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Casas ribeirinhas ganham cores, água potável e energia solar com projeto de StreetArt na Amazônia

Belém, por Kleber Patricio

Fotos: Adalberto Rosseti.

Dez artistas da StreetArt começam a chegar à Ilha do Combu, em Belém/PA, no fim deste mês de fevereiro. Eles vão pintar fachadas de quinze casas ribeirinhas, ampliando ainda mais a Galeria Fluvial que começou a ser construída em 2015. O projeto começa com a vivência entre artistas e comunitários para definir a pintura e culmina com cinco oficinas para atender cerca de 200 crianças, jovens, alunos ribeirinhos e professores da rede pública de ensino. Além do trabalho artístico, as casas que terão suas fachadas coloridas, recebem sistema de água potável e uma escola da comunidade será equipada com energia fotovoltaica. O resultado das novas pinturas será exibido em visitas guiadas, gratuitas, nos dias 5 e 6 de março. O serviço completo será divulgado em breve.

As primeiras quatro edições do Street River Amazônia foram feitas de forma independente e colaborativa pelo idealizador do projeto, o artista Sebá Tapajós, que, em 2015, pintou as primeiras cinco casas na ilha. Ao transformar palafitas em obras de arte a céu aberto, o projeto chama a atenção para a vida do povo ribeirinho e traz visibilidade para a urgência de preservação da Amazônia, dos seus rios e da sua cultura.

A quinta edição do projeto, em 2022, é uma realização da Sonique Produções, de Gibson Massoud. “Quando fui convidado pelo Sebá, entrei de cabeça. Estou empenhado em fazer um projeto cada vez mais estruturado e, aos poucos, navegar por outros lugares. O chamado dos rios e do povo da Amazônia é urgente e a arte é uma aliada para trazer o tema à tona de forma colorida e propositiva”, disse Gibson, que também assina a coordenação de comunicação do projeto.

Os dez artistas convidados para a edição de 2022 possuem, além de uma forte relação com o grafite, conexão com a natureza. “A curadoria levou em conta a diversidade de gênero, territorial e racial, buscando também artistas que tivessem em comum a pintura como ferramenta de transformação social e econômica”, diz o curador Willian Baglione. São eles: Amorinha, Anderson Ghasp, Auá, Kadois, Luiz Júnior, Mama Quila, Moka, Pati Rigon, Robson Sark e Thiago Nevs (conheça um pouco de cada um ao final do texto).

Aprovada pela Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério do Turismo, essa edição é apresentada pela BB Seguros e tem o patrocínio do Boulevard Shopping de Belém, além do apoio da Secretaria de Estado de Turismo (SETUR).

Legados: arte, saneamento e energia limpa

A Ilha do Combu, localizada a 20 minutos de barco do centro de Belém, é um ponto turístico da cidade e recebe visitantes do mundo inteiro que buscam contato com as belezas naturais da Amazônia e com a gastronomia regional. Os moradores têm como principal fonte de renda o extrativismo vegetal (açaí e cacau) e a pesca.

“O Street River Amazônia prevê como contrapartida à cessão da fachada das suas casas, benfeitorias a estas famílias e seus vizinhos com a pintura base das casas com tinta anti-mofo e sistemas de tratamento da água das chuvas (muito frequente na região) para água potável”, contou o idealizador do Projeto, Sebá Tapajós.

Entre 2015 e 2019, foram pintadas 37 casas e instalados 18 filtros de água, 12 cisternas de 240 litros e sistema fotovoltaico em duas escolas. Nesta edição, serão 15 casas pintadas, 12 filtros de água e sistema fotovoltaico em uma escola.

A iniciação em artes plásticas, pintura e grafite também estimula os moradores da comunidade a darem manutenção e continuidade à iniciativa, além de criarem suas próprias leituras, como é o caso do Xidó: “Eu não dava valor à minha arte. Pintava pra beber, usar droga. Talvez se eu estivesse no mundo sem conhecer o Sebá, eu já estaria morto”. O artesão constrói maquetes de palafitas grafitadas inspiradas da galeria Street River e seu trabalho já foi exposto em São Paulo por meio do projeto.

Visitação às casas grafitadas na Ilha do Combu

Para a entrega das obras e benfeitorias, o projeto terá um fim de semana de visitação guiada e gratuita, nos dias 5 e 6 de março.

Duas embarcações farão o circuito durante o dia inteiro, levando um público maior a conhecer as obras e visitar a galeria fluvial, exposição fotográfica e uma confraternização da comunidade com os artistas, técnicos e aberta para a população. Os horários e outros detalhes sobre a visitação serão divulgados em breve. A galeria a céu aberto, no entanto, pode ser visitada o ano inteiro por meio de passeios organizados pela própria comunidade.

Conheça os artistas de 2022

Amorinha (Rio de Janeiro-RJ) | Carioca, se define como sampleadora visual. Apropria-se de todo tipo de material que consome e vivencia, com o objetivo de estudá-lo para a criação de algo “novo”, mas que ainda assim reverencie o originário, como forma de memória. Tem o cotidiano suburbano, cultura hip hop, negritude e música, como suas fontes de interesse. Trabalha com ilustração, colagem e animação e gosta de misturar e experimentar diferentes técnicas, sendo a maior parte de sua produção digital, com exceção do graffiti, onde reconhece na rua um meio democrático de comunicação, fazendo uso do espaço público como plataforma para sua mensagem.

Auá (Manaus-AM) | Indígena do Povo Mura, artista, manauara do Amazonas, formada em Tecnologia em Design Gráfico, é Mestranda Profissional em Design pela UFAM. Designer gráfica, ilustradora, grafiteira, performer, maquiadora artística e fotógrafa experimental, travesti, não binário, trabalha com freelancer e já desenvolveu projetos para Nu Bank, Feira Preta, Tomie Ohtake, PerifaCON, Vivo, MAM, Instituto Goeth Indonésia e entre outros. Utiliza suas obras como ferramenta de fala e política, do corpo marginalizado preto, indígena e transvestigênere.

Ghasper (Belém-PA) | É grafiteiro, tatuador, fundador e integrante da crew RPC (Resistência Periférica Crew), em Belém-PA. Começou a grafitar em 2007, se aperfeiçoou através de cursos de iniciação ao desenho, desenho de figura humana, pintura em aquarela, pintura em mural e serigrafia. Participou do primeiro encontro nacional de graffiti do estado em 2014 o reduto Wall e dos projetos no estado como Street River a primeira galeria fluvial do mundo.

Kadois (Santarém-PA) | Santareno, começou a desenhar na infância, tendo como foco a natureza, fauna, flora e os povos da região. Os traços, cores, significado e formas do graffiti foram se aperfeiçoando ao longo do tempo. Suas obras tem grande inspiração nas belezas amazônicas.

Luiz Júnior (Belém-PA) | Abridor de letras decorativas da Amazônia, vive do ofício há 26 anos. É um apaixonado por pinturas nos portos de Belém e municípios próximos.

Mama Quilla (Belém-PA) | Artista paraense especializada em pinturas murais e telas. Com amor, pincéis e tintas, faz uma releitura do cotidiano, levando assim para residências e ambientes de trabalho a tranquilidade, questionamentos e inspirações que somente a arte pode nos proporcionar. O autismo do seu filho proporcionou um novo olhar sobre a vida, o que também influenciou em seus trabalhos e, assim sendo, a maternidade um dos temas que mais aborda nas suas obras.

Moka (Rio Branco-AC) | Acreana, é designer, mas decidiu sair das paredes do escritório da agência onde trabalhava para dar vida aos muros da cidade. A artista de 29 anos não se limita ao convencional na hora de rabiscar os traços no papel e usa o branco das paredes para encher de colorido e dar a sua cara ao projeto. Em trabalhos mais recentes, Moka, como é chamada pelos amigos, fez parceria com a também artista Gabriela Campelo. A dupla assinou a revitalização do Mirante localizado no novo Complexo Turístico do Canal do Jandiá, de frente para o rio Amazonas.

Pati Rigon (Porto Alegre-RS) | Multiartista, trabalha com pintura, ilustrações, grafites, performances e tatuagens. Também é modelo e militante trans-intersexo brasileira, teve sua formação em Design pela UFRGS e pela Politécnica de Turim, Polito – Itália. Iniciou sua carreira nas artes plásticas em 2015, tendo sua primeira exposição de pinturas a óleo hiperrealistas intitulada “Pele Agridoce”. Fez parte de diversas exposições, ações e salões de arte, nacionais e internacionais, solos e coletivas.

Robson Sark (Rio de Janeiro-RJ) | Carioca, 39, teve seu primeiro contato com o graffiti ainda como hobby em 2000. Após anos atuando de forma amadora, fundou em 2015 a marca Tsss!, onomatopeia do spray, escritório de projetos artísticos e de designer de interiores. Já teve trabalhos em capa de CD do artista Lulu Santos, exposição na Caixa Econômica Cultural Brasília, Galerio e Cidade das Artes, entre outros. Participou de painéis de grandes proporções no Rio de Janeiro, Santarém e Nova Friburgo.

Thiago Nevs (São Paulo-SP) | Iniciou a pichação no final dos anos 90. Passou por uma linha tradicional do graffiti. Hoje suas pinturas fazem referência a uma estética regional de decoração, os conhecidos filetes de caminhão. Filho de caminhoneiro, Nevs remonta fragmentos de suas memórias e estudos, com pinceladas coloridas e traços simétricos que às vezes acompanham uma caligrafia vernacular. A harmonia de suas pinturas reforçam os valores da cultura popular e a importância de sua preservação.

O curador | O “Street River Amazônia” tem como curador William Baglione, fundador do coletivo de artistas Famiglia (2005-2012). Baglione administrou a carreira de oito proeminentes artistas em exposições, obras para colecionadores e trabalhos publicitários dentro e fora do país. Foi responsável por exposições feitas em museus, centros culturais e galerias de Los Angeles, Miami, Nova York, São Francisco, Las Vegas, Tóquio, Roma, Modena, Brighton, Noruega, Madrid, Barcelona e Moscou.

O idealizador | O Street River foi criado em 2015 por Sebá Tapajós, quando pintou cinco casas de ribeirinhos moradores da Ilha do Combu. Filho de Sebastião Tapajós, o artista é o idealizador da Galeria Fluvial. Por meio do projeto, Sebá carrega o legado de dar voz aos povos ribeirinhos e utiliza a arte como meio de transformação da realidade de comunidades tradicionais. O coordenador artístico do projeto é daltônico. A alteração visual o impede de enxergar as cores como elas realmente são. Apesar da restrição, é um apaixonado pelo grafismo e brinca com as cores em sua aplicação: “Posso pintar o céu de amarelo ou o dente de azul, por exemplo”, conta Sebá.

(Fonte: f e r v o – comunicação, conteúdo & relacionamento)

Filme brasileiro “Vale Night” estreia dia 17 de março

São Paulo, por Kleber Patricio

No dia 17 de março estreia nos cinemas o filme nacional “Vale Night”, que acompanha a história de Daiana (Gabriela Dias) e Vini (Pedro Ottoni), um casal da periferia paulista que, assim como qualquer outro casal com filho pequeno, sonha com um “vale night” para variar um pouco a rotina.

Com Linn da Quebrada, em um elenco que conta ainda com Yuri Marçal, Pedro Ottoni e Gabriela Dias, “Vale Night” ainda tem as participações de Jonathan Haagensen, Maíra Azevedo, Neusa Borges, Sol Menezes, Lenita Oliver, Geraldo Mario, Natallia Rodrigues, Iara Jamra, Thiago Pinheiro e Digão Ribeiro. Dirigido por Luis Pinheiro, o filme é uma produção da Querosene Filmes e distribuição da Buena Vista International.

Sinopse: Cansada de lidar com as responsabilidades do primeiro filho, Daiana resolve pegar um “Vale Night” para passar a noite com as amigas, mas, para isso, precisa deixar o filho com o pai da criança. Vini, também entediado, decide levar o bebê para o baile funk, aonde tudo vai bem até que ele perde o menino e parte em busca da criança por toda a comunidade, se colocando em situações inusitadas e divertidas para que Daiana não perceba nada.

“Vale Night” estreia dia 17 de março nos cinemas de todo o Brasil. Assista o trailer: https://youtu.be/wPopNGG5rK0.

(Fonte: bcbiz Comunicação)

O feminino, as curvas e a simplicidade das joias de Nathalie Edenburg

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: João Arraes.

Nathalie Edenburg é uma designer de joias, artista plástica e modelo brasileira que tem se destacado no mercado da moda. Ela inclusive já teve o seu nome estampado na lista “Under 30” da revista Forbes. Nascida em Juiz de Fora, Minas Gerais, a bela seguiu os passos da sua mãe, a ex-modelo e designer Patrícia Teixeira. O feminino está na essência do seu trabalho e chama atenção na delicadeza de suas obras. As curvas estão sempre presentes e a simplicidade é o que Nathalie prioriza nas criações.

Com um estilo modernista, clássico e ousado, ela lançou a marca homônima há apenas três anos e encontrou na joalheria a resposta que buscava. Por meio das joias, Nath Edenburg expressa a sua arte e emoção. Pela delicadeza e detalhes das peças, Nathalie desenvolve verdadeiras esculturas – vale lembrar que o seu processo de confecção é totalmente artesanal.

Nathalie Edenburg e Carla Sale. Foto: João Arraes.

A designer precisa sentir inicialmente o material e, a partir daí, executa as ideias que foram inspiradas pelas formas da natureza e por meio dos corpos femininos. E por falar em inspiração, a artista aceita os erros, que surgem inevitavelmente. “Muitas ideias começam de um erro e eu me permito errar”, afirma. Para Nathalie, a joalheria vai além das peças que servem para exaltar poder ou status, pois não acredita que seja isso o que a sua geração procura. “Busco preencher a lacuna entre a arte e o cotidiano. As joias devem ser funcionais o suficiente para serem usadas diariamente e não apenas em ocasiões especiais”, declara a artista.

Como modelo, ela já passou por grandes passarelas ao redor do mundo e emprestou seu rosto para marcas de peso, como Christian Lacroix, Oscar De La Renta e DKNY. A Sua série de retratos “How do I Feel Today”, intervenção em que a artista fez 365 pinturas diferentes em um mesmo retrato, foi exposta na galeria de Luís Maluf e na SPFW. Em 2021, ela divulgou coleção de jaquetas “Mamma’s Jacket”, inspirada nos anos 80 e feitas de calças jeans recicladas e toalhas artísticas, com peças únicas e feitas à mão, uma co-criação com a Pomeriggio.

(Fonte: Camila Novo Assessoria)

Museu Catavento apresenta exposição “O Ateliê de Brecheret”

São Paulo, por Kleber Patricio

“Soror Dolorosa”, de Brecheret, escultura em bronze representando duas figuras humanas, sendo uma mais feminina, com tranças, e outra masculina à sua frente. Foto: divulgação.

O Museu Catavento apresenta a exposição “O Ateliê de Brecheret”. A mostra, que compõe a programação da Agenda Tarsila e faz parte do projeto Modernismo Hoje, em comemoração ao Centenário da Semana de Arte Moderna de 22, está sendo realizada diretamente do local em que trabalhou o escultor Victor Brecheret, no Palácio das Indústrias, e foi aberta ao público no dia 11 de fevereiro.

Em 220m² de área expositiva, 28 metros lineares e 12m² do palco com holografias das esculturas, ferramentas e desenhos do Brecheret, a exposição conta a história do artista e do espaço que abrigou a realização de importantes obras e de um encontro essencial para a história da arte brasileira. A mostra poderá ser conferida de terça a domingo, das 9h às 17h, no piso superior do museu.

Em 1920, um animado grupo de artistas modernistas se dispôs a visitar o Palácio das Indústrias, na época ainda em construção, e esperavam encontrar apenas o edifício que imaginavam desprestigiar, mas encontraram “O Ateliê de Brecheret”. Ao subirem a escadaria monumental do palácio, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Di Cavalcanti ficaram maravilhados com as obras daquele escultor discreto. Com apenas 25 anos de idade, Victor Brecheret, que retornara ao Brasil havia poucos meses, foi uma descoberta para os modernistas que buscavam a ruptura com a arte acadêmica tradicional.

Elevado à condição de um dos ícones do Modernismo ao lado de importantes nomes da intelectualidade da época, Brecheret foi o artista que teve o maior número de obras expostas na Semana de Arte Moderna de 1922. Apesar de não estar presente na Semana, Brecheret deixou 12 esculturas para serem expostas no Teatro Municipal, a maioria delas produzidas em seu ateliê no Palácio das Indústrias, patrimônio cultural da Cidade de São Paulo e que hoje abriga o Museu Catavento. No mesmo ateliê, Brecheret deu início àquela que é considerada sua maior obra: o Monumento às Bandeiras.

Serviço:

Exposição “O Ateliê de Brecheret”

Quando: a partir de 11/2/2022, das 9h às 17h

No piso superior do Museu Catavento

Garanta seu ingresso: acesse aqui.

(Fonte: Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo)

Galeria Nara Roesler apresenta individual de Karin Lambrecht

São Paulo, por Kleber Patricio

A Nara Roesler acaba de anunciar a abertura de “Seasons of the Soul”, individual de Karin Lambrecht, com texto de David Anfam. A mostra, que inaugura o programa anual de exposições da galeria em São Paulo, apresenta uma seleção de cerca de vinte trabalhos da artista, entre pinturas e desenhos desenvolvidos ao longo de 2021 e fica em exibição de 18 de fevereiro a 26 de março de 2022 na sede paulistana da galeria.

A produção recente de Karin Lambrecht é reveladora das transformações ocorridas em sua prática desde sua mudança de Porto Alegre para Broadstairs, na ilha de Thanet, no Reino Unido. As amplas superfícies de cor com as quais a artista reveste suas telas são reminiscências das impressões e sensações causadas pela paisagem local e suas especificidades de luz.

Além da cor, outro elemento recorrente na prática da artista é a palavra. Em português, inglês, e, às vezes, em alemão, as palavras inscritas na tela, em muitos casos, dão título às obras. Esses, por sua vez, tanto podem evocar uma paisagem, como Lua Nova, Cliff [Penhasco], Cloud [Nuvem] e Céu, quanto uma esfera metafísica, como Ether, Cosmos e Pleasure [Prazer]. Nesse sentido, o nome da mostra, “Seasons of the Soul”, ou estações do espírito, é indicativo desse entrelaçamento entre o mundo subjetivo e o natural do qual emergem os trabalhos de Lambrecht.

As tonalidades terrosas e azuladas, típicas de sua pintura, são revisitadas em novos arranjos cromáticos e formais. Com uma luminosidade intensa, suas pinturas apresentam composições entre cores quentes e frias em um encontro harmônico de sutis gradações. Ao invés de contrastes marcados, nos deparamos com uma pintura matizada, menos matérica. Lambrecht ressalta, inclusive, que, agora, as tonalidades vermelhas têm menos relação com a terra, como em trabalhos anteriores, e muito mais a ver com o céu, já que uma das características que mais lhe chamou a atenção em Broadstairs é, justamente, a qualidade avermelhada que ele é capaz de adquirir ao fim do dia.

Já em papéis tão delicados quanto tecidos de seda, a artista desenha com a linha de costura, criando formas, rasuras e palavras, enquanto, com um pincel, realiza delicadas manchas que maculam a brancura do suporte. Para a artista, esses trabalhos, de natureza mais meditativa, são um contraponto às pinturas, que permitem uma gestualidade mais expansiva e uma feitura mais rápida.

“Seasons of the Soul” apresenta uma oportunidade de entrar em contato com a obra de  Karin Lambrecht, por meio da qual a artista reafirma, em sua pintura, a constituição de uma linguagem singular e poética voltada para as sublimes manifestações dos entrelaçamentos entre o espírito e a natureza. O texto de Anfam, por sua vez, escritor e curador especialista em pintura abstrata, em especial o expressionismo abstrato norte-americano, amplia as leituras críticas do trabalho da artista de modo a compreender as especificidades de sua produção.

Karin Lambrecht | Toda a produção de Karin Lambrecht em pintura, desenho, gravura e escultura demonstra uma multifacetada preocupação com as relações entre arte e vida, compreendida em sentido abrangente: trata-se de vida natural, vida cultural e vida interior. Para o pesquisador Miguel Chaia, os processos técnico e intelectual de Lambrecht se inter-relacionam e se mantêm evidentes nas obras para criar uma “visualidade espalhada na superfície e direcionada para a exterioridade”. Seu trabalho é ação que funde corpo e pensamento, vida e finitude.

Karin Lambrecht nasceu em 1957, em Porto Alegre, Brasil. Atualmente ela vive e trabalha em Broadstairs, Reino Unido. Algumas de suas exposições individuais incluem: “Karin Lambrecht – Entre nós uma passagem”, no Instituto Tomie Ohtake (ITO) (2018), em São Paulo, Brasil; “Karin Lambrecht – Assim assim”, no Oi Futuro (2017), no Rio de Janeiro, Brasil; “Nem eu, nem tu: Nós”, no Espaço Cultural Santander (2017), em Porto Alegre, Brasil e “Pintura e desenho”, no Instituto Ling (2015), em Porto Alegre, Brasil. Participou das 18ª, 19ª e 25ª edições da Bienal de São Paulo (1985, 1987 e 2002) e da 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2005), todas no Brasil. Exposições coletivas de que participou nos últimos anos incluem: “Alegria – A natureza-morta” nas coleções MAM Rio, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) (2019), no Rio de Janeiro, Brasil; “Tempos sensíveis” – Acervo MAC/PR, no Museu Oscar Niemeyer (MON) (2018), em Curitiba, Brazil; “Clube da gravura: 30 anos”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) (2016), em São Paulo, Brasil e “O espirito de cada época”, no Instituto Figueiredo Ferraz (IFF) (2015), em Ribeirão Preto, Brasil.  Sua obra está presente em importantes coleções institucionais, como Fundação Patrícia Phelps de Cisneros, Nova York, Estados Unidos; Ludwig Forum fur Internationale Kunst, Aachen, Alemanha; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Rio de Janeiro, Brasil e Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil.

David Anfam | David Anfam é escritor, curador e especialista em arte moderna norte-americana. É curador e consultor sênior do Museu Clyfford Still, em Denver, Estados Unidos, onde é também diretor do Centro de Pesquisa. Suas publicações incluem: “Abstract Expressionism” (1990), o catálogo raisonné “Mark Rothko: Works on Canvas” (1998), que ganhou o prémio Mitchell em 2000, bem como seus estudos sobre Anish Kapoor, Edward Kienholz e Wayne Thiebaud.

Nara Roesler | Nara Roesler é uma das principais galerias brasileiras de arte contemporânea, representando artistas brasileiros e internacionais fundamentais que iniciaram suas carreiras na década de 1950, bem como artistas consolidados e emergentes cujas produções dialogam com as correntes apresentadas por essas figuras históricas. Fundada por Nara Roesler em 1989, a galeria tem consistentemente fomentado a prática curatorial, sem deixar de lado a mais elevada qualidade da produção artística apresentada. Isso tem sido ativamente colocado em prática por meio de um programa de exposições criterioso, criado em estreita colaboração com seus artistas; a implantação e estímulo do Roesler Curatorial Project, plataforma de iniciativas curatoriais, assim como o contínuo apoio aos artistas em mostras para além dos espaços da galeria, trabalhando com instituições e curadores. Em 2012, a galeria ampliou sua sede em São Paulo; em 2014, expandiu para o Rio de Janeiro e, em 2015, inaugurou um espaço em Nova York, dando continuidade à sua missão de oferecer a melhor plataforma para seus artistas apresentarem seus trabalhos.

Karin Lambrecht – “Seasons of the soul”

Nara Roesler São Paulo

Abertura: 17 de fevereiro

Exposição: 18 fev – 26 mar, 2022.

(Fonte: Ju Vilela Press)