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‘Um Artista’: nova produção da Metrô Filmes homenageia a história do cinema campineiro

Campinas, por Kleber Patricio

Foto: Luara Gonzalez.

Homenagem à história do cinema campineiro, reflexão sobre arte, retrato da vida cotidiana na periferia…  Há muito o que dizer sobre o filme ‘Um Artista’, lançamento dos irmãos Danilo e Murilo Dias de Freitas. A produção, assinada pela Metrô Filmes, é uma releitura do filme ‘O Artista’, dirigido por Luiz Carlos Borges, em 1967 e, como o original, é uma obra sem diálogos, mas que fala alto, nos seus pouco mais de 20 minutos.  São os pequenos movimentos, os olhares, a delicadeza dos gestos e expressões e a imobilidade que conduzem a narrativa, filmada na Vila Ipê ou Bairro da Conquista, na região Sul de Campinas. É lá que vivem os cerca de 50 figurantes, entre adultos e crianças, que participaram das gravações.

Se tivéssemos que definir em uma só palavra o que buscamos esteticamente neste filme, seria singeleza, no sentido de projetar na tela de cinema uma costura mágica dos acontecimentos ordinários, uma espécie de reverência poética ao real”, diz Danilo Dias de Freitas, que desde 2018, quando se juntou à CTAv (Câmara Temática do Audiovisual de Campinas, vem se aprofundando na história do cinema campineiro.

A CTAv é um coletivo de profissionais do audiovisual que busca promover espaços de diálogo e integração, ações para a preservação da memória e proposição de políticas públicas no segmento. Por meio desse mergulho na história, Danilo conheceu a obra de Luiz Carlos Ribeiro Borges, hoje respeitado advogado e escritor da cidade.

Na década de 1960, o Cineclube Universitário de Campinas (CCUC) agitou a cena cultural da cidade. Três jovens da época, ligados à Puc-Campinas, Dayz Peixoto Fonseca, Luiz Carlos Ribeiro Borges e Rolf de Luna Fonseca, estavam à frente do movimento e foram além da clássica tradição cineclubista, que envolve exibição, debates e formação. Eles produziram três curtas-metragens que são obras fundamentais deste período do cinema local”, explica Danilo. Com apoio de Henrique de Oliveira Jr, importante cineasta campineiro, foram produzidos Um Pedreiro (Dayz, 1966), O Artista (Borges, 1967) e Dez Jingles para Oswald de Andrade (Rolf, 1972). O CCUC encerrou suas atividades em 1973, mas as sementes plantadas, como se vê, seguem germinando.

A relação entre arte e política, presente no filme de Borges, foi o que mais chamou atenção de Danilo para começar a planejar sua releitura. “A ideia não era fazer uma refilmagem, por isso é importante lembrar do contexto do filme original para entender de fato o que significa recontar essa história. No audiovisual, o movimento do Cinema Novo propunha um cinema livre das limitações do estúdio, um cinema das ruas que tivesse um contato direto com o povo e seus problemas. No filme de Borges, o artista inicialmente não tem nenhum compromisso social até se deparar com a realidade da pobreza, que altera totalmente sua arte e o desloca para o morro, marcando uma divisão nítida entre arte erudita e arte popular”, comenta.

Na releitura, a separação entre a dita arte erudita e popular é tênue, porque uma se apropria da outra. A relação entre o artista e a comunidade também é outra, dentro e fora dela, já que, dentre os 6 personagens principais do filme, somente 2 são atores profissionais – os demais são também moradores locais. A homenagem à obra de Borges se transforma, portanto, numa homenagem às memórias da comunidade — que, por meio de fotografias, cartas e outros fragmentos de recordação compartilhados na tela, constroem uma história coletiva, que é ao mesmo tempo íntima e universal.

O lançamento do filme ‘Um Artista’, de Danilo Dias Freitas e Murilo Dias Freitas, será no dia 5 de maio (segunda-feira), às 19h, no cinema do Shopping Prado Boulevard. Ele é resultado de projeto contemplado pelo Edital da Lei Paulo Gustavo de Campinas – audiovisual, de 2023, e realizado com patrocínio da Prefeitura Municipal de Campinas, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Governo Federal, Ministério da Cultura e Lei Paulo Gustavo. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail da Metrô Filmes: metrofilmes.produtora@gmail.com.

MetrôFilmes | Idealizada em 2017, a Metrô Filmes surgiu do desejo comum de seus idealizadores: estar no mundo de forma integral, isto é, resistir ao conformismo e à apatia a que nos quer submeter o atual estado de coisas. Os filmes são apenas um desvio, um pretexto (e uma prática) para a invenção de um outro modo de ser e estar no mundo. (https://metrofilmes.com.br)

Danilo Dias Freitas | Danilo Dias de Freitas é graduado em Cinema (UFSC). Formou-se técnico em edição de vídeos (Senai-Maracanã, RJ), é roteirista, montador, diretor e um dos curadores do Verve Cineclube, no MIS-Campinas.

Murilo Dias Freitas | Murilo Dias de Freitas é graduado em filosofia (Unicamp) e em Som para o Cinema e a TV pela Academia Internacional de Cinema de São Paulo (AIC-SP). Trabalha como sound designer, tendo atuado em todos os filmes produzidos pela Metrô Filmes. Estreou na direção com o curta Thomaz de Tullio: Desbravador e Pioneiro.

Créditos – Equipe

Diretor, Roteirista e Montador: DANILO DIAS DE FREITAS

Diretor, Editor de Som e Mixagem de Som: MURILO DIAS DE FREITAS

Produtora Executiva: FERNANDA VIANA

Produtor: THI RIBEIRO

Assistente de produção: CINTIA ROCHA

Assistente de produção local: SELMA SILVA

Diretor de Fotografia e Operador de Câmera: RICKY ARANDA

Assistente de Fotografia: GUSTAVO OLIVEIRA BARBOSA

Assistente de Fotografia: FSNOW

Fotografia still: LUARA GONZALEZ

Diretora de arte: LARA PRADO

Assistente de arte: CRISTIANE TAGUCHI

Técnico de som: VITOR MURICY

Microfonista: RAFAEL IMS ROGANO

Créditos – Atores

Menino/filho: ESTÊVÃO APARECIDO FERNANDES DE PAULA

Mãe: CRISTIANE APARECIDA VIANNA DE PAULA

Artista (crow): RODRIGO NASSER

Artista (motorista): BRENDA DINIZ

Menina/pão: NAYURY YASMIN DO NASCIMENTO

Menina/Foto: NAYUMY CATHERINE EDUARDA DA SILVA.

(Fonte: A2N Comunicação)