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Reconhecer e proteger os povos indígenas é garantir um futuro sustentável para todos

São Paulo, por Kleber Patricio

Mopiri Suruí, da Aldeia Joaquim, na Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia. Foto: Divulgação/FSC.

Em homenagem ao Dia dos Povos Indígenas, o FSC® Brasil reforça o papel fundamental que eles têm na conservação das florestas. Há milhares de anos, as comunidades indígenas usam e protegem ecossistemas vitais e mantém serviços ambientais que sustentam a economia e regulam o clima em todo o mundo.

Como bem se sabe, o clima está intrinsecamente ligado à floresta – sem ela, não há chuva. Sem chuva, não há agronegócio. Sem agro não há alimento. As terras indígenas, além de atuarem como barreiras contra o desmatamento, são fontes de soluções ambientais que podem ser adaptadas aos desafios atuais.

A missão global do FSC é garantir ‘Florestas Para Todos Para Sempre’ e, para que isso se concretize, o reconhecimento e a garantia dos direitos dos povos indígenas são princípios imprescindíveis. Historicamente, esses povos têm demonstrado um manejo florestal responsável e seus territórios abrigam um vasto conhecimento tradicional que pode ajudar a lidar com desafios globais atuais como as mudanças climáticas, a exploração dos recursos naturais e a promoção da bioeconomia.

“É cada dia mais urgente que eles participem ativamente dos debates sobre manejo florestal”, afirma Elson Fernandes de Lima, diretor executivo do FSC Brasil. “E nosso objetivo é unir esforços para fortalecer o protagonismo dos povos indígenas em todo o mundo”, acrescenta. No Brasil, mas não apenas, a realidade é clara: a ligação intrínseca dos povos indígenas com a floresta contribui para a manutenção da biodiversidade por meio de suas práticas ancestrais.

Proteger quem protege as florestas é garantir o futuro de todos nós

Desde a sua criação, o FSC promove a participação efetiva dos povos indígenas e comunidades tradicionais valorizando seus direitos, conhecimentos e modos de vida. Em 2011, esse compromisso ganhou ainda mais força com a criação do Comitê Permanente dos Povos Indígenas, um órgão consultivo que garante que suas vozes estejam representadas nos processos de tomada de decisão da organização. Já em 2018, foi lançada a Fundação Indígena FSC, reforçando a atuação conjunta na busca por soluções sustentáveis para a gestão florestal.

Ao longo de mais de três décadas, o FSC tem demonstrado que os povos indígenas são fundamentais para a conservação das florestas. Globalmente, as terras indígenas representam cerca de um quarto da superfície terrestre (excluindo a Antártida) e abrigam grande parte da biodiversidade do planeta. Mais de 60% dessas áreas permanecem livres de desenvolvimento intensivo, servindo como referência para práticas sustentáveis e de baixo impacto ambiental.

No Brasil, ainda que se perceba o aumento das invasões em terras indígenas demarcadas, de forma geral, esses territórios são os que mantêm os menores índices de desmatamento e degradação se comparados com outras áreas protegidas. “Diante das diversas pressões sofridas, como desmatamento e mineração ilegais, viabilizar formas alternativas de sustento e renda por meio do manejo responsável fortalece a ligação dos indígenas com a terra e promove ainda mais sua conservação”, explica Elson.

Proteger os territórios indígenas é uma responsabilidade coletiva. Os serviços ambientais prestados por essas florestas — como a regulação do clima, a proteção dos estoques de carbono, a conservação do solo e da biodiversidade, e a preservação dos ciclos da água — são essenciais para toda a sociedade. Reconhecer e apoiar os povos que historicamente cuidam dessas áreas é a única forma de garantir um futuro justo e sustentável.

Um exemplo inspirador

Na Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia, associações indígenas como a Soenama e a Metareilá, por meio da Cooperativa de Produção e Extrativismo Sustentável da Floresta Indígena Garah Itxa do Povo Paiter Suruí, conquistaram a certificação FSC para o manejo florestal sustentável de castanha. “Nós, indígenas, tiramos o nosso sustento da própria floresta e demos um passo muito grande ao conseguir a certificação da nossa castanha. Queremos que ela seja reconhecida e que possamos vender por um preço justo no mercado nacional e internacional”, afirma o líder indígena Rubens Naraikoe Suruí.

Na mesma região, no ano passado, também nasceu a Yabnaby, primeira agência de etnoturismo indígena do Brasil, idealizada e coordenada pelos Paiter Suruí. A ideia é conectar a cultura indígena com o desenvolvimento sustentável, oferecendo uma oportunidade única para que pessoas de todo o mundo conheçam seus costumes e sua relação com a floresta.

Sobre o FSC | O FSC é uma organização sem fins lucrativos que fornece uma solução comprovada de manejo florestal sustentável. Atualmente, mais de 160 milhões de hectares de floresta em todo o mundo em mais de 80 países são certificados de acordo com os padrões FSC. É amplamente considerado por ONGs, consumidores e empresas como o sistema de certificação florestal mais rigoroso do mundo para enfrentar os desafios atuais de desmatamento, clima e biodiversidade. O padrão de manejo florestal do FSC é baseado em dez princípios básicos concebidos para abordar uma ampla gama de fatores ambientais, sociais e econômicos. O selo ‘marca de verificação e árvore’ do FSC é encontrado em milhões de produtos de base florestal e verifica sua origem sustentável, da floresta ao consumidor.

(Com Camila Carvas/GWA Comunicação)