Notícias sobre arte, cultura, turismo, gastronomia, lazer e sustentabilidade

SESC Belenzinho recebe exposição “Máquina Kalunga”, de Aline Motta

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Renato Parada.

Mais uma vez o átrio do SESC Belenzinho é palco de um trabalho especialmente concebido para a sua arquitetura. Aline Motta reafirma em sua “Máquina Kalunga”, por meio de fotografias e projeções, o leitmotiv de sua obra: a busca por suas origens e uma conexão profunda com a natureza. Nesta instalação, a artista busca proporcionar um mergulho em sua poética, em que a própria arquitetura do espaço com suas transparências, reflexos e rebatimentos se transformam em possíveis manifestações físicas do mundo espiritual.

Como Aline esclarece, “’Máquina Kalunga’ é uma máquina de ver o invisível com seus olhos d’água”. Segundo cosmologias centro-africanas, o que separa as dimensões dos vivos e dos mortos é uma linha fina de água chamada Kalunga. “Nessa forma de ver o mundo, a água guarda memória, a água é vista como um veículo, a água é uma máquina do tempo”. Assim, Aline foi buscar, em seu extenso arquivo, imagens que continham água, tema que protagoniza também o seu livro recém-lançado “A água é uma máquina do tempo” (Fósforo/Luna Parque Edições).

Em “Máquina Kalunga”, com curadoria de Claudinei Roberto da Silva, as projeções no piso do átrio partem de fotos 3×4 ampliadas e impressas em tecido leve – voal. Essas imagens sobre tecido colocadas em contato direto com a natureza foram fotografadas pela artista em viagens. Além de Vassouras/RJ, cidade de sua família materna, ela levou as peças para Mariana/MG, aldeias no norte de Portugal e para o continente africano, onde esteve em Serra Leoa e Nigéria. Para a intervenção no SESC Belenzinho, Aline selecionou somente as fotografias de obras colocadas sobre rios, cachoeiras e mar para construir um diálogo com o espaço da unidade. “Quis que as imagens das pessoas retratadas, ao serem projetadas no piso, surgissem como se fossem da água da piscina que está visível sob o chão de vidro transparente do átrio”, afirma Aline.

Já na grande lateral de vidro do espaço, com 15,50 metros de altura e 21 de largura, foi ampliada e plotada uma foto da série “(Outros) Fundamentos” (2017-2019), a última parte da trilogia iniciada com “Pontes sobre Abismos” e “Se o mar tivesse varandas”. A imagem apresentada no SESC Belenzinho foi captada em Lagos/Nigéria, contudo o projeto também foi desenvolvido em Cachoeira/BA e Rio de Janeiro/RJ para dar conta das consequências da jornada que a artista empreendeu em busca de suas raízes. Com isso, Aline Motta procura reestabelecer laços com seus ancestrais comuns, através das águas e pontes que conectam as três cidades, imaginando uma possível comunicação por espelhos, que refletiriam a mesma luz dos dois lados do Atlântico.

“O carvão, que é resultado do magma, quando submetido a pressões altíssimas e violentas transmuta-se em diamante. A ‘Máquina Kalunga’ de Aline Motta verte em diamante o carvão da memória, magma solidificado da sua e da nossa história. Sua poesia faz as vezes da pressão que, submetendo a história, a organiza em imagens que transcendem, mas também confirmam o contexto que comentam. Como todo diamante, a obra resultante desse processo é polifacetada”, afirma o curador.

Sobre Aline Motta

Nasceu em Niterói (RJ), vive e trabalha em São Paulo. É bacharel em Comunicação Social pela UFRJ e pós-graduada em Cinema pela The New School University (NY). Combina diferentes técnicas e práticas artísticas, mesclando fotografia, vídeo, instalação, performance, arte sonora, colagem, impressos e materiais têxteis. Sua investigação busca revelar outras corporalidades, criar sentido, ressignificar memórias e elaborar outras formas de existência. Foi contemplada com o Programa Rumos Itaú Cultural 2015/2016, com a Bolsa ZUM de Fotografia do Instituto Moreira Salles 2018 e com 7º Prêmio Indústria Nacional Marcantonio Vilaça 2019. Recentemente participou de exposições importantes como “Histórias Feministas, artistas depois de 2000” – MASP, “Histórias Afro-Atlânticas” – MASP/Tomie Ohtake, “Cuando cambia el mundo” – Centro Cultural Kirchner, Buenos Aires, Argentina e “Pensar tudo de nuevo” – Les Rencontres de la Photographie, Arles, França. Abriu sua exposição individual “Aline Motta: memória, viagem e água” no MAR/Museu de Arte do Rio em 2020. Em 2021 exibiu seus trabalhos em vídeo no New Museum (NY) no programa “Screen Series”. Em 2022 lançou seu primeiro livro “A água é uma máquina do tempo” pelas editoras Fósforo e Luna Parque Edições.

Serviço:

‘Máquina Kalunga’, instalação de Aline Motta

Curadoria: Claudinei Roberto da Silva

Projeto Multimídia: Toni Baptiste e Flávio Camargo | Coletivo Coletores

Produção Executiva: Daniele Carvalho | Canaes

Abertura

28 de julho de 2022, quinta-feira, às 20h

Visitação

De 29 de julho a 11 de dezembro de 2022

Terças e sábados, das 10h às 21h

Domingos e feriados, das 10h às 18h

Átrio

Livre para todos os públicos

SESC Belenzinho

Endereço: Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho – São Paulo (SP)

Telefone: (11) 2076-9700

www.SESCsp.org.br/belenzinho.

(Fonte: Pool de Comunicação)