A geração Z, formada por jovens de 16 a 29 anos, está prestes a se tornar maioria no mercado de trabalho. E, ao contrário do que muitos imaginam, essa parcela da população já tem bem definida a direção que deseja seguir — e também os caminhos que não pretende trilhar. De acordo com pesquisa exclusiva do Infojobs, maior HRTech da América Latina, 60,3% da Geração Z entrevistada não está trabalhando atualmente. E, entre os que estão empregados (39,5%), a maioria (65,1%) não pretende continuar na mesma área pelos próximos 10 anos. O dado escancara a instabilidade e a insatisfação desses jovens diante do mercado atual.
O estudo contou com 1.003 respondentes e mapeou os desejos, expectativas e prioridades profissionais dessa geração. O resultado é um retrato contundente das transformações em curso nas relações de trabalho — e um alerta para as empresas que desejam atrair e reter talentos jovens. “O mercado precisa parar de subestimar essa geração. Afinal, é a nossa força de trabalho atual. Eles estão em busca de crescimento, propósito e bem-estar, e rejeitam modelos de trabalho ultrapassados. Não é sobre descompromisso, é sobre uma mudança no modo de encarar suas carreiras e repriorizar seus objetivos”, afirma Ana Paula Prado, CEO do Infojobs.
A pesquisa mostrou também que, para o grupo, o fator mais decisivo para a escolha de uma carreira é, sem surpresas, salário e estabilidade financeira, apontado por 70% dos jovens como prioridade. Mas a remuneração não vem sozinha: equilíbrio entre vida pessoal e profissional (49,4%) e oportunidades de crescimento (48,2%) aparecem logo em seguida, mostrando uma geração que quer evoluir no trabalho— mas não às custas da saúde ou da qualidade de vida.
Ambientes tóxicos não são mais tolerados
E quando algo não vai bem, eles não hesitam em mudar. O principal motivo para pensar em deixar uma empresa, segundo 71,6% dos respondentes, é um ambiente tóxico ou uma cultura organizacional desalinhada com seus valores. A falta de reconhecimento (45,2%) e a ausência de equilíbrio (36,5%) também pesam na decisão. “Eles não aceitam mais o discurso de que ‘é assim mesmo’, questionam e querem melhorar. Essa geração entendeu que respeito, inclusão e transparência são pilares fundamentais para a vida, incluindo a rotina de trabalho”, reforça Ana Paula.
A postura mais crítica e seletiva da Geração Z está impulsionando uma reconfiguração nas estratégias de gestão de pessoas. Empresas que insistem em manter modelos hierárquicos engessados, jornadas inflexíveis e culturas baseadas no medo e no controle estão, pouco a pouco, se tornando menos atrativas. Os jovens talentos estão atentos à coerência entre o que é dito e o que é praticado — e não hesitam em denunciar ou simplesmente sair de empresas que não entregam o que prometem.
Também há valorização profunda ao aprendizado contínuo. A pesquisa mostra que 41,7% dos entrevistados consideram as oportunidades de capacitação e desenvolvimento profissional como um fator essencial para permanecer em uma empresa. “A flexibilidade também se consolidou como um pilar inegociável. A ausência do olhar humano sobre a individualidade de cada um não só desmotiva como também afasta bons profissionais — e, no caso da Geração Z, esse afastamento tende a ser definitivo”, explica Ana.
Mais do que uma ruptura, o que se vê é uma transformação que exige escuta ativa, empatia e adaptação constante por parte das empresas. “Entender o que move essa geração é o primeiro passo para construir ambientes verdadeiramente inovadores, sustentáveis e humanos. Afinal, não se trata apenas de reter talentos, mas de garantir que essas pessoas queiram, de fato, construir o futuro junto com a organização”, conclui.
(Com Noelle Neves/MGA Press)