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SESC SP apresenta exposição “Margens de 22: presenças populares”

São Paulo, por Kleber Patricio

Bloco do Papel Crepon, 1978, de N. Castro/Acervo SESC de Arte. Fotos: Everton Ballardin.

Dando continuidade ao programa “Diversos 22” do SESC São Paulo, “Margens de 22: presenças populares” estará aberta à visitação entre os dias 28 de outubro de 2022 e 24 de fevereiro de 2023, no SESC Carmo. A exposição integra a série de ações da instituição que levantam questões e reavivam o debate acerca do centenário da Semana de Arte Moderna e do bicentenário da Independência do Brasil.

O conjunto de obras apresentadas nessa mostra lança luz sobre a experiência de artistas e movimentos que ocorreram em paralelo à Semana de Arte Moderna, mas que não obtiveram a mesma visibilidade daqueles que estiveram no Theatro Municipal. Desse modo, convida a olhar para outros atores sociais e narrativas que são tradicionalmente negligenciadas pelo discurso histórico hegemônico. Enquanto uma elite ocupava o palco, outros sujeitos se expressavam nas ruas.

Com curadoria de Joice Berth, Alexandre Araujo Bispo e Tadeu Kaçula, ‘Margens de 22’ se propõe a explorar o conceito de “modernidade” a partir de múltiplos cenários da vida urbana da capital. Desse modo, a mostra indaga quais e quem foram os agitadores de relevância para a composição cultural da metrópole, passando por temas como a cultura infantil, a maternidade negra, a fé e os festejos e a classe trabalhadora, que tanto contribuiu para a construção da identidade paulistana.

Raquel Kambinda – “Oxalá aconselha Exu. Nanã ouve. Os Erês se assustam”, 1973. Acrílica sobre tela. Acervo SESC de Arte.

“Apesar de moderna, a Semana de 22 não exibiu peças de teatro, obras fotográficas e cinematográficas, e não abarcou a música popular – linguagens artísticas que ficaram às margens do evento. Mais que isso, hoje podemos afirmar que ali estava representada apenas uma parte do ambiente urbano e cultural que culminou naquilo que conhecemos como modernidade. Do lado de fora do Municipal, mulheres, homens, crianças, trabalhadores urbanos, famílias, cordões carnavalescos e irmandades ocupavam-se, naquele momento, de viver de modo digno numa cidade em plena transformação. O evento refletia, de certa forma, o ambiente de desigualdades e segregação que se seguiu à abolição da escravatura em São Paulo”, afirmam os curadores em texto de apresentação da mostra.

A relação da diáspora africana com a constituição da cidade grande é evidenciada nessa proposta, que se organiza em nove núcleos. O núcleo “Arte contemporânea” abarca as reverberações do modernismo em artistas da atualidade; “Culturas infantis” explicita a experiência desafiadora da infância na cidade grande; “Mulheres observadas” traz representações de mulheres ocupando funções diversas na metrópole e “Mãe preta” destaca a importância da mulher negra na história paulistana.

Há ainda os núcleos “Imprensa negra na rua”, que mostra a força de mobilização da imprensa negra na luta por mudanças sociais; “Lugares”, uma abordagem das transformações urbanas e das dificuldades implicadas no desenvolvimento; “Trabalhadores na cidade”, que contextualiza os trabalhadores das ruas de São Paulo no seu processo de construção; “Pretos e a música”, sobre a contribuição da população negra para a música brasileira e “Fé e festejos”, um núcleo que celebra as festas da tradição afro brasileira.

Carlos Moreira – Sem título, 1974. Impressão fotográfica à base de pigmento mineral sobre papel Hahnemühle. Acervo SESC de Arte.

Esse panorama temático é exposto a partir de obras diversas, desde pinturas e esculturas até reproduções de fantasias carnavalescas. De um lado, mergulha em acervos desconhecidos, como é o caso dos documentos e registros da imprensa negra. De outro, conta com obras de artistas como Renata Felinto, Agnaldo Manoel dos Santos, Vincenzo Pastore, Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Di Cavalcanti e Anita Malfatti. Assim, promove uma fricção não só entre a produção contemporânea e a moderna, mas também entre o anonimato e a consagração.

Durante seu período expositivo, o SESC Carmo oferece a experiência de visitação guiada, com duração média de 2h, assim como atividades educativas que reforçam o compromisso da unidade com a formação do público.

Sobre os curadores:

Alexandre Araujo Bispo | Antropólogo, crítico de arte, curador e educador independente. Pesquisa práticas de memória com foco em fotografia amadora, fotografia de família, cultura visual e arquivos pessoais; e artes visuais, com ênfase em poéticas afro-brasileiras e imaginários urbanos. Membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte; pesquisador do coletivo ASA – Artes, Saberes, Antropologia; membro do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da UFSB.

Joice Berth | Arquiteta e urbanista, psicanalista em formação, escritora, assessora política e colunista, cocuradora da exposição Casa Carioca do Museu de Arte do Rio, jurada do Prêmio de Arquitetura do Instituto Ruy Ohtake/Akzonobel/IAB e do Prêmio Marie Claire/Avon para práticas contra a violência doméstica.

Tadeu Kaçula | Sambista, sociólogo, pesquisador e escritor. Mestre e doutorando em mudança social e participação política pela Universidade de São Paulo, especialista em cultura afro diaspórica e patrimônio artístico-cultural afro paulistano.

Sobre o projeto Diversos 22

“Diversos 22 – Projetos, Memórias, Conexões” é uma ação em rede do SESC São Paulo em celebração ao Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 e ao Bicentenário da Independência do Brasil em 1822, com atividades artísticas e socioeducativas, programações virtuais e presenciais em unidades na capital, interior e litoral do estado de São Paulo, com o objetivo de marcar um arco temporal que evoca celebrações e reflexões de naturezas diferentes, mas integradas e em diálogo, acerca dos projetos, memórias e conexões relativos à efeméride, no sentido de discuti-los, aprofundá-los e ressignificá-los em face dos desafios apresentados no tempo presente. A programação teve início em setembro de 2021 com a realização do Seminário “Diversos 22: Levantes Modernistas” e encerra-se em dezembro de 2022. Mais informações, acesse este link.

Serviço: 

Margens de 22: presenças populares

Local: SESC Carmo

Abertura: 27 de outubro, às 18h*

Período expositivo: 28 de outubro de 2022 a 24 de fevereiro de 2023

Horário de visitação: Segunda a sexta, das 10h às 19h – exceto feriados

Acessibilidade: obras táteis, videoguia e audioguia**

Não tem estacionamento | Entrada gratuita

Classificação indicativa: Livre

* No dia da abertura, haverá serviço de van disponível até o metrô a partir das 20h

** É necessário levar seu próprio fone de ouvido.

Agendamento para grupos: segundas e terças-feiras: às 10h e às 16h com duração de 2hrs (com até 40 pessoas) | quinta-feira: às 10h (com 2 h de duração, até 20 pessoas) | sexta-feira: às 16h (com 2h de visitação, até 20 pessoas)

Para agendar escrever um e-mail para agendamento.carmo@sescsp.org.br

Visitas mediadas para grupos espontâneos: Terças, quintas e sextas-feiras: das 12h30 às 13h30.

SESC Carmo

Rua do Carmo, 147, Sé – São Paulo (SP)

sescsp.org.br/carmo

Facebook, Instagram e Twitter: @sesccarmo

Transporte público: Metro Sé (500m).

(Foto: a4&holofote comunicação)