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LaMínima estreia temporada de “A Divina Farsa” no Itaú Cultural

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Melissa Guimarães.

Em uma versão carregada de bom humor e atualidade, a LaMínima apresenta “A Divina Farsa”, de 1º a 26 de fevereiro de 2023, no Itaú Cultural – quarta a sábado às 20h; domingos e feriados às 19h. A temporada faz parte das comemorações pelos 25 anos da companhia de circo e teatro e inaugura a temporada 2023 de cênicas do Itaú Cultural.

A direção artística é de Sandra Corveloni, as ilustrações do programa de sala são da cartunista Laerte e os figurinos são de Christiane Galvan. No elenco, além do núcleo artístico fixo do grupo – Fernando Paz, Fernando Sampaio, Filipe Bregantim – estão Alexandre Roit, Mônica Augusto, Marina Esteves e Rebeca Jamir. A dramaturgia da peça é assinada por Newton Moreno, Alessandro Toller e LaMínima e a direção musical e música original, de Marcelo Pellegrini.

Como de costume na trajetória do LaMínima, “A Divina Farsa” mistura comicidade, música e teatro. O espetáculo atualiza os mitos gregos, com referências aos acontecimentos dos dias atuais, mostrando a importância da coletividade, fazendo menção à criação teatral e circense e da própria companhia, que comemorou 25 anos em 2022.

No novo espetáculo, Dionisio chega ao Olimpo para reivindicar a atenção de seu pai Zeus. Filho bastardo, encontra-se no Panteão com deusas e deuses no momento em que deliberam quem descerá à Terra para acudir a humanidade, mais uma vez à beira de uma crise. Apolo é escolhido e encaminhado para um circo mambembe, o território do deus do teatro. Com seus disfarces, Dionisio enreda a trupe em estratagemas para mostrar que conhece mais a natureza dos humanos do que seu meio-irmão Apolo.

Transitando entre o cômico e o poético, “A Divina Farsa” brinca o tempo todo com a ideia de que no circo cabe todo mundo, todo tipo de gente. E com a gangorra entre se pensar divino e se pensar humano, quem é deus e quem não é; afinal, o divino está em cada um.

Concepção

Um dos primeiros nomes dados à peça seria “Com Dionisio Não se Brinca”, evidenciando que com o deus do teatro não se brinca. Não à toa, os dois deuses vão parar no circo “Olimpo”, que encampa e acolhe todas as questões.

Enquanto Dionisio quer criar conflitos e alimentar o caos, surge a personagem Dandara, que carrega a novidade, a criança, a curiosidade, o questionamento, sem se deixar seduzir pelos encantos do deus. E no ‘embate’ entre essas duas divindades de origens tão diferentes, Dandara devolve para o circo a noção de questionar quem é aquele ser, desvenda a farsa, devolve para o coletivo e traz a sua herança. São outros valores, com muita poesia, dança, música e reflexão. Além do fato de reconhecer que a mitologia grega faz parte de tradição europeia, branca, colonialista.

Em seus 25 anos, a LaMínima vem criando espetáculos a partir de um tema ou de uma expressão original, seja ela romance, HQ, ópera ou texto teatral. A maioria dos espetáculos é fruto de pesquisas da companhia desenvolvidas em improvisações do elenco, na presença dos parceiros de criação.

A ideia do novo espetáculo surgiu em 2019 a partir de uma sinopse: “um espetáculo que pretende ser uma reunião de Deuses para discutir por que a humanidade deu errado…” a princípio direcionado para os deuses gregos. Em 2020, veio a pandemia, o isolamento social e os rumos tiveram que mudar. O circo passou para o virtual. E os relacionamentos humanos foram questionados.

Desse questionamento surgiu o 17º espetáculo da LaMínima, projeto contemplado pela 37ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura em parceria com Itaú Cultural.

Mitologia e Comicidade

“A Divina Farsa” sucede “Ordinários” (como espetáculo de sala). A peça anterior, que também estreou em 2018 no Itaú Cultural, tratava da guerra a partir da história de três soldados que, depois de uma longa e angustiante espera, enfim recebem uma missão. Ao avançar para o território inimigo, no entanto, percebem que escondem segredos uns dos outros e que são inadequados para a guerra. O que não deixa de ser emblemático, já que quando estreou, Bolsonaro tinha acabado de assumir.

Já “A Divina Farsa” trata da retomada da esperança e da vitória do coletivo, de sair de um mundo cheio de problemas, machucado, para a reconstrução. É uma peça mais leve, mais solar, mais humorada e mais coletiva no que diz respeito ao processo de construção do texto e da cena. Todos trazem provocações, fazendo da peça uma construção coletiva e conjunta.

A encenação procura, de um jeito muito bem humorado, tratar de algo sagrado – no caso os mitos gregos – fazendo um registro historiográfico, a partir de um conceito cênico.

No processo, a diretora e os dramaturgos mantiveram o aspecto crítico embutido na comicidade da LaMínima. Por isso, partiu-se da concepção apresentada pela companhia e foram feitos tratamentos, inserções, reescritas, colaborações e mudanças, trazendo diversas vozes – inclusive dos atores e atrizes que compõem a peça (e seus modos de pensar e de fazer arte).

E a LaMínima ganhou novas parceiras. Estão em cena três atrizes – Marina Esteves, Mônica Augusto e Rebeca Jamir – de origens e especialidades diferentes, que trazem outros pontos de vista, outras maneiras de fazer e outros contextos e experiências, enriquecendo o fazer teatral com números de dança, música e performance. A presença em cena das artistas traz mais feminilidade aos movimentos, menos luta, mais poesia, dança, show e festa.

Desenhando a ação

Em sala, será distribuído o programa da peça com ilustrações exclusivas feitas pela cartunista Laerte. A LaMínima possui uma parceria com a Laerte tanto em trabalhos de criação artística e estética de comunicação: “Luna Parke”, “Piratas do Tietê – o Filme” e “A Noite dos Palhaços Mudos”. Além das montagens, a cartunista foi responsável por traduzir em tirinhas e comunicação visual o espetáculo “Athletis”, de 2011 e a programação da mostra “LaMínima ao Máximo” do SESC Pompeia, em 2013.

Trajetória

A LaMínima nasceu no circo e se criou na rua. A base de sua pesquisa é o palhaço de picadeiro, que absorve as primeiras experiências dos palhaços da companhia. Ainda em 1997, fizeram as “rodas” realizadas em parques e praças da cidade de São Paulo e remuneradas “pelo chapéu”. A rua é onde a companhia reencontra suas origens e seu público.

Domingos Montagner e Fernando Sampaio conheceram-se no Circo Escola Picadeiro, em São Paulo, onde iniciaram a dupla de palhaços. Ali criaram e levaram às ruas reprises, entradas e outros números circenses desenvolvidos sob a orientação do Mestre Roger Avanzi, o Palhaço Picolino. Em 1997, criaram o Grupo LaMínima, com a estreia do espetáculo LaMínima Cia. de Ballet, baseado no humor físico e nas clássicas paródias acrobáticas. Desde então, foram dezenas de criações e milhares de apresentações.

No ano de 2016, a dupla de palhaços Agenor e Padoca não existiria mais. Domingos Montagner saiu de cena, mas o legado do LaMínima e a trajetória de seus espetáculos continuam.

“A Divina Farsa” fecha um ciclo de comemorações dos 25 anos do LaMínima. Entre as dezenas de ações, Oficinas de Formação; apresentações de espetáculos nas ruas e em diferentes lugares e formatos e a publicação inédita com ilustrações da Laerte “Especial 25 anos do La Mínima” (distribuída nas sessões). A programação completa está nas redes sociais da Companhia e no site www.laminima.com.br/.

Ao longo desses 25 anos, a LaMínima produziu 16 espetáculos, se apresentando em todo o país e conquistando diversos prêmios, como o Prêmio Shell de Teatro, APCA, Prêmio Governador do Estado para a Cultura. As obras são inspiradas em manifestações populares de comunicação e cultura que podem ser desde literatura clássica ou arte medieval, quadrinhos ou programas de rádio.

Serviço:

A Divina Farsa, com LaMínima

Sala Itaú Cultural (Piso Térreo)

Capacidade: 224 lugares

Itaú Cultural

Av. Paulista 149 – Bela Vista, São Paulo – SP

De 1 a 26 de fevereiro, de quarta-feira a domingo

Horário: quarta, quinta, sexta e sábado 20h e domingo e feriados 19h

Entrada gratuita

Reservas de ingressos na semana anterior às sessões por meio da plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

Essa temporada contará com acessibilidade em libras em todas as sessões.

Sinopse: Dionisio chega ao Olimpo para reivindicar a atenção de seu pai Zeus. Filho bastardo, encontra-se no Panteão com deusas e deuses no momento em que deliberam quem descerá à Terra para acudir a humanidade, mais uma vez à beira de uma crise. Apolo é escolhido e encaminhado para um circo mambembe, o território de Dionisio (deus do teatro) que, por meio de seus disfarces, enreda a trupe em estratagemas para mostrar que conhece mais a natureza dos humanos do que seu meio-irmão Apolo.

Ficha técnica

Concepção: LaMínima – Fernando Sampaio, Fernando Paz e Filipe Bregantim

Dramaturgia: Newton Moreno e Alessandro Toller

Direção artística: Sandra Corveloni

Direção musical e música original: Marcelo Pellegrini

Ilustrações: Laerte

Desenho de luz: Aline Santini

Cenografia: PalhAssada Ateliê

Figurino: Christiane Galvan

Visagismo: Carol Badra e Leopoldo Pacheco

Elenco: Marina Esteves, Mônica Augusto, Rebeca Jamir, Alexandre Roit, Fernando Paz, Fernando Sampaio, Filipe Bregantim

Artistas stand-in: Carol Badra, Christiane Galvan e Thomas Huszar

Assistência de direção: Lucas Nascimento

Programação visual: Sato do Brasil

Direção de produção: Luciana Lima

Produção executiva: Priscila Cha

Produção e administração: Chai Rodrigues

Assistência de produção: Vanessa Zanola.

(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)