
José Manuel Ballester – Primavera – 01/05, 2015. Impressão Digital em Tela 203 x 314 cm. Foto: Divulgação/DAN Galeria.
A DAN Galeria Contemporânea abriu as portas para a exposição “Sobre aquilo que permanece invisível”, do premiado artista espanhol José Manuel Ballester, com curadoria de Luiz Armando Bagolin. A mostra propõe uma reflexão profunda e poética sobre o apagamento das figuras humanas em obras-primas da arte ocidental e como esse gesto altera nossa percepção das imagens e da memória coletiva.
Reconhecido internacionalmente, Ballester foi laureado com o Prêmio Nacional de Gravura (1999), o Goya de Pintura da cidade de Madri (2006) e o Prêmio Nacional de Fotografia da Espanha (2010). Sua pesquisa o levou a apropriar-se de obras icônicas — como A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, O Nascimento de Vênus, de Botticelli, e os afrescos de Giotto —, eliminando digitalmente os personagens centrais. O que resta são cenários vazios, prontos a serem preenchidos pela memória, pela imaginação e pela subjetividade do espectador.
Ballester nos convida a contemplar não apenas o que está presente, mas sobretudo o que foi retirado. Os fundos — antes coadjuvantes — tornam-se protagonistas, revelando-se como espaços de silêncio e suspensão. Sobre aquilo que permanece invisível transita entre a filosofia e a arte, evocando o intervalo entre percepção e linguagem descrito por pensadores como Aristóteles e Borges.
A exposição divide-se em núcleos temáticos: em obras como Lugar para un Nacimiento e Primavera, as figuras mitológicas de Botticelli desaparecem, deixando apenas paisagens etéreas. Já em La Ciudad, Navidad e El fuego, os cenários religiosos de Giotto se transformam em cidades vazias, quase maquetes despovoadas de milagres. Em Jardín del Arte, Ballester cria um jogo de sobreposições ao reintroduzir personagens de diferentes obras numa cena de Bosch.
Outro destaque é a série Variaciones a partir de Malevich, onde o artista revisita o suprematismo, desconstruindo o rigor geométrico modernista e transformando-o em dança ótica, aproximando-se mais da crítica contemporânea do que do idealismo de vanguarda.
Segundo o curador Luiz Armando Bagolin, a mostra convida o visitante a experimentar a tensão entre presença e ausência, questionando o próprio estatuto da imagem e o que vemos quando o essencial nos é aparentemente retirado.
Ballester já expôs em instituições como o Museu Reina Sofía (2005), Real Academia de Espanha em Roma (2012) e o Frost Art Museum, em Miami. Sua obra integra acervos de museus e coleções ao redor do mundo. Representado no Brasil pela DAN Galeria, o artista chega a São Paulo com uma mostra que, como afirma o galerista Flavio Cohn, “oferece uma oportunidade rara de pensar o invisível — aquilo que se esconde à vista de todos”.
Sobre a galeria
A Dan Contemporânea surgiu como um departamento de Arte Contemporânea da Dan Galeria. Em 1985, Flávio Cohn, filho do casal fundador, juntou-se à Dan criando o Departamento de Arte Contemporânea, que ele dirige desde então. Assim, foi aberto espaço para muitos artistas contemporâneos tanto brasileiros, como internacionais, fortemente representativos de suas respectivas escolas. Posteriormente, Ulisses Cohn também se associa à galeria completando o quadro de direção dela.
Nos últimos vinte anos, a galeria exibiu Macaparana, Sérgio Fingermann, Amélia Toledo, Ascânio MMM, Laura Miranda e artistas internacionais: Sol Lewitt, Antoni Tapies, Jesus Soto, César Paternosto, José Manuel Ballester, Adolfo Estrada, Juan Asensio, Knopp Ferro e Ian Davenport. Mestres de concreto internacionais também fizeram parte da história da Dan, tais como: Max Bill, Joseph Albers e os britânicos Norman Dilworth, Anthony Hill, Kenneth Martin e Mary Martin.
A Dan Galeria incluiu mais recentemente em sua seleção, importantes artistas concretos: Francisco Sobrino e François Morellet. O fotógrafo brasileiro Cristiano Mascaro; os artistas José Spaniol, Teodoro Dias, Denise Milan e Gabriel Villas Boas (Brasil); os internacionais, Bob Nugent (EUA), Pascal Dombis (França), Tony Cragg (G. Bretanha), Lab [AU] (Bélgica) e Jong Oh (Coréia), se juntaram ao departamento de Arte Contemporânea da galeria. A Dan Galeria sempre teve por propósito destacar artistas e movimentos brasileiros desde o início da década de 1920 até hoje. Ao mesmo tempo, mantém uma relação próxima com artistas internacionais, uma vez que os movimentos artísticos historicamente se entrelaçam e dialogam entre si sem fronteiras.
Serviço:
Exposição Sobre aquilo que permanece invisível, de José Manuel Ballester
Curadoria: Luiz Armando Bagolin
Período de visitação: até 14 de agosto de 2025
Local: DAN Galeria Contemporânea
Endereço: Rua Amauri, 73 — São Paulo, SP
Horário: Segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 13h
Entrada gratuita
Mais informações: www.dangaleria.com.br.
(Com Otávio Garcia/A4&Holofote Comunicação)