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Theatro Municipal de São Paulo apresenta ópera double bill, com Puccini e Strauss, em reflexão sobre a guerra

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Rafael Salvador.

O Theatro Municipal de São Paulo apresenta ópera double bill, com Puccini e Strauss, em reflexão sobre a guerra. Com direção cênica de André Heller-Lopes e direção musical de Priscila Bomfim, a double bill une o compositor italiano Giacomo Puccini e o alemão Richard Strauss. Nesta ocasião, será apresentada pela primeira vez na América Latina a ópera “Friedenstag” (Dia de Paz), de Strauss. Ao lado dela, outra raridade: “Le Villi” (As Fadas), a primeira ópera de Puccini, formando um double bill exclusivo com duas óperas de um ato. Com classificação livre para todos os públicos e duração aproximada de 170 minutos, incluindo intervalo, as apresentações serão entre os dias 19 e 27 de julho. Os ingressos variam de R$ 33 a R$ 210 (valores de inteira).

Dois grandes nomes da música: Giacomo Puccini e Richard Strauss. Provavelmente os compositores de ópera mais influentes do final do século XIX e início do XX e, apesar de terem obras tão distintas, representantes do auge das artes em seus países, a Itália e a Alemanha. A primeira, Le Villi (As Fadas), é uma ópera-ballet com libreto de Ferdinando Fontana, baseado no conto Les Willis de Jean-Baptiste Alphonse Karr, também utilizado no ballet Giselle. Já a segunda, Friedenstag (Dia de Paz), ópera em um ato com libreto de Joseph Gregor, é inédita na América Latina. As apresentações serão no sábado, 19, às 17h; domingo, 20, às 17h; terça-feira, 22, às 20h; quarta-feira, 23, às 20h; sexta-feira, 25, às 20h; sábado, 26, às 17h; e domingo, 27, às 17h. Os ingressos variam de R$ 33 a R$ 210 (valores de inteira). Com classificação livre para todos os públicos e duração aproximada de 170 minutos, incluindo intervalo.

Ambas apresentações tem direção musical de Priscila Bomfim e direção cênica de André Heller-Lopes. A cenografia leva a assinatura de Bia Junqueira, o design de luz é de Fábio Retti, os figurinos são de Laura Françozo e a assistência de direção cênica é de Ana Vanessa. O Coro Lírico Municipal tem regência de Hernán Sánchez Arteaga.

Em uma combinação única destas duas obras, o Theatro Municipal cria um programa operístico surpreendente, sob a assinatura de um dos principais diretores de ópera do Brasil. “Quando fui convidado pensei: como unir esse primeiro Puccini, que fala de uma lenda fantástica, com uma narrativa de guerra do Strauss? Decidi que poderia trabalhar como se um fosse o prelúdio da guerra e outro a guerra. Nessa montagem, Le Villi se passa no início dos anos trinta e o Friedenstag no auge dos anos da guerra. Inclusive, esse ano comemoramos os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, mas ainda vivemos em um mundo de conflitos bélicos. Bom, isso tudo será conectado por inúmeros recursos cênicos e através de um personagem, Roberto, que é um soldado”, pontua André Heller-Lopes.

Ainda sobre os aspectos da montagem, Heller-Lopes explica que a sua criação se ancora nos recursos originais do texto. “Eu trabalho com o que outros diretores de ópera fazem: a capacidade de fazer um clássico com um ponto de virada, ou um molho diferente, como forma de criar uma sub-leitura no texto. Mas o texto original é sagrado”, pontua.

Diretor cênico André Heller-Lopes. Foto: Leo Aversa.

Em Le Villi (As Fadas), nos dias 19, 22, 25 e 27 de julho, os papéis principais serão interpretados por Rodrigo Esteves (Guglielmo), Gabriella Pace (Anna) e Eric Herrero (Roberto). Já nos dias 20, 23 e 26 de julho, o elenco traz Johnny França (Guglielmo), Daniela Tabernig (Anna) e Marcello Vannucci (Roberto).

Já em Friedenstag (Dia de Paz), o espetáculo conta, nos dias 19, 22, 25 e 27 de julho, com Leonardo Neiva (Comandante), Eiko Senda (Maria) e Eric Herrero (Um Piemontese). Nos dias 20, 23 e 26 de julho, os papéis são assumidos por Rodrigo Esteves (Comandante), Daniela Tabernig (Maria) e Marcello Vannucci (Um Piemontese).

Sobre a união musical de dois gênios da ópera, a diretora musical e maestra regente assistente da Orquestra Sinfônica municipal, Priscila Bomfim, explica o que o público pode esperar deste programa. “A diferença entre a forma de expressão dos dois compositores é muito clara: Puccini, que ressalta a narrativa de uma fábula encantada com suas melodias marcantes presentes no canto e reforçadas pelos naipes da orquestra; e Strauss, com sua orquestração densa e complexa, que reforça o drama militar e bélico da guerra por meio da pluralidade rítmica e de uma orquestração romântica e com influência wagneriana”, explica. “Além disso, a união entre balé e ópera em Le Villi apresenta uma música que é, ao mesmo tempo, dançante mas pertencente ao universo operístico. E claro, o desafio de unir dois compositores que são esteios da ópera italiana e alemã na mesma produção, ressaltando e resguardando suas características e estilos distintos”, pontua a maestra.

Sobre Le Villi (As Fadas)

Le Villi é inspirada em lendas eslavas sobre espíritos vingativos de jovens traídos pelo amor. Estreada em 1884, carrega influências do estilo composicional de Amilcare Ponchielli, mestre de Puccini, trazendo uma atmosfera quase mística, distinta das obras seguintes do compositor. A trama é a mesma do famoso balé Giselle, de Adolphe Adam: uma jovem de coração partido transforma-se em uma criatura sobrenatural que se vinga de seu amante infiel, forçando-o a dançar até a morte. Embora não tenha sido bem-recebida no concurso para o qual foi composta, o concurso de Sonzogno, a ópera foi aclamada por críticos que viram em Puccini uma promessa para a ópera italiana. “O que são essas Villi? São figuras como bacantes. Essa é a visão da ópera: uma ideia contemporânea, inclusive no estilo do balé, mas dentro da dramaturgia de ópera. A partir disso, uma grande inspiração que me veio foi a imagem da personagem de Metrópolis, de Fritz Lang, que é meio mulher e meio metal”, explica o diretor André Heller-Lopes.

Sobre Friedenstag (Dia de Paz)

Friedenstag, foi composta por Strauss em 1938, com libreto de Joseph Gregor. Ambientada em uma fortaleza no sul da Alemanha, ao final da Guerra dos Trinta Anos, a ópera explora temas de esperança e reconciliação. O comandante da fortaleza, em um momento de desesperança, redescobre o valor da paz quando as tropas inimigas cercam seu território. A obra é um reflexo dos tempos conturbados da ascensão do nacionalismo e do militarismo na Europa, oferecendo uma poderosa mensagem pacifista. “Eu trouxe a ideia de como seria interessante apresentar o Friedenstag (Dia de Paz). Por ser uma ópera inédita na América Latina, uma criação importante de Strauss, e é pouco conhecida. Ela tem uma fama que não corresponde à realidade porque é uma obra sobre a paz, no entanto, como estreou em 1938, na Alemanha, foi utilizada pela agenda do governo. Basta dizer que ela é uma criação de Stefan Zweig, um autor importantíssimo que precisou fugir do regime na América do Sul. O que estamos fazendo é um resgate”, finaliza o diretor.

Serviço:

Óperas Double Bill | Le Villi – As Fadas, de Giacomo Puccini e Friedenstag – Dia de Paz, de Richard Strauss

Theatro Municipal – Sala de Espetáculos

ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL

CORO LÍRICO MUNICIPAL

Sábado, 19/07, 17h

Domingo, 20/07, 17h

Terça-feira, 22/07, 20h

Quarta-feira, 23/07, 20h

Sexta-feira, 25/07, 20h

Sábado, 26/07, 17h

Domingo, 27/07, 17h

Priscila Bomfim, direção musical

André Heller-Lopes, direção cênica

Hernán Sánchez Arteaga, regente do Coro Lírico Municipal

Bia Junqueira, cenografia

Fábio Retti, design de luz

Laura Françozo, figurino

Ana Vanessa, assistente de direção cênica

Le Villi (As Fadas)* (70′)

Ópera-balé em dois atos de Giacomo Puccini com libreto de Ferdinando Fontana (70′)

*Edição crítica de Martin Desay (2020). Editor: Casa Ricordi srl, Milão representada por Melos Ediciones Musicales S.A., Buenos Aires

dias 19, 22, 25 e 27

Rodrigo Esteves, Guglielmo

Gabriella Pace, Anna

Eric Herrero, Roberto

dias 20, 23 e 26

Johnny França, Guglielmo

Daniela Tabernig, Anna

Marcello Vannucci, Roberto

Intervalo (20’)

Friedenstag (Dia de Paz)** (80’)

Ópera em um ato de Richard Strauss com libreto de Joseph Gregor

** By arrangement with B&H Music Publishing Inc. d/b/a Boosey & Hawkes, publisher and copyright owner.

dias 19, 22, 25 e 27

Leonardo Neiva, Comandante

Eiko Senda, Maria

Eric Herrero, Um Piemontese

dias 20, 23 e 26

Rodrigo Esteves, Comandante

Daniela Tabernig, Maria

Marcello Vannucci, Um Piemontese

Elenco único (todas as datas)

Sérgio Righini, comandante

Saulo Javan, Sentinela

Geilson Santos, atirador

Márcio Marangon, soldado

Daniel Lee, mosqueteiro

Rafael Thomas, corneteiro

Santiago Villalba, oficial

Jessé Vieira, oficial da linha de frente

Miguel Geraldi, prefeito

Leonardo Pace, prelado

Adriana Magalhães, mulher do povo

Classificação: Livre para todos os públicos

Duração aproximada: 170 minutos (com intervalo)

Ingressos: de R$33 a R$210 (inteira)

Programação sujeita a alteração.

Patrocínio: As récitas dos dias 22 e 27/7 têm patrocínio Bradesco.

(Com André Santa Rosa/Assessoria de Imprensa do Theatro Municipal)