.oficial.