Desde o lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputnik I, em 1957, o número de objetos feitos pelo homem em órbita da Terra cresceu rapidamente, passando de 1 satélite naquele ano para cerca de 1.000 em 2000, 3.300 em 2020 e mais de 5.000 ativos em 2025, impulsionados principalmente pelo avanço das constelações de internet via satélite. Atualmente, o site Heavens-Above.com registra mais de 64 mil objetos orbitando a Terra, incluindo satélites, fragmentos e detritos, formando o chamado lixo espacial.
Nas últimas semanas, acompanhamos algumas reentradas de lixo espacial na Terra, incluindo uma reentrada filmada por diversas pessoas em vários estados do Brasil, fato que surpreendeu a todos. Porém, o que poucos sabem é que essas reentradas são mais comuns do que se imagina. Estimativas conservadoras indicam que cerca de 200 a 250 objetos reentraram na atmosfera terrestre nos últimos 12 meses — e esse número só tende a crescer.
Só a SpaceX, conhecida pelo projeto Starlink, realizou 145 lançamentos em 2024. Cada lançamento típico da Starlink costuma levar entre 50 e 60 satélites; ou seja, no mínimo, foram lançados 7.250 satélites Starlink em 2024. Esse número é ainda maior, pois a SpaceX representa cerca de 55% do total global de lançamentos. A China fica em segundo lugar, com 68 lançamentos, seguida pela Rússia (17), Japão (5), Índia (5), Irã (4) e França (3). Entre as empresas que estão montando as chamadas constelações de satélites estão a britânica OneWeb; a Amazon, com seu projeto Kuiper; a canadense Telesat; a chinesa Satcom; a AST SpaceMobile; a Swarm Technologies e a Samsung, que também planeja lançar uma constelação para expandir a conectividade.
Com todas essas empresas enviando cada vez mais objetos ao espaço, de forma ainda pouco regulada, a tendência é recebermos mais notícias e vídeos de reentradas de lixo espacial, semelhantes à ocorrida recentemente no Brasil. Estudos apontam que, anualmente, cerca de 100 a 300 kg de detritos espaciais podem atingir a superfície terrestre, direta ou indiretamente (incluindo os oceanos, que cobrem 70% do planeta). Grande parte dessa massa cai nos oceanos ou em regiões remotas, onde não causa danos. Porém, mesmo sendo uma quantidade pequena, alguns fragmentos caem em áreas habitadas. Portanto, fique atento: se observar algo riscando o céu, mesmo durante o dia, pode não ser um meteoro, mas sim lixo espacial.
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(Com Matheus Tayti/Urania Planetário)