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Instituto Argonauta atende pinguins de magalhães que são encontrados no litoral norte de SP

Ubatuba, por Kleber Patricio

Pinguim-de-magalhães sendo aquecido no Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) do Instituto Argonauta em Ubatuba. Fotos: Felipe Domingos/Instituto Argonauta.

Imagine percorrer milhares de quilômetros a nado, desde a Patagônia argentina, até o litoral norte de São Paulo. Parece ser impossível pensar que algum ser vivo seja capaz de tamanha façanha, mas quando se trata do pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), essa proeza não é impossível.

Todos os anos, eles migram da patagônia argentina até a região sudeste do Brasil em busca de alimento. Alguns indivíduos se perdem do grupo e por isso aparecem nas praias da região que compreende o litoral norte (Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba).

Durante a sua jornada migratória, os pinguins-de-magalhães enfrentam diversos desafios e, por esse motivo, vários indivíduos acabam chegando à região debilitados ou mesmo sem vida. Do total de pinguins atendidos pelo Instituto Argonauta por meio do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), aproximadamente 20% chegaram vivos. É o que explica a bióloga Carla Beatriz Barbosa, coordenadora do PMP-BS no trecho 10 do Instituto Argonauta. “Nos últimos anos, eles têm chegado muito debilitados, com muitos parasitas e acabam morrendo rapidamente, na maioria das vezes antes mesmo do atendimento veterinário”, comentou.

De acordo com os dados da instituição, até o momento, dentro do PMP-BS, o ano que contabilizou o maior número de ocorrências (vivos e mortos) envolvendo pinguins-de-magalhães foi o de 2020 (618). No entanto, cabe ressaltar que os dados da temporada de 2023 correspondem às ocorrências registradas até o dia 20 deste mês (107). A temporada dos pinguins na região iniciou em junho, mas o pico esperado ocorre entre os meses de julho e agosto e vai até outubro. No ano passado, foram contabilizadas 166 ocorrências, enquanto que em 2021 foram 103.

Pinguins-de-magalhães resgatados nas praias do litoral norte são encaminhados para o Centro de Reabilitação e Despetrolização do Instituto Argonauta em Ubatuba.

Segundo o oceanógrafo e presidente do Instituto Argonauta Hugo Gallo Neto, os pinguins-de-magalhães permanecem na água durante a época não reprodutiva. “Vemos pinguins na região há muitos anos e a ocorrência desses animais na região é normal; o problema é quando não estão bem e procuram sair da água para descansar e se aquecer. Como são encontrados muitas vezes fracos, debilitados e necessitando de cuidados, aqui na região eles são resgatados e encaminhados para o Centro de Reabilitação e Despetrolização de Ubatuba, para que, depois de reabilitados, sejam devolvidos à natureza”, ressalta.

Os pinguins-de-magalhães são aves marinhas com o corpo adaptado para viverem na água, mas não voam e têm suas asas modificadas em nadadeiras. Alimentam-se principalmente de peixes, cefalópodes (como polvos e lulas) e pequenos crustáceos, como krill. São predadores habilidosos na água e usam suas nadadeiras e bicos para capturar suas presas. Ao contrário do que muitos imaginam, essa espécie de pinguim não é polar e, por isso, não está adaptada a baixas temperaturas.

De acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (em inglês, IUCN Red List ou Red Data List), o pinguim-de-magalhães está classificado no grupo “segura ou pouco preocupante”, (em inglês, least concern), que é a categoria de risco mais baixo. Espécies abundantes e amplamente distribuídas são incluídas nesta categoria. No entanto, a espécie sofre com os impactos da interação antrópica, a exemplo de outros animais marinhos, causados pela pesca, efeitos das mudanças climáticas e alterações no ambiente marinho.

O Instituto Argonauta reabilita pinguins desde o ano de 2012 em continuidade ao trabalho de reabilitação realizado pelo Aquário de Ubatuba desde 1996, que resgatou diversos pinguins-de-magalhães nos anos em que estiveram presentes na costa da região.

Gripe aviária

Importante ressaltar que os animais atendidos não apresentam sintomas de gripe aviária; no entanto, os procedimentos de cuidado devem ser rigorosamente seguidos para que os animais não sejam contaminados.

Além de não se aproximar do animal ao encontrar uma ave morta ou viva debilitada, a orientação para garantir segurança em relação a gripe aviária é, em caso de aves marinhas, ligar para o Instituto Argonauta (0800-642-3341 ou 12 99785-3615) e, em caso de aves terrestres, ligar para a Vigilância Sanitária de cada município.

É possível fazer uma observação distante, fotografando e filmando o comportamento do animal (para auxiliar as instituições no acionamento), mas não se aproximando em hipótese alguma. Também, se possível, tentar isolar a área e impedir o acesso de pessoas e animais enquanto aguarda a equipe técnica.

O que fazer ao encontrar um pinguim ⠀⠀

Se o animal estiver nadando, não se aproxime. Se ele estiver tentando sair da água, dê espaço, ele pode estar cansado. Agora, se o pinguim estiver na areia, é necessário chamar a equipe de atendimento. Isole a área para manter o animal afastado de curiosos, cachorros e urubus e não o coloque em contato com o gelo ou dentro do isopor.

Relax para não o estressar. Nunca tente alimentá-lo. Se possível, fotografe sem flash. Toda informação é importante para auxiliar na preservação destes animais.

Sobre o Instituto Argonauta | O @institutoargonauta foi fundado em 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba (@aquariodeubatuba.oficial) e reconhecido em 2007 como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). O Instituto tem como objetivo a conservação do Meio Ambiente, em especial dos ecossistemas costeiros e marinhos. Para isso, apoia e desenvolve projetos de pesquisa, resgate e reabilitação da fauna marinha, educação ambiental e resíduos sólidos no ambiente marinho, dentre outras atividades.

Sobre o PMP-BS

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.

Os dados são do Projeto de Monitoramento da Bacia de Santos (PMP-BS), trecho 10, do Litoral Norte de São Paulo. Dados de 2023 contabilizados até o dia 17/07/2023. Imagem: Instituto Argonauta.

Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Argonauta monitora o Trecho 10, compreendido entre São Sebastião e Ubatuba. Para mais informações sobre o PMP-BS, consulte www.comunicabaciadesantos.com.br.

Seja um Argonauta

Venha conhecer o Museu da Vida Marinha @museudavidamarinha, na Avenida Governador Abreu Sodré, 1067 – Perequê-Açu, Ubatuba/SP, aberto diariamente.

Para acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados ou mortos, entre em contato pelos telefones 0800-642-3341 (horário comercial) ou diretamente para o Instituto Argonauta: (12) 3833-4863 – 3833-5789/(12) 3834-1382 (Aquário de Ubatuba)/(12) 3833-5753/(12) 99705-6506 e (12) 99785-3615 – WhatsApp.

Também é possível baixar gratuitamente o aplicativo Argonauta, disponível para os sistemas operacionais iOS (APP Store) e Android (Play Store). No aplicativo, o internauta pode informar ocorrências de animais marinhos debilitados ou mortos em sua região, bem como informar ainda problemas ambientais nas praias para que a equipe do Argonauta encaminhe a denúncia para os órgãos competentes.

Conheça mais sobre esse trabalho em www.institutoargonauta.org, www.facebook.com/InstitutoArgonauta e Instagram @institutoargonauta.

(Fonte: Instituto Argonauta)