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Documentário ‘CIBERNÉTICAS’ vai a escolas públicas incentivar participação de mulheres na tecnologia

São Paulo, por Kleber Patricio

Imagem: Divulgação.

Alcançar a equidade de gênero no mercado de trabalho da ciência e da tecnologia, assim como em outros setores da sociedade, ainda exige um grande esforço e compromisso coletivo. No Brasil, as mulheres representam mais da metade da população (51,5%), mas ainda são minoria nos postos de trabalho formais, com apenas 39% presentes no setor da tecnologia.

Essa disparidade é ainda mais evidente quando se observa a participação das mulheres negras na área, que correspondem a apenas 11,5% do percentual de contratações, conforme dados do relatório mais recente disponibilizado pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom).

O documentário “CIBERNÉTICAS”, dirigido por Graziela Mantoanelli, é um exemplo de iniciativa que surge em um contexto de mobilização por mais projetos e iniciativas culturais que visibilizem e promovam a presença de mulheres em setores ainda subrepresentados. Produzido pela Deusdará Filmes com patrocínio da Unisys, o filme apresenta a trajetória de diferentes mulheres no mercado da tecnologia, além de encorajar a chegada de novos talentos femininos no setor.

“As mulheres são responsáveis por grandes contribuições na área da tecnologia e algumas das invenções mais importantes no mundo sem incentivo algum. Imagine se elas fossem incentivadas”, destaca a diretora Graziela Mantoanelli. “E o documentário é uma ferramenta potente de diálogo social que permite nos lançar em reflexões mais profundas e complexas sobre diferentes temas”, complementa.

O filme já coleciona nominações em 11 festivais nacionais e internacionais, com premiações de melhor documentário no alemão Berlin Indie Film Festival, no espanhol After Life Film Festival e no indiano 2 11 17 International Film Festival. Mais de 220 mil pessoas foram impactadas no primeiro ano de lançamento.

Tarefa pendente

São inúmeras as pesquisas que revelam e escancaram a invisibilidade feminina em diversas áreas. Em geral, as mulheres na ciência, tecnologia, engenharia e matemática publicam menos, recebem salários menores e não progridem tanto quanto os homens em suas carreiras, já avaliou o Instituto de Estatística da Unesco. “Ainda que a igualdade de gênero esteja consagrada no Direito Internacional desde 1948, apesar de décadas de ativismo e de ter um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU dedicado especificamente a ela, a igualdade de gênero permanece sendo ‘a tarefa pendente de nosso tempo’”, comenta Helen Silvester, diretora regional do British Council nas Américas, em relatório produzido em parceria com a Unesco.

Um dos setores críticos desse universo é o de inteligência artificial, que vive uma rápida expansão, mas que, segundo a ONU em 2018, as mulheres representavam apenas 22% dos profissionais que trabalhavam na área em todo o mundo. “Esta lacuna é visível em todos os 20 principais países com maior concentração de funcionários de IA e é particularmente evidente na Argentina, Brasil, Alemanha, México e Polônia, onde menos de 18% das mulheres profissionais possuem competências em IA”, explica a Unesco.

Em relação à iniciativa privada, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU e as estratégias ESG têm mobilizado empresas e incentivadores culturais a buscarem caminhos de aproximação e engajamento com processos de transformação social em torno da temática. “Na jornada da transformação tecnológica, a equidade de gênero é a chave para desbloquear o potencial máximo da inovação. Na Unisys, acreditamos que as empresas têm o poder e a responsabilidade de criar um ambiente inclusivo, onde todas as vozes são ouvidas e valorizadas. Ao apoiar iniciativas como o documentário ‘Cibernéticas’, estamos comprometidos em catalisar a mudança e capacitar as mulheres a liderarem e moldarem o futuro da tecnologia”, diz Aildes Monteiro, Project Manager na Unisys.

#PorMaisMulheresNaTecnologia

Mais do que um documentário, “CIBERNÉTICAS” também é um projeto expandido que engloba conteúdos para aprofundar a temática do filme e conhecer a contribuição de mulheres na tecnologia. O projeto é composto por uma temporada completa de cinco episódios do DD CAST, podcast da produtora Deusdará e parte das ações educativas integradas ao projeto.

“Quando falo sobre esse assunto específico da tecnologia em CIBERNÉTICAS, desejo que as mulheres que entrem em contato com os conteúdos produzidos possam se enxergar ali, entender que as barreiras existem, mas que todas nós podemos uma fortalecer a outra e reivindicar nossos espaços”, destaca a diretora.

Além de explorar as dificuldades do setor para o público feminino e o papel da educação na formação das profissionais do futuro, a iniciativa também incide contra o chamado Efeito Matilda, fenômeno social em que a contribuição das mulheres na ciência e na tecnologia é ignorada ou minimizada. “Não deveria haver essa diferença de que mulher não gosta de computação e de tecnologia. Se você for pensar no passado e no início da computação, a primeira programadora foi uma mulher”, comenta Ana Carolina Salgado, diretora de planejamento de programas especiais da Sociedade Brasileira de Computação e uma das entrevistadas do segundo episódio do podcast do filme, presente nas principais plataformas de áudio.

Disponível na Globoplay, o documentário também já impactou mais de 500 estudantes e educadores em exibições e debates gratuitos em escolas públicas e privadas de todo o país, por meio da plataforma Doc Station Play, que facilita a mediação cultural em instituições de ensino. “A gente precisa formar as crianças desde cedo, porque só tendo essa diversidade de olhares é que vamos conseguir minimizar um pouco do impacto social da computação e da tecnologia que está sendo feita principalmente por pessoas brancas, homens e geralmente héteros”, enfatiza ao longo do filme Soraya Roberta, doutoranda em Ciência da Computação e uma das personagens principais do documentário. Saiba mais.

Sobre Graziela Mantoanelli | Diretora executiva da Deusdará Filmes, Graziela Mantoanelli dirigiu “De peito aberto” (2019) e “Apurando o olhar” (2018). Cocriou e atuou em “Comer o quê?” (2015) e “Igual” (2016). Como produtora executiva, realizou quatro temporadas do programa “Idade Mídia”, para o Canal Futura, os filmes “À distância” (2015), “Prazeres & pecados” e “Ódio” (2013). Como atriz, trabalhou durante 10 anos com teatro documental e intervenções urbanas, como criadora-intérprete do grupo OPOVOEMPÉ, conquistando importantes prêmios e atuando internacionalmente. É mestre em saúde pública pela Universidade de São Paulo.

Sobre Doc Station Play | Plataforma de streaming especializada em documentários, possui um programa educativo chamado EducaDoc, que realiza circuitos educativos a partir de uma curadoria de documentários de seu catálogo. Também atende demandas por exibição gratuita em ambiente escolar ou comunitário sem finalidade comercial, além de facilitar e fazer a mediação cultural dos filmes em escolas de todo o Brasil.

Sobre a Deusdará Filmes | Produtora audiovisual especializada em documentários, a Deusdará cria, desde 2007, conteúdos transformadores para todas as plataformas. Realiza filmes, séries e programas de TV próprios e em parceria com agentes da indústria criativa, organizações sociais e empresas. Comunica a partir de narrativas inclusivas, compromisso ético com a justiça social e a diversidade.

(Fonte: Golin Brasil)