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A Estufa exibe pinturas inéditas de Leo Laniado na mostra ‘Impertinência Permanente’

São Paulo, por Kleber Patricio

“The Red Wheelbarrow”, pintura digital, 2020/2022. (Fotos: divulgação/A Estufa)

Um criativo seminal, autor de uma obra marcada por grande liberdade artística, Leo Laniado transita entre a arte e o universo criativo da arquitetura e do paisagismo, experimentando cores, pigmentos, texturas e outras formas. Desenha e colore desde a década de 1960 e, agora, divide com o público o resultado de uma busca da vida inteira na exposição “Impertinência Permanente”, individual em cartaz a partir da terça-feira, 22 de março de 2022, n’A Estufa.

Com curadoria da arquiteta Silvia Prado Segall e texto da crítica de arte Silvia Meira, a exposição reúne 80 obras inéditas, frutos de cinco anos intensos de produção, nos quais Leo deu vida a mais de cinco mil desenhos gerados por ferramentas digitais. Todas as obras desta exposição também estarão disponíveis em NFT. “É relevante notar que, apesar de incorporar uma transformação nos meios que emprega em sua criação artística, Leo Laniado mantém aparente sua investigação da matéria crua da cor dos pigmentos, assim como o traço de seus desenhos”, reflete Meira.

Laniado questiona as semânticas da cor e evoca a memória de cenas por meio de paisagens, retratos e ilustrações eróticas que compõem o enredo da exposição. São desenhos em tons ocres, carregados de muita história e permeados por “coisas que estavam lá atrás e estão ressurgindo, voltando agora”, como explica o artista.

“Banho no Delta” – Tiragem: 1/5 – Tamanho: 103 X 137 cm. Técnica original: Pintura Digital – Data de produção: 2018. Data de criação: 2022. 
Material: Hahnemuhle William Turner, 310 GSM.

“Marcadas pela herança do desenho, pelo arranjo de elementos que compõe a imagem no âmbito da apresentação formal, suas práticas artísticas valem-se de modos variados de expressão, baseadas nas relações convencionais do decoro, na elegância e no requinte do belo, estendendo-se ao domínio do sensível”, completa a crítica Silvia Meira.

Ele esperou cerca de 50 anos para trazer suas criações ao público e hoje, aos 77 anos, acha que é uma impertinência permanente ser um artista – brincadeira que originou o título da mostra. Deu diversas voltas até, enfim, enveredar-se pelo território onde acredita realmente se encontrar: o da arte.

De inquietações a impertinências

Nascido no Cairo, Egito, e de origem judaica, Laniado migrou com a família para o Brasil em 1953, aos oito anos de idade, devido ao movimento nacionalista no país natal. Dentro desse contexto histórico, conta que jamais imaginaria que um judeu pudesse ser artista.

“amantes 2” – Tiragem: 1/5 – Tamanho: 60 X 45 cm – Técnica original: Pintura Digital – Data de produção: 2022 –
Data de criação: 2019 – Material: Hahnemuhle William Turner, 310 GSM.

No Brasil, estudou em uma escola inglesa até 1958. Ganhou uma bolsa universitária na Universidade Columbia, nos Estados Unidos, para cursar economia, mas acabou, nesse período, entrando cada vez mais em contato com a arte. Por lá, participou de protestos contra a guerra do Vietnã e ficou imerso no movimento de contracultura dos artistas da década de 1970, experiência que mudaria de vez sua forma de ver o mundo.

Ao voltar de Nova York, Laniado atuou no mercado financeiro e, posteriormente, foi sócio de uma empresa de saneamento. Mas a vida novamente o levaria para o caminho da arte. Recém-chegado ao Brasil e animado pela esperança do fim da repressão, Laniado acha um galpão fabril vazio no Brooklin, em São Paulo, disponível para locação. Era 1978, o país atravessava as represálias da ditadura militar e entrava em ebulição com pautas relacionadas à liberdade cultural. Foi o bastante para florescer em Leo a ideia de criar um espaço para exposições, estúdios e residências artísticas.

Nascia ali o Galpão, um projeto para além da estrutura tradicional de galeria e da relação entre artista e marchand, uma proposta arrojada que visava a fomentar o cenário artístico brasileiro. Efervescente e assíduo no circuito artístico e social paulistano, Leo Laniado criava, então, um espaço interdisciplinar, ponto de encontro de artistas, músicos, criativos, que também ganharia, logo depois, um bar e um restaurante.

“Cadeira Azul” – Tiragem: 1/5 – Tamanho: 65 X 48 cm – Técnica original: Pintura Digital – Data de produção: 2020 – Data de criação: 2018 – Material: Hahnemuhle William Turner, 310 GSM.

A convite de Leo, a curadoria das exposições ficou a cargo do artista e escultor carioca Ivald Granato e trazia exibições com performances, desenhos, pinturas, obras conceituais e happenings. Para marcar a inauguração do espaço, uma coletiva com nomes que, à época, já eram emblemáticos: Amilcar de Castro, Carlos Vergara, Hélio Oiticica, Leon Ferrari, Lina Bo Bardi, Lygia Pape, Tomie Ohtake e o próprio Granato.

O Galpão funcionou como um agente catalisador de cultura e, após Leo sentir que havia cumprido seu objetivo, seguiu para um novo projeto. Sua alma inquieta e vivaz o levava, desta vez, à criação d’A Estufa, proposta que funde arquitetura e paisagismo e exerce a função de incubadora de ideias com inovação de produtos e disseminação da cultura. Fundada inicialmente no Brooklin, tempo depois prosseguiria para o bairro dos Jardins, na Rua Oscar Freire e, posteriormente, para a Rua Wisard, 53, na Vila Madalena, onde funciona até os dias atuais.

Embrenhou-se, ainda, na arquitetura, tornou-se paisagista e, também, um dos nomes mais reconhecidos de sua geração. Assinou projetos emblemáticos como o Txai Resort, em Itacaré, Bahia, além de jardins que complementavam obras de arquitetos renomados, a exemplo de Aurelio Martinez Flores, Germano Mariutti, Felippe Crescenti e Isay Weinfeld.

Também na década de 1990, fundou a Terracor, marca singular de tintas e revestimentos que surgiu pela necessidade de ter um revestimento perene, que se integrasse às suas obras e jardins. O experimento com terra, ovo, cola e outros componentes naturais lhe rendeu a alcunha de artista alquimista das tintas. A marca, que no início contava com sete cores na cartela, tem hoje grande renome e vários prêmios no circuito de arquitetura e design.

Serviço:

“Impertinências Permanentes”, de Leo Laniado

Local: A Estufa

Curadoria: Silvia Prado Segall

Abertura: 22 de março, às 19h

Período expositivo: de 22 de março a 22 de abril

Horário de visitação: de segunda a sexta, das 10h às 18h. Sábados, das 10h às 12h

Endereço: Rua Wisard, 53, Vila Madalena, São Paulo (SP)

Gratuito.

(Fonte: A4&Holofote)

Instituto Pavão Cultural apresenta exposição fotográfica “Sob Ataque”

Campinas, por Kleber Patricio

O Instituto Pavão Cultural, de Barão Geraldo, distrito de Campinas (SP), recebe de 18 de março a 1º de maio, a exposição “Sob Ataque”, que retoma a Revolução de 1924 na capital do Estado de São Paulo. A abertura será no dia 18 de março, a partir das 18h. Os horários de visitação, de quarta a sábado, é das 14h às 20h. A entrada é gratuita.

O público verá uma exposição de fotografia documental contemporânea concebida e realizada pelo Coletivo Garapa em 2019. O trabalho parte de uma cena da Revolução de 1924 (chamada de Revolução Esquecida) para explorar as tensões que se acumulam na história e na paisagem do Centro de São Paulo. O conjunto é composto por uma série de nove fotografias coloridas de grandes dimensões, que trazem explosões controladas, criadas e fotografadas in loco pelo Coletivo. Segundo os realizadores da mostra, tais imagens dialogam no espaço com um conjunto de 11 fotografias em branco e preto recuperadas em acervos históricos e jornalísticos de relevância nacional, como o Instituto Moreira Salles e a Folhapress, cujos direitos de uso foram devidamente concedidos pelos seus detentores.

A exposição é realizada com apoio do ProAC-SP. O projeto mapeia, a partir da fotografia do imóvel da Rua Helvétia, 2, bombardeado durante a Revolução, outras explosões e eventos de violência ocorridos naquele espaço desde então. Para tal, o coletivo, que tem reconhecida produção fotográfica nos campos das artes visuais e do documentarismo, emprega um misto de técnicas e abordagens, utilizando desde a coleta de material imagético histórico até a criação de imagens fotográficas sobre o território em foco.

A programação da exposição contará com visita guiada pelos curadores no dia 19 de março às 15h. A atividade é gratuita e não é necessário realizar inscrição prévia. Mais informações: www.garapa.org.

Serviço:

Exposição “Sob Ataque”

Local: Instituto Pavão Cultural

Endereço: Rua Maria Tereza Dias da Silva, 708, Barão Geraldo, Campinas (SP)

Abertura: 18/3, a partir das 18h

Horário de visitação: de quarta a sábado, das 14h às 20h

Período: 18 de março a 1º de maio de 2022.

(Fonte: Prefeitura de Campinas | Secretaria de Cultura e Turismo)

Prefeitura de Indaiatuba lança Edital de credenciamento de projetos para o 30º Maio Musical

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

A Secretaria de Cultura de Indaiatuba (SP) lançou o edital de credenciamento de projetos para o 30º Maio Musical. As inscrições acontecem pelo site oficial da Prefeitura até o dia 11 de abril. Serão selecionados um total de 12 trabalhos de artistas residentes e domiciliados em Indaiatuba que irão compor a programação oficial do evento. “O Maio Musical chega à sua 30ª edição e estamos preparando um evento especial”, comenta Tânia Castanho, secretária municipal de Cultura. “Por isso, convidamos os artistas de Indaiatuba a participar e que possamos celebrar juntos esta importante marca”.

O objetivo do Maio Musical é valorizar a produção artística do município como forma de garantir o acesso continuado à vida cultural indaiatubana incentivando a sustentabilidade de artistas locais, além de estimular os diversos elos da cadeia produtiva no gênero popular ou erudito, estimulando e popularizando a música de forma geral.

Cada proponente poderá concorrer somente com um projeto e os interessados devem ser residentes e domiciliados em Indaiatuba. O edital completo e o formulário de inscrições estão disponíveis em www.indaiatuba.sp.gov.br/cultura/concursos/maio-musical/.

Serão selecionados um total de 12 projetos, entre as categorias Solo, Duo, Trio, Quarteto e Banda, sendo que, nestes últimos três, é preciso que pelo menos 50% dos integrantes sejam comprovadamente residentes em Indaiatuba.

Além do preenchimento do formulário, onde o proponente deverá incluir um breve histórico de sua carreira e uma série de documentos, será preciso enviar um link compartilhado com vídeo contendo uma prévia da apresentação, com mínimo de seis e máximo de dez minutos de duração. O interessado deve ainda enviar o repertório escolhido para seu projeto, incluindo títulos e autores das composições, sendo que a duração do espetáculo proposto deverá ter entre 50 e 60 minutos. Vale destacar que, caso o participante seja menor de idade, a inscrição deverá vir acompanhada de autorização de um dos pais ou responsável legal.

Seleção

Os projetos serão selecionados mediante avaliação e decisão de comissão indicada pela Secretaria Municipal de Cultura. Os critérios considerados para seleção serão: qualidade artística e cultural, impacto cultural para o município, factibilidade, técnica e originalidade apresentada nos vídeos. Cada item receberá de 0 a 5 pontos, que somados constituem a nota final do projeto.

A documentação apresentada será conferida e a lista dos projetos habilitados será publicada no site da Prefeitura de Indaiatuba e Imprensa Oficial do Município em data a ser divulgada.

Os cachês artísticos serão de R$750 para categoria Solo, R$1.500 para Duo/Dupla, R$2.250 para Trio, R$3.500 para Quarteto e R$3.750 para Banda (mais de quatro integrantes).

Mais informações na Secretaria Municipal de Cultura, que fica na Rua das Primaveras, 210, Jardim Pompeia, pelo telefone (19) 3875-6144 ou e-mail cultura@indaiatuba.sp.gov.br.

(Fonte: Assessoria de Imprensa | Prefeitura de Indaiatuba)

“Esquadrão Bombelhaço” abre comemoração dos 10 anos do Circo Teatro Palombar

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Foto: Nah Souza.

Em 2022, o Circo Teatro Palombar, grupo que nasceu no bairro Cidade Tiradentes, comemora dez anos. Para celebrar a data, a trupe circense inicia uma grande mostra de repertório que começa com apresentações exatamente no bairro onde foi criado e bairros próximos na Zona Leste de São Paulo.

O primeiro espetáculo da mostra é “Esquadrão Bombelhaço”, que foi apresentado na Praça Lino Rojas gratuitamente no dia 12 de março de 2022 e será apresentado no dia 24 de março (quinta-feira), às 10h00, na EMEF Escola Maurício Goulart e no dia 26 de março (sábado), às 16h00, na Comunidade Jardim Maravilha.

Baseado em desenhos animados, “Esquadrão Bombelhaço” não possui falas e abusa de elementos cômicos, como cascatas, quedas, tombos, pontapés e tropeções, além de malabarismos e manipulação de objetos, em técnicas de acrobacias cômicas e aéreas por meio do equipamento pizza.

Foto: Nah Souza.

Com 10 anos de trajetória, o Circo Teatro Palombar já passou por diversas praças, parques, ruas, lonas e teatros se apresentando e difundindo seu fazer artístico dentro e fora do Brasil, valorizando o trabalho coletivo continuado, a multiplicidade de linguagens e a criação de poética periférica.

O coletivo ocupa o Centro Cultural Arte em Construção, no bairro Cidade Tiradentes, extremo leste da capital, onde realiza aulas de circo e teatro para crianças e jovens, e promove apresentações de grupos parceiros, buscando difundir a arte circense na comunidade de forma gratuita.

Em suas criações, o Circo Teatro Palombar diversifica sua pesquisa usando técnicas e linguagens variadas como: Artes Cênicas de Rua, Circo-Teatro, Melodrama, Palhaço Excêntrico Musical e Comicidade Física, unidas a músicas autorais e banda ao vivo, o que resulta em espetáculos diferentes e inusitados.

As ações fazem parte do projeto “Palombar 10 Anos – Circomunidade Circomuns”, contemplado no edital 17/2021/SMC/CFOC/SFA – Edital de Apoio a Projetos Artísticos Culturais Descentralizados de Múltiplas Linguagens.

Mais informações: www.facebook.com/Circo.Palombar e www.instagram.com/circopalombar.

Ficha técnica: Coordenação geral e Direção: Adriano Mauriz | Cenário: Grupo Circo Teatro Palombar | Ilustração: Rafael Marquetto | Figurino: Aaron Kawai | Produção geral: Grupo Circo Teatro Palombar | Artistas: David William, Giuseppe Farina, Guilherme Torres, Henrique Nobre, Leonardo Galdino, Marcelo Nobre, Paulo Santos, Rafael Garcia, Vinicius Mauricio | Assessoria de Imprensa: Luciana Gandelini.

Serviço:

Temporada “Esquadrão Bombelhaço” com Circo Teatro Palombar

Sinopse: Um batalhão de bombeiros composto por palhaços corre para o salvamento de um gatinho que ficou preso em cima de um muro. Um carro entra em alta velocidade com o esquadrão e seus equipamentos de combate ao fogo. A tropa atrapalhada inicia seus procedimentos de salvamento entre trombadas, tropeços, saltos na pizza e bofetões.

Duração: 60 minutos

Classificação Livre

Grátis

Quando: 24 de março de 2022 (quinta-feira) – Horário: 10h00

Onde: EMEF Escola Maurício Goulart – Endereço: R. René de Toledo, 700 – Cidade Tiradentes, Zona Leste, São Paulo – SP, Telefone:  (11) 2282-0040

Quando: 26 de março de 2022 (sábado) – Horário: 16h00

Onde: Comunidade Jardim Maravilha – Endereço: Rua Apóstolo Simão Pedro, 236 – Cidade Tiradentes, Zona Leste, São Paulo – SP.

(Fonte: Assessoria de Imprensa: Luciana Gandelini)

SESC Pinheiros recebe Lia Rodrigues Cia. de Danças na estreia de “Encantado”

São Paulo, por Kleber Patricio

Cena de “Encantado”. Foto: Sammi Landweer.

“Encantado” é o título da nova criação da Lia Rodrigues Companhia de Danças que se inicia no contexto da crise sanitária provocada pelo Covid-19. A escolha desse título nasceu do desejo de usar a magia e a encantação como guias para conduzir o processo criativo que acontece nesse momento dramático em que vivemos no Brasil. Além dessa obra, também será apresentado, no SESC Pinheiros, o espetáculo “Fúria”, que fez temporada nacional em 2019. “Encantado” faz temporada de 17 de março a 10 de abril; já “Fúria” fica em cartaz nos dias 14, 16 e 17 de abril.

Sobre “Encantado”

A palavra “encantado”, do latim “incantatus”, designa algo que é ou foi objeto de encantamento ou de feitiço mágico. “Encantado” é também sinônimo de maravilhado, deslumbrado ou fascinado e também uma expressão de cumprimento social.

No Brasil, a palavra ‘encantado’ tem ainda outros sentidos. O termo se refere às entidades que pertencem a modos de percepção de mundo afro-ameríndios. Os ‘encantados’, animados por forças desconhecidas, transitam entre céu e terra, nas selvas, nas pedras, em águas doces e salgadas, nas dunas, nas plantas, transformando-os em locais sagrados.

Como encantar nossos medos e nos colocarmos no coletivo, próximos uns dos outros? Como encantar o que nos cerca, imagens , danças e paisagens e transformá-las em nossos corpos e ideias? Como entrar em encantamento e nos acoplarmos, nós e o ambiente, em arranjos variados e ir ao encontro dos seres viventes em toda a sua diversidade?

São seres que atravessam o tempo e se transmutam em diferentes expressões da natureza. Não experimentaram a morte, mas seguiram em outro plano, ganhando atribuições mágicas de proteção e de cura. Deste modo, as ações predatórias que ameaçam a vida na Terra, a destruição sistemática das florestas, dos rios e do mar impactam também a existência dos Encantados. Não há como separar os encantados da natureza ou a natureza desses seres.

Sobre “Fúria”

Em “Fúria”, um mundo povoado de imagens de dor, beleza, violência, opressão e liberdade se constrói e se desmancha sem trégua, diante dos olhos do público. Os corpos dos intérpretes da companhia se destacam e se perdem em meio às roupas, sacos plásticos e rejeitos, em uma mistura de cores, formas e texturas. Um trecho de uma música tradicional dos povos indígenas Kanak, da Nova Caledônia, repetido infinitamente, acompanha grande parte da performance.

Foto: Sammi Landweer.

“Como espiar o tempo em um mundo dominado por uma infinidade de imagens contrastantes – medonhas e belas, sombrias e luminosas – atravessadas por uma infinidade de perguntas não respondidas e perpassadas por contradições e paradoxos? Como espiar o tempo em um mundo de fúria? Como dar visibilidade e voz ao que está invisível e silenciado?”. Esses são alguns dos questionamentos que Lia destaca como desencadeadores da obra.

Sobre as ações sanitárias da Lia Rodrigues Cia. de Danças durante a Covid-19

“Encantado” foi criado entre abril e novembro de 2021, em plena crise sanitária. Como todos os projetos da Companhia desde 2004, essa peça foi criada no Centro de Artes da Maré, no Rio de Janeiro, instituição criada e dirigida pela Redes da Maré e pela Lia Rodrigues Cia. de Danças em 2009.

Durante esse período, a companhia se alinhou à campanha “A Maré diz não ao Coronavírus”, da Redes da Maré, que durante 2020 e 2021 colocou em prática ações contra o coronavírus na região. O Centro de Artes tornou-se centro dessas ações – ele funciona como local de armazenamento e distribuição de alimentos, garrafas de água, produtos de higiene e limpeza e Equipamentos de Proteção Individual para 17 mil famílias da região que vivem em extrema pobreza. O Centro de Artes também foi o centro da organização da vacinação de mais de 30.000 moradores da Maré em três dias.

“Encantado”. Foto: Sammi Landweer.

Através da Redes da Maré, a Companhia foi orientada nos protocolos de testagem através do projeto Conexão Saúde – De olho na Covid, uma parceria de instituições Centro Comunitário Manguinhos, Cruz Vermelha, Dados do Bem, Estáter, Fiocruz, Redes da Maré, SAS Brasil, Todos Pela Saúde e União Rio, e do aplicativo Dados do Bem, parceria da Redes da Maré com a Fiocruz.

O Centro de Artes da Maré, um lugar para as artes que tem dois palcos magníficos, ocupou esses espaços com cestas básicas que foram distribuídas por muitas pessoas, unindo dessa forma arte, cultura e sociedade. “A sociedade civil se organiza no Brasil, assumindo o papel que o Estado se recusa a cumprir. A Redes da Maré tem feito isso de uma forma muito eficiente e bonita”, diz Lia Rodrigues.

“E, como conseguimos recursos para trocar o telhado do Centro de Artes e instalar energia solar, essa obra também aconteceu no nosso período de criação. Por conta das chuvas dentro do espaço, precisamos refazer o nosso palco de madeira algumas vezes. Tudo isso fez e faz parte do nosso dia a dia de ensaio”, complementa a coreógrafa, ressaltando também os protocolos de proteção adotados pela companhia, como uso de máscara, distanciamento, todos os artistas se locomovendo de Uber ou táxi para evitar a possibilidade de contaminação no transporte público, além de uma pessoa encarregada da higienização do palco, banheiro e espaço de alimentação que trabalhou durante todo o período de ensaios. Para finalizar, testes de Covid-19 eram realizados todas as semanas.

“Furia”. Foto: Sammi Landweer.

“Organizar esse funcionamento exigiu muito trabalho e, é claro, muito investimento. Foi um longo processo para fazer “Encantado” acontecer. Já no final de 2019 comecei a elaborar um possível caminho para uma nova criação com leituras, encontros e pesquisas. Um processo bastante solitário para preparar o encontro com os artistas posteriormente para os ensaios presenciais. No início de 2020 comecei a levantar os recursos financeiros necessários para levar adiante um projeto de quase 9 meses de ensaio envolvendo artistas, colaboradores artísticos, administração, espaço para ensaio , tempo para pesquisa, equipe técnica etc.”, conta Lia.

Ela reforça que isso só foi possível graças ao apoio concreto de várias instituições europeias, parcerias conquistadas ao longo do tempo. A companhia tem 32 anos e Lia começou a se apresentar na Europa em 1994. “É uma construção de confiança, troca; muitas atividades não somente artísticas, mas também de formação de público, aulas, palestras e encontros. Assim é sempre necessário persistência e, claro, muito muito trabalho. Uma diferença grande é que na Europa eles acompanham realmente o que faço desde então, eles conhecem e reconhecem o meu trabalho e sabem que o mais importante é acompanhar um artista e suas atividades ao longo de sua carreira”, diz Lia.

Nos últimos anos, as únicas fontes brasileiras de investimento no seu trabalho têm sido o SESC de São Paulo (parceiro de muitas décadas), a Bienal de Dança de Fortaleza e o Festival de Curitiba, além da importantíssima parceria com a Redes da Maré nos projetos que desenvolvem juntas, como, por exemplo, o Centro de Artes da Maré que também é sede da Companhia.

Ficha Técnica – “Encantado”

Criação: Lia Rodrigues

Dançado e criado em estreita colaboração com Leonardo Nunes, Carolina Repetto, Valentina Fittipaldi, Andrey Da Silva, Larissa Lima, Ricardo Xavier, Joana Lima, David Abreu, Matheus Macena, Tiago Oliveira, Raquel Alexandre

Assistente de criação: Amália Lima

Dramaturgia: Silvia Soter

Colaboração artística e imagens: Sammi Landweer

Criação de luz: Nicolas Boudier com assistência técnica de Baptistine Méral e Magali Foubert

Operação de luz: Jimmy Wong

Trilha sonora/mixagem: Alexandre Seabra (a partir de trechos de músicas do povo Guarani MBYA/aldeia de Kalipety da T.I. Tenondé Porã, cantadas e tocadas durante a marcha de povos indígenas em Brasília em agosto e setembro de 2021 contra o ‘marco temporal ‘, uma medida inconstitucional, que prejudica o presente e o futuro de todas as gerações dos povos indígenas).

Produção e difusão: Colette de Turville com assistência de Astrid Toledo

Administração França: Jacques Segueilla

Produção Brasil: Gabi Gonçalves / Corpo Rastreado

Produção e idealização do projeto Goethe Instituto: Claudia Oliveira

Secretária: Glória Laureano

Professores: Amalia Lima, Sylvia Barretto, Valentina Fittipaldi

Uma coprodução de Scène nationale Carré-Colonnes; Le TAP – Théâtre Auditorium de Poitiers; Scène nationale du Sud-Aquitain; La Coursive – Scène nationale de La Rochelle; L’empreinte, Scène nationale Brive-Tulle; Théâtre d’Angoulême Scène Nationale; Le Moulin du Roc, Scène nationale à Niort; La Scène Nationale d’Aubusson; Kunstenfestivaldesarts (Brussels); Brussels, Theaterfestival (Basel); HAU Hebbel am Ufer (Berlin); Festival Oriente Occidente (Rovereto); Theater Freiburg; l’OARA – Office Artistique de la Région Nouvelle Aquitaine; Julidans (Amsterdam); Teatro Municipal do Porto; Festival DDD, dias de dança; Chaillot – Théâtre national de la Danse (Paris); Le Centquatre-Paris; e Festival d’Automne à Paris.

Com apoio de Fondoc (Occitanie)/França; Fundo internacional de ajuda para as organizações de cultura e educação 2021 do ministério federal alemão de Affaires étrangères, do Goethe-Institut e de outros parceiros; Fondation d’entrepriseHermès/França, com a parceria de France Culture.

Lia Rodrigues é artista associada do Théâtre national de la Danse (Paris); Le Centquatre-Paris.

Uma produção da Lia Rodrigues Companhia de Danças com apoio da Redes da Maré (Campanha “A Maré diz não ao Coronavírus – projeto Conexão Saúde”’) e do Centro de Artes da Maré .

Agradecimentos: Thérèse Barbanel, Antoine Manologlou, Maguy Marin, Eliana Souza Silva, equipe do Centro de Artes da Maré.

“Encantado” é dedicado para Olivier.

Ficha técnica – “Fúria”

Criação: Lia Rodrigues

Assistente de criação: Amália Lima

Dançado e criado em estreita colaboração com: Leonardo Nunes, Carolina Repetto, Valentina Fittipaldi, Andrey Silva, Larissa Lima, Ricardo Xavier, Joana Lima, David Abreu, Matheus Macena, Tiago Oliveira, Raquel Alexandre

Também criado por: Felipe Vian, Clara Cavalcante, Karoll Silva

Dramaturgia: Silvia Soter

Colaboração artística e imagens: Sammi Landweer

Criação de Luz: Nicolas Boudier

Operação de Luz: Jimmy Wong

Produção e difusão internacional: Colette de Turville

Produção e difusão Brasil: Gabi Gonçalves/ Corpo Rastreado

Secretária/administração: Glória Laureano

Professoras: Amália Lima, Sylvia Barreto

Coprodução: Chaillot – Théâtre national de la Danse, Centquatre-Paris, Fondation d’entreprise Hermès dans le cadre de son programme New Settings, Festival d’Automne de Paris, MA scène- nationale, Pays de Montbéliard, Les Hivernales – CDNC (França); Künstlerhaus Mousonturm Frankfurt am Main, Festival Frankfurter Position 2019 – BHF-Bank-Stiftung, Theater Freiburg, Muffatwerk/Munique (Alemanha); Kunstenfestivaldesarts, Bruxelas (Bélgica); Teatro Municipal do Porto, Festival DDD – dias de dança (Portugal).

Uma realização da Lia Rodrigues Companhia de Danças com o apoio da Redes da Maré e do Centro de Artes da Maré.

Lia Rodrigues é uma artista associada ao Chaillot-Théâtre national de la Danse e ao Centquatre, França.

Agradecimentos: Zeca Assumpção, Inês Assumpção, Alexandre Seabra, Mendel Landweer, Jacques Segueilla , equipe do Centro de Artes da Maré e da Redes da Maré.

Serviço:

“Fúria” e “Encantado” | Lia Rodrigues Companhia de Danças

Local: Teatro Paulo Autran (1010 lugares) – R. Pais Leme, 195 – Pinheiros, São Paulo – SP

“Encantado”

De 17 de março a 10 de abril de 2022.

Quinta a sábado, às 21h. Domingos, às 18h.

Ingressos: R$40 (inteira), R$20 (credencial plena/meia)

Duração: 60 minutos

Classificação: 16 anos .

“Fúria”

Dias 14, 16 e 17 de abril de 2022

Quinta e sábado, às 21h. Domingo, às 18h.

Ingressos: R$40 (inteira), R$20 (credencial plena/meia)

Duração: 70 minutos

Classificação: 16 anos.

(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)