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“Trinta Anos esta Noite ou O Espelho Negativo” aborda as dores femininas a partir das experiências de Dulce Muniz

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

Você já parou para pensar em quais são as dores femininas? Após ser diagnosticada com Síndrome de Fibromialgia, a atriz Dulce Muniz começou a refletir sobre o assunto. E as suas vivências se transformaram no solo teatral “Trinta Anos esta Noite ou O Espelho Negativo”, que estreia dia 2 de junho no Teatro Studio Heleny Guariba e fica em cartaz até 6 de agosto, de sexta a domingo, com ingressos gratuitos.

A fibromialgia provoca dores intensas nos músculos, tendões e ligamentos. Além disso, pode causar sintomas como fadiga, insônia e depressão. De difícil diagnóstico, a síndrome costuma acometer, em 90% dos casos, mulheres entre 35 e 50 anos. Foi em 2005 que Dulce descobriu essa condição. Na época, ela conheceu a psiquiatra Dra. Neuza Steiner, que coordenava um grupo de pacientes e se tornou consultora do espetáculo.

No trabalho, os relatos pessoais da atriz, desde a sua infância até os dias de hoje, se intercalam aos acontecimentos marcantes do Brasil, como a escravidão, a ditadura e a pandemia de Covid-19. Ao fazer essa costura, ela escancara alguns dos problemas estruturais do país, aproveitando a oportunidade para defender a escola pública e o SUS.

Dulce fala abertamente sobre as suas dores, permitindo uma forte conexão com a plateia. “Eu já tive dor de ouvido, endometriose e, agora, a fibromialgia. Isso sem contar nas dores da alma, como perder pessoas queridas durante a ditadura militar”, comenta a artista.

Assim, a atriz integra a sua vida ao coletivo, mostrando como estamos todos interconectados. A peça, então, configura-se quase como uma conversa com o público, um momento de troca e reflexão. Este Projeto foi contemplado pela 16ª edição do Prêmio Zé Renato- Secretaria Municipal de Cultura.

Sobre a encenação

Para dar um tom mais intimista, “Trinta Anos esta Noite ou O Espelho Negativo” conta com o violonista Beto Kpta tocando músicas ao vivo. Essas canções dividem espaço com outras executadas por uma vitrola. “Todas elas marcaram a minha vida e eu quero dividir isso com os espectadores”, conta Dulce.

Ao mesmo tempo, a atriz de 76 anos revive alguns de seus papéis icônicos no teatro. Ela reencena trechos de “Antígona”, de Sófocles, quando interpretou Tirésias e foi indicada ao Prêmio Shell; “Avatar”, de Paulo Afonso Grisolli; e “De Profundis”, de Oscar Wilde.

O cenário também foi pensado para reforçar o caráter memorialista e intimista da obra: o Núcleo do 184 desenvolveu uma ambientação composta por uma mesa pequena, uma cadeira e um cabideiro.

A trajetória de Dulce Muniz

A atriz fez do teatro sua luta. Nascida em São Joaquim da Barra (SP), teve os seus primeiros contatos com a literatura e as artes cênicas pelas experiências escolares e pela observação atenta àqueles que a cercavam, com seus gestos e manias.

Viveu o Golpe de 1964 ainda no interior, mas veio para São Paulo em 1968 para estudar – ainda mais – sobre teatro e participar da oposição aos militares pela arte e militância: “Foi isso que me levou ao teatro: lutar contra a ditadura”, afirma.

Quando chegou a terras paulistanas, participou do curso de interpretação do Teatro de Arena e foi aluna de Heleny Guariba, desaparecida até hoje após ser presa pela ditadura em 1971. Junto do grupo formado no Arena, apresentou a peça “Teatro-Jornal 1ª Edição”, com direção de Augusto Boal.

Após passar por outros palcos e trabalhar na televisão, Dulce inaugurou o Teatro Studio 184, em 1997. Em 2013, o espaço localizado na Praça Roosevelt ganhou o nome de sua ex-professora, tornando-se o atual Teatro Studio Heleny Guariba.

Sinopse | Acompanhada de um músico/ator, Dulce Muniz interpreta um texto que faz a relação entre momentos significativos de sua vida e a história mais recente do Brasil. Um solo teatral que aborda como tema a dor feminina, suas manifestações e simbolismos. Junto disso, a relação da atriz com a Síndrome de Fibromialgia se mostra presente e conduz o espetáculo por outras dores e experiências, como a tortura, desaparecimento de presos políticos e a vida de mulheres, negros e indígenas.

Ficha Técnica:

Autoria, direção e interpretação: Dulce Muniz

Músico/ Violinista: Beto Kpta

Cenários e figurinos: Núcleo do 184

Iluminação: Renata Adriana

Operadora de luz e som: Flávia Arantes

Pesquisa/Produção Executiva: Fernanda Arantes

Administradora geral do projeto: Flávia Arantes

Consultoria médica: Dra. Neusa Steiner

Assessoria de Imprensa: Canal Aberto Comunicação | Márcia Marques

Gestão administrativa: Zé Renato/Cais Produção

Concepção, coordenação e direção geral: Dulce Muniz.

Serviço:

Trinta anos esta noite ou O Espelho Negativo

Duração: 60 minutos | Classificação: 12 anos

Teatro Studio Heleny Guariba

2 de junho a 6 de agosto, às sextas, às 20h30 e, aos sábados e domingos, às 18h

Endereço: Praça Franklin Roosevelt, 184 – República

Ingresso: gratuito

Agosto

10 apresentações em “equipamentos culturais da cidade de São Paulo

Setembro

20 apresentações em CEUS da capital.

(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)