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Nos 400 anos de morte de Miguel de Cervantes, Sinfônica de Campinas interpreta obras alusivas a Dom Quixote

Campinas, por Kleber Patricio

Divulgação.

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Para lembrar os 400 anos de morte do escritor espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616), a Orquestra Sinfônica de Campinas interpreta três obras que revisitam seu mais fabuloso personagem, Dom Quixote. Os concertos serão realizados nos dias 2 e 3 próximos (sábado e domingo), no Teatro Castro Mendes, sob a batuta do maestro Victor Hugo Toro e solo do violoncelista Lars Hoefs (foto).

O repertório traz um caráter narrativo que descreve, em três composições de períodos distintos, a saga do cavaleiro errante: Dom Quixote e a Duquesa – Abertura e Chaconne, de Joseph Bodin de Boismortier (compositor do período clássico), Burlesca de Dom Quixote, de G. P. Telemann (barroco) e, pela primeira vez, a Sinfônica de Campinas executa Dom Quixote, de Richard Strauss (autor do período pós-romântico), que tem como solista o violoncelo, representando Dom Quixote.

Os compositores

O francês Joseph Bodin de Boismortier (1689-1755) foi um dos primeiros compositores a publicar suas composições e um dos poucos que conseguiram sobreviver exclusivamente de sua produção.

Na França do século XVIII, o fato de uma obra ser rotulada como ballet comique não implicava somente em dança. Segundo a pesquisadora Lenita Nogueira, o enredo era desenvolvido através do canto – mais próximo de uma ópera. Este é o caso de Dom Quixote e a Duquesa (Don Quixote chez la duchesse), composto em 1743 a pedido do rei. A estreia, na Academie Royal de Musique, foi luxuosa e envolveu importantes solistas da época.

Em seu tempo, G. P. Telemann (1681-1767), outro compositor do programa, era um dos compositores mais reconhecidos e sua fama superava largamente a de seu contemporâneo Johann Sebastian Bach (1685-1750), que só seria redescoberto muitos anos depois de sua morte, já no século XIX. Compositor de mais de três mil obras que abarcam todos os gêneros musicais, Telemann, como a maioria dos compositores alemães da época, foi bastante influenciado pelos diversos estilos nacionais que se desenvolviam em diferentes regiões da Europa. Burlesca de Dom Quixote é um conjunto de peças relativas à personagem de Cervantes escrito durante uma temporada que o compositor passou em Frankfurt. Está em consonância com o estilo barroco da época, que busca a retórica musical para transmitir musicalmente o sentido do texto literário.

Richard Strauss (1864-1949) concebeu Dom Quixote como um contraponto burlesco a outra peça de mesmo estilo, Vida de Herói (Ein Heldenleben).

Embora conhecesse bastante a obra de Cervantes, Strauss não estabeleceu um programa definido para esta composição, apenas algumas explicações para facilitar o entendimento do público para a estreia da obra em março de 1898, em Colônia, na qual o solista de violoncelo foi Friedrich Grützmacher e o regente, Franz Wüllner.

Esta composição, que tem como solistas o violoncelo representando Dom Quixote e, em menor grau, a viola como Sancho Pança, tem um caráter híbrido e não pode ser enquadrada em nenhuma categoria específica, já que nela se superpõem concerto, poema-sinfônico e tema-variação. “Ao que tudo indica, Dom Quixote não foi composta originalmente como um concerto para violoncelo”, afirma Lenita Nogueira. “De início, Strauss havia escrito uma parte destacada para este instrumento, mas percebendo que a escrita exigia um violoncelista bastante experiente, resolveu dar proeminência ao violoncelo na maior parte da composição”, conclui.

Lars Hoefs, o solista

Violoncelista norte-americano, Lars Hoefs tem se apresentado como solista e camerista no Brasil, Europa, e Estados Unidos. Durante a temporada 2015, apresentou récitas em Berlim, Cracovia, Londres e Los Angeles.  Apaixonado pela música de Villa-Lobos desde sua chegada ao Brasil, Lars constrói uma ponte cultural entre Brasil e Califórnia com seu Villa-Lobos International Chamber Music Festival, do qual é diretor artístico.  Lars foi o primeiro a executar as integrais para violoncelo e orquestra de Villa-Lobos em um único programa.  Como solista, apresentou os concertos de Haydn, Schumann, Saint-Saens, Lalo, Dvorak, Tchaikovsky e Elgar.

Lars concluiu seu doutorado e mestrado em performance pela University of Southern California, em Los Angeles, onde estudou com o ex-spalla da Los Angeles Philharmonic, Ronald Leonard, e se graduou pela Northwestern University, orientado por Hans Jorgen Jensen.

Em 2009, atuou como concertino e spalla na Orquestra Sinfônica Brasileira, sob regência de Roberto Minczuk. Em 2013, assumiu o cargo de professor de Violoncelo e História da Música na Universidade Estadual de Campinas, onde, além de lecionar, lidera a Unicamp Cello Ensemble, uma orquestra de violoncelos.

Programa

Homenagem a Cervantes

JOSEPH BODIN DE BOISMORTIER ( 1689-1755)

Dom Quixote e a Duquesa, Abertura e Chaconne

GEORG PHILIPP TELEMANN (1681-1767)

Burlesca de Dom Quixote, Abertura

RICHARD STRAUSS (1864-1949)

Dom Quixote

Serviço

Orquestra Sinfônica de Campinas

Victor Hugo Toro, regência

Lars Hoefs, violoncelo

Quando:

2/4 (sábado), 20 h

3/4 (domingo), 11 h

Onde: Teatro Castro Mendes (Praça Corrêa de Lemos, s/nº – Telefone (19) 3272-9359 – Vila Industrial, Campinas/SP)

Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (estudantes, aposentados), R$10,00 (professores das escolas públicas e privas de Campinas e das cidades da Região Metropolitana, pessoas com mobilidade reduzida e portadores de deficiências); R$5,00 (estudantes das redes municipal e estadual).