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Médico da Alzheimer’s Association explica o que é possível fazer para prevenir a doença

Campinas, por Kleber Patricio

Divulgação.

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A doença de Alzheimer é uma das mais temidas na terceira idade, tanto pelo fato de não ter cura, como por sua capacidade de progressão agressiva, fazendo com que o idoso tenha suas atividades diárias comprometidas. No Brasil, é a principal causa de demência em pessoas com mais de 65 anos. Diagnosticada pela primeira vez em 1906 pelo médico psiquiatra alemão Alois Alzheimer, a doença ainda gera muita preocupação, mais de 100 anos depois.

O médico neurocirurgião Diogo Valli Anderle, de Campinas, membro da Alzheimer’s Association e da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, esclarece que existem medidas preventivas importantes e fáceis de serem tomadas, assim como mecanismos que podem ajudar a postergar a evolução da doença. “Estipula-se que, com o controle dos fatores de risco e a introdução de certos hábitos de vida, é possível prevenir a doença em 50 % dos casos”, diz.

Ele explica que as alterações anato-patológicas que acontecem no cérebro podem surgir até 20 anos antes do aparecimento dos primeiros sintomas do Alzheimer, o que reforça a importância das medidas preventivas. “O controle da pressão arterial e do colesterol são cuidados que devem ser tomados desde cedo com o intuito de se manter distante do Alzheimer”, afirma.

Deve-se também estar atento a situações como a perda de memória para fatos recentes, esquecimento de palavras, não conseguir terminar uma conversa porque se dispersa e se sentir desorientado em locais familiares, mas sem comprometimento das atividades diárias, sociais ou laborais. “Esses comportamentos podem indicar comprometimento cognitivo leve, que é o problema que comumente precede o Alzheimer”, alerta.

Ele afirma que há estudos publicados pela Sociedade Americana de Geriatria que indicam que pessoas com comprometimento cognitivo leve e que também sejam portadoras de algum grau de depressão se beneficiam com o uso da Donepezila, um medicamento que permite melhor comunicação entre as células cerebrais no córtex e que diminui a chance do desenvolvimento precoce do Alzheimer e ameniza os possíveis sintomas. “Ficar atento a déficits de memória, identificar o comprometimento cognitivo leve em idosos e iniciar um tratamento adequado, pode trazer muitos benefícios à saúde mental”, ressalta.

Fatores de risco e diagnóstico

São considerados fatores de risco para o Alzheimer a idade avançada (65 anos ou mais), obesidade, hipertensão, resistência à insulina, tabagismo, sedentarismo, a presença do gene da apolipoproteína E4, que é um transportador de moléculas de colesterol, traumas de crânio, principalmente quando repetitivos, e síndrome de Down. “A hipertensão aumenta a expressão desse gene da apolipoproteína E4, o que também faz crescer a produção e o depósito das placas senis, que são substâncias tóxicas aos neurônios derivadas da proteína β amiloide, existente em quantidade pequena, em circunstâncias normais. Por isso, o controle da pressão arterial é fundamental”, afirma.

O especialista explica também que não existe exame de rotina que diagnostique o Alzheimer de forma fidedigna. “O diagnóstico é feito a partir da história clínica do paciente, se baseando em quadros de esquecimento e alterações na atenção. Também são realizados testes simples de triagem em consultório. Para aprofundar a investigação, há uma bateria de testes neuropsicológicos, que são as ferramentas mais úteis no diagnóstico e no acompanhamento da doença”.

A ressonância magnética, a tomografia e diversos exames de sangue são solicitados apenas para excluir outras patologias que possam estar levando à demência.

Uma vez diagnosticado o Alzheimer em fases iniciais, é possível alçar mão de alternativas para tentar retardar seu avanço. “São recomendados aos pacientes a prática de atividade física aeróbica, que aumenta o fluxo sanguíneo cerebral, atividades de leitura e o monitoramento dos níveis das vitaminas B e D”, diz Dr. Diogo. Há também medicamentos em fase adiantada de desenvolvimento que devem entrar no mercado em dois ou três anos com expectativas de serem mais eficazes. “Estão em testes os anticorpos monoclonais, que podem ajudar a diminuir o depósito e formação de placas de peptídeo beta-amilóide, que estão vinculadas ao desenvolvimento da doença”, completa.

Tudo isso comprova que os cuidados preventivos e de controle podem fazer toda a diferença para os pacientes que em um futuro breve terão mais opções para o tratamento desta patologia neurodegenerativa.

Sobre o neurocirurgião

Formado em Medicina pela Emescam em 2002, fez residência em Neurocirurgia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É membro da Alzheimer’s Association, da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, da Sociedade Brasileira de Coluna, da North American Spine Society (NASS) e da AO SPINE, uma comunidade internacional de cirurgiões de coluna. Dr. Diogo já realiza cirurgias em hospitais de Campinas e acaba de abrir consultório na cidade, no bairro Gramado. Também tem consultório em Piracicaba e em Amparo, onde mantém equipamento de última geração utilizado no tratamento da depressão.