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Com direção de Rodrigo França e Tainara Cerqueira, espetáculo ‘OZ’ enaltece as múltiplas formas de amor

São Paulo, por Kleber Patricio

Cena do espetáculo OZ. Foto: Tiago Silva.

 

 

 

 

 

Buscando novas maneiras de representar a negritude, que não passam pela violência e o sofrimento, a companhia Aquilombamento Ficha Preta estreia seu novo trabalho. ‘OZ’ faz sua temporada entre os dias 21 de maio e 26 de junho, às quartas e quintas, às 21h, no Sesc Vila Mariana. No dia 19 de junho, feriado de Corpus Christi, a sessão acontece às 18h.

Idealizada e escrita por Aline Mohamad, a peça é sobre um casal que decide não se curvar às regras de um amor socialmente instituído. Eles passam a questionar os limites impostos aos seus corpos e aprendem a construir uma família a partir das suas próprias crenças. “Quando iniciamos as pesquisas para ‘OZ’, eu tinha acabado de perder uma tia muito querida chamada Zeneb. Ela era surda e percebi que minha família sempre a colocou em uma redoma. Por isso, ela nunca pôde vivenciar sua sexualidade plenamente”, conta Aline.

Essa história foi o grande disparador dramatúrgico do espetáculo. “Embora não seja uma narrativa biográfica, muitas das experiências de Zeneb conduzem a obra. Ela nunca teve um amor romântico, mas dava alguns selinhos em amigos e gostava de assistir a filmes pornôs, por exemplo. E, como existem outros amores possíveis, quisemos falar sobre isso”, completa.

Sobre a encenação

Para o grupo, era importante desmistificar a ideia de que apenas certos corpos estão predestinados ao amor. Dessa forma, o casal do espetáculo é formado pelo ator, poeta e slamer surdo Edinho Santos e a atriz Letícia Calvosa. E a encenação é bilíngue, em português e Libras.

Os dois partilham seus afetos principalmente na cozinha, o coração da casa.  É lá onde o aroma do café passado no pano se mistura com o calor do forno, onde cada panela guarda um segredo e cada tempero carrega a marca de quem cuida e acolhe. “Para o povo preto, a cozinha não está atrelada apenas a um lugar de serviço, mas de confraternização e afeto. Por isso, valorizamos uma mesa farta, cheia de delícias para compartilhar”, comenta Tainara Cerqueira, que assina a direção ao lado de Rodrigo França.

E o cenário e o figurino evocam esse ambiente carinhoso, mas de maneira lúdica, com muita cor. “Queremos que esses elementos façam a plateia perceber um novo mundo de possibilidades de doçura dentro de casa. O trabalho é uma oportunidade de apresentar outros tipos de relações, que fogem à lógica patriarcal e se alinham mais a uma perspectiva decolonial. Eu venho de um lar em que as mulheres eram centrais, mesmo com um pai carinhoso e financeiramente presente”, defende França.

O público até vai poder desfrutar de um café com bolo de cenoura durante as apresentações. Isso porque os alimentos são capazes de evocar memórias afetivas e ancestrais.

OZ configura-se como um ritual de amor que transcende o tempo. Os espectadores acompanham a construção de cumplicidade entre um casal, a cada gesto cotidiano. A peça mostra como o lar pode ser um espaço de resistência, cuidado e beleza, mesmo com uma sociedade julgadora.

Sinopse | Em um mundo que tantas vezes determina quem merece amor, nasce a história de um casal que, desde cedo, aprende a reconhecer os limites impostos aos corpos e às formas de afeto. Entre lembranças de infância e silêncios herdados, eles descobrem que amar é também reconstruir memórias, redefinir o que é família e escolher, todos os dias, viver um amor que não se curva às normas. Um espetáculo sobre o amor. Clichê. Amor. Afeto. Sonhos. Queremos naturalizar essas palavras em nossos corpos, em nossa existência. Queremos um banco, uma escuta, um abraço. Você nos ouve?

Ficha Técnica

Idealização e Dramaturgia: Aline Mohamad

Direção: Rodrigo França e Tainara Cerqueira

Elenco: Edinho Santos e Letícia Calvosa

Intérpretes: Caroline Martins e Larissa Martins

Direção de movimento: Tainara Cerqueira

Dramaturgia Sonora e Trilha Original: Dani Nega

Direção de Imagens: Carol Godinho

Cenário e Figurinos: Rodrigo França

Iluminação: Pedro Carneiro

Programação visual: Raquel Alvarenga

Mídias Sociais: Júlia Tavares

Fotos: Tiago Silva

Visagismo: Diego Nardes

Produção Aquilomamento: Anne Mohamad | Ubukirê Produções

Produção:  Corpo Rastreado

Realização: Sesc SP, MS Arte e Cultura e Corpo Rastreado

Assessoria de imprensa: Canal Aberto.

Serviço:

OZ

Data: 21 de maio a 26 de junho, às quartas e quintas, às 21h. Feriado (19/6 – Corpus Christi), às 18h

Local: Sesc Vila Mariana – R. Pelotas, 141 – Vila Mariana – Espaço Corpo e Artes

Ingresso: R$50 (inteira), R$25 (meia-entrada) e R$15 (Credencial Plena)

Acessibilidade: Todas as sessões com tradução em Libras. Sessões com audiodescrição: dias 11, 12, 18 e 19 de junho.

Sesc Vila Mariana | Central de Atendimento (Piso Superior – Torre A): terça a sexta, das 9h às 20h30; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (obs.: atendimento mediante agendamento). Bilheteria: terça a sexta, das 9h às 20h30; sábado, das 10h às 18h e das 20h às 21h; domingos e feriados, das 10h às 18h. Estacionamento: R$8,00 a primeira hora + R$3,00 a hora adicional (Credencial Plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). R$17 a primeira hora + R$4,00 a hora adicional (outros). 125 vagas. Paraciclo: gratuito (obs.: é necessário a utilização travas de seguranças). 16 vagas Informações: 5080-3000

Classificação: 12 anos

Duração: 60 minutos.

(Com Daniele Valério/Canal Aberto Assessoria de Imprensa)