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Julio Villani realiza exposição individual em Nova York

Nova York, por Kleber Patricio

Obra “At swing time”. Fotos: divulgação.

Júlio Villani inaugura nesta quinta-feira, 9 de dezembro, sua primeira individual em Nova York – Perspectivas em conflito. São vinte obras, produzidas especialmente para a exposição, que serão apresentadas na RX & Slag Galleries, galeria francesa que inaugurou um novo espaço na cidade norte americana no badalado bairro de Chelsea.

As cores são mais vivas e intensas do que nos últimos anos – mas a trama de suas estruturas segue baseada na linha. Júlio costuma dizer que “se apenas uma viesse a faltar, todo o edifício poderia ruir”.

Morando em Paris desde os anos 80, o artista tem sua marca nas formas geométricas, uma herança neoconcreta, mas sempre com uma dose de imprevisto.

O artista Júlio Villani.

No trabalho de Villani, as linhas são traçadas, apagadas e retraçadas com carvão sobre a tela. Recoberta com uma preparação em caulim (que lhe confere um aspecto fosco, mas também uma grande sensibilidade a qualquer intervenção sobre sua superfície), a tela conserva a memória de sua construção, que a cor não tenta esconder. O processo de criação, o movimento da mão e as hesitações do artista têm seu lugar, real e visível, no trabalho acabado.

Sensível é também o uso muito particular que Villani faz da perspectiva – que reaparece em seu trabalho após anos de composições explorando planos de cor mais do que o volume.

A exposição segue até 22 de janeiro.

Serviço:

RX & Slag Galleries

522 West, 19th street, Nova York

Telefone: +1 (212) 967 98 18

De: 9 a 22 de dezembro

Horário: terça a sexta, 10h às 13h e de 14h às 18h – sábados, 10h às 18h.

(Fonte: FleishmanHillard)

Artista de Santa Catarina expõe obras originais no Carrousel du Louvre

Paris, por Kleber Patricio

Lupegoraro – “Shambala” – 100 x 70 – AST – Medalha de Bronze – Toulouse, França – 2017.

Para Lupegoraro, artista visual que faz parte da assessoria e do time da UP Time Art Gallery – galeria de arte itinerante que busca disseminar e democratizar o que há de melhor no cenário artístico contemporâneo brasileiro e internacional –, a arte, música, dança e cultura sempre foram de seu interesse e estiveram presente em toda sua vida. A brasileira, que atualmente reside em Blumenau (SC), faz do pincel e da tinta janelas para suas emoções, por meio de movimentos, cores, luzes e tons sobre tons que, quando observados com profundidade, despertam a emoção da existência e a liberdade como um sopro de vida. Seus trabalhos apresentam a arte abstrata e figurativa contemporânea, com a crença de que a desconstrução de conceitos e procedimentos é o que inspira e traduz a verdadeira arte.

“Busco transmitir emoção, alegria e beleza por meio de cores e formas, que, na arte, se tornam um meio de expressão do sentimento, aflorando os mais diversos sentidos da alma”, reforça a artista visual, que está em cartaz, até 10 de dezembro, como parte da exposição Arte Que Nos Une, realizada pela curadoria da UP Time Art Gallery no Centro Cultural dos Correios de São Paulo. “A arte contribui de forma encantadora, refletindo e ilustrando uma época em busca de harmonia social. Assim, quando se decide criar uma obra de arte, é necessário estar ciente de que se está diante de um desafio, em que se faz necessário lapidar o conhecimento, a persistência, a observação e imergir no estado criativo”, complementa.

Lupegoraro – “Anil” – 80 x 60 – AST – 2016 – Medalha de Bronze – Madri, Espanha – 2017.

A brasileira, que vai exibir suas obras de arte, em abril do próximo ano, no Carrousel du Louvre, galeria subterrânea que fica em uma das entradas do consagrado Museu do Louvre, em Paris, já teve duas de suas pinturas, Shambala e Anil, premiadas com medalha de bronze em exposições na Europa. Com inspirações em Miró e Van Gogh, a também funcionária pública contempla e admira diferentes pintores, escultores e artistas para construir e desconstruir seu estilo artístico. Para os iniciantes no universo da arte, a artista deixa sua dica: “Não deixe nunca de buscar aquilo que você almeja. Jamais permita que alguém o desestimule. Trace seu próprio caminho e perfil. Existe lugar para todos, enfim”, finaliza.

Para conhecer mais sobre o trabalho da artista de Santa Catarina, acesse a galeria da UP Time Art Gallery.

Sobre a UP Time Art Gallery | Galeria de arte itinerante que reúne artistas do Brasil e de países da Europa para disseminar o que há de melhor no cenário da arte contemporânea. Fundada por Marisa Melo, empresária no mercado de arte, a galeria alcança mais de 30 países ao redor do mundo, apresentando exposições 3D e presenciais com um time de artistas distintos.

(Fonte: Agência Brands)

Cultura FM estreia série sobre a música no cinema brasileiro

São Paulo, por Kleber Patricio

Alexandre Guerra. Foto: Nathalie Bohm.

Estreia no sábado (11/12) na Rádio Cultura FM (103,3), a série Cine Brasil – A Música no Cinema Brasileiro. Idealizada pelo compositor para TV e Cinema Alexandre Guerra, a série, em 13 episódios, fará uma retrospectiva da história do cinema brasileiro e sua relação com a música do nosso país. Guerra produz, roteiriza e apresenta a atração, que vai ao ar às 22h, ao lado de Alexandre Ingrevallo.

Ao longo dos episódios, o repertório de mais de um século de música e as participações de pesquisadores, cineastas, compositores e biógrafos como Alice Gonzaga, Ricardo Cravo Albin e Celso Sabadin, trazendo ao público preciosas histórias musicais que nosso cinema coleciona.

O Cinema Mudo no Brasil, o início do Cinema Sonoro, as produções da Cinédia, o lançamento de Carmem Miranda ao mundo, as chanchadas da Atlântida, o Cinema Novo e toda a evolução das produções nacionais passando pela retomada nos anos 90 e o grande sucesso internacional de obras como Central do Brasil e Cidade de Deus.

Grandes maestros que arranjaram ou criaram trilhas para filmes brasileiros, como Gabriel Migliori, Rogério Duprat, Guerra-Peixe, Franscisco Mignone, Radamés Gnatalli, Camargo Guarnieri e Cláudio Santoro também serão destaque. A série também abre espaço para os atuais criadores de música para cinema como Antônio Pinto, André Abujamra e Beto Villares.

Alexandre Guerra é formado em música de cinema pelo Berklee College of Music, onde estudaram os compositores americanos Howard Shore e Alan Silvestri. Estudou harmonia e composição com Hans Koelheuter. Trabalhou com a criação de jingles para publicidade e compôs trilhas sonoras para mais de 130 projetos em cinema e televisão ao lado de diretores como Jayme Monjardim, Bruno Barreto e Marcelo Machado, entre outros.

Cine Brasil – A Música no Cinema Brasileiro

Roteiro, produção e apresentação: Alexandre Guerra e Alexandre Ingrevallo

Estreia: sábado (11/12) às 19h na Cultura FM (103,3)

Reapresentação segundas-feiras, às 22h.

(Fonte: Assessoria de Imprensa | TV Cultura)

17º Prêmio Literário Acrísio de Camargo e 7º Salão de Artes Visuais de Indaiatuba divulgam vencedores

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Da direita para a esquerda, o presidente do Conselho Municipal de Cultura, Alex Jegorow,  o curador Celso Falaschi, o prefeito de Indaiatuba, Nilson Gaspar, a secretária municipal de Cultura, Tania Castanho, e o mestre de cerimônias, Fábio Alexandre. Fotos: Eliandro Figueira.

Em evento realizado na noite de terça-feira, 7 de dezembro, na Tulha do Casarão Pau Preto, a Secretaria de Cultura de Indaiatuba revelou os vencedores do 17º Prêmio Literário Acrísio de Camargo – Nova Geração e do 7º Salão de Artes Visuais de Indaiatuba. Foram entregues também os certificados e prêmios aos vencedores do Festival de Rock e Música Instrumental.

“A Prefeitura de Indaiatuba investe continuamente em Cultura, pois sabe de sua importância na vida de nossos munícipes. Estes dois eventos que estamos premiando agora são provas da pluralidade do talento de nossa população”, comentou o prefeito Nilson Gaspar durante a premiação. “Temos artistas de todas as idades aqui e isso é muito importante, pois uma cidade sem Cultura é uma cidade sem identidade”.

“Gostaria de agradecer todos os que participaram do Prêmio Literário e Salão de Artes, dois eventos que crescem a cada ano não somente no número de inscrições, mas também na qualidade dos trabalhos”, analisou a secretária municipal de Cultura, Tânia Castanho. “Isso comprova a evolução contínua de nossos artistas, que são desafiados todos os anos a ampliar seus horizontes”.

Público presente na Tulha do Museu Municipal “Antonio Reginaldo Geiss”, o Casarão Pau Preto.

O 17º Prêmio Literário Acrísio de Camargo – Nova Geração foi criado com o objetivo de divulgar o nome do autor da letra do Hino de Indaiatuba e incentivar a produção literária local.

Na categoria Conto, o terceiro lugar foi para Ingrid Rosa dos Santos, com Mulher Peixe, e a segunda colocação ficou com Matheus Barbosa da Silva, com Cinofobia. A vencedora foi Juliana Nogueira Bertoli, com Hilda, Jeremias, Mirtes.

Na categoria Crônica, Ingrid Rosa dos Santos foi a terceira colocada com Estilhaços e Ludmila Samara dos Santos ficou na segunda posição com A Descoberta do Eu Artista. O primeiro prêmio foi para Juliana Nogueira Bertoli, com Descanse em Paz.

Na categoria Poesia, Raphael Panzetti Pinto Lari conquistou a terceira posição com 2019-2021 e Caroline Amaral dos Santos foi a segunda colocada com Heroico. A vencedora é Julia Pantin da Silva, com Fotografia.

Jurados | O curador do 17º Prêmio Literário Acrísio de Camargo – Nova Geração é Celso Luiz Falaschi, produtor cultural, arteterapeuta, jornalista, mestre em Educação (Ensino Superior) e doutor em Psicologia (Criatividade). Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Arteterapia da Faculdade Vicentina – Integrarte, polos de São Paulo, Campinas, São José dos Campos, Curitiba e Belo Horizonte e professor do mesmo curso.

Como produtor cultural, destaca-se como criador e curador do Salão de Artes Visuais de Indaiatuba desde 2015. Foi curador também dos festivais Outubro Literário 2014, 2015 e 2016, do Festival Junho das Tradições e Cultura Popular 2016, dos Festivais Agosto das Artes 2015 e 2016 e das atividades locais da Virada Cultura Paulista de 2016, todos em Indaiatuba.

Foi coordenador adjunto da Exposição Experimental em Comunicação, dentro do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, de 1996 a 2003, evento que chegou a ter cinco mil trabalhos inscritos em uma única edição.  É autor de vários livros nas áreas de Arteterapia, Criatividade e Comunicação, atuando como palestrante em congressos nacionais e internacionais das três áreas.

Armando Martinelli é graduado em Jornalismo (PUC-Campinas) e mestre em Divulgação Científica e Cultural (Unicamp). Autor do livro Recital das Reticências (2018, Editora Urutau), também tem poesias e contos publicados em revistas e coletâneas digitais.

Kleber Patricio é natural de Santos e reside em Indaiatuba desde 1986. Jornalista, escreve desde 1992 (com passagens pelo jornal Tribuna de Indaiá e pela Revista da Tribuna) e mantém, desde 2008, o canal Kleber Patricio Online (website, Facebook, Instagram e Twitter). Ocupou o cargo de diretor do Departamento de Difusão e Formação da Secretaria Municipal de Cultura e foi também chefe da Assessoria de Comunicação Social da Prefeitura.

Eloy de Oliveira é escritor, consultor literário e professor de escrita criativa, além de roteirista, jornalista com especialização em gestão de crise, consultor e gestor de marketing político, corporativo e esportivo. Ocupa a cadeira 31 da Academia Saltense de Letras desde 2015. Seu último livro é A Última Noite de Helena, romance policial, de 2020. É autor sozinho ou em parceria de outros 13 livros de poesias, crônicas, contos e ensaios. No mês de outubro de 2021, lançou pela Academia Saltense de Letras a antologia É de Sonho e de Pó, que reúne textos de 24 autores sobre a pandemia do coronavírus.

Antonio da Cunha Penna é fotógrafo e escritor, reside em Indaiatuba desde 1957. Foi, por muitos anos, diretor social e de cultura do Indaiatuba Clube. Cofundador da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, publicou os livros Só Dói Quando Dou Risada (2005); Nos Tempos do Bar Rex (2010) e Tipos Notáveis da Popularidade (e algumas histórias mal contadas) em 2015. Em 1998, foi vencedor do Mapa Cultural Paulista na categoria Contos.

Marcus Vinicius Pasini Ozores é natural de Araraquara, mas um trabijuense de coração e um tupinambá por adoção na praia de Barequeçaba. Sociólogo de formação pela Universidade Estadual de Campinas com mestrado e doutorado em Educação, na realidade sempre foi jornalista por profissão. Trabalhou em vários órgãos da imprensa escrita, teve passagem pela televisão e rádio e aposentou-se há três anos como jornalista da Unicamp. Desde então, dedica-se às leituras de poesia e poetas e mantém canal no YouTube intitulado Só a Poesia nos Salvará.

Áureo Lustosa Guérios é doutor em Literatura Comparada pela Universidade de Pádua, mestre em Cultura Literária Europeia pela Universidade de Bolonha e bacharel em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná. Ele é o criador e apresentador do podcast Literatura Viral, programa sobre literatura, história e epidemias.

Artes | O 7º Salão de Artes Visuais de Indaiatuba tem o objetivo, desde sua concepção, de incentivar a produção local em quatro categorias: Desenho, Escultura, Fotografia, Gravura e Pintura. O conceito de Artes Visuais inclui diversos domínios da criação estética e acolhe todas as expressões artísticas, cujo denominador comum seja o visual, do desenho ao vídeo.

Também com curadoria de Celso Luiz Falaschi, o Salão contou com os seguintes jurados: Cláudio Assato é médico psiquiatra, com especialidade em psicanálise e arteterapia. Artista plástico, com especialização em Artes Visuais, Intermeios e Comunicações (Unicamp) e Arte Contemporânea e História da Arte (Arquitec). Pesquisador em arte bruta, com trabalhos desenvolvidos no Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, em Campinas.

Danilo de Angeli é arte-educador, arteterapeuta e artista plástico, residente em Piracicaba. Participou de diversas edições dos salões de Belas Artes, de Arte Contemporânea e de Humor de Piracicaba, jurado do Salão de Arte Contemporânea de Limeira, atuando também como jurado e curador de inúmeros eventos artísticos. Professor em cursos de pintura, desenho e mangá em Piracicaba.

Regina Lara é artista Plástica e professora universitária, com mestrado em Artes pela Unicamp e doutorado em Psicologia e Criatividade pela PUC-Campinas. Professora nos cursos de Artes e Design da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Confira os vencedores:

DESENHO

1º – A Trompetista, de Adão Pedroso de Morais

2º – Zoomorfismo, de Natália Yulika Murakami

3º – Aurora, de Laís Costa Oliveira

Não houve concessão de menções honrosas nesta categoria

ESCULTURA

1º – Ópera de Concreto, de Elisa Faccin

2º – Peito-Respeito-Renovação, de Gelson Nenê

3º – Dor Sem Nome, de Anna Pellizari

Não houve concessão de menções honrosas nesta categoria

FOTOGRAFIA

1º – Sem Título 1, 2, 3, de Marcus Vinicius Mazieri Campo

2º – Perfume Analógico, de Kelly Cristina Amaral

3º – No Meio do Caminho, de Erondina de Aquino Silva

Menção honrosa – Isso Não é Praia, de Alex Flávio Guimarães

Menção honrosa – Through the Portal, de Erick Cardoso Coelho

GRAVURA

1º – Nativitas Pharaonis 1, 2, 3, de João Carlos Dias Santos

2º – Gêmeos Siameses, de Alex Flávio Guimarães

3º – Oceano, de Karen Ewel

PINTURA

1º – Um Dia, as Únicas Borboletas Restantes Estarão em seu Peito Enquanto Você Marchar em Direção à Morte, de Hugo White King

2º – Planta Urbana 3, de Rafael Pereira

3º – Camaleão, de Bianca Ferreira Cabral

Menção honrosa – Touro, de Adão Pedroso de Morais

Menção honrosa – Carvalhos, de Elaine Ap. Pinhoti Rodriguez

Menção honrosa – Menina 2, de Kenia Marli de Angeli.

(Fonte: Assessoria de Imprensa | Prefeitura de Indaiatuba)

Perspectiva econômica para o ano eleitoral de 2022 pode arrastar para o fundo do poço o emprego e a renda de milhões

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Roberto Parizotti/Fotos públicas.

Por Paulo Sandroni — A inflação e sua acompanhante inseparável, a taxa Selic, marcham velozmente em direção aos dois dígitos. É provável que ambas inaugurem o ano eleitoral de 2022 acima dos 10%, desencadeando perdas e danos e adiando uma vez mais a retomada do crescimento da economia.

A inflação representa uma maneira fácil de aumentar a arrecadação: os preços (sobre os quais os impostos são calculados) aumentam e a receita cresce, ao passo que despesas correntes do governo, como pagamento de salários (reajustes), não crescem com a mesma velocidade. Além disso, apesar do PIX, o aumento no valor das transações demanda maior emissão de moeda: produzir uma nota de R$100 custa só cinquenta centavos e a diferença é embolsada pelo emissor.

Se, por um lado, as receitas tributárias aumentam, por outro o governo lida com substância eleitoralmente tóxica: os preços nas nuvens obrigam os mais pobres a comprar o osso, pois não é possível adquirir a carne que o envolve.

E, entre a inanição popular e a revolta, o caminho é curto. Para neutralizar o desgosto, o governo acena com um auxílio de R$400, já que não é pecado abrir a caixa de ferramentas das bondades. A operação fura-teto de gastos, que viabiliza também as secretas emendas parlamentares, deve ser entendida neste contexto: o importante é ganhar as eleições, o resto fica para depois. Se a economia despenca arrastando ainda mais para o fundo do poço o emprego e a renda de milhões, a gente resolve em 2023.

Até os ministros mais magros tendem a empurrar com a barriga, preferindo adiar ações desagradáveis hoje, mesmo que se tornem desastrosas amanhã. Cumprem ordens dos políticos, cuja missão mais importante é garantir a reeleição. Esse filme se repete com frequência.

No médio e longo prazo, no entanto, essa política afugenta investidores. Investimentos produtivos, indispensáveis para a retomada do crescimento, demandam tempo de maturação. Em outras palavras, requerem no mínimo de três a cinco anos para apresentar os primeiros retornos. Se os investidores não sentirem segurança e as incertezas aumentarem, permanecerão no modo de espera e a alavanca do crescimento não se moverá de forma robusta.

A manobra eleitoreira que o governo federal tenta com a operação fura-teto em nada contribui para apresentar um futuro razoavelmente estável. Ao contrário, ampliando a dívida pública, o governo federal necessitará rolar parte crescente dela no curto prazo, pagando juros cada vez mais elevados. As inevitáveis desvalorizações cambiais – ao mesmo tempo causa e efeito do ambiente envenenado pelo binômio inflação/incertezas – elevarão os preços da cesta básica, atormentando de maneira atroz a vida dos mais pobres. Investidores permanecerão com o dinheiro empoçado, esperando o desenlace eleitoral de 2022, outro ano de provável recessão ou, na melhor das hipóteses, de crescimento raquítico.

Alternativa? Um dos caminhos para evitar o fura-teto seria lançar um imposto sobre a riqueza acumulada pelas famílias mais ricas — o sofrimento dos mais pobres seria mitigado sem desarrumar as contas públicas — ou afetar o padrão de vida dos que vivem no topo da pirâmide.

Sobre o autor | Paulo Sandroni é professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP).

(Fonte: Agência Bori)