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Bolsa de Fotografia ZUM/IMS seleciona projetos de Célia Tupinambá e Igi Ayedun na 10ª edição

Brasil, por Kleber Patricio

Montagem com retratos de Célia Tupinambá (crédito: divulgação ) e Igi Ayedun (crédito da imagem: Wallace Domingues).

O Instituto Moreira Salles anuncia os dois projetos vencedores da 10ª edição da Bolsa de Fotografia ZUM/IMS: “Nós somos pássaros que andam”, de Célia Tupinambá, e “Eclosão de um sonho, uma fantasia”, de Igi Ayedun. O objetivo da premiação é fomentar a produção de artistas em fotografia e vídeo.

Os projetos foram selecionados por uma comissão julgadora que avaliou cerca de 400 candidaturas de todas as partes do país enviadas entre junho e julho em uma chamada pública. O júri deste ano foi formado pela artista Sallisa Rosa, pela pesquisadora Claudia Calirman, por Thyago Nogueira, coordenador da área de Fotografia Contemporânea do IMS, por Renata Bittencourt, coordenadora de Educação do IMS, e por Ângelo Manjabosco, pesquisador do IMS.

Célia e Igi receberão bolsas de R$65 mil cada uma e desenvolverão seus projetos durante oito meses, orientadas pela área de Fotografia Contemporânea do Instituto Moreira Salles. O resultado final dos projetos será incorporado à Coleção de Fotografia Contemporânea do IMS, ao lado de artistas vencedores da Bolsa ZUM em anos anteriores.

No projeto “Eclosão de um sonho, uma fantasia”, a artista multimídia Igi Ayedun (1990, São Paulo, SP), pretende criar um modo de visualizar imagens produzidas diretamente pelo cérebro, sem auxílio de câmeras fotográficas. As imagens serão geradas por algoritmos programados para interpretar eletroencefalogramas da artista, que organizará uma performance para a produção do material. Combinando pós-fotografia e hibridismo humano, o trabalho dará origem a fotografias, vídeos e NFTs.

No projeto “Nós somos pássaros que andam”, a artista e professora Glicéria Tupinambá (1982, Terra Indígena Tupinambá de Olivença, Bahia), também conhecida como Célia Tupinambá, narrará em vídeos sua saga para recuperar materialmente e culturalmente a tradição dos mantos de seu povo, usando seus próprios sonhos para reviver um novo manto tupinambá. O trabalho será realizado na Terra Indígena Tupinambá, no sul da Bahia, e nos museus europeus que hoje guardam os únicos exemplares disponíveis desses mantos sagrados. O resultado será uma instalação em três canais, filmada com apoio da cineasta Mariana Lacerda e da jornalista Patrícia Cornils.

Thyago Nogueira comenta o processo de escolha das candidaturas: “Foi uma seleção acirrada pela enorme quantidade de projetos interessantes e relevantes. É uma feliz coincidência que os dois projetos investiguem o poder dos sonhos e da mente como forma de transformar a realidade”.

A respeito dos projetos selecionados, Claudia Calirman afirma: “Igi Lola Ayedun explora a construção de imagens por meio da tecnologia. Olhando para o futuro, sua pesquisa acopla o sensorial e o tecnológico, criando a possibilidade da visualização de sensações, emoções e afetos através de imagens acessadas diretamente no cérebro. Já Glicéria Tupinambá, ao tecer o Manto Tupinambá, retrata o extrativismo e a restituição. Ela não apenas retorna à comunidade indígena o que lhe foi violentamente pilhado pela colonização, mas também afirma epistemologias ancestrais fora do antropoceno”.

Sobre a Bolsa de Fotografia ZUM/IMS

A cada nova edição, a Bolsa de Fotografia ZUM/IMS mostra a diversidade da produção fotográfica brasileira premiando projetos de artistas que trabalham com diferentes formas de produção visual. O objetivo da premiação é fomentar a produção de artistas sem restrição de tema, perfil ou suporte. Cada projeto selecionado recebe uma bolsa de 65 mil reais e tem oito meses para ser desenvolvido. O resultado final é incorporado ao Acervo de Fotografia Contemporânea do Instituto Moreira Salles.

Em outras edições, já foram contemplados projetos como “Corpoflor – a anatomia das águas”, de Castiel Vitorino Brasileiro (2021), “Chão de Estrelas”, de Tiago Sant´ana (2021), “THEMÔNIAS”, de Rafael BQueer (2020), “Infinito particular ou reprisando e atualizando Vênus”, de Val Souza (2020), “Retrato falado”, de Eustáquio Neves (2019), “Av. Brasil 24hs”, de Aleta Valente (2019), “Jogo da memória”, de Aline Motta (2018), “Casulo”, de Dias & Riedweg (2018), “Conexão São Paulo-Lagos”, de Tatewaki Nio (2017), e “A infinita história das coisas”, de Sofia Borges (2017), entre outros. Para saber mais sobre as outras edições, acesse o site.

(Fonte: Instituto Moreira Salles)