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Mônica Ventura produz obras com símbolos ancestrais que serão lançadas na SP-Arte Rotas Brasileiras

São Paulo, por Kleber Patricio

Mônica Ventura na Galeria Praça, Instituto Inhotim. Foto: Ícaro Moreno.

Em sua participação na SP-Arte Rotas Brasileiras, o Instituto Inhotim lança a 4ª edição do Programa Múltiplos Inhotim, com a participação da artista Mônica Ventura, que desenvolveu a série “O Despertar Para o Anoitecer”, com obras exclusivas e de tiragem limitada, feitas especialmente para o programa. A ação vai de encontro com o desejo da instituição em fomentar o colecionismo, incentivar a produção artística e apoiar as atividades do Instituto.

Os novos trabalhos de Mônica Ventura refletem a sua pesquisa por símbolos ancestrais. A artista conta que alguns desses símbolos existem em diferentes lugares, com as mesmas características, nos trazendo uma ideia de universalidade visual. Mônica Ventura criou 45 peças (15 de cada símbolo) feitas de taipa e latão em três cores – azul, marrom e preto –, e três símbolos diferentes: Profusão, Atalaia e Enlace. Valores: 1 múltiplo = R$7.500,00. 3 múltiplos = R$19.125,00 (desconto de 15%).

Mônica Ventura com a obra “A Noite Suspensa Ou O Que Posso Aprender Com O Silêncio” – Galeria Praça, Inhotim. Foto: Ícaro Moreno.

No Inhotim, a artista inaugurou em maio deste ano a obra comissionada “A noite suspensa ou o que posso aprender com o silêncio” (2023), no vão da Galeria Praça, um dos espaços mais visitados no museu. Neste trabalho, Mônica Ventura faz alusão a diferentes práticas religiosas de matrizes ancestrais, e o público é convidado a desvendar as camadas da instalação. Compõem a obra, ainda, telas em grande escala feitas de taipa, também com símbolos da ancestralidade.

Talk Despertar Para o Anoitecer: junturas e presenças

Ainda na programação da SP-Arte Rotas Brasileiras está previsto um talk com Mônica Ventura e Lucas Menezes, curador assistente do Inhotim. O bate-papo acontece no dia 1º de setembro, sexta-feira, a partir das 16h30, no lounge de Talks e Lançamentos. O tema do encontro visa discutir a experiência do comissionamento da obra de Mônica Ventura “A noite suspensa ou o que posso aprender com o silêncio”, no Inhotim, apresentando elementos do processo de concepção, mas também as etapas de produção e seus desdobramentos, entre eles, a nova série de múltiplos “O Despertar Para o Anoitecer”. Na sua prática artística, Mônica Ventura elegeu como central a questão da presença de corpos dissidentes e racializados em ambientes interditados a eles socialmente. Nesse processo, destacam-se dois exercícios contínuos: um que se dá a partir de uma apurada articulação entre objeto e espaço; outro que envolve o interesse por cosmovisões e cosmogonias, anteriores à violenta experiência colonial, mediante a relação que elas estabelecem com os elementos da natureza, a leitura que promovem dos mundos físico e espiritual, além das materialidades que produzem para evocar, induzir e provocar conexões entre eles.

O Programa Múltiplos Inhotim contribui diretamente para a sustentabilidade da instituição incentivando a produção artística contemporânea, já que os recursos arrecadados são destinados para a programação e manutenção do museu e jardim botânico. Os Múltiplos podem ser adquiridos pelo telefone (31) 97115-2751. Na SP-Arte Rotas Brasileiras, o estande do Instituto Inhotim está localizado próximo ao Restaurante Fome de Quê e do Lounge SP-Arte. A SP-Arte Rotas Brasileiras acontece de 30 agosto a 3 setembro 2023, na ARCA, em São Paulo.

Sobre Mônica Ventura

Mônica Ventura em produção. Foto: Carol Evangelista/Área de Serviço Inhotim.

Mônica Ventura nasceu em 1985 em São Paulo, onde vive e trabalha. Artista visual e designer com Bacharel em Desenho Industrial pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) – São Paulo. Mestranda em Poéticas Visuais (PPGAV) pela ECA-USP – São Paulo. Mônica Ventura atualmente pesquisa filosofias e processos construtivos de arquitetura e artesanato pré-coloniais (Continente Africano – Povos Ameríndios – Filosofia Védica). Suas obras falam sobre o feminino e a racialidade em narrativas que buscam compreender a complexidade psicossocial da mulher afrodescendente inserida em diferentes contextos. Mulher negra, entoa sua memória corporal friccionando-a em sua ancestralidade a partir de histórias de sua vida e pesquisas. Em suas obras há um interesse especial pela cosmologia e cosmogonia afro – ameríndia para além do uso dos seus objetos, símbolos e rituais. Entre as exposições nacionais e internacionais das quais participou, estão as individuais “A noite suspensa e o que posso aprender com o silêncio”, no Inhotim (2023), “O Sorriso de Acotirene”, no Centro Cultural São Paulo (2018), e as coletivas “Estratégias do Feminino”, no Farol Santander (Porto Alegre, 2019), “Histórias Feministas no MASP” (São Paulo, 2019), Repartimiento – Luto Tropical, na Galeria Pasto (Buenos Aires, 2019), “De ontem para Amanhã”, no Centro Cultural São Paulo (2020), “Enciclopédia Negra” (2021), na Pinacoteca do Estado de São Paulo, “Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os brasileiros”, no Instituto Moreira Sales (São Paulo, 2021) e Crônicas Cariocas, no MAR – Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro, 2021).

Informações técnicas das obras e significados dos símbolos pela artista

“Profusão” – da série “O Despertar Para o Anoitecer”

40 x 40 cm

Terra, cimento, areia, pigmento e latão

Os Akan ocupam uma grande parte da África Ocidental, incluindo partes de Gana e da Costa do Marfim. São muitos sub-grupos étnicos, como o Baule e o Asante (Ashanti), e tais grupos usavam a suástica Ashanti como símbolo da moeda, expressando poder, dinheiro, riqueza e integridade.

“Atalaia” – da série “O Despertar Para o Anoitecer”

40 x 40 cm

Terra, cimento, areia, pigmento e latão

Ashtánga Yantra é o símbolo de proteção. Suas origens remontam às culturas mais arcaicas da Índia e do planeta. Curiosamente, o mesmo símbolo é utilizado no Brasil em algumas linhas de Umbanda como símbolo dos guardiões. Usado para trazer proteção onde estão instaladas.

“Enlace” – da série “O Despertar Para o Anoitecer”

40 x 40 cm

Terra, cimento, areia, pigmento e latão

Adinkra constitui um código do conhecimento referente às crenças e à história do povo africano. A escrita de símbolos Adinkra reflete um sistema de valores humanos universais: família, integridade, tolerância, harmonia e determinação, entre outros. Essa imagem em específico traduz a união nas relações.

Serviço:

SP–Arte Rotas Brasileiras 2023

Data: 30 de agosto a 3 de setembro (quarta-feira a domingo)

Localização: ARCA – Av. Manuel Bandeira, 360. Vila Leopoldina, São Paulo, SP

Mapa da feira

Horários abertos ao público geral: 31 de agosto, das 14h às 19h; 1 e 2 de setembro, das 12h às 19h; 3 de setembro, das 11h às 18h

Valor: R$70 (inteira) e R$35 (meia-entrada). Ingressos aqui.

(Fonte: Instituto Inhotim)