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Arte & Cultura

Belém

Eventos fora do eixo: Após Lady Gaga no Rio, Mariah Carey, em Belém, lidera a descentralização de eventos no Brasil

por Kleber Patrício

O Brasil presencia uma transformação no cenário de grandes eventos musicais. O show gratuito de Lady Gaga em Copacabana, realizado em 3 de maio, reuniu aproximadamente 2,1 milhões de pessoas, tornando-se o maior da carreira da artista e o maior já realizado por uma mulher na história. O evento, parte do projeto ‘Todo Mundo no […]

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Fórum Harmônicas 2021 reúne grandes nomes da gaita brasileira

Fortaleza, por Kleber Patricio

O músico Pablo Fagundes. Foto: divulgação.

A edição 2021 do Fórum Harmônicas reúne grandes nomes da gaita brasileira de 21 a 24 de julho na plataforma YouTube. Desde 2020, o Fórum apoia o distanciamento social como estratégia segura e eficiente para prevenir e combater o coronavírus e o evento também se posiciona em favor do esclarecimento sobre a importância da vacinação contra a Covid-19. “Mais uma vez a arte, a cultura e a música se posicionam em favor dos interesses sociais”, explica o produtor André Reis. O site oficial é www.forumharmonicas.com.

O Fórum Harmônicas Brasil foi criado em Fortaleza (CE) em 2005. Tornou-se, desde então, marco nacional para valorização da música como patrimônio cultural, enfatizando a instrumental. O evento ganhou reconhecimento em toda a América Latina, com programações que destacam a difusão e o compartilhamento de informações e conhecimentos técnicos, com muitas experiências musicais a partir da harmônica ou gaita. O instrumento se pronuncia em expressões populares, como jazz, blues, rock e gêneros de forró, mas também está presente em manifestações eruditas em países distintos.

Little Will & Márcio Scialis.

Na edição de 2021, o Fórum Harmônicas Brasil tem como convidados os gaitistas Benevides Chiréia Jr. (PR), Little Will & Márcio Scialis (SP), Márcio Abdo (SP) e Pablo Fagundes (DF). Eles vão tratar de temas como execução da harmônica em diferentes estilos e formações, modelos do instrumento, conservação e manutenção, didática e formas de estudo – além, claro, de apresentações de música de extrema qualidade.

Este ano, as entrevistas serão feitas por André Reis e Roberto Maciel, com veiculação de episódios no canal do Fórum Harmônicas Brasil na plataforma de vídeos YouTube (www.youtube.com/forumharmonicas) nos dias 21, 22, 23 e 24 de julho.

A edição 2021 é patrocinada pelo Governo do Ceará por meio da Secretaria da Casa Civil com base no edital 001/2021 e do Banco do Nordeste. Portal InvestNordeste e Cantina Pet apoiam o evento.

Grupo Giramundo disponibiliza espetáculos gratuitamente no YouTube

Belo Horizonte, por Kleber Patricio

Espetáculo “Os Orixás”- Grupo Giramundo. Foto: Marcelo Gandra.

Em comemoração aos 50 anos do grupo, o Grupo Giramundo disponibiliza por tempo limitado os espetáculos A Bela Adormecida, Os Orixás e As Aventuras do Dr. Botica na íntegra. Cada montagem poderá ser visualizada gratuitamente durante 15 dias no canal do grupo.

Entre as ações comemorativas aos 50 anos do Grupo Giramundo está a disponibilização na internet de três montagens marcantes da companhia no YouTube, possibilitando a democratização do acervo criado pelos artistas. Os espetáculos são representativos de três períodos distintos e também se diferenciam pelas técnicas de construção e manipulação dos bonecos, o que permite explorar as diferentes vertentes artísticas do Giramundo. As montagens poderão ser conferidas no YouTube do Giramundo a partir desta segunda-feira, 12 de julho. A cada quinzena, uma produção assinada pelo grupo poderá ser acessada diretamente na plataforma.

“A Bela Adormecida” – Grupo Giramundo. Foto: Marcos Malafaia.

Abrindo a temporada de exibições, entre os dias 12 e 26 de julho, o público poderá acompanhar A Bela Adormecida, espetáculo responsável pelo surgimento do Giramundo. Entre os dias 27 de julho e 10 de agosto será a vez de Os Orixás, uma experiência musical e visualmente muito rica e potente. No dia 11 de agosto começa a exibição de As Aventuras do Dr. Botica, uma história divertida, inspirada no universo dos brinquedos, que seguirá na plataforma até 25/8.

As apresentações fazem parte do plano de contrapartidas ao projeto do Museu Giramundo realizado por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.

Sobre os espetáculos

A Bela Adormecida | Criado em 1971 de forma totalmente despretensiosa pelos artistas plásticos Álvaro Apocalypse, Tereza Veloso e Maria do Carmo Vivacqua Martins, a Madu, o espetáculo surgiu como uma brincadeira familiar. O trio acabou sendo convidado na época por Júlio Varela, que era diretor do Teatro Marília, para uma temporada na casa, atraindo um grande público e muita repercussão. Desde então o trio foi se aperfeiçoando cada vez mais na criação e construção de bonecos até se tornar uma das maiores referências nacionais e internacionais na área. Para a primeira montagem, os bonecos foram construídos de forma simples, a partir da técnica de bastão, sendo modelados em papier collé, uma espécie de colagem. O texto foi adaptado por Álvaro Apocalypse a partir do conto de Charles Perrault e, como o Giramundo, em seu início, contava apenas com três integrantes, todas as cenas foram construídas para, no máximo, três manipuladores. A maioria dos bonecos desta primeira versão acabou se deteriorando com o passar do tempo em função da fragilidade do material, mas o grupo fez uma nova remontagem em 1976, possibilitando a reconstrução de todos os bonecos e cenários. Desta época, apenas a trilha sonora não sofreu ajustes. Em 1991, A Bela Adormecida é novamente remontada tornando-se o primeiro espetáculo do grupo a trocar totalmente de mãos.

“As Aventuras do Dr. Botica” – Grupo Giramundo. Foto: Bia Apocalypse.

Os Orixás | Criado oficialmente em 2001, o espetáculo também foi sendo atualizado ao longo da trajetória do grupo. A montagem trata sobre a gênese do mundo, da terra e do homem e a riqueza do panteão africano, seus deuses e heróis, sua mitologia e sua cosmogonia. A música, criada pelo músico Sérgio Pererê, propõe uma viagem ao universo das divindades africanas e seus elementos. A trilha sonora inclusive foi inteiramente refeita na última remontagem e foi gravada por um time de cantores e atores negros. A montagem ressalta a assimilação da cultura Iorubá pelos brasileiros, refletida “em nossa maneira de pensar, na alegria, na culinária, no amor à natureza e na vontade de viver”, segundo Álvaro Apocalypse. Os Orixás foi inclusive a última produção do Giramundo dirigida pelo criador do grupo, falecido em 2003.

As Aventuras do Dr. Botica | Encerrando a pequena temporada de espetáculos no YouTube, a montagem escolhida foi As Aventuras do Dr. Botica, que apresenta uma história divertida, com personagens únicos e enredo dedicado à abordagem de valores universais como amizade, compromisso, tolerância e inclusão, transportando o público para um universo de fantasias e ensinamentos. O espetáculo foi inspirado nas cores e na estética dos brinquedos, trazendo o lúdico para a cena, aproximando-se do universo do público e dialogando com o audiovisual. Para alcançar o toque irreal e divertido dos personagens, o Giramundo não utilizou escalas convencionais na hora de conceber os bonecos. Por conta disso, todos os animais retratados possuem praticamente as mesmas dimensões.

Sobre o Grupo Giramundo | Criado em 1970 pelos artistas plásticos Álvaro Apocalypse, Tereza Veloso e Madu, o Giramundo é reconhecido como um dos principais grupos de teatro de bonecos do país.  Nos anos 70 e 80, a formação acadêmica e artística de seus fundadores foi responsável por imprimir no grupo o rigor metodológico e estético no planejamento e produção de seus bonecos e espetáculos. Estas características, unidas ao interesse pela cultura brasileira, trouxeram reconhecimento nacional ao Giramundo, garantindo seu lugar na história do Teatro Brasileiro por sua ação transformadora de incorporação de formas e temas adultos, dialogando com questões formais, plásticas e políticas complexas. No ano 2000, o Giramundo conquista sua sede própria, em Belo Horizonte, onde também funcionam o Museu, a Escola e o Estúdio de Animação do grupo. Desde a inauguração da sede integrada, o grupo investe na produção de animações e de conteúdos digitais.  Hoje, podemos dizer que o Giramundo rompeu com a ideia de ser um grupo de teatro para se transformar em um grande núcleo multimídia, experimentando a vivência de uma cena de animação variada, onde convivem bonecos reais e suas versões digitais. Essa mistura do teatro de bonecos, vídeo, animação, cinema, música, dança e artes plásticas parece ser o território do Giramundo do século XXI.

Serviço:

Grupo Giramundo disponibiliza 3 espetáculos no YouTube

A Bela Adormecida – de 12 a 26/7

Os Orixás – de 27/7 a 10/8

As Aventuras do Dr. Botica – de 11 a 25/8

https://www.youtube.com/c/GrupoGiramundo/featured

Classificação etária: livre.

Hidrelétricas provocam mortes de toneladas de peixes em rios e reservatórios brasileiros

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil.

A operação de usinas hidrelétricas pode ser responsável pela morte de toneladas de peixes ocorridas nos últimos 10 anos em todo o Brasil. É o que aponta um estudo inédito da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e das universidades federais do Pará (UFPA) e de Tocantins (UFT) publicado na revista “Neotropical Ichthyology” na última sexta (9).

O estudo investigou as maiores causas de mortes de peixes em rios e reservatórios do Brasil a partir de uma revisão sistemática sobre casos específicos de mortes massivas desses animais entre 2010 e 2020. Os eventos de mortalidade de peixes foram registrados em todas as bacias hidrográficas brasileiras, principalmente em trechos de rios abaixo de usinas hidrelétricas. Em 2007, no reservatório da hidrelétrica de Xingó, localizada entre os estados de Alagoas e Sergipe, foram perdidas 297 toneladas de tilápia.

A mortandade dos peixes produz impactos sociais e econômicos para as populações de pescadores e ribeirinhos que dependem de peixes para viver e acontece com frequência em áreas de hidrelétricas ao redor do mundo todo, conforme aponta o levantamento. “A morte de peixes em barragens é algo constante e sempre ‘misterioso’. Os peritos vão ao local investigar e acabam atribuindo a morte ao fator que parece mais provável, porém com fraca fundamentação científica”, explica Angelo Antonio Agostinho, um dos autores do estudo.

Segundo o estudo, as operações de enchimento do reservatório, ligamento e desligamento de turbinas e de abertura e fechamento de comportas de vertedouros nas hidrelétricas causam mudanças repentinas no ambiente. Isso afeta a quantidade de oxigênio e de outros gases na água, além da quantidade de água, o que pode levar à morte dos peixes. “O início do funcionamento de uma usina, quando as máquinas são testadas para garantir que foram corretamente projetadas, fabricadas, instaladas e operadas, é uma grande oportunidade para avaliar se suas características físicas e operacionais são amigáveis aos peixes da região”, enfatiza Agostinho.

O estudo fornece informações para orientar a tomada de decisões nas vistorias e planejamento da instalação de novas hidrelétricas para minimizar a morte de peixes. Desde os anos 1970, houve um declínio de 84% das espécies de peixes de água doce no mundo, segundo relatório de 2018 da organização não governamental World Wide Fund For Nature (WWF). A intenção dos pesquisadores é que, antes da implantação de uma usina, os resultados deste estudo possam ser incluídos no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) – documentos técnicos que contém a avaliação completa dos pontos favoráveis e desfavoráveis físico, biótico e socioeconômico do local que vai abrigar a hidrelétrica.

(Fonte: Agência Bori)

Alentejo: destino perfeito para o slow travel

Portugal, por Kleber Patricio

Artesanato em Arraiolo. Foto: Turismo do Alentejo.

O slow travel surgiu há alguns anos e vem ganhando cada vez mais força, em especial para as viagens pós-pandemia. Este movimento, cujo nome significa “viagem lenta” em português, pretende refletir e criar mudanças na maneira de viajar, dando mais importância à qualidade, ao bem-estar e às escolhas conscientes. O objetivo é poder desacelerar deste ritmo frenético que acompanha nosso jeito de fazer outras coisas, como viajar: é comum querermos conhecer muitos lugares em pouco tempo e incluir dezenas de atrações em um dia só de roteiro. Por isso, o slow travel sugere que os turistas esqueçam essa pressa toda e foquem em viver o máximo possível – em vez de apenas ver e tirar fotos. Nesse sentido, o Alentejo, região mais autêntica de Portugal, é um destino perfeito para quem quer curtir férias nesse estilo.

Confira os principais motivos:

Contato com a natureza | O contato com a natureza é um dos pilares do slow travel. E o Alentejo possui um território marcado por campos dourados, vinícolas verdejantes, inúmeros rios e lagos, além de um litoral de tirar o fôlego. Com isso, os viajantes podem fazer diferentes atividades em meio à natureza; desde piqueniques e passeios de barco até aventuras de bicicleta ou surfe. Apesar de ser a maior região de Portugal o Alentejo não conta com cidades grandes, o que possibilita também aos visitantes se hospedarem em propriedades rurais onde o descanso é absoluto e os hóspedes acordam com o som dos pássaros.

Prova de vinhos na Quinta do Quetzal. Foto: Gonçalo Villaverde.

Estabelecimentos locais | Outra característica das viagens lentas é a utilização de serviços em estabelecimentos locais, o que permite ao viajante conhecer mais da cultura local. No Alentejo, a maioria dos hotéis e restaurantes são tipicamente alentejanos e é difícil encontrar grandes redes que seguem uma padronização mundial e que, por isso, são iguais no mundo todo. O incentivo à economia local é importante para o turismo no Alentejo e faz parte do conceito do slow travel.

Moradores simpáticos | O slow travel incentiva também o contato com novas culturas – um viajante lento sempre tem tempo para parar e conversar com alguém que cruze seu caminho. Os alentejanos são extremamente simpáticos e adoram receber visitantes. É comum sair da região repleto de novos amigos. As pessoas que vivem no Alentejo levam a vida de um jeito tranquilo que é admirável, principalmente para quem mora em grandes cidades, e vale a pena bater um papo com elas quando a oportunidade surgir.

Deslocamentos curtos e por terra | Não será necessário embarcar em mais aviões para conhecer as terras alentejanas. Basta chegar a Lisboa e, a partir dali, os deslocamentos podem ser feitos por terra, de carro ou até de bicicleta, para quem tiver disposição. Com isso, há tempo para apreciar os cenários belíssimos da região, além de ter mais flexibilidade para ficar o tempo que quiser em cada parada.

Bochechas de porco da Herdade do Sobroso. Foto: divulgação.

Turismo de experiência | Esse tipo de turismo é altamente valorizado no Alentejo. Mais que ver monumentos e fotografá-los, os viajantes podem fazer várias atividades diferentes – isso inclui não só as mais tradicionais, como passeios a cavalo ou bicicleta, prova de vinhos ou trilhas, por exemplo, mas opções como workshops de gastronomia, a possibilidade de criar seu próprio vinho ou a observação de estrelas. Criar experiências ricas e viver intensamente cada destino como se vivesse ali são motivadores do slow travel.

Viagem sustentável | A sustentabilidade é outro pilar do slow travel, que preza por roteiros, hotéis e atividades que tenham um impacto mais positivo no mundo. Como essa é uma preocupação de diversos empreendimentos alentejanos, não é difícil encontrar maneiras de viajar de forma mais amigável para o meio ambiente. Restaurantes e hotéis produzem refeições com vegetais produzidos organicamente por eles mesmos, passeios pelos vilarejos podem ser feitos a pé e assim por diante.

Passeios com tempo | Não podíamos deixar de mencionar que o Alentejo é um lugar onde o tempo parece passar de forma diferente. Quem viaja por lá deve aproveitar a viagem para se revigorar – dormir bem, comer bem, respirar ar puro, descansar. Não há nada como perder-se pelos vilarejos alentejanos passeando a pé e observando detalhes da arquitetura local, aprendendo sobre sua história e parando para tomar um café quando der vontade. Horários e prazos podem e devem ser esquecidos, de forma que a viagem seja ainda mais prazerosa.

Por do sol no Alentejo. Foto: Victor Carvalho.

Sobre o Alentejo | Considerado o destino mais genuíno de Portugal, o Alentejo é a maior região do país. Privilegiando um lifestyle tranquilo, em que a experiência de viver bem dá o tom, conta com belas praias intocadas e cidades repletas de atrações ímpares, como castelos e monumentos históricos. Detentor de cinco títulos da Unesco e diversos outros prêmios e reconhecimentos internacionais no setor do turismo, o Alentejo oferece opções para todos os tipos de viajantes, sejam famílias, casais em lua de mel ou aventureiros. A promoção turística internacional do Alentejo é co-financiada pelo Alentejo 2020, Portugal 2020 e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder). Para mais informações, visite www.turismodoalentejo.com.br.

Gabriella Garcia estreia em individual com pinturas e esculturas na Galeria Lume

São Paulo, por Kleber Patricio

“Nós não somos assim tão fortes”, 2021, Gabriella Garcia – mármore, pedra e gesso – 94 x 30,5 x 30,5 cm.

Por meio de pinturas, esculturas, instalações, trabalhos em suportes diversos, a artista Gabriella Garcia reflete sobre relações que evidenciam o jogo de duplas opostas: o sólido e o etéreo, o volume e o plano bidimensional, o condensado e o volátil, o passado e o presente. Uma síntese inédita desta pesquisa será apresentada em sua primeira individual na Galeria Lume: a mostra Esse Sonho Pode Nunca Acontecer, em cartaz a partir de 17 de julho. A artista traz ao público 29 obras, pinturas, instalações e esculturas, carregadas de símbolos da história da arte clássica, e nas quais divide seus questionamentos e reflexões em torno do pensamento hegemônico que pairava nos séculos anteriores.

No início de sua trajetória, seu processo artístico trazia o uso da colagem como força-motriz e hoje carrega suas influências, assim como das artes cênicas. Não ao acaso, a exposição é organizada em dois atos e, aberta a múltiplas leituras, conta com olhares distintos e complementares em textos críticos assinados por quatro curadores: Carollina Lauriano, Guilherme Teixeira, Ode e Paulo Kassab Jr.

No primeiro espaço da mostra, a representação do drapeamento – movimento dos tecidos e suas dobras – nos vãos entre as pinturas e esculturas criam abstrações e novas perspectivas. No segundo, situado na sala central da Lume, tudo se conecta e cada trabalho existe a partir do outro, em uma sala cujas paredes são pintadas por pigmento mineral. A relação com a representação e seus entornos permanece e a artista materializa a pintura e pinta a matéria por meio de suportes diversos como minerais, reproduções de imagens clássicas em gesso, telas, sedas e mármores.

“Vênus, Diamante e Horizonte”, Gabriella Garcia – 53 x 38 x 25 cm – mármore, pedra e tinta óleo.

“Através do elo de gesso e mármore, estudos de equilíbrio de pedras e objetos e pintura, matérias profanas e outras com condigno brio representativo, bem como do mimetismo e do processo de tornar estático o movimento, Garcia objetiva demonstrar como a utilização negacionista de modelos taxonômicos como arquétipos, catálogos, listas e índices, simultaneamente à propriedades líquidas como astronomia, astrologia, sonhos e memória, podem se realizar de modo rítmico e, ainda assim, irônico”, reflete a escritora e curadora independente Ode em seu texto.

Gabriella Garcia elabora um conjunto de pinturas e esculturas que lidam, a princípio, com a ideia da gestualidade e do fazer do objeto de arte. Para Carollina Lauriano, pesquisadora e curadora independente, a artista recorre ao que há de mais acadêmico e clássico na arte – seja em materialidade ou suporte – para justificar uma história oficial que já foi dada. “Ao observarmos a teatralidade empregada em seus trabalhos começamos a perceber que ali todo gesto pode estar sendo encenado e que as camadas podem esconder nuances que os olhos não veem. Assim como no ideal renascentista, a artista cria objetos que guardam ‘arrependimentos’ em si”, afirma Lauriano. Ideia complementada em trecho do texto assinado pelo curador Guilherme Teixeira: “Há aqui um lugar onde a imagem se permite falha e é da sua insuficiência em relação a vontade da espécie que algo vaza”.

A partir de sua obra, Gabriella Garcia proclama que não existe uma única narrativa, mas sim, que a história da arte deve ser constantemente ressignificada. “Aberta a múltiplas releituras, a exposição nos permite libertar o espírito crítico à luz da imaginação e despertar para uma leitura de mundo multiforme”, finaliza Paulo Kassab Jr., curador e sócio da Lume.

Sobre a artista | Gabriella Garcia (Rio de Janeiro 1992) é uma artista autodidata cuja prática transita entre escultura, pintura e instalação. Com um processo que tomou, em seu início, a colagem como força-motriz, o trabalho de Gabriella compreende não apenas o lugar onde está, como também aquilo de onde deriva. Figuras recortadas tomam o espaço a partir de trabalhos onde tecido, óleo, gesso, suportes e minerais, entre outros, dialogam na construção de peças que possuem em suas composições relações com o cênico, arquitetura e com a história. As imagens nas construções da artista, sejam elas bi ou tridimensionais, trabalham como que em um contínuo esforço de fusão: uma incessante busca de assimilação de materiais que, em suas essências, trazem na sua materialidade a presença e a representação. Os trabalhos colocam à prova um exercício vívido de confronto entre gesto e natureza, manipulação e relação, criando um jogo onde o que se entende como terreno é a possibilidade singular que o gesto artístico possui de tornar brutalidade, leveza. Ilusão, realidade.

“Entre véus e gestos equivocados”, 2021, Gabriella Garcia – Óleo sobre tela –
70 x 87 cm.

Gabriella participou de exposições coletivas no Brasil como A Imensa Preguiça, na Galeria Sancovisky, em 2019, Da Lama Ao Caos, na Galeria Lume em 2020, participou da residência Pivô Pesquisa, em 2018, e internacionais, como You know you can buy it, no B32 ArtSpace (Maastricht, Holanda), em 2015, Collagism: a survey of contemporary collage, no Museu Strathroy Caradoc (Ontário, Canadá), em 2016, e Like me as you do, no Scandinavian Collage Museum (Rennebu, Noruega)e também apresentou sua primeira exposição individual internacional #FFFFFF em Berlim, na Galeria Aesthetik 01, com curadoria de Kristina Nagel. A artista vive e trabalha em São Paulo.

Serviço:

Esse Sonho Pode Nunca Acontecer, de Gabriella Garcia

Local: Galeria Lume

Abertura: 17 de julho, sábado, das 11h às 18h

Período expositivo: 17 de julho a 25 de setembro de 2021

Endereço: Rua Gumercindo Saraiva, 54 – Jardim Europa, São Paulo/SP

Horário: segunda a sexta-feira, das 10 às 19h e sábado, das 11 às 15h

Informações: (55) 11 4883-0351 e contato@galerialume.com

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