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Espetáculo celebra clássicos infantis arranjados por Heitor Villa-Lobos

São Paulo, por Kleber Patricio

Dani Mattos e Poucas & Boas apresentam clássicos do cancioneiro infantil brasileiro arranjados por Heitor Villa-Lobos. Fotos: Nadja Kouchi.

No próximo dia 10 de maio, das 15h às 16h, o grupo vocal Poucas & Boas, sob a regência de Dani Mattos, realizará o espetáculo ‘Villa-Lobos Para Todos’ no Centro Cultural Galpão Jatobás, em Vila Congonhas, Zona Sul de São Paulo, com entrada franca. O espetáculo terá tradução simultânea em Libras (Língua Brasileira de Sinais).

Durante a apresentação, Dani Mattos e Poucas & Boas interpretarão obras clássicas do cancioneiro infantil brasileiro, pesquisadas e arranjadas por Heitor Villa-Lobos. O grupo vocal contará com o acompanhamento de violão, violino e percussão e terá participação especial do músico Koka Pereira.

Herança musical

O evento proporcionará uma celebração envolvente e educativa da rica herança musical brasileira, conectando gerações através das canções que marcaram a infância de diversas pessoas. O espetáculo incluirá músicas clássicas do cancioneiro infantil brasileiro, como ‘A Canoa Virou’, ‘Capelinha de Melão’, ‘Bam-ba-lalão’, ‘Peixe Vivo’ e ‘Fui Passar na Ponte’.

Interação

Grupo vocal contará com o acompanhamento de violão, violino e percussão.

Durante a apresentação, o público será convidado a interagir de maneira lúdica e divertida, participando do coral e descobrindo mais sobre o cancioneiro infantil de Heitor Villa-Lobos, um dos responsáveis por tornar a música brasileira mundialmente conhecida. Nesta apresentação, o espetáculo romperá os limites tradicionais do palco, com todos os artistas e o público posicionados no mesmo plano. Essa configuração inovadora proporcionará um maior envolvimento entre os artistas e a plateia.

“O espetáculo não só oferecerá uma viagem nostálgica para os adultos, mas também uma experiência educativa e lúdica para as crianças. Por meio da música, todos são convidados a participar desse resgate cultural, fortalecendo os laços e garantindo que essas canções não sejam esquecidas”, pontua a regente Dani Mattos que também é autora do projeto.

Evento acontece no Centro Cultural Galpão Jatobás

O projeto ‘Heitor Villa Lobos para Todos’ acontece no Galpão Jatobás, na capital paulista, um dos centros culturais do Instituto Jatobás. A instituição acaba de completar 20 anos em abril de 2025 e tem como missão reduzir a desigualdade social, promovendo cultura e educação como caminhos para um futuro mais justo e sustentável.

O espetáculo ‘Villa-Lobos para Todos’ 2ª edição é um projeto apresentado pelo Ministério da Cultura e pelo Instituto Saga via Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet. Conta também com o patrocínio da Trousseau e apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo e do Instituto Jatobás. A produção executiva é de Pedro Cavalcante e Mosaico Produções. Uma realização Dani Mattos e Ministério da Cultura.

Serviço:

Espetáculo ‘Villa-Lobos Para Todos’

Dani Mattos e Poucas & Boas e músico convidado

Data: 10 de maio, das 15h às 16h

Local: Galpão Jatobá

Endereço: R. Estevão Baião, 149 – Vila Congonhas, São Paulo – SP (https://www.institutojatobas.org.br/)

Livre

Gratuito

Capacidade: 100 lugares – Retirada de ingressos uma hora antes.

Acessibilidade e tradução simultânea em Libras

Informações: danimattosproducoes@gmail.com.

https://villalobosparatodos.com.br/

Dani Mattos: http://danimattos.com.br/projetos/

Instagram: @danimmattos e @7melodica.

(Com Cristina Aguilera/Mídia Brazil Comunicação Integrada)

CAIXA Cultural São Paulo homenageia centenário de Antônio Poteiro com exposição ‘A Luz Inaudita do Cerrado’

São Paulo, por Kleber Patricio

‘A lenda do pote’ (2004): cores vibrantes, composições densas e temas ligados ao cotidiano.

A CAIXA Cultural São Paulo inaugura, na terça-feira (13), a exposição ‘Antônio Poteiro – A luz inaudita do cerrado’, em homenagem ao centenário do artista. Com curadoria de Marcus de Lontra Costa, a mostra reúne 53 obras, entre pinturas e esculturas que abrangem diferentes fases da carreira de Antônio Poteiro (1925–2010). A visitação é gratuita e pode ser feita de terça a domingo, das 8h às 19h, até 27 de julho.

Antônio Poteiro já era um ceramista conhecido quando começou a pintar, incentivado por nomes como Siron Franco e Cléber Gouvêa. Seu trabalho logo se destacou pelo uso vibrante das cores, composições densas e temas ligados ao cotidiano brasileiro – com ênfase na religiosidade, nas festividades populares e na vida rural. Autodidata, o artista construiu uma obra autêntica e original. “As obras de Poteiro encantam as pessoas por sua capacidade de manipular diversas referências para a construção de objetos de grande potência estética e apelo filosófico”, afirma Marcus de Lontra Costa. “Popular em sua essência criativa, toda a trajetória do mestre Poteiro cria pontes entre percepções e saberes diversos. Ela retrata e reflete cenas do cotidiano. Ela cria histórias sobre fatos históricos e aproxima a arte e a religião como objetos da fé”, completa o curador.

Palestra, visitas guiadas e audiodescrição | A programação da mostra inclui uma palestra com o curador, que falará sobre a vida e a obra de Antônio Poteiro. Durante o período expositivo, também haverá visitas guiadas voltadas para crianças de escolas públicas, proporcionando uma experiência educativa e interativa com a obra do artista. Outro destaque é a disponibilidade de sistema de audiodescrição, garantindo acessibilidade a todos os públicos.

Antônio Poteiro

Nascido na aldeia de Santa Cristina da Pousa, em Braga, Portugal, Antônio Poteiro (1925–2010) veio com a família para o Brasil quando ainda era bebê. Após uma passagem por São Paulo (SP), o artista morou em Araguari (MG) e Uberlândia (MG), onde deu início à sua trajetória artística como ceramista.

Em 1940, a família de Poteiro se estabeleceu em Goiânia (GO), cidade onde o artista viveu a maior parte da vida, naturalizou-se brasileiro e consolidou sua carreira artística. Um dos nomes mais emblemáticos da cultura goiana, Poteiro deixou um legado singular nas artes visuais brasileiras.

Serviço:

[Artes Visuais] Antônio Poteiro – A luz inaudita do Cerrado

Local: CAIXA Cultural São Paulo – Praça da Sé, 111 – Centro, São Paulo – SP

Abertura: 13 de maio (terça-feira), às 11h

Visitação: de 14 de maio a 27 de julho de 2025

Horário: de terça a domingo, das 8h às 19h

Entrada gratuita

Classificação Indicativa: a partir de 12 anos

Informações: (11) 3321-4400 | site da CAIXA Cultural | caixaculturalsaopaulo

Acesso para pessoas com deficiência.

(Fonte: Assessoria de Imprensa da CAIXA)

Peça com Denise Fraga e Tony Ramos volta a SP para nova e curta temporada no Teatro Tuca

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Cacá Bernardes.

Primeiro encontro nos palcos do ator Tony Ramos e da atriz Denise Fraga, ‘O Que Só Sabemos Juntos’ é um chamado urgente – uma convocação para que cada pessoa saia de sua bolha de isolamento e seja capaz de, genuinamente, se colocar no lugar do outro, sentir suas dores e compreender suas angústias, mas também suas alegrias, transformações e conquistas. O espetáculo, apresentado pelo Ministério da Cultura e Bradesco Seguros, terá nova temporada na cidade de São Paulo, no Teatro Tuca, por meio da Lei Rouanet.

Denise e Tony são mais do que dois dos mais célebres e reconhecidos atores do Brasil: ambos são conhecidos por sua consciência cidadã e sua necessidade de estarem sempre em diálogo artístico com temas urgentes da vida do país e do mundo.

Valendo-se de dispositivos de interação direta e delicada com a plateia (alguns dos quais já foram experimentados com sucesso em Eu de você), O Que Só Sabemos Juntos se pretende um espetáculo-festa-despertador, uma mola propulsora que tira o espectador da apatia, de sua tela e o convoca a experimentar no aqui e agora, emoções, ações e, principalmente, entender que todos dependemos uns dos outros nessa peça, como na vida. Imaginar mundos possíveis juntos e construir com o público daquele dia o espetáculo.

Uma coisa é ler a notícia de que dezenas de milhares de pessoas abandonaram suas casas às pressas, que milhares foram massacradas em um único dia, que centenas buscam refúgio ou foram violentadas naquela tarde. Tudo isso são só números, abstratos, distantes. São? Mas, se ao contrário, ouvimos histórias das pessoas envolvidas, sabemos de suas circunstâncias íntimas, seus desejos e emoções, talvez possamos nos identificar com elas e saber que poderíamos ser nós que estaríamos em seu lugar. Ou ainda, que precisamos agir coletivamente, agora. Sair da frieza dos números e alcançar o calor das histórias. Sensibilizar, sem sentimentalismo, com uma linguagem refinada, muito humor e senso crítico.

O Que Só Sabemos Juntos também tem um inevitável caráter de celebração: celebração do primeiro encontro de dois atores lendários nos palcos (Tony com 61 anos de carreira, Denise com 41, trajetórias que somam mais de um século), celebração da continuidade da trajetória excepcional que Denise vem construindo no Teatro e também da volta de Tony aos palcos, depois de 20 anos se dedicando ao audiovisual. Celebração da força do teatro para, permanentemente, iluminar e socorrer à vida e aos viventes, para seguir embalando a vida com arte.

Neste contexto, em meio a cenas que dramatizam questões pungentes do mundo contemporâneo como o aquecimento global e a crise climática, a dominação dos seres humanos por telas e pelo capital, a condição feminina e o patriarcado nesse 2024, a possibilidade, a dificuldade e a reinvenção para criar filhos, amigos e vínculos diversos. Com essas cenas, juntam-se a memória desses dois atores e textos de peças clássicas da dramaturgia, como Tio Vânia, de Anton Tchekhov e Galileu Galilei, do alemão Bertolt Brecht, como que para demonstrar, sem explicações didáticas ou professorais, que o teatro atemporal é um instrumento poderoso para pensar qualquer tempo, através de sua força arquetípica e capacidade de condensar dramas humanos. Juntam-se ainda, ao texto da peça, o pensamento da autora, ativista e feminista bell hooks, os ensaios e crônicas da escritora polonesa Olga Tokarczuk, textos da jornalista e documentarista brasileira Dorrit Harazim, a prosa da francesa Annie Ernaux, e a poesia de Fernando Pessoa, Wislawa Zymborska, Arnaldo Antunes e João Cabral de Melo Neto, entre outros.

O Que Só Sabemos Juntos é uma grande pergunta da função da arte e da função do artista no nosso tempo, idealizada e criada pela NIA Teatro e seu trio de sócios-artistas – o diretor Luiz Villaça, a atriz Denise Fraga e o produtor José Maria. Juntam-se a essa nova criação uma série de artistas convidados de diversas linguagens, entre eles: o escritor, dramaturgo, roteirista e músico Vinícius Calderoni, a professora, pesquisadora e multiartista Kenia Dias, a cenógrafa e arquiteta Duda Arruk, o diretor, artista visual e iluminador Wagner Antônio, a figurinista Verônica Julian, e uma banda de 5 mulheres, entre elas: a baterista e percussionista Priscila Brigante, a baixista Clara Bastos e a pianista Ana Rodrigues, sob direção musical e arranjos da compositora, escritora e criadora premiada, Fernanda Maia. Em cena o encontro de dois mestres – Denise e Tony – que preferem a dúvida e escolhem o ato de se questionar em detrimento da certeza fácil e esvaziada.

Sinopse

Um encontro de dois atores, um homem e uma mulher, com uma multidão de pessoas na plateia. Suas memórias. Suas próprias histórias e outras tantas que ouviram por aí. E o que só saberão, juntos? Esses dois atores e esse público? Uma sala cheia de gente que escolheu estar ali na companhia umas das outras. Há algo a celebrar, juntos? “Eu gosto de contar as pessoas quando tem muita gente porque eu gosto sempre de imaginar que, sei lá, quando se trata de gente, cem não é cem, são cem unidades, cem uns, cem cada um, cem pessoas com vidas, histórias e experiências muito diferentes umas das outras”, diz a atriz numa cena inicial da peça.

Todos nós temos casas de infância, todos nós temos cheiros que lembramos, todos nós temos lugares da nossa casa que a gente prefere estar. A boca do fogão que a gente prefere acender. Sentar naquela cadeira daquele lado da mesa. Todos nós temos um alfabeto coletivo, em comum, e que a gente deixa de acessar e de perceber diante da falta de escuta e de percepção do outro. Num mundo onde a falta de escuta, ou da qualidade dela, virou o grande problema das relações.

É a busca por esse alfabeto comum, esse alfabeto de memórias, de gestos, de experiências, mais do que de opiniões, que estamos falando. Essa é a pergunta por onde começamos. “Do que me lembro e o que eu imaginava que fosse acontecer na minha vida quando eu ainda era uma criança? O que só sabemos juntos? E o que vai acontecer, agora?” Com muito humor e leveza, esses dois atores conduzem uma experiência de empatia e escuta com a plateia, a cada noite.

Serviço:

Espetáculo O Que Só Sabemos Juntos

Temporada: De 9 de maio a 22 de junho de 2025

Dias e horários: Sextas, 21h; sábados, 20h; domingos, 17h

Local: Teatro TUCA (PUC-SP) – Rua Monte Alegre, 1024, Perdizes, São Paulo, SP

Informações: (11) 3670-8455

Ingressos pelo Sympla

De R$ 21,00 a R$ 200,00, a depender do setor e dia

Capacidade: 670 lugares

O Teatro possui áreas para cadeiras de rodas, assentos especiais para obesos, rampas, elevadores e sinalizadores em braile

Em todas as sessões haverá Intérprete em LIBRAS, Audiodescrição e Monitoria para pessoas deurodivergentes. Se precisar desse serviço, entre em contato com a produção pelo e-mail comunicacao@niafilmes.com.br ou diretamente na bilheteria.

Duração: 90 min

Classificação indicativa: 12 anos.

DeniseFraga Oficial

Ficha Técnica

O Que Só Sabemos Juntos 

Idealização e Criação: Denise Fraga, José Maria e Luiz Villaça

Com Denise Fraga e Tony Ramos

Direção Geral: Luiz Villaça

Direção de Produção: José Maria

Texto: Denise Fraga, Luiz Villaça e Vinicius Calderoni

Dramaturgia: Kenia Dias, Denise Fraga, Luiz Villaça, Vinicius Calderoni, Tony Ramos e José Maria

Direção de Movimento: Kenia Dias

Assistência de Dramaturgia e do Diretor: Fluiz e Luiza Aron

Contrarregra e camareira: Cristiane Ferreira

Direção musical, arranjos e preparação vocal: Fernanda Maia

Musicistas: Ana Rodrigues, Clara Bastos, Priscila Brigante / Roberta Kelly, Vanessa Larissa e Taís Cavalcanti / Beatriz Pacheco

Sound designer: João Baracho

Sound designer associado e operador de som: Carlos Henrique

Técnicos de som: Luca Moreli e Gabriel Fernandes da Silva

Luz: Wagner Antônio

Assistência de iluminação e Programação de Luz: Dimitri Luppi e Ricardo Barbosa

Operador de luz: Ricardo Barbosa e Sibila Gomes

Cenografia: Duda Arruk

Assistência de cenografia: Olívia Chimenti

Cenotécnicos: Alexander Peixoto, Douglas André Caldas, Diego Tadeu Caldas, Victor Santos Silva, Eduardo da Cruz Ferreira, Gonçalo Severino Neres

Técnico de Palco e Maquinaria: Alexander Peixoto e Gonçalo Severino Neres

Transporte: Edmilson Ferreira da Silva

Figurinos: Verônica Julian

Desenvolvimento e Modelagem: Edson Honda

Assistência de figurino: Alice Leão

Costureiras: Salete André e Judite Lima

Programação visual: Guime Davidson e Phillipe Marks

Fotos de cena: Cacá Bernardes | Bruta Flor

Assessoria de Imprensa SP: FT Estratégias

Redes sociais: @DeniseFragaOficial

Roteiro e Audiodescrição: Márcia Caspary e Bell Machado

Consultoria Audiodescrição: Aline Borges

Intérpretes em Libras: Maísa Ferreira Buldrini, Alice Stephanie Ramos, Karoline Amparo Fernandes e Camila Ramos Milan | Libras sem fronteiras

Monitoria para pessoas neurodivergentes: Projeto Girassol

Consultoria de Estratégias de Acessibilidade: Fernanda Costa

Registro e teaser do espetáculo:

Produção executiva: Adriana Tavares e Juliana Borges

Diretora de fotografia: Elisa Mendes

Operadora de câmera: Giovanna Gil

Assistente de câmera: Gabriel Henrique

Técnico de som: Vicente Lacerda

Montador: Guili Minkovicius

Administração financeira: Evandro Fernandes

Apoio Institucional: Teatro Tuca – PUC SP

Coprodução: Café Royal

Realização: NIA Teatro

Este espetáculo é apresentado pelo Ministério da Cultura e Bradesco Seguros

O Que Só Sabemos Juntos foi realizado por meio da Lei Rouanet, Ministério da Cultura e Governo Federal.

(Com Barbara Godoy/FT Estratégias de Comunicação)

Periquito cara-suja, espécie nativa do Ceará e ameaçada de extinção, se reproduz no Planalto da Ibiapaba após 114 anos

Ceará, por Kleber Patricio

Espécie foi reintroduzida no local em dezembro de 2024 por meio de ação do projeto Refaunar Arvorar, iniciativa do Parque Arvorar, em parceria com as ONGs Aquasis e Associação Caatinga. Foto: Divulgação.

Após mais de um século sem registros na região do Planalto da Ibiapaba, 18 indivíduos de cara-suja (Pyrrhura griseipectus) foram reintroduzidos na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), no Ceará, em dezembro de 2024. A ação, que faz parte do projeto Refaunar Arvorar, visa restaurar a biodiversidade local e dar uma nova chance à espécie, que havia desaparecido da região. A iniciativa é uma parceria do Parque Arvorar com as ONGs Associação Caatinga e Aquasis. A região abrigou os últimos espécimes confirmados no Planalto da Ibiapaba há 114 anos.

Na ocasião, além de 18 aves que já haviam passado por período de aclimatação e foram soltas na Reserva, outros três animais da mesma espécie que haviam sido apreendidos pelo Ibama e enviados para o Arvorar como fiel depositário foram encaminhados para o mesmo local, onde passam pela aclimatação para posteriormente serem soltos. Dentre eles estava a fêmea que colocou seis ovos férteis, dos quais três filhotes já nasceram. O momento é amplamente comemorado pela equipe do projeto, que acompanha de perto o desenvolvimento dos embriões para assegurar que os filhotes cresçam de forma saudável.

Nativa do Ceará, o periquito cara-suja havia sido completamente extinto em algumas regiões do Nordeste nos últimos 50 anos e, até 2017, estava classificado como ‘criticamente em perigo’ (CR) na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção. Atualmente, boa parte das áreas onde o cara-suja já ocorreu não apresenta mais ambiente adequado para o seu desenvolvimento. Por meio das ações de conservação, o periquito cara-suja passou da classificação de ‘criticamente em perigo’ (CR) para ‘em perigo’ (EN) na lista vermelha. Agora, mais reintroduções, como as que estão ocorrendo na Reserva Natural Serra das Almas, promovidas pelo Arvorar e as ONGs, poderão, em um futuro próximo, diminuir ainda mais o risco de desaparecimento dessa espécie que esteve à beira da extinção no início desse século.

“Estamos diante de um momento histórico, o nascimento dos primeiros periquitos cara-suja na Reserva Natural Serra das Almas após um século sem a presença confirmada da espécie no Planalto da Ibiapaba. Celebramos essa conquista, fruto de uma parceria bem sucedida com o Parque Arvorar, Associação Caatinga e órgãos ambientais. Ainda é só o início: reintroduzir animais na natureza exige monitoramento constante e enfrentar desafios complexos. Mas o nascimento dos filhotes já é um sinal positivo de que essa espécie está se adaptando ao ambiente e pode repovoar a região com sucesso. Seguimos comprometidos para garantir que esse recomeço prospere.

Três filhotes de periquito cara-suja (Pyrrhura griseipectus) nasceram na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), localizada no Planalto da Ibiapaba, entre os municípios de Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI) nesta semana. O que parece um fato corriqueiro é, na verdade, uma grande conquista para a preservação da espécie ameaçada de extinção e para as pesquisas em conservação. A fêmea que colocou os ovos é uma das três aves recebidas pelo Parque Arvorar como fiel depositário em setembro de 2024, por meio de uma ação coordenada com o Ibama. O Arvorar, novo parque temático do Beach Park, voltado à educação e conservação ambiental, tem como um dos seus pontos de atuação o cuidado de animais silvestres vindos de apreensões ou resgates realizados pelos órgãos ambientais, e teve papel central nesse processo.

Após o resgate realizado pelo órgão responsável, os animais passaram por um cuidadoso trabalho de avaliação e recuperação pela equipe do Arvorar até que o próprio órgão definisse a destinação dos animais e os encaminhasse para o local indicado. “Esse é exatamente o caso da fêmea que hoje protagoniza esse marco: ela foi acolhida, passou por todos os protocolos veterinários, realizando os exames necessários no Parque Arvorar. Após a avaliação comportamental e clínica da nossa equipe técnica mostrar que o animal estava saudável, informamos prontamente aos órgãos envolvidos para que eles definissem a destinação do animal. A fêmea, juntamente com as duas outras aves recebidas, foi então integrada ao projeto Refaunar – que tem como objetivo o repovoamento de espécies nativas em áreas onde haviam desaparecido. Com o aval dos órgãos, o animal foi encaminhado pelos técnicos para a RNSA, onde se reproduziu ainda no processo de aclimatação”, enfatiza Leanne Soares, gerente do parque Arvorar. “O nascimento simboliza o início de um novo ciclo de vida para a espécie no seu habitat original”, complementa Leanne.

Já para Gilson Miranda, gestor da Reserva Natural Serra das Almas, esses pássaros simbolizam perfeitamente a beleza e a diversidade da Caatinga, evidenciando o impacto das ações de conservação para a manutenção da fauna e flora do bioma. “Esse nascimento comprova que os esforços de conservação têm gerado resultados positivos e é ainda mais significativo por ocorrer no mês da Caatinga, reforçando a importância das ações de preservação desse bioma único e 100% brasileiro”, destaca o profissional. Há 25 anos, a Associação Caatinga é responsável pela gestão da Reserva Natural Serra das Almas — a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Ceará — protegendo a Caatinga e sua rica biodiversidade.

Reintegração na natureza | Num esforço conjunto para reverter o declínio populacional da ave e levar os animais da espécie de volta para seu hábitat, o Arvorar, através do projeto Refaunar, em parceria com as ONGs Associação Caatinga e Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), realizou, em nfatiza Fábio Nunes, gerente do Projeto Cara-suja, da Aquasis.

(Com Elisa Melo/Index Assessoria)

Preconceito velado e falta de apoio financeiro e psicossocial são barreiras para retorno ao trabalho após acidente

São João del-Rei, por Kleber Patricio

Maior parte dos acidentes de trabalho ocorre com pessoas do sexo masculino. Foto: Nicholas Lim/Pexels.

Todos os anos, mais de 600 mil trabalhadores brasileiros sofrem acidentes de trabalho, segundo o Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho. Mas não é apenas a gravidade de possíveis deficiências resultantes que define se conseguirão ou não voltar ao mercado de trabalho após um acidente laboral. Pesquisa realizada pela UFSJ (Universidade Federal de São João del-Rei) revela que suporte financeiro, apoio psicossocial, minimização do preconceito e adaptações no ambiente de trabalho são decisivos para a reinserção. O estudo foi publicado no último dia 2 na revista Psicologia: Ciência e Profissão.

A pesquisa entrevistou 20 trabalhadores de Minas Gerais que sofreram sequelas graves após acidentes de trabalho, como paraplegia, tetraplegia e amputações. A maioria dos participantes era do sexo masculino, o que está em linha com dados nacionais que apontam maior incidência de acidentes de trabalho entre homens. Do total, apenas dez voltaram às atividades, enquanto quatro se aposentaram e seis permaneciam afastados pelo INSS.

Segundo o estudo, a deficiência, por si só, não foi o principal obstáculo para os que retornaram: “Aspectos organizacionais, como a qualidade do suporte financeiro e psicossocial ofertado pelas empresas e o modo de condução do processo de retorno, podem ser fatores tão ou mais influentes”, afirmam as autoras Joelma Cristina dos Santos e Maria Nivalda de Carvalho-Freitas.

As pesquisadoras apontam que o apoio emocional e material dado durante a reabilitação impacta diretamente o comprometimento do trabalhador com a empresa. Onde houve acolhimento e adaptação de funções, a volta ao trabalho foi mais comum. Já a ausência de suporte, a falta de condições acessíveis e o preconceito sutil no ambiente laboral contribuíram para a desistência ou a aposentadoria precoce. “O foco da reinserção após um acidente de trabalho deve ser, principalmente, o suporte financeiro e psicossocial ao trabalhador e as possíveis adequações a serem realizadas nos ambientes físico e social da organização, ou seja, modificações arquitetônicas, em mobiliários e maquinários, bem como práticas de sensibilização sobre o preconceito em relação a pessoas com deficiência e reabilitadas”, diz.

Para Santos, diante do resultado da pesquisa e de relatos de entrevistados que se sentiram excluídos e até mesmo abandonados, são necessárias regras mais rígidas para que as empresas garantam condições de reabilitação e inclusão dos profissionais.

(Fonte: Agência Bori)