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Povo Apurinã transforma 41,6 hectares em agrofloresta

Lábrea, por Kleber Patricio

Imagem áerea da Terra Indígena Caititu. Foto: Adriano Gambarini.

A Terra Indígena Caititu, território do povo Apurinã, é um refúgio que estoca e absorve carbono da atmosfera em Lábrea, cidade do sul do Amazonas, que é a primeira no ranking das 50 cidades brasileiras que mais desmataram nos últimos quatro anos, segundo levantamento recente do MapBiomas. Próxima ao centro do município e cercada pelo desmatamento, o povo Apurinã implementou 37 unidades de Sistemas Agroflorestais (SAFs), distribuídas em 21 aldeias em seu território, somando uma área de 41,6 hectares, que estão em plena produção de frutos, feijões, tubérculos e outros alimentos.

Os SAFs são uma modalidade de plantio agroecológico que produz alimentos sem desmatar ou usar agrotóxicos. É uma iniciativa que contribui para a remoção de gases de efeito estufa da atmosfera e conserva ecossistemas, além de garantir segurança alimentar e geração de renda por meio da comercialização dos produtos e subprodutos obtidos. A implementação dos sistemas agroflorestais protagonizada pelo povo Apurinã é apoiada pelo projeto Raízes do Purus, realizado pela Operação Amazônia Nativa (OPAN), com patrocínio da Petrobras e do Governo Federal.

Maria dos Anjos e Marcelino Apurinã, referências na implementação de SAFs na Terra Indígena Caititu. Foto: Adriano Gambarini.

O cultivo dos SAFs auxilia também na recuperação de espaços anteriormente exauridos e transforma o ambiente. “Os SAFs já têm contribuído de maneira significativa para melhorar a qualidade do solo, a microbiota, a sensação térmica e o fornecimento de alimentos saudáveis para as aldeias”, explica Valdeson Vilaça, indigenista da OPAN e responsável pelo apoio técnico e monitoramento dos SAFs junto ao povo Apurinã.

“A gente já plantava, mas o conhecimento e a experiência do SAF enriqueceu nosso plantio, passamos a plantar vários tipos de frutas e reflorestamos a natureza. O SAF veio para abrir os olhos da gente e enriquecer nossa mente”, relata Maria dos Anjos, conhecida na Terra Indígena Caititu como a “rainha dos SAFs”.

Combate às queimadas ilegais e articulação para a proteção dos SAFs

Com a chegada do período da estiagem na Amazônia, a preocupação com queimadas ilegais aumenta, já que os incêndios impactam diretamente os sistemas agroflorestais e a saúde de todos os indígenas e das demais populações que vivem no entorno.

Grupo formado por indígenas Apurinã que atua voluntariamente no combate a incêndios florestais na TI Caititu. Foto: Francisco Padilha Apurinã.

Por isso, os Apurinã estão se articulando para a criação da 1º Brigada Indígena Voluntária Apurinã. Em um esforço conjunto entre a Associação de Produtores Indígenas da Terra Caititu (APITC), a OPAN e a Coordenação Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai)  Médio Purus (CR – Médio Purus), os indígenas vêm realizando capacitações desde 2022 e este ano solicitaram ao Ibama/PrevFogo a aplicação da formação teórica e prática avançada para brigadistas. A solicitação está em tramitação e aguarda resposta do órgão. O trabalho do grupo formado por indígenas Apurinã e que já atua voluntariamente no combate a incêndios florestais na TI Caititu é essencial para a proteção dos SAFs.

(Fonte: DePropósito Comunicação de Causas)