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“Tom na Fazenda” faz temporada no Teatro FAAP

São Paulo, por Kleber Patricio

Armando Babaioff e Gustavo Rodrigues. Fotos: Victor Pollak.

A passagem da peça “Tom na Fazenda” em São Paulo, que tem à frente o ator e produtor Armando Babaioff com direção de Rodrigo Portella, repetiu o sucesso recente de sua temporada de um mês em Paris, em março deste ano, quando teve todos os ingressos esgotados e fila de espera no Théâtre Paris-Villette, com grande repercussão entre a imprensa da cidade e o público – foi o melhor público e bilheteria da casa dos últimos 20 anos.

Em São Paulo, foram mais de sete mil ingressos vendidos, com entradas esgotadas muito antes do fim da temporada. Por conta da procura e de pedidos do público, a produção fechou mais dois meses de apresentações no Teatro FAAP, de 9 de agosto até 28 de setembro, exclusivamente às quartas e quintas, e que irá acontecer concomitante com a turnê, já agendada no segundo semestre, pelo Norte e Nordeste nos finais de semana entre os meses de agosto e novembro.

A peça, baseada na obra “Tom à la Ferme”, do autor canadense Michel Marc Bouchard, aborda a inabilidade do indivíduo para lidar com o preconceito, a impotência, a violência e o fracasso. Trata de assuntos caros ao Brasil: apesar de a homofobia não ser o tema principal, é por causa dela que o destino dos personagens se dá; é uma peça sobre mentiras e relações de dominação. A produção brasileira, considerada pelo autor canadense a versão definitiva de seu texto, atravessou, bravamente resistindo, os piores anos da história do Brasil: sofreu censura, pois teve uma temporada cancelada sem muitas explicações.

Na trama, o publicitário Tom (Armando Babaioff) vai à fazenda da família para o funeral de seu companheiro. Ao chegar, descobre que a sogra (Soraya Ravenle) nunca tinha ouvido falar dele e tampouco sabia que o filho era gay. Nesse ambiente rural e austero, Tom é envolvido numa trama de mentiras criada pelo truculento irmão (Gustavo Rodrigues) do falecido, estabelecendo com aquela família relações de complicada dependência. A fazenda, aos poucos, vira cenário de um jogo perigoso, em que quanto mais os personagens se aproximam, maior a sombra de suas contradições.

Idealizada pelo ator e produtor Armando Babaioff, que também assina a tradução, a encenação é dirigida por Rodrigo Portella. “Tom na Fazenda” traz no elenco Soraya Ravenle, Gustavo Rodrigues e Camila Nhary, além do próprio Babaioff.

A montagem de “Tom na Fazenda no Brasil” transformou a carreira do ator Babaioff. Além de a peça conquistar inúmeros prêmios em diversas categorias, incluindo melhor espetáculo, para o ator também tem sido uma grande surpresa: ele ganhou, além da amizade com o autor canadense, o direito de montar qualquer peça de Bouchard e, depois do sucesso no Festival d’Avignon, foi convidado para criar, junto do parceiro Rodrigo Portella, um novo trabalho em coprodução com teatros internacionais para 2025.

Projeção internacional

A projeção internacional começou no verão de 2022, quando “Tom na Fazenda” participou do Festival d’Avignon, na França, para o público e programadores de teatros. Ao lado de cerca de 1700 espetáculos de diversos lugares do mundo, foi um dos destaques do evento. Além de Paris, estão programadas para a temporada 2023/2024 mais de 45 apresentações em 27 cidades, da França, Bélgica, Suíça, Marrocos e Portugal. Até 2026, há uma agenda de apresentações internacionais.

“Depois da pandemia, diante das inúmeras incertezas no cenário cultural brasileiro, num primeiro movimento de uma retomada das atividades resolvi apostar mais uma vez na peça. Arquei com os custos para levar o trabalho para o Festival d’Avignon, acreditando na internacionalização do projeto. A ideia era ter dois ou três contratos com produtores internacionais para cobrir os gastos. Mais uma surpresa: as 21 apresentações da peça na cidade francesa tiveram ingressos esgotados. E a peça independente tem agora, pela primeira vez, uma vida internacional”, conta Babaioff.

Tom na Fazenda – A peça estreou em março de 2017 e, no Brasil, conquistou vários prêmios: da APCA, Shell, Cesgranrio, APTR, Questão de Crítica e Associação de Críticos de Teatro de Québec. Desde então, foram mais de 280 apresentações em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Montreal (interrompida pela pandemia), Avignon e Paris, com um público de mais de 45 mil pessoas.

Quando Babaioff pediu os direitos para realizar a peça no Brasil, o autor canadense pediu para assistir à estreia. Em 2017, ele veio ao Rio de Janeiro para acompanhar o trabalho. Ficou surpreso. Foi de Bouchard a ideia de convencer o programador do Festival TransAmériques (FTA), em Montreal, no Canadá – um dos festivais de teatro contemporâneo mais importantes da América do Norte – a levar a peça para lá. Era a única representante brasileira e as três apresentações tiveram a casa lotada. “No final, fomos surpreendidos com 12 minutos de aplausos”, conta Babaioff. “Ali nós percebemos a força da peça. A nossa encenação é muito violenta, as pessoas em Montreal ficaram chocadas com isso. Há um momento em que meu personagem fica pendurado de cabeça para baixo; é muito forte. Após essa breve passagem pelo FTA, fomos surpreendidos ao receber o prêmio de melhor espetáculo concedido pela Associação Québécoise de Críticos de Teatro e estávamos concorrendo com o encenador Ivo Van Hove (diretor de origem belga, hoje à frente do Toneelgroep Amsterdam)”, completa.

Armando Babaioff – idealizador, tradutor e ator | Ator, produtor e tradutor. Tem 42 anos e 27 anos de carreira. No teatro, atuou em “A Primeira Noite de um Homem”, de Mike Nichols, “Senhorita Júlia”, de August Strindberg, “Na Solidão dos Campos de Algodão”, de Bernard-Marie Koltès (indicado ao Prêmio de Melhor Ator pela APTR) e “A Gota d’Água”, de Chico Buarque. No cinema, esteve presente nos premiados “Homem-Livre’, de Álvaro Furloni, e “Sangue Azul’, de Lírio Ferreira; seu último trabalho em televisão foi o personagem Diogo Cabral, em “Bomsucesso”, na Rede Globo. Sua tradução de “Tom na Fazenda”, do franco-canadense Michel Marc Bouchard, foi publicada pela editora Cobogó.

Rodrigo Portella – diretor | Artista da cena, nascido em Três Rios, interior do Estado do Rio de Janeiro, é diretor teatral, iluminador e dramaturgo. Ganhou os mais importantes prêmios de teatro brasileiro da última década com as peças “As Crianças”, de Lucy Kirkwood, em 2020, e “Tom na Fazenda”, de Michel Marc Bouchard, em 2018. Este último ganhou o Prêmio de Melhor Espetáculo Estrangeiro em Montreal e os prêmios de melhor espetáculo teatral de 2019 pela APCA (Associação de Críticos de Arte de São Paulo) (SP – 2019) e APTR (Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro) APTR (RJ 2018).

Michel Marc Bouchard (autor) | Uma das vozes mais importantes do teatro de Quebec, Michel Marc Bouchard nasceu em Quebec, Canadá, e teve sua primeira peça de teatro produzida profissionalmente em 1983, “La Contre-nature de Chrysippe Tanguay, Écologist”. Desde então, escreveu mais de 25 peças, traduzidas para diversos idiomas e apresentadas em diferentes países. Sua obra mais conhecida é “Les Feluettes”, foi roteirizada e dirigida por John Greyson em filme homônimo. Sucesso no teatro, “As Musas Orfelinas” e “Tom na Fazenda” também foram adaptadas para o cinema pelos diretores Robert Favreau e Xavier Dolan, respectivamente. Ao longo de sua carreira, Bouchard recebeu importantes prêmios de artes cênicas no Canadá: Prix Journal de Montreal, Prix du Cercle des Critiques de L’outaouais, Moore Award Dora Mavor for Outstanding New Play, Floyd S. Chalmers Award Canadian Play, Jessie Richardson Theatre Awards. Atualmente é membro da Academia de Letras de Quebec.

FICHA TÉCNICA

Texto: Michel Marc Bouchard

Tradução: Armando Babaioff

Direção: Rodrigo Portella

Elenco: Armando Babaioff, Soraya Ravenle, Gustavo Rodrigues e Camila Nhary

Cenografia: Aurora dos Campos

Iluminação: Tomás Ribas

Figurino: Bruno Perlatto

Direção Musical: Marcello H.

Coreografia: Toni Rodrigues

Design Gráfico + Mídias Sociais: Victor Novaes

Direção de Produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela

Assessoria de Imprensa SP: Canal Aberto – Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes

Produção Executiva SP: Cláudia Barbot e Júlia Tavares

Idealização: Armando Babaioff (quadrovivo).

Serviço:

Tom na Fazenda

De 9 de agosto a 28 de setembro

Horários: quartas e quintas, 20h

Local: Teatro FAAP (Rua Alagoas, 903, Higienópolis, São Paulo/SP)

Duração: 120 min

R$120,00 e R$60,00 (meia)

Sistema de vendas: bilheteria, telefone (11 3662-7233 / 11 3662-7234) e site http://www.faap.br/teatro.

(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)