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Relatório analisa e aponta soluções para geração de trabalho e renda nas áreas rurais do Brasil

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Lucas Thaynan/Agência Tatu.

Para que se possa falar em sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis é preciso promover formas de inclusão econômica das populações vulneráveis que habitam o Brasil rural e interiorano – ou seja, é preciso viabilizar formas de geração de trabalho e renda estáveis e o aumento da qualidade de vida deste amplo contingente de pessoas. Para fornecer evidências que melhorem as iniciativas voltadas ao tema, o Cebrap Sustentabilidade lança o relatório “Inclusão produtiva no Brasil rural e interiorano 2022” nesta semana.

Produzido em parceria com as fundações Arymax e Tide Setubal e com o Instituto Humanize, o documento traz um conjunto de dados sobre inclusão produtiva dividido em quatro capítulos. No primeiro, é feito um retrato dos estabelecimentos e das áreas rurais brasileiras, mostrando o caráter heterogêneo do Brasil rural. Na sequência, o relatório mostra uma análise das políticas públicas de inclusão produtiva rural em países latino-americanos, enfatizando aprendizados que o Brasil pode obter com as experiências estrangeiras.

Os capítulos 3 e 4 versam sobre dois temas que vêm ganhando espaço no ramo da inclusão produtiva: a digitalização das várias etapas da produção, consumo e comércio de alimentos e as oportunidades de usos econômicos da biodiversidade. “A ideia é que o relatório amplie o conhecimento de pesquisadores e dê suporte para o debate público e para processos de tomada de decisão, tendo impacto na qualidade de vida da população rural brasileira”, diz Arilson Favareto, um dos pesquisadores que assinam o documento.

O texto apresenta uma série de informações relevantes para a construção e aprimoramento de políticas públicas. Um exemplo é a análise de tendências experimentadas nos estabelecimentos agropecuários do país. De maneira geral, foi registrado um decréscimo da população ocupada no Brasil década após década, em um retrato diferente daquele que emerge quando se olha apenas para os dados mais recentes. Mas há, também, diferenças regionais importantes: as regiões Norte e Centro-Oeste são as que tiveram alta, o que teria relação com a abertura de novas fronteiras na região, algo associado ao desmatamento para a criação de novas áreas de pastagens.

No campo das inovações verdes, o relatório aponta um crescimento expressivo de estabelecimentos certificados em produção orgânica, principalmente na agricultura familiar. Apesar disso, o Brasil parece seguir, ao mesmo tempo, outra tendência: a de intensificação do desmatamento e do uso de agrotóxicos, resultando em um quadro paradoxal e insuficiente para melhorar os indicadores ambientais agregados.

Segundo os autores do documento, a solução para melhorar a inclusão produtiva rural exige o reconhecimento de que, ao contrário do que se costuma pensar, existe uma grande heterogeneidade nas áreas rurais do país. “Será preciso tratar afirmativamente essa diversidade”, diz Favareto. “Nesse sentido, as informações contidas no relatório podem tornar programas e políticas públicas mais condizentes com os desafios postos pelas diferenças contextuais.”

(Fonte: Agência Bori)