‘Eu parei de andar e aprendi a voar’ chega ao público com uma mensagem poderosa sobre autonomia e transformação


São Paulo
Encenada desde 2020, um pouco antes de a pandemia assolar o mundo, o espetáculo “Eu, Romeu” estreia em São Paulo, na Sala Augusto Boal – Teatro de Arena Eugênio Kusnet, apresentando um outro universo para o personagem Romeu, do clássico Romeu e Julieta, de William Shakespeare. De 6 a 29 de janeiro, o ator Marcos Camelo apresentará a história que transita pela vida real de um ator do subúrbio carioca que provavelmente não teria a chance de estar dentro do personagem criado pelo escritor inglês. O solo narrativo mistura música, teatro, circo em comunicação direta com a plateia, com a finalidade de um teatro de extrema intimidade com cada pessoa. Sextas e sábados às 20h, domingos às 19h, com ingressos a R$40,00 e R$20,00 (meia-entrada).
A tragédia mais amada de William Shakespeare se mistura à recorrente tragédia dos subúrbios do Rio de Janeiro, onde o CEP de um indivíduo determina os acontecimentos de sua vida, até onde este pode ir e o tamanho de suas conquistas. Transpor essas barreiras equivale a uma verdadeira odisseia, uma constante luta desigual para afirmar sua potência, alcançando seus objetivos e sonhos. Em cena, Marcos Camelo sintetiza através do corpo a dicotomia de ter a cabeça em Verona, dividida entre Montéquios x Capuletos, e os pés em Rocha Miranda, bairro da Zona Norte carioca, localizado entre Morro do Jorge Turco e o Morro do Faz Quem Quer, trazendo à cena a história de heróis perdedores, daqueles que fazem o que podem com o que são e que com honra, dignidade e bom humor ousam sonhar, lutar e quase sempre perder.
Segundo Marcos, o espetáculo traz o desafio de um teatro vivo, interessado em tocar as pessoas, proporcionando uma experiência intima e pessoal, ultrapassando a facilidade do individualismo que aflige a todos nos dias atuais. Ele se utilizou de duas premissas para construir o espetáculo: um assunto que precisamos falar e um acontecimento que precisamos celebrar. Daí a ideia de contar a conhecida tragédia de Shakespeare sob a perspectiva de um ator que muito provavelmente não seria escalado para protagonizar uma montagem clássica de Romeu e Julieta. “A inspiração para o espetáculo partiu do quanto estão estruturados na sociedade os sistemas pré-determinados que impõe limites aos cidadãos devido a sua ascendência, a cor de pele, CEP e cultura”, avalia.
E onde o Romeu de Shakespeare encontra o Romeu de Marcos? Marcos só se encontra com Romeu na intensidade com que vive a paixão adolescente. Se por um lado Romeu se sente livre para invadir a festa de uma família da alta sociedade de Verona, onde não era convidado – e também, sabidamente não era bem vindo –, para o jovem do subúrbio/periferia do Rio de Janeiro e, de modo geral, do Brasil a resposta à sua paixão é “NÃO”.
Os estereótipos e a regionalização das oportunidades estão no palco, além das barreiras físicas e reservas de mercado. Celebrar a insistência petulante dos improváveis, a paciência dos que não se encaixam e exaltar a teimosia. O espetáculo “Eu, Romeu” apresenta uma dramaturgia autoral e contemporânea, mesclando Romeu e Julieta a acontecimentos da vida de seu intérprete, tornando-os intrinsecamente ligados e apontando que no cotidiano real a cor e a origem de um indivíduo podem tornar sua trajetória trágica. “Schopenhauer certa vez escreveu que vida e sonho são páginas do mesmo livro. E que folheá-las corresponderia a sonhar. Em cena um ator lança mão de tudo o que é – e tem – para fazer com que o espectador brinque com este livro mesmo acordado. Um ator que é o início e o fim de todas as ações”, diz.
O espetáculo, premiado em vários festivais pelo Brasil, já circulou por Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e Amazônia. O que o público de São Paulo pode esperar do espetáculo? “Um artista que fala de si para falar do mundo, um espetáculo divertido, provocador que tem a cara do nosso povo. É Shakespeare do hip hop ao samba”, responde Marcos.
O que Marcos diria para Shakespeare em um encontro informal? A resposta é “Que a provocação de Hamlet tocou um cidadão do subúrbio do Rio de Janeiro – O ‘Ser ou não ser’ existir ou não existir e, em última instância, viver ou morrer. Me fez perceber o quanto eu precisaria me esforçar para Viver, com V maiúsculo e não simplesmente caminhar pelo mundo por um determinado período de tempo já um tanto sem vida, um tanto morto”.
Montagem | Cenário e figurino funcionais que se tornam aparelhos, sendo utilizados em construções de imagens fantásticas, ressignificação do espaço, criando códigos e levando o trabalho do estado do ator para além do seu corpo, ampliando a experiência estética. A Iluminação oferece o suporte adequado à linguagem proposta, transitando entre a neutralidade, que reforça um teatro a partir do ator, para uma luz forte e intensa, apoiando a poesia e dramaticidade construída quase que artesanalmente pelo artista em cena.
Ficha Técnica
Marcos Camelo: Elenco, roteiro e figurino
Cecília Viegas: Direção artística, argumento e pesquisa de aparelho
Júlio Coelho: Iluminação
Sobre a Adorável Companhia
Companhia formada por uma bailarina/acrobata e um ator/palhaço: Cecília Viegas e Marcos Camelo. Criada para satisfazer o desejo por uma autonomia artística e por uma cena autoral, multidisciplinar numa linguagem popular e ao mesmo tempo sofisticada.
Circo, Teatro e dança na construção de uma estética que torne o acontecimento teatral uma experiência única. A sede da companhia é no quintal da casa deste casal, em Guapimirim, Baixada Fluminense, onde foi montado o primeiro espetáculo do grupo, o infantil “Nosso Grande Espetáculo”, em 2017. Este já foi encenado no Paraná, Goiás, Tocantins, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Temporada em Copacabana, teatro Glaucio Gill, em abril de 2019. A TV Brasil registrou o espetáculo que virou o especial de TV Palhaçaria. Foi selecionado no edital Primeiros Olhares dos Doutores da Alegria (SP) para apresentações em hospitais públicos. Em março de 2020 estrearam o espetáculo adulto solo narrativo: “Eu, Romeu” em Goiânia no SESC Centro.
Site: https://www.adoravelcia.com
Redes sociais:
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Marcos Camelo
Nascido e criado no subúrbio do Rio de Janeiro, de uma parte da cidade sem biblioteca, cinema, teatro ou qualquer outro espaço para produção e consumo de cultura. A experiência de ver, ouvir e contar histórias, festas populares, onde a dança, o jogo e a brincadeira o levaram ao teatro. Do teatro para o palhaço e o circo foi um pulo. Formação, técnica, treinamento e pesquisa para que a cena seja o lugar de estar junto e construindo uma realidade alternativa à dureza do dia a dia e sendo ainda uma experiência estética única, arrebatadora e transformadora. Este é Marcos Camelo, ator formado na Escola Estadual Martins Pena, ex-integrante dos Doutores da Alegria, Fundador e Palhaço do Grupo Roda Gigante, diretor do premiadíssimo “Acorda Amor”, da Cia. Quatro Manos, e diretor artístico da Adorável Companhia. Atuou nos espetáculos “Inventário”, “Os Fabulosos” (Os Fabulosos), “Contos do Mar” (Cia 4 Manos), “Nosso Grande Espetáculo” e “TV Brasil Especial Palhaçaria”. Protagonista da série “A Liga do Natal” em 2020.
Cecília Viegas
Nascida em Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro. Decidiu ser bailarina aos três anos de idade e assim foi de alma e corpo. Formou-se na Escola Estadual de Danças Maria Olenewa que lhe deu oportunidade de trabalhar como corpo de baile no Theatro Municipal do Tio de Janeiro em temporadas de “Giselle”, “La Bayadere”, “O Lago dos Cisnes”, “A Bela Adormecida” e “O Quebra Nozes”. Com Licenciatura em Ciências Biológicas, no circo encontrou um lugar para realização artística com infinitas possibilidades de reinvenção, ressignificação, além de ser um potente transformador social enquanto ferramenta de arte educação. Fundou seu projeto social, Flutuarte, em Guapimirim, pelo qual recebeu Moção de Honra pelo Conselho Tutelar de Guapimirim e Homenagem do Fórum Cultural da Baixada Fluminense. Buscou formação em pedagogia do circo, fundou a Adorável Companhia com Marcos Camelo para possibilitar sua pesquisa de circo, teatro e dança de forma autoral acreditando que a arte é a melhor ferramenta para inspirar pessoas a serem protagonistas de um mundo que está em permanente construção.
Serviço:
Eu, Romeu
Temporada: de 6 a 29 de janeiro de 2023
Onde: Sala Augusto Boal – Teatro de Arena Eugênio Kusnet
Endereço: Rua Doutor Teodoro Baima, 94 , República – São Paulo (SP)
Tel: (11) 3259-6409
Dias e horários: sextas e sábados às 20h, domingos às 19h
Ingressos: Inteira R$40,00 – Meia R$20,00
Duração: 60 minutos
Classificação etária: 14 anos
Gênero: teatro narrativo
Capacidade: 99 lugares.
(Fonte: Alexandre Aquino Assessoria de Imprensa)
Felipe Câmara apresenta seu mais novo trabalho em forma de documentário, o “Porta Sonhos”. Com 20 anos de carreira e centenas de projetos já lançados, o cantor vem compilando, há mais de 10 anos, muitos arquivos, composições e poemas – um verdadeiro blindado autoral – que será lançado com o apoio do ProAC Expresso Lei Aldir Blanc ainda esse ano.
O multiartista apresentará também dois videoclipes inéditos em todas as plataformas de streaming/vídeo. Um deles, o tão aguardado “Calcanhares”, uma das músicas mais aclamadas pelos fãs desde 2017 e uma autoria inédita, chamada “Japão”, ambas em formato de vídeo e música.
“A vida é cheia de gavetas e armários, externos e internos, onde guardamos nossos sonhos misturados aos medos e às inseguranças de não nos enquadrados em padrões e não sermos aceitos. Descobri que abrir as portas dos sonhos é como abrir-se de forma vulnerável e se mostrar imperfeito, lindo e em paz. Abrir a porta dos sonhos é me mostrar, inteiro, do jeito que sou, pra vocês”, comenta o artista.
Felipe Câmara por ele mesmo
Eu sou Felipe Câmara, tenho 37 anos. Sou advogado, cantor, compositor, tenho mais de 100 canções compostas, mais de 30 lançadas e mais de 7 milhões de plays nos players digitais. Toco diversos instrumentos, produzo, sou engenheiro de áudio e mixador de músicas. Já passei pelas bandas Fábrica Brasil, Ópera Mono e Folk na Kombi, tenho dois discos solos lançados e em 2021 completei 20 anos de carreira.
Minha carreira começou em 2001, com o lançamento do primeiro disco do Fábrica Brasil, aos 16 anos. O Fábrica Brasil começou quando nos encontrávamos para tocar em um bar na Rua dos Pinheiros. Participamos de um festival da FAAP e ganhamos em primeiro lugar. A banda durou 6 anos e foi a banda do sonho, da escola. Formada com meu irmão Eduardo Camara, Cadu Pereira e Daniel Rondon. O Fábrica Brasil foi uma grande escola para o meu aprendizado sobre o mercado fonográfico, os shows e tudo que envolvia estar em uma banda que tocou de quinta a domingo, sem descanso, por três anos.
Em 2006 o Fábrica Brasil resolveu parar as atividades e me reencontrei com antigos amigos de escola e formamos a banda Etanol, que no futuro se chamaria Opera Mono. Começamos a tocar despretensiosamente e me dediquei aos estudos na faculdade de direito, até que em 2009 fomos convidados pelo desembargador e compositor Otávio Toledo, que lançou a cantora Bruna Caram ao mercado musical, para participar de um show no Tom Jazz, extinta casa de shows em Higienópolis. Após a apresentação recebemos uma proposta do Otávio para gravarmos um disco e inscrevemos um edital para a Lei Rouanet. Começamos a trabalhar no edital e em 2010 conseguimos aprová-lo e captar 100% dos recursos necessários. Assim surgiu o Opera Mono.
O Opera Mono foi a experiência definitiva na minha vida para a profissionalização e a posterior decisão de focar as energias na carreira musical, deixando de advogar. Foi também a primeira experiência em um estúdio musical de alto nível com uma equipe fantástica. Regidos pelo produtor Alexandre Fontanetti, que posteriormente iria se tornar meu mestre e principal incentivador na carreira também de produtor musical, gravamos um belíssimo disco. Gravado e lançado em 2011 o disco foi a experiência que solidificou minha atuação enquanto profissional da música
Em alguns shows do Opera Mono conheci o Jonavo e ele me apresentou um projeto para alavancar a música folk no Brasil no final de 2012. No mesmo ano o Opera Mono decidiu parar. E o caminho natural foi me juntar ao Jonavo para o tal projeto de música folk. Jonavo me apresentou ao Bhezão e começamos a trabalhar no projeto. Em 2013 gravamos o que seria um piloto, ainda inédito, de um programa de música para youtube que aconteceria dentro de uma Kombi, a Kombi do meu pai. Fizemos o piloto com o falecido amigo e padrinho Tavito (Som Imaginário, Clube da esquina), compositor do sucesso “Casa no Campo” e com a Bárbara Rodrix, filha de seu grande parceiro Zé Rodrix (Sá, Rodrix e Guarabyra). O programa iria se chamar “Folk na Kombi”. Mas não era o que o destino tinha reservado pra nós. No fim de 2013, fomos convidados pelo grande compositor Alexandre Lemos para participar de um show beneficente em Itamonte/MG. Lá, o Alexandre sugeriu que devêssemos formar um grupo musical para divulgar nossas músicas e não apenas um programa documentado do que seria a música folk. E assim o Folk na Kombi surgiu.
Em 2014 gravamos nosso primeiro DVD com direção de Maria Silva Siqueira Campo e direção de fotografia de Júnior Malta. O primeiro single “Dançar eu vou” foi lançado no Natal e pra nossa surpresa foi um fenômeno. Alcançamos milhares de plays em poucos dias.
Carreira solo
Em 2018 lancei meu primeiro trabalho solo, o “Patu”, realizei o espetáculo “Patu em casa”, em que eu me apresentava na sala casa das pessoas, e também um projeto de financiamento coletivo em que arrecadei a importância de R$29.500,00 (vinte e nove mil e quinhentos reais).
Com esses recursos, viajei de carro e fui tocando em diversos locais, do Rio de Janeiro, onde nasci, até Buenos Aires na Argentina.
Além da vida nos palcos, eu trabalho com gravações de álbuns e o mundo mágico dos estúdios. Com 15 anos me interessei pela tecnologia para gravações e comecei a estudar as formas de registrar minhas músicas em casa. Quando comecei o processo de gravar meu disco, o “Patu em casa”, senti a necessidade de ir pra um estúdio. Aluguei um estúdio que estava desativado na casa de um amigo. Lá eu iniciei o processo de trabalho como produtor musical e trabalhei com artistas e músicos como Selma Fernands, Rico Ayade, Thomas Meira, Edu Capello, Raul Misturada, Folk na Kombi, Nô Stopa, Duas Casas, Filó Machado, Duofel, Dandara, Rhaissa Bittar, Gabriel Bortolatto, Daniel Conti, Mateus Crippa, dentre outros.
Em menos de um ano, em setembro de 2018, fui convidado pelo produtor Alexandre Fontanetti para integrar o quadro de produtores e engenheiros do estúdio Space Blues em São Paulo. Ali dei um salto na qualidade das produções e trabalhei com nomes como Nando Reis, Zeca Baleiro, Melim, Arnaldo Antunes, Chico César, Grupo Rumo, Premeditando o Breque, Ná Ozzetti, Palavra Cantada, As Baías, Céu, Raul de Souza, Ana Rafaela, César Lacerda, Noa Stroeter, Josyara, Siba, Fafá de Belém, Tetê Espíndola, Filipe Catto, Arthur Nogueira, Lirinha, Odair José, Marcio Arantes, Pupillo e Rodolfo Stroeter, entre outros. Em 2020 ganhei um Grammy com a cantora Céu e seu disco “APKÁ!” e, ao longo da carreira, recebi mais seis indicações ao Grammy Latino.
(Fonte: Débora Coneglian Assessoria de Imprensa)
O Brasil é o terceiro maior produtor de camarão da América Latina, sendo a região Nordeste responsável por quase toda a produção nacional. Além da pesca tradicional, o camarão também é obtido por meio de criação em viveiros, prática chamada de carcinicultura. Um estudo publicado nesta quarta-feira (28) na revista “Arquivos de Ciências do Mar”, apontou que um dos principais impactos ambientais gerados pela carcinicultura é a redução da biodiversidade da fauna e da flora, e que há possíveis soluções para os problemas encontrados.
O artigo de pesquisadores da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) e da Universidade Estadual do Ceará (UECE) faz uma revisão sistemática da literatura já publicada a partir de 2011, utilizando a base de dados do Portal de Periódicos da Capes, Scielo e Google Scholar, sobre os aspectos e impactos ambientais da carcinicultura e medidas de prevenção. Com o levantamento, os autores puderam identificar 28 impactos ambientais, como degradação de manguezais e surtos de doenças, causados por 13 aspectos ambientais, como despejo de efluentes e ocupação de ambientes naturais.
Também foram encontradas mais de 20 medidas preventivas e mitigadoras nos trabalhos analisados para evitar impactos da criação de camarões, sendo as principais relativas ao tratamento de efluentes, gestão integrada da zona costeira, gestão ambiental adequada, utilização de bioflocos e boas práticas de manejo. O sistema chamado de super intensivo foi apontado pelos pesquisadores como o mais eficaz na manutenção da qualidade ambiental, qualidade econômica e sanidade dos camarões.
“É um sistema em que você produz uma quantidade alta de camarões por área, então você produz mais usando menos espaço”, explica Ana Carolina Correia de Oliveira Gomes, uma das autoras do estudo e engenheira ambiental. Dessa forma, é possível otimizar o uso da terra e da água na produção.
Segundo os autores, as principais razões para os impactos da carcinicultura são a falta de monitoramento adequado da prática, ilegalidade na criação de camarão e falta de fiscalização no setor, manejo e planejamento inadequados e falta de conhecimento científico. “É uma área difícil de conseguir dados”, relata a autora. “Existem informações soltas e isoladas entre um estudo e outro, então vimos a necessidade e importância de existir um compilado de informações e determinar as relações entre elas”, completa.
A partir da identificação dos problemas e possíveis soluções, a equipe pretende continuar investigando soluções para redução de impactos da carcinicultura. Os pesquisadores esperam que o artigo possa contribuir para tomadas de decisões referentes à criação de camarão no Brasil e fomento de políticas públicas, além de levar o conhecimento para os carcinicultores para que a produção possa ser feita de forma mais sustentável e com menos impacto ao meio-ambiente, ampliando a relação entre cientistas e produtores.
(Fonte: Agência Bori)
As férias escolares chegaram e, com ela, a programação de férias do Zooparque Itatiba. A temporada mais animada do ano começou no dia 26 de dezembro e vai até o dia 29 de janeiro, com atrações divertidas e educativas. A bióloga Débora Alcântara, coordenadora ambiental e educacional do Zooparque, explica que, diferente dos anos anteriores, nestas férias o público poderá aprender um pouco mais sobre a diversidade da nova atração “Viagem pela Evolução e Biodiversidade do Mundo”, já encantadora por si só, mas, nesta temporada, o zoo vai oferecer tour guiado, com temas direcionados, como dinossauros, evolução humana, mudanças climáticas, Era do Gelo e muito mais. A atividade ocorrerá durante todo o dia, com horários e temas divulgados na entrada da atração.
Além do Tour pela Evolução, a programação de férias oferecerá outras atrações:
Alimentação dos animais do minizoo: o público poderá alimentar as cabras sob a orientação de um educador que estará no espaço. Os horários das atividades são 10h e 15h, todos os dias;
Espaço Kids: um espaço dedicado para as crianças, com atividades que irão variar entre desenhos para colorir e pintura facial, dependendo do dia da semana;
Encontro Animal: alguns dos animais que participam das atividades de educação ambiental estarão andando pela trilha com um educador do zoo ou irão até o Espaço Kids para que os visitantes possam conhecer, aprender sobre eles e, de repente, até tocar em algum. Os animais que participarão da atividade e os horários são divulgados no dia. A atividade acontece no período da manhã e da tarde;
Hora Animal: apresentação com a participação de animais soltos, que será realizada diariamente às 14h, no anfiteatro.
Papo Animal: em uma conversa descontraída, os visitantes irão se divertir e aprender um pouco sobre como o Zooparque Itatiba provê o bem-estar para seus animais. Esse bate-papo será feito pelos cuidadores da instituição. Os horários do Papo Animal serão divulgados no dia, no quadro de atrações do parque.
Novos moradores
Além das atrações especiais de férias, o Zooparque Itatiba tem novos moradores que vão encantar os visitantes, como os cachorros-do-mato, o Yoyo, a menor espécie de tamanduá do mundo e único tamanduaí sob cuidados humanos, e a Tulipinha, primeiro filhote de tamanduá-mirim nascido na instituição.
O zoo manterá, neste período, as atividades rotineiras, com as trilhas temáticas Expedição Mata Atlântica, Expedição Pantanal e Expedição Amazônia (sendo que esta última passou por uma super reforma e está mais atrativa), Minizoo, Jardim Sensorial Sustentável e Playground, tudo já incluso no valor da entrada.
Dentro do Zooparque, os visitantes têm à disposição restaurante, lanchonetes e a Zoo Loja, caso queira levar para casa uma lembrança personalizada.
Informações sobre preços e horários podem ser consultadas no site www.zooparque.com.br.
Sobre o Zooparque
Com 500 mil m² de área verde, sendo grande parte inserida em um fragmento de Mata Atlântica, o Zooparque Itatiba é considerado um dos maiores e mais conceituados zoológicos do país. São mais de 1.200 animais, de 180 espécies, tanto nativas como exóticas, dispostos ao longo de uma trilha de 3 km em meio à natureza. Em 2020, o Zooparque inaugurou sua nova atração “Viagem pela Evolução e Biodiversidade do Mundo”. Este projeto ambicioso conta com uma estrutura de 2.400 m², sendo considerado um dos maiores museus de história natural da América latina. Este novo centro de aprendizagem tem como missão promover o conhecimento sobre a origem da vida, evolução, biodiversidade e impactos ambientais das mudanças climáticas. O zoo conta também com um núcleo de educação ambiental, que desenvolve o ensino e a conscientização sobre a importância do respeito ao meio ambiente com os visitantes, escolas e grupos. A instituição participa de inúmeros projetos de pesquisas e conservação em parcerias com universidades e institutos.
(Fonte: Cristiane Caldeira Assessoria de Imprensa)
Fotos: @zezedeholanda_.
Uma das mais importantes montagens surgidas durante a pandemia, premiada pela APCA como melhor espetáculo online de 2021, “Desfazenda – Me Enterrem Fora Desse Lugar”, do coletivo de teatro negro O Bonde, faz temporada no SESC Avenida Paulista entre 5 e 15 de janeiro de 2023. Os ingressos custam de R$9,00 a R$30,00 e podem ser comprados na bilheteria ou pelo site do SESC a partir de 22 de novembro.
“Desfazenda – Me Enterrem Fora Desse Lugar” tem direção de Roberta Estrela D’Alva e dramaturgia de Lucas Moura, baseada no texto original “Como criar um corpo negro sem órgãos”. São variados os ineditismos desta montagem. É a primeira direção da Roberta fora do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos – coletivo que criou uma linguagem própria, o teatro hip-hop – e, com este espetáculo, O Bonde inicia sua trajetória no teatro adulto, visto que foi com um prestigiado infantil-preto, “Quando eu morrer, vou contar tudo a Deus”, de Maria SHu e direção de Ícaro Rodrigues, que a companhia foi (re)conhecida em sua trajetória.
Em cena, a história das personagens 12, 13, 23 e 40, quatro pessoas pretas salvas da guerra por um padre branco quando crianças. Desde então, vivem na fazenda deste Padre, cuidando das tarefas diárias, supervisionadas por Zero, figura enigmática, central e onipresente, mas sempre ausente. O Padre nunca sai da capela, a guerra nunca atingiu a Fazenda e quando os porquês são questionados, o sino toca e então é hora da oração ou do trabalho. Até que um estranho vulto chega à Fazenda e muda os ventos, o mudo silêncio é quebrado e de dentro da capela o segredo é revelado.
“A poética do ‘spoken word’ —forma de fala recitativa, próxima ao canto do rap, com rítmica cortante e lirismo de temas periféricos— organiza todo o espetáculo e propõe ainda uma atitude coletiva, de olhos acesos e compreensão guerreira da barbárie. Os quatro em cena são múltiplas vozes que formam uma, uma voz que ecoa várias. (…)
Também as variações inusitadas da métrica do texto, a orquestração espetacular da recitação e os muitos efeitos formidáveis da filmagem (a cargo de Matheus Brant e Gabriela Miranda) instauram uma atmosfera fascinante que contribui, contudo, para certo apaziguamento estético do grito de dor e de raiva.” (crítico Paulo Bio Toledo sobre a peça-filme “Desfazenda – Me Enterrem Fora Desse Lugar” – Folha de S.Paulo *****)
Spoken word, a poesia falada
Literalmente “palavra-falada”, ou conceitualmente “poesia falada”, spoken word é o nome dado a uma forma de performance na qual as pessoas recitam textos no contexto da música, literatura, artes plásticas ou cênicas. “Desfazenda – Me Enterrem Fora Desse Lugar” lança mão dessa linguagem em uma pesquisa em que a palavra tem papel fundamental: pulsa com os atores evocando uma “fala percussiva” que traz à cena uma batida constante, compassada, um ritmo musical aos diálogos e à narrativa. Em cena estão os atores Ailton Barros, Filipe Celestino, Jhonny Salaberg e Marina Esteves, além das vozes das convidadas Grace Passô e Negra Rosa.
Quem faz direção musical é a atriz, compositora e DJ Dani Nega, parceria artística de longa data de Roberta Estrela D’Alva, com quem divide a apresentação de Slams – batalhas de poesia falada que viraram febre em todo Brasil nos últimos anos. Juntamente com o DJ Eugênio Lima, Roberta e Dani Nega receberam em 2020 o Prêmio Shell de Melhor Música pelo espetáculo Terror e Miséria no Terceiro Milênio – Improvisando Utopias.
Camadas
Enquanto peça-filme “Desfazenda” trazia elementos do teatro e do cinema e referências ao tempo pandêmico no qual foi criada, a versão presencial de “Desfazenda – Me Enterrem Fora Desse Lugar” traz muitas camadas que falam do nosso agora e utiliza recortes de memória por meio de referências a episódios recentes, como o assassinato de George Floyd, do segurança João Alberto no supermercado Carrefour, o colapso da saúde em Manaus. Entretanto, ela é atemporal, não é datada.
“A reiteração do termo branco ocorre em diferentes falas e diálogos na peça-filme, dando um ritmo e intenção incisiva à mensagem do texto, que é falado pelas personagens na maior parte do tempo no formato spoken word (recitação acompanhada por uma base musical). Ao ‘darem o texto’ nesse formato, utilizando microfones apoiados em tripés e olhando para frente mesmo quando duas ou mais personagens estão conversando entre si, os atores atuam flertando com as performatividades adotadas em batalhas de rimas no contexto da cultura hip-hop e das competições de recitação de poesia chamadas slams. Bem como nesses espaços, em ‘Desfazenda’, o microfone é o aparato que se impõe para ampliar vozes individual e coletivamente durante reflexões sobre liberdade e aprisionamento nas fazendas e casas brancas do passado e do presente.” Trecho de crítica de Mariana Queen Nwabasili (Teatrojornal)
Potencializações
O coletivo O Bonde começou em 2017 com uma relação muito íntima com a palavra, com os griôs, que, na tradição africana, são os guardiões da memória, da história, dos mitos e dos costumes que seus povos transmitem oralmente. Nada mais natural que trazer a palavra à frente da cena no primeiro trabalho adulto do grupo. E foi esta experiência que fez com que O Bonde fizesse o convite para que Roberta assumisse a direção do espetáculo. A atriz, MC, pesquisadora, diretora e roteirista foi quem trouxe, junto com o coletivo Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, o Slam, movimento de batalhas de poesia falada, para o Brasil, em 2008. O foco está em captar a vibração da poesia falada e alçar a palavra ao protagonismo. Trazer para a cena o microfone e o pedestal como elementos que contribuem para a criação de um efeito de distanciamento épico e não como mais um equipamento utilitário, mas sim um ponto de força para explicitar ainda mais a importância da palavra.
50 meninos negros: da tese de doutorado ao filme e à peça
“Desfazenda – Me Enterrem Fora Desse Lugar” é livremente inspirado em uma história real, descrita no documentário “Menino 23 – Infâncias perdidas no Brasil”, de Belisario Franca, que parte da descoberta de tijolos marcados com suásticas nazistas em uma fazenda no interior de São Paulo.
Este assunto foi tratado pelo pesquisador Sidney Aguilar em sua tese de doutorado “Educação, autoritarismo e eugenia = exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945)”. No texto, o historiador relata sobre os 50 meninos negros levados de um orfanato no Rio de Janeiro para uma fazenda – aquela onde os tijolos foram encontrados – e submetidos a trabalhos forçados, isolamento social e castigos físicos por três irmãos que faziam parte da Ação Integralista Brasileira, partido de extrema direita de ideário fascista e nazista.
Para escrever “Desfazenda”, Lucas Moura utilizou diversas influências, além do documentário “Menino 23”, como a ideia de “dupla consciência” do sociólogo norte-americano W.E.B. Du Bois, textos de Frantz Fanon, Aimé Césaire, Michel Foucault, Gilles Deleuze e André Lepecki. Dentre as referências utilizadas na pesquisa para a encenação estão Grada Kilomba, Antonio Obá, Mohau Modisakeng e Spike Lee, dentre outros.
“Desfazenda”, em seu estofo, carrega uma colagem de pesquisas (ou, para usar um termo do hip-hop, sampleamento). Se o assunto é bastante complexo e o discurso é potente e ácido, o spoken word faz com que a mensagem artística seja poética, incisiva e cirúrgica.
“Diferentemente do que ocorre no documentário ‘Menino 23’, na peça-filme ‘Desfazenda – Me Enterrem Fora Desse Lugar’ a identidade-mercadoria marcada pelos nomes-números das personagens ganha um caráter de soma e multiplicação. Mesmo sendo indivíduos, as personagens representam experiências coletivas devido à corporeidade negra comum a tantos jovens explorados justamente por serem negros. Além dos momentos de coro, esse aspecto também é explicitado em cenas em que vemos as silhuetas das personagens tão próximas que chegam a formar literalmente um só corpo-imagem preto, enquanto dizem, novamente em coro e agora, num formato de referência litúrgica católica, já que os jovens foram enclausurados por um Padre Branco: ‘assim há muitos membros, mas um só corpo’”. Trecho de crítica de Mariana Queen Nwabasili (Teatrojornal)
Os personagens e a relação com o corpo e a subjetividade negra
Na fazenda onde estão os personagens 12, 13, 23 e 40 há uma capela e um padre que, ainda que não apareça, se faz presente por meio da personagem Zero, portador das ordens, mandos e encaminhamentos desse padre. E é na capela que acontece o fato que muda a perspectiva de todos ali, ao se depararem com o processo de “re-verem-se”, tirarem os seus próprios véus e enxergarem o mundo (e a liberdade) de uma outra forma.
Enquanto buscam entender a situação na qual se encontram, em meio às memórias, as personagens apresentam problemáticas que costumam ser comuns no processo de entenderem-se como pessoas negras no Brasil: a assimilação do ideário do embranquecimento, a busca de autoestima e autoaceitação, a falsa promessa de um dia pertencer igualitariamente ao “mundo dos brancos”, a nascente pulsão de revolta contra conceitos estabelecidos e restrições impostas, além das questões imbricadas de gênero e raça.
Em seu segundo espetáculo, o primeiro adulto, O Bonde se propõe a investigar o processo de descobrir-se uma pessoa negra em um país que têm todas as suas relações eivadas pelo ideário escravocrata, pelas mazelas dessas relações e o que isso significa em históricos sociais e culturais. Surge assim um universo de memórias e revelações que trazem menos respostas do que provocam inquietações e questionamentos.
O ritmo e a poesia
Assim como Roberta, os integrantes d’O Bonde e demais atores envolvidos em todo este processo, a presença de Dani Nega trouxe ainda mais força a “Desfazenda”. A atriz, MC, compositora e ativista do movimento negro e LGBTQI+ – que vem se destacado no cenário artístico por sua mescla de suavidade, ironia e avidez – é diretora musical do espetáculo e criou todas as batidas, trilhas e paisagens sonoras, além de duas músicas compostas originalmente para a peça-filme.
Dani é uma das poucas mulheres no Brasil a atuar como “beatmaker” (ou seja, criar as próprias batidas, papel constantemente delegado aos homens). Em “Desfazenda”, ela trouxe a potência e o ritmo do hip-hop para a cena, ajudando a criar a poesia do espetáculo e enfatizar o discurso.
Sinopse
Segunda montagem d’O Bonde e primeiro espetáculo adulto do coletivo teatral paulista, a peça-filme Desfazenda – Me Enterrem Fora Desse Lugar concentra sua ação na história dos personagens 12, 13, 23 e 40, pessoas pretas que quando crianças foram salvas da guerra por um padre branco, e vivem numa fazenda, cuidando das tarefas diárias, supervisionadas por Zero. O padre nunca sai da capela, a guerra nunca atingiu a Fazenda, e sempre que os porquês são questionados, o sino soa e tudo volta a ser como antes (quase sempre). É a primeira direção da Roberta Estrela D’Alva fora do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e a direção musical é da atriz, compositora e DJ Dani Nega.
Ficha técnica
Direção: Roberta Estrela D’Alva
Dramaturgia: Lucas Moura
Elenco: Ailton Barros, Filipe Celestino, Jhonny Salaberg e Marina Esteves
Vozes Mãe e Criança: Grace Passô e Negra Rosa
Direção Musical: Dani Nega e Roberta Estrela D’alva
Produção Musical: Dani Nega
Músicas “Saci” e “Tocar o Gado”: Dani Nega e Lucas Moura
Sample “Menino 23”: Belisário Franca
Treinamento e Desenho de Spoken Word: Roberta Estrela D’Alva
Cenografia e Figurino: Ailton Barros
Desenvolvimento de figurino: Leonardo Carvalho
Desenho de Luz: Matheus Brant
Montagem de Luz: Alírio Assunção e Matheus Espessot
Operação de Luz: Alírio Assunção
Técnico de som: Hugo Bispo
Cenotecnia: Douglas Vendramini
Produção: Jack dos Santos – Corpo Rastreado
Realização: O Bonde.
Serviço:
“Desfazenda – Me Enterrem Fora Desse Lugar”
De 5 a 15 de janeiro de 2023
De quinta a sábado, 20h e domingo, 18h
*haverá uma sessão no dia 11/1 (quarta-feira)
SESC Avenida Paulista – Av. Paulista, 119 – Bela Vista, São Paulo – SP
Duração total: 70 minutos | Classificação Indicativa: 12 anos
Valores: R$30,00 (inteira), R$15,00 (meia-entrada) e R$9,00 (credencial plena)
Mais informações nas redes sociais d’O Bonde: Facebook.com/coletivoobonde | Instagram: @0__bonde.
(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)