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“O Futuro é Ancestral”: álbum de músicos indígenas e Alok é lançado

Belo Horizonte, por Kleber Patricio

Fotos: Filipe Miranda.

O poder transformador da música é o caminho norteador de ‘O Futuro é Ancestral’ – por meio da potência do encontro entre os cantos originais indígenas com as batidas pulsantes do pop, hip hop e música eletrônica criam uma sonoridade inovadora. O projeto foi iniciado em 2021 e algumas de suas músicas já marcaram presença em eventos internacionais, como Global Citizen Live (2021), na sede oficial da ONU em Nova Iorque, em parceria com o Pacto Global da ONU, para a pré-abertura da Climate Week (2022 e 2023) e, recentemente, o pré lançamento do álbum no Grammy Museum, em Los Angeles.

Essa trajetória, que ilumina a música ancestral brasileira, conecta a nova geração de indígenas às plataformas contemporâneas da música – é um testemunho da resiliência do patrimônio indígena e seu papel crucial em nossa jornada coletiva de reconexão com a natureza e construção de um futuro sustentável.

Capa.

“Nossa colaboração com Alok permitiu gravar e atualizar nossa música, garantindo sua passagem entre gerações para os povos indígenas e também não indígenas”, fala Rasu Yawanawa, um dos artistas que integra o trabalho.

“O canto ancestral indígena tem essa força incrível de atravessar o coração das pessoas a ponto de elas irem embora do show e a alma continuar dançando (…) Não basta reconhecer a força do canto, é preciso ajudar a proteger o corpo e as vozes de quem canta”, diz Célia Xakriabá.

O álbum, lançado neste 19/4, quando se honra e celebra o Dia dos Povos Indígenas, é resultado de um trabalho de cerca de 500 horas em estúdio, envolvendo mais de 50 músicos para dar voz e corpo às oito faixas entoadas pelas etnias Huni Kuin, Yawanawa, Kariri Xocó, Guarani Mbyá, Xakriabá, Guarani-Kaiowá, Kaingang e Guarani Nhandewa e uma nona faixa Remix, resultado da coprodução entre Alok e Maz para a música ‘Sina Vaishu’. A capa do álbum tem a base artística da obra de Denilson Baniwa ‘Metrô-Pamuri-Mahsã’, que faz reverência à Jiboia, um importante elemento da cosmovisão indígena. O trabalho reafirma a importância dos indígenas ocuparem os mais diversos espaços sociais e culturais da sociedade. Escute aqui.

‘O Futuro É Ancestral’ tem reconhecimento da Unesco como ação relevante para a Década Internacional das Línguas Indígenas

“Quando procuramos soluções para o impacto causado pelas mudanças climáticas, a única certeza que eu tenho é de que precisamos ouvir o que a natureza tem a dizer e, a melhor maneira para isso, é por meio da música dos guardiões das florestas. Hoje me sinto honrado em poder ser uma plataforma para amplificar as vozes da ancestralidade indígena. Vocês verão que não é preciso entender os idiomas indígenas para sentir o que eles têm a dizer. ‘O Futuro É Ancestral’ não é somente um projeto musical; ele é um movimento para reflorestar o imaginário da nossa sociedade e sua percepção em relação aos povos indígenas e a importância de sua presença em múltiplos territórios”, pontua Alok.

Os cânticos presentes em ‘O Futuro É Ancestral’ estão em línguas nativas e, para além de serem entendidas, são para serem sentidas. ‘Sina Vaishu’ (Yawanawa) fala sobre seguir o caminho dos ancestrais e sobre uma mudança de pensamento. ‘Yube Mana Ibubu’ (Huni Kuin) é extensão de uma oração e clama pela sobrevivência. ‘Jaraha’ (Guarani-Kaiowá) é um rap que fala sobre a vontade de retomada de suas terras. ‘Canto do Vento’ (Kariri Xocó) é um canto de conexão com os ancestrais e com a vida. ‘Rap Nativo’ traz as palavras de um guerreiro sobre sua cultura e ligação com o divino. ‘Sangue Indígena’ (Kaingang) é um o grito de batalha pela defesa da vida e das terras indígenas. ‘Pedju Kunumigwe’ (Guarani Nhandewa), um convite para ouvir o som dos pássaros e da natureza. ‘Manifesto Futuro Ancestral’ (Célia Xakriabá) propõe uma reflexão sobre a origem cultural brasileira e traz a força da palavra indígena na sua luta e poesia.

O lançamento é um convite para que o público mergulhe na paisagem sonora de ‘O Futuro é Ancestral’, onde cada faixa conta uma história de inovação, resiliência e ressurgimento cultural.

Deixe a música transportá-lo para novos horizontes e, enquanto você se move no ritmo, lembre-se do profundo impacto de preservar nossas raízes – não apenas para hoje, mas para os incontáveis amanhãs que poderemos construir.

A partir da imersão no processo criativo do álbum, o encontro se transformou em um documentário musical de mesmo título produzido pela Maria Farinha, em finalização e com lançamento previsto para o segundo semestre.

No sábado, dia 20/4, pela primeira vez no Brasil, os músicos indígenas se apresentaram com Alok no show que celebra o aniversário da cidade de Brasília: BSB 6.4.

Outro elemento é a criação da ‘Coleção Som Nativo’, que inicialmente irá lançar sete álbuns com mais de 80 cânticos indígenas tradicionais e contemporâneos, objetivando construir um acervo de alta qualidade de gravação.

O Instituto Alok já investiu mais de R$4,5 milhões em ações nas áreas da cultura, tecnologia, sustentabilidade, educação, saúde, agricultura, segurança alimentar e promoção de direitos voltados aos povos indígenas brasileiros.

(Fonte: Melina Tavares Comunicação)