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DAN Galeria apresenta coletiva que explora as expressões geométricas na arte do século XX

São Paulo, por Kleber Patricio

Aluisio Carvao, Composição, 1955. Ficha Técnica: mista – 20,5 x 28,5 cm.

A DAN Galeria apresenta ‘Geometria como impulso poético’, coletiva que resgata, com sensibilidade museológica, a força singular das expressões geométricas na arte brasileira de meados do século XX. Com curadoria de Maria Alice Milliet, a exposição busca ultrapassar a rigidez do movimento concreto, revelando diálogos e interseções poéticas entre artistas fundamentais desse período.

A curadoria destaca-se não apenas pela excelência das obras apresentadas, mas também pelo cruzamento sutil e necessário entre diferentes abordagens artísticas. Nela são exibidas obras de artistas como Judith Lauand – recentemente celebrada no MoMA –, Dionísio del Santo e Hércules Barsotti, que, com suas cores potentes, demonstram que a geometria não é fria, mas carregada de lirismo e intensidade poética.

Almir Mavignier, Struktur Blau-Grun Auf Dunkelviolett, 1978. Ficha Técnica: óleo sobre tela – 55,5 x 81 cm.

Obras emblemáticas de Max Bill, Rubem Valentim, Alfredo Volpi, Franz Weissmann, Geraldo de Barros, Ivan Serpa e Sérgio Camargo aparecem lado a lado de peças raras como o ‘Bicho’ e a ‘Superfície modulada’ de Lygia Clark, sugerindo que a abstração geométrica sempre caminhou em direção a uma profunda humanização da forma.

Destaca-se ainda a inclusão de obras raramente exibidas, tais como o surpreendente relógio de Lothar Charoux, notável pela originalidade do design e do artista, e a pintura sobre madeira do cubano Sandu Darie, que ampliam o diálogo da arte geométrica para o contexto latino-americano demonstrando a relevância continental desse movimento.

A curadora Maria Alice Millet afirma sobre a exposição: “É muito interessante visualizar, depois de tantos anos, como esses trabalhos de várias proveniências mantêm um diálogo entre si. São artistas desses movimentos e de alguns outros que, embora não tenham feito parte desses grupos históricos, tangenciaram, de certa forma, a adesão à geometria. As obras demonstram com o uso da cor uma liberdade muito grande que os artistas adotam em relação à forma e, ao mesmo tempo, um certo rigor”.

Geometria como Impulso poético testemunha uma ruptura artística que enfrentou profundas resistências culturais no Brasil, especialmente devido ao domínio de um figurativismo que insistia em se manter como representante legítimo da identidade brasileira. A exposição evidencia, sobretudo, que a geometria não é mera estrutura fria, mas sim um veículo de intensa emoção visual; assim, propõe rever uma das fases mais vibrantes e contestadoras da arte moderna no Brasil.

Sobre a galeria 

Rubem Valentim, Emblema, 1986. Ficha Técnica: acrílica sobre tela, 70 x 50 cm.

A Dan Contemporânea surgiu como um departamento de Arte Contemporânea da Dan Galeria. Em 1985, Flávio Cohn, filho do casal fundador, juntou-se à Dan criando o Departamento de Arte Contemporânea, que ele dirige desde então. Assim, foi aberto espaço para muitos artistas contemporâneos tanto brasileiros, como internacionais, fortemente representativos de suas respectivas escolas. Posteriormente, Ulisses Cohn também se associa à galeria completando o quadro de direção dela.

Nos últimos vinte anos, a galeria exibiu Macaparana, Sérgio Fingermann, Amélia Toledo, Ascânio MMM, Laura Miranda, artistas internacionais Sol Lewitt, Antoni Tapies, Jesus Soto, César Paternosto, José Manuel Ballester, Adolfo Estrada, Juan Asensio, Knopp Ferro e Ian Davenport. Mestres de concreto internacionais também fizeram parte da história da Dan, tais como Max Bill, Joseph Albers e os britânicos Norman Dilworth, Anthony Hill, Kenneth Martin e Mary Martin.

A Dan Galeria incluiu mais recentemente em sua seleção importantes artistas concretos: Francisco Sobrino e François Morellet; o fotógrafo brasileiro Cristiano Mascaro; os artistas José Spaniol, Teodoro Dias, Denise Milan e Gabriel Villas Boas (Brasil). Os internacionais Bob Nugent (EUA), Pascal Dombis (França), Tony Cragg (G. Bretanha), Lab [AU] (Bélgica) e Jong Oh (Coréia), se juntaram ao departamento de Arte Contemporânea da galeria. A Dan Galeria sempre teve por propósito destacar artistas e movimentos brasileiros desde o início da década de 1920 até hoje. Ao mesmo tempo, mantém uma relação próxima com artistas internacionais, uma vez que os movimentos artísticos historicamente se entrelaçam e dialogam entre si sem fronteiras.

Serviço:

Geometria como impulso poético

Curadoria: Maria Alice Milliet

Endereço: DAN Galeria – Rua Estados Unidos, 1638 – São Paulo

Período expositivo: de 2 de abril a 3 de julho de 2025

Horário: das 10h às 19h, de segunda a sexta; das 10h às 13h, aos sábados

Entrada gratuita

Classificação: livre

Mais informações: dangaleria.com.br.

(Com Edgard França/A4&Holofote Comunicação)