Notícias sobre arte, cultura, turismo, gastronomia, lazer e sustentabilidade

[Artes cênicas]: Tybyra – Uma Tragédia Indígena Brasileira

São Paulo, por Kleber Patricio

O artista potiguara Juão Nyn finaliza o processo de criação de ‘Tybyra – Uma Tragédia Indígena Brasileira’, ainda inédito, com apresentações em três territórios indígenas no Estado de São Paulo, em 5 diferentes aldeias. Três desses territórios – Piaçawera (Aldeia Tapirema, Aldeia Tabaçu), Kalipety – Parelheiros (Aldeia Yporã) e Jaraguá (Aldeia Pindo Mirim e Tekoa Pyau) — estarão abertos ao público externo nos dias 7, 8, 11 e 14 de dezembro. (Informações completas no serviço abaixo).

A peça, inspirada no livro homônimo de Nyn, tem previsão para estrear no início do próximo ano nos Teatros de São Paulo. No palco, Nyn dará vida à personagem Tybyra sob a direção de Renato Carrera.

A dramaturgia, escrita e falada em Tupi-Potyguara, parte de uma história real que aconteceu entre 1613-1614, documentada por um padre sobre o primeiro caso de LGBTfobia no país contra uma pessoa nativa, acusada de sodomia, cuja sentença foi ser preso à boca de um canhão por soldados franceses. Em cena, Tybyra relembra a própria vida e diz suas últimas palavras.

“Para mim, é uma forma de pedir licença, de ouvir os mais velhos e de apresentar primeiro para nós mesmos. São obras de arte criadas por nós e para nós”, explica Nyn. Em alguns trechos, a peça contará com legendas em português, mas o objetivo principal é transmitir a história por meio de uma experiência estética diferente, com destaque para o campo sonoro. “Meu desejo é que, ao assistir teatro, os jovens, adolescentes e adultos enxerguem obras de arte em línguas nativas, despertando o interesse em preservar e manter vivas as próprias línguas originárias”, completa Nyn.

Para o dramaturgo, a arte também ensina a como reutilizar o idioma. O teatro, que foi a primeira linguagem artística a colonizar o Brasil, utilizada para ensinar o português e o cristianismo, é utilizada em Tybyra como uma ferramenta para devolver aos corpos a língua nativa. Juão conta que tem visto essa revitalização das línguas por etapas, ao longo dos anos, e trata como uma metodologia plausível e concreta. “Cantar em Tupi, atuar em Tupi, tem feito o Tupi voltar a ser cotidiano. O Tupi está voltando ao meu cotidiano, ao meu corpo, para um outro tipo de lugar, para uma outra forma”, completa.

Serviço:
Território Jaraguá – São Paulo Capital Aldeia Pyau
Dia 7/12, 15h e 18h

Território Kalipety – ParelheirosAldeia Yporã
Dia 8/12, às 18h

Território Piaçawera – Litoral SulAldeia Tapirema
Dia 11/12 e 12/12 Aldeia Tabaçu Rekó Ypy, ambas às 18h

Território Jaraguá – Aldeia Pindo Mirim
Dia 14/12, às 18h.

(Com Daniele Valério/Canal Aberto Assessoria de Imprensa)