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Lidia Lisbôa abre exposição “Mulher Esqueleto” dentro do projeto “Ofício: Fio” do SESC Pompeia

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: divulgação.

Vida e arte se entrelaçam nas propostas de Lidia Lisbôa, que tece casulos, úteros, cordões umbilicais e tetas na mostra “Mulher Esqueleto”, no SESC Pompeia, a partir de 29 de abril. Inédita, a exposição fica aberta até 30 de julho e integra o projeto “Ofício: Fio”, uma iniciativa que explora como espaço expositivo o Galpão das Oficinas de Criatividade do SESC Pompeia e que tem o propósito de apresentar e investigar diferentes práticas do fazer artístico.

Lidia Lisbôa trabalha com escultura, gravura, pintura, costura e crochê. Sua prática artística desenvolve-se na intersecção entre objeto de arte, performance e ritual. Cada passo dado na construção de sua poética aponta para um desdobramento na forma de ação performativa. A produção de peças têxteis em performances elabora o ato de tecer como prática e reflexão. O uso do tecido e materiais descartados constitui uma estrutura fundamental na eloquência de sua linguagem, que aborda presente e passado por meio de temáticas autobiográficas, territoriais e ancestrais. Este elo acaba por sublevar o trabalho da artista a um campo de ação política e social, à medida em que faz despontar uma perspectiva crítica de gênero. Sua expressividade manual é, assim, embebida de uma complexidade que se mostra tanto como poética sensível quanto um ato de resistência.

Foto: divulgação.

Em “Mulher Esqueleto”, a artista apresenta trabalhos de vários períodos, incluindo inéditos, e usa como fio condutor o capítulo de mesmo título da mostra que compõe o livro de Clarissa Pinkola Estés “Mulheres que correm com os lobos”. Na obra literária, uma figura amaldiçoada e deixada à própria sorte é pescada e acolhida por um pescador, deixando, nesse processo, de ser um punhado de ossos e se tornando mulher. No contexto do livro, é o amor que restitui a possibilidade de reintegração da personagem. Lídia Lisbôa, ao se aproximar da Mulher Esqueleto, reflete sobre a possibilidade de recompor a si mesma, estruturando no processo de recolhimento a reestruturação do self e não as relações. Lisbôa constrói um repertório de acolhimento primário e recolhimento contemplativo como ferramenta de cura. A vida-morte-vida de Estés, quando encontra o olhar e as mãos de Lidia Lisbôa, torna-se vida-arte-vida.

O grande destaque da mostra está na área têxtil. Mesmo em outras matérias, como cerâmica, fotografia e performance, a obra da artista traz, em todos os suportes, o processo têxtil ao trabalho, convidando o público a esse recolhimento reestruturante de carnes para que lembremos de não deixarmos morrer.

Sobre a artista

Lidia Lisbôa (1970) é artista visual, natural de Guaíra, Paraná. Vive e trabalha em São Paulo. Sua prática artística tem como eixo fundante a autobiografia e os atravessamentos cotidianos que são articulados atualmente principalmente por meio do desenho, escultura, crochê e performance. Dentre suas principais exposições individuais, destacam-se “Acordelados”, Galeria Millan, São Paulo, SP (2022) e “Memórias do Afeto”, Centro Cultural Santo Amaro, São Paulo, SP (2021). Integrou mostras coletivas tais como 37º Panorama da Arte Brasileira – ‘Sob as cinzas, brasa’, MAM, São Paulo, SP (2022); “Defeito de cor”, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro (2022); “Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros”, Instituto Moreira Salles, São Paulo, SP (2021); “Esperança”, Museu de Arte Sacra, São Paulo, SP (2021); “Substância da terra: o sertão”, Slag Gallery, New York, USA e Museu Nacional da República, Brasília, DF, Brazil (2021); 12ª Bienal do Mercosul – ‘Femininos: visualidades, ações e afetos’, Porto Alegre, RS (2020), entre outras.

Sobre o Projeto Ofício

Foto: Carllos Saad.

Para além de sua finalidade criativa, o ofício da arte é também processo, labuta e desenvolvimento. Compreende a dedicação à artesania e potencial construção de conhecimento, tendo a experimentação como elemento primordial. Tais vocações são constituintes do espaço material e conceitual das Oficinas de Criatividade do SESC Pompeia, cujo espaço corresponde a um efervescente lugar de encontro, onde mestres e alunos se reúnem e forjam trajetórias singulares. O complexo que abriga as exposições oferece cursos e oficinas em diferentes técnicas criativas, como gravura, cerâmica, artes têxteis, marcenaria e técnicas mistas. Há salas de atividades no primeiro andar para cursos teóricos. As obras acolhidas durante as edições do Projeto Ofício ficam expostas no espaço das oficinas, em um espaço expositivo não convencional. O projeto tem curadoria da equipe da unidade que, em conjunto com o artista convidado, faz a seleção das obras.

Serviço:

Projeto Ofício: Fio: Lidia Lisbôa – Mulher Esqueleto

Local: SESC Pompeia | Galpão das Oficinas de Criatividade

Período expositivo: 29 de abril a 30 de julho de 2023

Horário de funcionamento: terça a sexta, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h

Classificação indicativa: Livre

Entrada gratuita | sem estacionamento

SESC Pompeia

Endereço: Rua Clélia, 93 – Pompeia – São Paulo (SP)

Telefone: (11) 3871-770

SESCsp.org.br/pompeia

Transporte Público

Metro Barra Funda (2000m) | CTPM Água Branca (800m)

CTPM Barra Funda (2000m) | Terminal Lapa (2100m)

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(Fonte: SESC Pompeia)