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Osesp, Maestro Giancarlo Guerrero e Pianista Fabio Martino encerram Festival Diálogos Latinos

São Paulo, por Kleber Patricio

A Sala São Paulo. Foto: Tuca Vieira.

Ao longo de quatro semanas da Temporada 2023 – Sem Fronteiras, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp recebe uma seleção de regentes e solistas do México e das Américas Central e do Sul em programas que também contam com obras compostas sob esse recorte na primeira edição do festival Diálogos Latinos. É um projeto que reafirma, por parte da Orquestra, a valorização do diálogo constante com a produção musical sinfônica brasileira e também com a de nossos vizinhos latino-americanos.

Na quarta e última semana dos Diálogos Latinos na Sala São Paulo, entre os dias 17 e 19/ago, a Osesp estará novamente com o regente costa-riquenho Giancarlo Guerrero – um visitante frequente de nossos músicos – e com o pianista brasileiro Fabio Martino como solista convidado. O programa começa e se encerra com obras do russo Modest Mussorgsky (“Uma Noite no Monte Calvo” e “Quadros de uma Exposição”) e, entre elas, apresenta a terceira e a quarta ‘Fantasias Brasileiras’ do brasileiro Francisco Mignone. Vale lembrar que a performance de 18/ago às 20h30 será transmitida ao vivo no canal oficial da Osesp no YouTube.

Baseada em diversas fontes literárias russas sobre reuniões de bruxas nas montanhas de Kiev, “Uma Noite no Monte Calvo” foi escrita por Modest Mussurgsky (1839–1881) em 1867 e apresentada a Balakirev, que não quis publicá-la por considerá-la “ousada” demais. O argumento narrativo, do próprio Mussorgsky, descreve bem a ambientação: “Reunião de feiticeiras, suas discussões e fofocas. Cortejo de Satã. Glorificação maléfica de Satã. Sabá”. O compositor afirmava se tratar de uma “obra tumultuada, uma realização realmente russa e original”, mas que acabou sendo engavetada. A música se inicia de forma frenética, com os violinos evocando a reunião das bruxas e dos espíritos malignos. A alternância das fanfarras nos metais nos remete ao tão esperado momento da chegada de Satã e os ritmos marcados representam os diversos momentos de uma missa negra.

Osesp e Giancarlo Guerrero. Foto: Laura Manfredini.

Em 1874, a Academia de Artes de São Petersburgo organizou uma mostra em homenagem ao artista plástico Viktor Hartmann, que morrera vítima de um aneurisma aos 39 anos. “A arte russa está órfã”, escreveu Mussorgsky ao saber da morte de um de seus amigos mais próximos. Decidido a homenageá-lo, escolheu dez obras de Hartmann e compôs o ciclo para piano “Quadros de uma Exposição”, estreado pelo compositor em um recital privado. Editada apenas em 1886, cinco anos após sua morte, a partitura caiu no ostracismo, até que, em abril de 1922, Maurice Ravel foi procurado pelo maestro Sergei Koussevitsky, que lhe encomendou uma versão orquestral, que foi estreada na Ópera de Paris em 19 de outubro daquele ano.

As quatro fantasias escritas para piano e orquestra, bem como o bailado “Maracatu de Chico-Rei”, todos do período de 1929 a 1936, vincularam a vida e a obra de Francisco Mignone (1897–1986) à de Mário de Andrade, com quem estudara no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e discutira, no regresso da Europa, os caminhos de sua linguagem musical. A fantasia é um gênero musical praticado desde o século XVI e, embora tenha passado por transformações significativas, conservou por características principais certa proximidade com os improvisos e a alternância de andamentos internos à obra. Em contraste com a consagrada fuga, no gênero de forma mais livre “eram frequentes as mudanças de compasso, de andamento e de temas”, na explicação do compositor e escritor Joaquín Zamacois. Desse “modelo”, Francisco Mignone sem dúvida tirou proveito, sabendo explorar com sabedoria o colorido orquestral comum a todas as quatro fantasias por ele compostas. Além de ótimo pianista, ele foi um orquestrador muito hábil, como prova toda a sua obra.

Os concertos da série Diálogos Latinos têm o copatrocínio de Itaú por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Realização: Fundação Osesp, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Ministério da Cultura e Governo Federal – União e Reconstrução.

Osesp, Guerrero e Martino. Foto: Laura Manfredini.

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp | Fundada em 1954, desde 2005 é administrada pela Fundação Osesp. Thierry Fischer tornou-se diretor musical e regente titular em 2020, tendo sido precedido, de 2012 a 2019, por Marin Alsop, que agora é regente de honra. Seus antecessores foram Yan Pascal Tortelier, John Neschling, Eleazar de Carvalho, Bruno Roccella e Souza Lima. Em 2016, a Orquestra esteve nos principais festivais da Europa e, em 2019, realizou turnê na China. Em 2018, a gravação das Sinfonias de Villa-Lobos regidas por Isaac Karabtchevsky recebeu o Grande Prêmio da Revista Concerto e o Prêmio da Música Brasileira. Em outubro de 2022, a Osesp estreou no Carnegie Hall, em Nova York, realizando dois programas – o primeiro, como convidada da série oficial de assinaturas da casa; o segundo, com o elogiado projeto Floresta Villa-Lobos.

Giancarlo Guerrero | Seis vezes vencedor do Grammy e diretor musical da Sinfônica de Nashville e da Filarmônica de Wrocław (Polônia), Guerrero nasceu na Nicarágua, imigrando ainda na infância para a Costa Rica. Posteriormente, estudou Percussão e Regência na Baylor University e obteve seu mestrado em Regência na Northwestern, ambas nos Estados Unidos. Ao longo de sua carreira, apresentou-se junto a importantes orquestras norte-americanas, como as de Baltimore, Dallas, Los Angeles, Filadélfia, Seattle e a Sinfônica Nacional (Washington), além de atuar com diversos grupos europeus, como a Sinfônica da Rádio de Frankfurt e as Filarmônicas de Londres, da Rádio França e da Holanda. Em 2019, recebeu a honraria de ser orador na Conferência da Liga de Orquestras Americanas. Na Temporada 2022/23, Guerrero retorna à Orquestra de Cleveland, às Sinfônicas de Boston, Cincinnati e Queensland, à Sinfônica Alemã em Berlim, à Casa de Ópera de Frankfurt e à própria Osesp, da qual é convidado frequente.

Fabio Martino | Iniciou seus estudos aos cinco anos de idade a partir das lições herdadas de sua avó. Após anos de formação no Brasil e na Alemanha, recebeu aos 22 anos o primeiro lugar no Concurso BNDES e, desde então, vem acumulando outras premiações internacionais. Possui também uma extensa discografia, que inclui a gravação em 2019 do “Concerto para Piano nº 1” de Rachmaninov junto à Filarmônica de Stuttgart (Hänssler Classic) e de seu elogiado terceiro álbum solo, “Latin Soul” (Tico Classics), voltado a compositores da América Latina. Sob encargo do canal público alemão ZDF, em parceria com o ARTE, Martino gravou a trilha do filme mudo “Beethoven junto à Filarmônica de Thüringen”, em 2020. No mesmo ano, recebeu grande destaque na Festspielhaus de Salzburg por sua interpretação da “Rhapsody in Blue”, de Gershwin, e da “Fantasia Brasileira nº 4”, de Francisco Mignone, obra que apresenta e grava com a Osesp na Temporada 2023.

PROGRAMA

TEMPORADA OSESP: GIANCARLO GUERRERO E FABIO MARTINO

ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

GIANCARLO GUERRERO regente

FABIO MARTINO piano

Modest MUSSORGSKY | Uma Noite no Monte Calvo [Orquestração de Nikolai Rimsky-Korsakov]

Francisco MIGNONE

Fantasia Brasileira nº 3

Fantasia Brasileira nº 4

Modest MUSSORGSKY | Quadros de uma Exposição [Orquestração de Maurice Ravel].

Serviço:

17 de agosto, quinta, às 20h30

18 de agosto, sexta, às 20h30 – Concerto Digital

19 de agosto, sábado, às 16h30

Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16, Campos Elíseos

Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares

Recomendação etária: 7 anos

Ingressos: entre R$39,60 e R$258,00 (preços inteiros)

Bilheteria (INTI): neste link

(11) 3777-9721, de segunda a sexta, das 12h às 18h

Cartões de crédito: Visa, Mastercard, American Express e Diners

Estacionamento: R$28,00 (noturno e sábado à tarde) e R$16,00 (sábado e domingo de manhã) | 600 vagas; 20 para portadores de necessidades especiais; 33 para idosos.

* Estudantes, pessoas acima dos 60 anos, jovens pertencentes a famílias de baixa renda com idade de 15 a 29 anos, pessoas com deficiências e um acompanhante e servidores da educação (servidores do quadro de apoio – funcionários da secretaria e operacionais – e especialistas da Educação – coordenadores pedagógicos, diretores e supervisores – da rede pública, estadual e municipal) têm desconto de 50% nos ingressos para os concertos da Temporada Osesp na Sala São Paulo, mediante comprovação.

A Osesp e a Sala São Paulo são equipamentos do Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerenciadas pela Fundação Osesp, Organização Social da Cultura.

(Fonte: Osesp)