“Não se combate a violência com um único modelo de enfrentamento. Cada geração exige uma abordagem diferente”, segundo advogado criminalista Davi Gebara


São Paulo
O Instituto Inhotim inaugura, a partir do dia 16 de julho, a sua vigésima galeria permanente, dedicada a Yayoi Kusama (Matsumoto, Japão, 1929), uma das mais renomadas e emblemáticas artistas da atualidade. A Galeria Yayoi Kusama abriga duas de suas obras: “I’m Here, But Nothing” (2000) e “Aftermath of Obliteration of Eternity” (2009), trabalhos pertencentes à Coleção do Instituto Inhotim adquiridos em 2008 e 2009, respectivamente.
“A inauguração da Galeria Yayoi Kusama cumpre uma ambição artística central no Inhotim em relação à obra de uma das artistas mais visionárias de nosso tempo”, diz Allan Schwartzman, cofundador do Inhotim. “Essa ocasião permite-nos oferecer uma presença permanente para três das obras mais emblemáticas da artista, cada uma delas incorporando uma expressão ambiental nitidamente diferente do universo criativo da artista: a transformação ótica de um espaço escuro em um lugar psicológico de sobrecarga sensorial; um espaço infinito contemplativo e um jardim de flutuação suspensa composto por inúmeras esferas metálicas pairando sobre a paisagem natural do Inhotim. A Galeria Yayoi Kusama incorpora os mais altos objetivos do Inhotim de oferecer ambientes únicos para a experiência de obras de arte excepcionais em grande escala para um público amplo e diversificado”.
Yayoi Kusama é reconhecida mundialmente pelo seu trabalho, caracterizado por uma imaginação criativa e cativante com diversidade de suportes e linguagens, sobretudo nas instalações imersivas, que convidam o espectador a adentrar em seu universo, aguçando a sua percepção. Happenings, performances, pinturas, esculturas, instalações, trabalhos literários e filmes fazem parte do acervo criativo da multiartista. A participação coletiva em suas instalações de imersão dá sentido às suas obras, concretizando uma experiência sem limites, sem bordas, com cores, contrastes, luzes e sombras.
O projeto arquitetônico da Galeria Yayoi Kusama foi desenvolvido pelos arquitetos Fernando Maculan (MACh) e Maria Paz (Rizoma), com uma área de 1.436,97 m² localizada no Eixo Laranja, próxima à Galeria Cosmococa e ao Jardim Veredas. A proposta da arquitetura da galeria pensa não somente em um espaço protegido para receber as instalações, mas também para o seu público, trabalhando com a ideia da espera e da permanência em um espaço de convívio. “Dada a relevância do trabalho de Yayoi Kusama e a conhecida atratividade de grandes públicos, o projeto da galeria conta com um amplo espaço de espera e preparação”, explicam os arquitetos.
O paisagismo da Galeria Yayoi Kusama traz um caminho sinuoso feito de pedras que desvela a galeria ao público, perante as curvas do caminho, despertando a curiosidade de quem chega. O projeto paisagístico foi realizado por Juliano Borin, curador Botânico do Inhotim, Geraldo Farias, da equipe do Jardim Botânico do Inhotim, com contribuições de Bernardo Paz. O jardim planejado é inspirado em um jardim tropical multicolorido, com um toque de psicodelia, onde foram plantadas mais de 4 mil bromélias e apresenta a linguagem paisagística já consolidada do museu e jardim botânico, mas remete também a ligação de Yayoi Kusama à sua origem japonesa e aos dots que se repetem em sua obra.
Sobre a artista
Os padrões repetitivos marcam a trajetória de Yayoi Kusama desde os seus desenhos feitos na infância, mesmo período em que, devido ao seu quadro de saúde mental, ela começa a apresentar alucinações envolvendo pontos e círculos – polka dots – constantes. O desejo de se tornar artista, paralelamente aos conflitos familiares e à falta de apoio nessa empreitada, fez com que Kusama se mudasse para os Estados Unidos no final da década de 1950. Foi em uma de suas primeiras exposições em Nova York que a artista ficou conhecida por suas pinturas de grande escala, com infinitos pontos monocromáticos sobre a tela. Conforme experimentava uma série de suportes e linguagens, Yayoi Kusama elaborava projetos artísticos cada vez mais audaciosos para o contexto conservador da época, se manifestando politicamente e propondo a libertação do corpo por meio de happenings e performances.
Aftermath of Obliteration of Eternity (2009). Foto: Cortesia de Bellagio Gallery of Fine Art in Las Vegas.
Há, na obra de Kusama, uma ideia geral que conecta o conjunto de seus trabalhos e a acompanha durante toda a sua carreira – o conceito de auto-obliteração [Self-Obliteration], que consiste na abolição da individualidade para se tornar um com o universo, e se encontra no título de uma das obras que estão na nova galeria no Inhotim. É dessa maneira que Kusama nos lembra que somos conectados por algo maior e que fazemos parte de um todo. Essa sensação de auto obliteração se dissolve e acumula; prolifera e separa, ao mesmo tempo em que nos integra ao ambiente, na busca de alcançar o infinito pela repetição das formas.
Em uma performance em 1967, durante a apresentação do filme Self-Obliteration [Auto-Obliteração], Yayoi Kusama usou pela primeira vez tinta e lâmpada fluorescentes para tornar visível sua percepção de mundo que passa pela repetição de elementos como pontos e partes do corpo. Depois de usar pessoas como telas para suas pinturas, a artista passa a transformar a percepção por meio de ambientes imersivos, como em “I’m Here, But Nothing”.
Sobre as obras
Totalmente Iluminado por luz negra, um ambiente doméstico comum é tomado por inúmeros pontos brilhantes coloridos. Os móveis e os objetos que compõem “I’m Here, But Nothing” (2000) são corriqueiros de uma casa, como sofá, televisão, mesa, cadeiras, porta-retratos, tapetes e mais objetos de decoração. Os pontos em tinta fluorescente são adesivos espalhados pelas paredes, por todos os objetos, no teto e no chão. Com a luz negra (UV-A, ultravioleta), esses pontos coloridos cintilam ao olhar do espectador, transformando o espaço, ativando a percepção e, de certa maneira, preenchendo um vazio. A obra pode ser percebida também como parte do conceito da artista da auto obliteração, no sentido da dissolução da pessoa espectadora no próprio ambiente – que, para algumas pessoas, pode trazer uma sensação de segurança, por estar em contato com objetos e mobílias reconhecíveis, enquanto para outras pode trazer uma sensação mais relacionada à ausência, como sugere o título da obra.
“Aftermath of Obliteration of Eternity” (2009), criada quando Yayoi Kusama já tinha 80 anos, parte dos princípios da filosofia de auto obliteração pensada pela artista, do desejo de negar a sua existência se unindo ao infinito, como parte de um todo. Nesse ambiente imersivo, a proposta é que o espectador seja conduzido a um universo completamente diferente do exterior, um cosmo transcendental. O aspecto da obra nos remete a uma miragem contínua iluminada por lanternas, que vai se esmaecendo à medida que a nossa percepção se afasta da realidade. Na tradição japonesa, esse tipo de iluminação está ligado à espiritualidade, uma conexão com os ancestrais, inspirada na cerimônia tradicional japonesa Tooro nagashi.
“Nas duas obras, com aspectos distintos, Yayoi Kusama parte do conceito da auto obliteração, que a artista investiga em seu trabalho há muitas décadas. A ideia é pensar a dissolução do individualismo, buscando uma comunhão com o universal, borrando os limites do que é obra, espaço, corpo e paisagem”, explica Douglas de Freitas, curador do Inhotim. “Em ‘I’m Here, But Nothing’, um espaço doméstico reconhecível é o ponto de partida para uma alteração na percepção do espaço através da luz e de adesivos de bolinhas com tinta fluorescente. Já em ‘Aftermath of Obliteration of Eternity’, a artista cria um espaço avesso ao reconhecível da outra obra. O jogo de espelhos e luz cria um cosmo, uma imagem de vazio que aos poucos se ilumina e se reflete infinitamente”, finaliza o curador.
Sobre o projeto arquitetônico
Para a Galeria Yayoi Kusama, foram criados pequenos largos com bancos de madeira, como um convite à permanência daqueles que visitam a galeria ou que estão apenas desfrutando da ambiência e da vista. Se visto por cima, como uma intervenção de cor na paisagem, o projeto conecta dois momentos da vegetação existente – a mata espontânea e o jardim planejado – e parece ocultar um mundo mágico a ser descoberto pelas pessoas que visitam o parque. “Nosso projeto se sintetiza em duas ações sobre esta paisagem já alterada: a criação de uma cobertura leve para sombreamento de toda a área e a inserção de um edifício longilíneo que se estende em todo o limite da praça com a mata, ancorado nos dois taludes laterais”, especificam Fernando Maculan e Maria Paz.
Sobre toda a extensão da praça e da galeria, uma tela metálica flexível dá suporte para o crescimento de uma vegetação de origem asiática – Congea tomentosa – tipo de planta trepadeira de ampla cobertura vegetal com floração densa que costuma ocorrer após o inverno. A Congea atribui a noção de tempo e de transformação contínua ao projeto da Galeria Yayoi Kusama, alternando a coloração de sua inflorescência em tons de branco, rosa, lilás e cinza.
Sobre o projeto paisagístico
No jardim planejado da Galeria Yayoi Kusama, a matiz avermelhada da estrutura de aço corten existente no edifício principal da Galeria Yayoi foi seguida na escolha de bromélias verdes, amarelas e avermelhadas – muitas delas apresentam círculos naturais em suas folhas, referenciando o trabalho da artista. Para destacar o amplo vão sem colunas do espaço da galeria, foram escolhidas plantas de baixo porte. Já o uso do arbusto Conchocarpus macrophyllus, espécie nativa da Mata Atlântica, traz a única verticalidade das plantas para alinhar com o piso e com as chapas metálicas do revestimento da galeria.
“Usamos muitas plantas da família Marantaceae, com suas folhas que parecem pintadas à mão, tornando o jardim mais onírico”, comenta Juliano Borin, curador botânico do Jardim Botânico do Inhotim. As pedras usadas na área do jardim da galeria são pedras do minério de ferro em blocos maciços que, segundo Borin, trazem uma identidade do Inhotim e da própria galeria. Em outra referência ao país de origem da artista, a posição das pedras aponta para o Japão.
De Yayoi Kusama, o Inhotim já exibe a obra “Narcissus Garden Inhotim” (2009), que faz referência ao mito de Narciso, aquele se encanta pela própria imagem refletida na água. “Narcissus Garden Inhotim” reúne 750 esferas de aço inoxidável sobre um espelho d’água no terraço do Centro de Educação e Cultura Burle Marx, prédio desenhado pelos Arquitetos Associados. Nas palavras da artista, a obra se comporta como “um tapete cinético”, dada a ação do vento, que cria diferentes agrupamentos das esferas em meio à vegetação aquática. Esta obra é uma versão da escultura apresentada pela primeira vez na 33ª Bienal de Veneza (1966). Nesta ocasião, Yayoi Kusama, clandestinamente, colocou à venda 1500 esferas distribuídas ao lado do pavilhão Itália com duas placas com os dizeres: “Seu narcisismo à venda” e “ Narcissus Garden, Kusama”.
A Galeria Yayoi Kusama conta com o patrocínio da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Serviço:
Galeria Yayoi Kusama
Obras presentes na Galeria Yayoi Kusama: “Aftermath of Obliteration of Eternity” (2009), espelho, madeira, plástico, acrílico, LED, alumínio. “I’m Here, But Nothing” (2000), adesivos, lâmpadas fluorescentes ultravioleta, mobília, objetos domésticos, dimensões variáveis.
Data de inauguração: 16 de julho de 2023, domingo.
Localização: Eixo Laranja, G24, Instituto Inhotim.
Clique aqui para saber mais sobre a operação especial de visitação das obras.
Informações gerais
Horários de visitação: de terça a sexta-feira, das 9h30 às 16h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30.
Entrada: R$50,00 inteira (meia-entrada válida para estudantes identificados, maiores de 60 anos e parceiros). Crianças de até cinco anos não pagam entrada.
Localização: O Inhotim está localizado no município de Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte (aproximadamente 1h15 de viagem). Acesso pelo km 500 da BR381 – sentido BH/SP. Também é possível chegar ao Inhotim pela BR-040 (aproximadamente 1h30 de viagem). Acesso pela BR-040 – sentido BH/Rio, na altura da entrada para o Retiro do Chalé.
Opções de transporte regular:
Transfer – a Belvitur, agência oficial de turismo e eventos do Inhotim, oferece transporte aos sábados, domingos e feriados, partindo do hotel Holiday Inn Belo Horizonte Savassi (Rua Professor Moraes, 600, Funcionários, Belo Horizonte). É preciso comparecer 15 minutos antes para o procedimento de embarque e conferência do voucher. Veja mais informações sobre o transfer clicando aqui. Ônibus Saritur – saída da Rodoviária de Belo Horizonte de terça a domingo, às 8h15 e retorno às 16h30 durante a semana e às 17h30 aos fins de semana e feriados. R$51,75 (ida), R$46,05 (volta), R$97,80 (ida e volta).
Inhotim Loja Design | A loja do Inhotim, localizada na entrada do Instituto, oferece itens de decoração, utilitários, livros, brinquedos, peças de cerâmica, vasos, plantas e produtos da culinária típica regional, além da linha institucional do Parque. É possível adquirir os produtos também por meio da loja online.
(Fonte: Instituto Inhotim)
A Orquestra Sinfônica de Indaiatuba (OSI) se apresenta, no dia 7 de julho, na abertura do Festival de Inverno – evento promovido pela Prefeitura de Indaiatuba – ao lado da Gâmbia Rock. O Rock Sinfônico acontece a partir das 20h, no palco externo, montado ao lado da concha acústica, no Parque Ecológico. A entrada é gratuita e por ordem de chegada.
Esta não será a primeira vez que OSI e Gâmbia Rock realizam o Rock Sinfônico, mas será a primeira em que estarão no mesmo palco, já que o concerto anterior, realizado há três anos, ainda durante a pandemia da Covid-19, foi em formato online e garantiu mais de 5,5 mil visualizações.
No repertório deste encontro, não faltarão clássicos do rock internacional, como “Best for You”, “You Give Love a Bad Name”, “Beautiful Day”, “Perfect Strangers”, “Don’t Wanna Miss a Thing” e “Wish you were here”, entre outros sucessos, além de músicas autorais da banda, como “O amanhã” e “Nanquim”. Os arranjos são de Emanuel Massaro e a direção artística e regência, do maestro Paulo de Paula. O concerto terá duração de 1h15.
A Orquestra Sinfônica de Indaiatuba já figura entre as maiores do Estado de São Paulo e se apresenta sob a regência do maestro Paulo de Paula. Na cidade, tem realizado intenso trabalho de formação de público por meio de concertos comentados, tornando a música clássica acessível a uma grande parte da população.
Gâmbia Rock | Desde sua criação, em 2017, a banda realizou mais de 100 shows em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, além de cidades do interior paulista; entre elas, Campinas e Sorocaba. A banda, que é originária de Indaiatuba, se destaca e traz aos palcos uma energia contagiante, compartilhando com o público experiências por meio da música.
O concerto tem realização da Associação Mantenedora da Orquestra Jovem de Indaiatuba em parceria com a Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Cultura.
Serviço:
Festival de Inverno – Rock Sinfônico
Data: 7 de julho l Horário: 20h
Endereço: Circuito próximo à Concha Acústica – Parque Ecológico
Entrada gratuita.
(Fonte: Armazém da Notícia)
Cabo estava preso na cauda da Jubarte e foi cortado pela equipe do Instituto Argonauta. Fotos: Instituto Argonauta.
Uma baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) ficou presa em um apetrecho utilizado em pesca de espinhel e foi desemalhada em Ilhabela, litoral norte de São Paulo, na tarde desta terça-feira (27) pela equipe do Instituto Argonauta.
A ação contou com o apoio da embarcação Pontoporia da Terramare e o acionamento foi feito pelas equipes da embarcação Megafauna e do VIVA Instituto Verde Azul, que avistou a baleia pela manhã e solicitou apoio da Megafauna, que estava na região observando baleias, a bordo com equipes dos Projetos Baleia à Vista e Mantas de Ilhabela, além de fotógrafos.
Segundo informações da equipe de desemalhe do Instituto Argonauta, a baleia que estava emalhada tinha um tamanho aproximado de oito a nove metros. Ela estava arrastando um cabo de nylon com poita (peso para manter o petrecho no fundo), que estava preso a sua cauda, medindo cerca de 80 metros e espessura de 8 a 10mm. Esse é um tipo de apetrecho utilizado em pesca de espinhel – formado pela linha principal, linhas secundárias (alças) e anzóis.
A equipe especializada do Instituto Argonauta, com os biólogos Marcelo Rezende e Vinicius Damasceno, seguindo todo o protocolo exigido para a operação, conseguiu efetuar com sucesso o corte do cabo e a liberação do animal. Durante a ação, outra baleia jubarte menor, que media de 6 a 7 metros, acompanhava a baleia emalhada. A equipe observou que o cabo preso à jubarte estava muito pesado e que ficou surpresa como o cetáceo estava conseguindo nadar com o apetrecho enroscado.
O desemalhe de uma baleia é uma atividade extremamente arriscada, que precisa ser feita seguindo protocolos específicos e regulamentados no Brasil pelo CMA-ICMBIO e por uma equipe técnica capacitada e treinada para evitar ao máximo o risco a vida da equipe de salvamento. A capacitação e o uso de equipamentos corretos e adequados para este tipo de atividade são muito importantes para o sucesso da operação.
O desemalhe de uma baleia segue protocolos específicos e deve ser realizado somente por uma equipe técnica capacitada e treinada.
“Quando as pessoas tentam, nas melhores das intenções, fazer o desemalhe para ajudar o animal, acabam se colocando em risco e comprometendo, na maioria das vezes, a operação. As equipes utilizam equipamentos específicos para minimizar o risco da baleia causar ferimentos às pessoas que estão tentando ajudar. Importante também lembrar que, não se deve, em hipótese alguma, entrar na água para tentar desemalhar o animal”, enfatiza o biólogo do Instituto Argonauta Manuel da Cruz Albaladejo.
Diretora executiva do Instituto Argonauta, a bióloga Carla Beatriz Barbosa explica o motivo desses animais aparecerem na região. “As baleias-jubartes migram da Antártica para a costa sul da Bahia durante o inverno para reprodução e amamentação. Durante seu deslocamento, são avistadas na região do Litoral Norte – um dos caminhos da sua longa trajetória”, comenta.
A baleia-jubarte recentemente foi enquadrada no status segura/pouco preocupante ou, em inglês, Least Concern (LC), de acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (em inglês IUCN Red List ou Red Data List). Isso porque, depois que sua caça foi proibida, a população das Jubartes no Oceano Atlântico sul ocidental está em plena recuperação.
No entanto, a espécie sofre com outras ameaças, como a pesca incidental. “É quando esses animais acabam se enroscando em algum apetrecho de pesca que não era destinado a elas. Não é o objetivo dos pescadores que a baleia se emalhe, pois acabam perdendo seus petrechos, mas é um dos grandes desafios de gestão das áreas marinhas. Elas ainda podem ser atropeladas por lanchas, barcos ou navios e tem também as pessoas que não respeitam as normas de avistamento, o que pode causar o molestamento desses animais”, alerta Carla.
O Instituto Argonauta, que atua em todo litoral norte do Estado de São Paulo, tem em seu histórico, conjuntamente com Aquário de Ubatuba e Projeto Tamar, o resgate de uma baleia jubarte no ano de 2000 que encalhou na Praia do Bonete em Ubatuba e que foi reavistada em Abrolhos com comportamento normal de reprodução oito anos depois.
Segundo o oceanógrafo e presidente do Instituto Argonauta Hugo Gallo Neto, “Um dos momentos mais importantes e mais realizadores de todo trabalho de resgate e reabilitação de fauna que já executamos ao longo destes 25 anos em toda a região é justamente quando conseguimos liberar um animal tão especial quanto uma baleia e descobrir que ele vai poder continuar a sua trajetória de vida por mais tempo na natureza. Nestes momentos, eu chego a pensar que, pelo menos um pouco, nós estamos tentando e conseguindo reverter o grande impacto que a atividade humana causa na fauna marinha”.
Sobre o Instituto Argonauta
O @institutoargonauta foi fundado em 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba (@aquariodeubatuba.oficial) e reconhecido em 2007 como Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). O Instituto tem como objetivo a conservação do Meio Ambiente, em especial dos ecossistemas costeiros e marinhos. Para isso, apoia e desenvolve projetos de pesquisa, resgate e reabilitação da fauna marinha, educação ambiental e resíduos sólidos no ambiente marinho, dentre outras atividades.
Seja um Argonauta
Também é possível baixar gratuitamente o aplicativo Argonauta, disponível para os sistemas operacionais iOS (APP Store) e Android (Play Store). No aplicativo, o internauta pode informar ocorrências de animais marinhos debilitados ou mortos em sua região, bem como informar ainda problemas ambientais nas praias, para que a equipe do Argonauta encaminhe a denúncia para os órgãos competentes.
Conheça mais sobre esse trabalho em www.institutoargonauta.org, www.facebook.com/InstitutoArgonauta e Instagram: @institutoargonauta.
(Fonte: Instituto Argonauta)
Coletar o que pode ser reaproveitado ou reciclado e reintegrar esses materiais à cadeia produtiva: o trabalho dos mais de 800 mil catadores que todos os dias cruzam ruas e cidades de norte a sul do Brasil vai muito além da logística reversa dessas embalagens e produtos – o que já não é pouca coisa. “Eles empreendem vida em nossas ruas, cuidam do nosso futuro”. É assim que Paulo Solmucci, presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), sintetiza a missão dos catadores, que prestam um serviço essencial para toda sociedade.
E é com objetivo de reconhecer e valorizar esse trabalho que a Abrasel, em parceria com a Associação Nacional dos Catadores (Ancat), lançou a campanha “De mãos dadas com os catadores”. “Queremos que eles sejam respeitados, acolhidos, reconhecidos e integrados à cadeia produtiva do nosso setor. São ações simples e acessíveis a qualquer um que queira apoiar nossa iniciativa. É um chamado para toda a sociedade”, convida Solmucci.
“Estamos confiantes de que esta campanha em parceria com a Abrasel promoverá a visibilidade dos catadores e catadoras, especialmente com o setor de bares e restaurantes, e o reconhecimento da prestação de serviços dos principais atores da cadeia da reciclagem, e que fazem a economia circular girar de verdade no Brasil”, destaca o catador e presidente da Ancat Roberto Rocha.
Simples e eficaz
A campanha conta com diferentes fases, cada uma delas destacando a integração e a colaboração entre catadores e o setor de bares e restaurantes. A primeira etapa tem foco em tirar esses trabalhadores da invisibilidade, com o chamado “Quem faz um trabalho de encher os olhos não pode ser invisível”. Na sequência, o objetivo é alertar a todos sobre os pequenos gestos que deveriam ser a tônica do relacionamento com esses trabalhadores. Dar bom dia, perguntar o nome e oferecer um copo d’água são bons exemplos. “Você consumiu, ele passou e a vida se renovou” dá o tom da terceira fase, cujo objetivo é integração desses profissionais a cadeia produtiva.
Para Getúlio Andrade, catador há 28 anos em Belo Horizonte, a campanha é uma oportunidade de reconhecimento ao trabalho realizado por ele e por milhares de catadores. “Muitas vezes somos julgados pelo trabalho que a gente presta, né? Então acho muito importante ser reconhecido por este trabalho. Chegar para recolher um material e a pessoa te oferecer uma água, perguntar se você está precisando de alguma coisa, motiva a gente a cada vez mais a estar imbuído nessa causa. Já vai proporcionando muita gente a entender a importância que é fazermos a reciclagem, até para termos um mundo melhor”, comenta.
Participe
A iniciativa é aberta a qualquer empresa, formador de opinião, organização ou cidadão que queira fortalecer o reconhecimento aos catadores. Para participar, basta entrar no site, baixar as peças gratuitamente e compartilhar nas redes sociais e em outros canais: https://materiais.abrasel.com.br/parceria-circular.
“Queremos, num futuro próximo, promover ganho de eficiência para catadores, para otimizar o tempo das coletas e a qualidade do material recolhido, por exemplo. Entendemos que o primeiro passo para isso é criar uma relação de gentileza, acolhimento e parceria entre esses profissionais e a nossa sociedade”, afirma Paulo Solmucci.
Para mais informações, acesse https://abrasel.com.br/noticias/noticias/abrasel-ancat/.
(Fonte: Assessoria de Imprensa Abrasel Regional Campinas)
“Tem o mar que mora na gente. Das emoções. O fundo do mar, que me inspira a compor e nadar. Mas nadar com as marés e não contra elas”. Assim é “Azul”, novo álbum de Maria Luiza Jobim que narra o seu retorno ao Rio de Janeiro e o resgate da paixão pelo mar e pela cidade.
Essa artista – cuja voz surge pela primeira vez gravada em 1994, no disco homônimo do pai, “Antônio Brasileiro” – teve uma banda de jazz, depois um duo eletrônico, até gravar, em 2018, seu primeiro álbum solo, “Casa Branca”. “Se ‘Casa Branca’ é minha origem, ‘Azul’ é meu presente. É como eu atuo no mundo. O que eu quero e como ando. Voltei para mim depois da maternidade, cura, os apaixonamentos, os encontros e desencontros. A vida é luz e sombra o tempo inteiro”, situa.
E por falar nele, “O tempo”, composição em parceria com Felipe Fernandes e Lucas Vasconcellos, é o início dessa narrativa com cara de trilha sonora. Diz a letra: “Veja agora tudo já mudou / E pra mim você é o tempo / Mais do mesmo pode ser tão bom / Se você é esse mesmo”.
Arnaldo Antunes e Cezar Mendes assinam ‘O culpado é o cupido’, faixa foco do lançamento e “absolutamente bela”, como define Maria Luiza. A música foi paixão à primeira vista e conta com os graves de Antunes nos vocais e a guitarra de Dadi Carvalho (Novos Baianos, A Cor do Som e Barão Vermelho). A letra é flerte, um jogo de palavras que conquistou a artista. “Me apaixonei e gravamos todos. Diz assim: Estou desacompanhado / Quero ser seu namorado / Mas eu topo só ficar / Só não posso ser amigo / O culpado é o cupido/ Que insiste em me flechar”.
Azul “é um disco com músicos dos meus sonhos. Reencontrei o Paulinho Braga, o Jaques Morelenbaum. São os sons que cresci ouvindo”, afirma a artista. E os encontros continuam com Adriana Calcanhotto. Assistindo a série Minha Música, sobre os processos criativos e a trajetória dessa compositora, Maria Luiza identificou-se com a relação de Adriana com seu pai, também músico, baterista de jazz. “Escrevi uma carta para ela e uma música anexada sem letra. Meses depois, trabalhando juntas, a resposta veio em forma de letra para a música”, conta Maria Luiza. A letra, aliás, também é uma carta aos pais… Papais, para ser mais exato.
Drama é o momento da ironia do álbum, com um som latino, dos mais envolventes. “É um convite bem-humorado à reflexão sobre os contratos dos afetos, que devem ser olhados e revisitados sempre para manter sua interessância”, define.
“Blue e azul no universo das emoções querem dizer coisas opostas. em inglês, é estar triste e em português, ‘tudo azul’ é uma expressão de alegria. Essa dualidade numa mesma palavra traz a ideia de luz e sombra do disco. Azul é a cor mais rara da natureza e a cor dos olhos do meu irmão Paulinho, que partiu enquanto escrevia o disco. Para ele, cantei a música ‘Samba do Soho’”, conta Maria Luiza.
A última música, “Nada Sou Sou” aponta para o outro lado do mundo. Gravada em japonês, foi apresentada a Maria Luiza por Lisa Ono durante sua viagem a Tóquio, no ano de 2023. “A melodia e a plasticidade do som das palavras; não entender literalmente o que a letra dizia, me levou para muitos lugares, sons, cores e emoções. É sinestésico. É muito por onde eu gosto de caminhar nas minhas composições. É para onde vou”, conclui.
Sobre Maria Luiza Jobim
“Comecei muito cedo a compor, antes mesmo de saber o que estava fazendo”, conta Maria Luiza Jobim sobre sua pré-história artística. Filha de Tom e Ana Jobim, aos sete anos participou, ao lado do pai, do álbum “Antonio Brasileiro” (que ganhou o Grammy de melhor performance de jazz latino).
Em 2006, gravou com Daniel Jobim a versão em português do clássico “Wave”, tema da novela “Páginas da Vida”, da Rede Globo. Mas, a música só se tornou um ofício para Maria Luiza aos 23 anos de idade, quando integrou sua primeira banda, a Baleia, na cena indie jazz carioca.
Depois, ao lado de Lucas de Paiva, formou o duo eletrônico Opala, com pegada dançante e um resgate nostálgico da década de 1980.
O primeiro álbum solo foi “Casa Branca”, em 2018. Concebido a partir de memórias, cenas e acontecimentos, as oito músicas tem a marca da suavidade e da delicadeza. A faixa de encerramento, “Antonia”, foi inspirada no nascimento da sua primeira filha.
A voz e a poesia por trás do Samba de Maria Luiza encontra em “Azul” o seu momento e desenha o seu futuro. É um caminho que se une aos outros trabalhos, com a força das melhores referências compondo uma nova identidade artística.
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Ouça “Azul” agora.
(Fonte: Access Midia)