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Instituto Inhotim abre duas novas exposições em novembro

Brumadinho, por Kleber Patricio

Maxwell Alexandre, sem título (da série Novo Poder), 2021, Coleção Instituto Inhotim. Foto: divulgação.

O Instituto Inhotim inaugura em 19 de novembro, sábado, as exposições “Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro”, na Galeria Lago, e “O Mundo é o Teatro do Homem”, na Galeria Fonte. As duas mostras, organizadas pela direção artística e a equipe curatorial de Inhotim, continuam a pesquisa iniciada pelo museu em 2021, em parceria com o Ipeafro, sobre a obra do artista, poeta, dramaturgo e ativista Abdias Nascimento.

Desta vez, as duas exibições partem conceitualmente do jornal “Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro”, editado pelo Teatro Experimental do Negro, que contou com 10 edições entre 1948 e 1950, e que serve como contexto e plataforma enunciativa para a organização das aquisições mais recentes feitas para o Instituto Inhotim.

A Galeria Fonte recebe “O Mundo é o Teatro do Homem”, com obras de Jonathas de Andrade e da dupla Barbara Wagner e Benjamin de Burca. A exposição se desenvolve ao redor da relação entre a prática teatral, formação artística e cidadã e ativismo social. O ponto de partida é o legado do Teatro Experimental do Negro (TEN), grupo fundado por Abdias Nascimento em 1944 e que se notabilizou por pautar o protagonismo negro e a denúncia do racismo nas suas ações. Ganha destaque também a aproximação do TEN com a prática do psicodrama, método teatral e terapêutico desenvolvido pelo médico romeno-austríaco Jacob Levy Moreno. Mediada por Alberto Guerreiro Ramos, essa aproximação foi documentada e discutida nas páginas do jornal Quilombo. Além disso, as trocas entre Abdias Nascimento e Augusto Boal e as práticas e conceitos que o último consolidou ao redor do Teatro do Oprimido (TO) são abordadas em diferentes dimensões. As obras, por sua vez, montadas em arenas situadas nas extremidades da galeria, apresentam uma forte conexão justamente com o TO. Cada uma à sua maneira, elas desdobram alguns dos principais conceitos e práticas construídos por Boal em novos formatos, adaptados às questões contemporâneas. Entre as obras, a seleção e articulação de documentos de naturezas diversas buscam revelar a importância do TEN na formação e na trajetória de Augusto Boal, adicionando novos elementos à genealogia do Teatro do Oprimido.

Panmela de Castro, Dalton Paula (Residência Jandira), 2021. Coleção Instituto Inhotim. Foto: Edouard Fraipont.

“Abdias certamente foi uma referência para Boal. Quando eles se conheceram, Boal tinha pouco mais de vinte anos e Abdias já havia construído uma reputação com o Teatro Experimental do Negro. O TEN foi um dos primeiros grupos a montar as peças de Boal, algumas delas escritas em sintonia com temáticas afro-religiosas, graças a recomendações e sugestões feitas pelo próprio Abdias”, comenta Lucas Menezes, curador assistente do Inhotim.

A exposição “Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro” também integra o programa de aberturas para novembro. Com título fazendo clara alusão ao jornal, a mostra propõe um resgate dos conceitos por trás da publicação. Dividida em cinco núcleos [1. Novo poder: reformulando uma vanguarda; 2. Vidas públicas; 3. Vida e aspirações do negro; 4. Elas Falam; e 5. Reescrita da história: construção e afirmação da identidade], a exibição estabelece um diálogo entre temas levantados por “Quilombo”, ligadas a questões de representação e identidade da figura do negro na sociedade da época, e estabelece diálogos com a produção recente de artistas brasileiros. Entre os 34 artistas e coletivos que integram a exposição figuram obras adquiridas para a coleção do Inhotim de Panmela Castro, Maxwell Alexandre, Mulambö, Antonio Obá, Wallace Pato, Desali, Paulo Nazareth, Kika Carvalho e Zéh Palito, entre outros. “Muito do que foi discutido pela publicação ‘Quilombo’ ainda é latente nos debates atuais sobre cultura e sociedade, com um olhar para os anseios da população negra da época, mas que reverbera nos dias de hoje. As obras dos mais de 30 artistas, algumas delas de aquisições recentes do Inhotim, tratam de temas que resgatam esses conceitos trazidos por ‘Quilombo’ e outras publicações da imprensa negra”, conta Deri Andrade, curador assistente do Inhotim.

Frame do filme “Fala da Terra”, 2022, Bárbara de Menezes e Benjamin de Burca.

Além de “Quilombo”, a exposição na Galeria Lago apresenta ampla documentação que destaca outras publicações da imprensa negra no Brasil, como O Menelick, O ‘Clarim d’Alvorada, a revista Ébano e a revista Raça.

As duas exposições acontecem paralelas a “Segundo Ato: Dramas para negros e prólogo para brancos”, que faz parte da mostra Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, realizada em parceria com o Ipeafro desde 2021. A exibição, aberta em maio de 2022 e que pode ser conferida pelo público até fevereiro de 2023, apresenta questões sobre o Teatro Experimental do Negro, representatividade e auto representação, que se desdobraram nas mostras a serem inauguradas em novembro.

INFORMAÇÕES GERAIS  

Inaugurações Inhotim – novembro 2022

Abertura: 19 de novembro de 2022, sábado, das 9h30h às 17h30

Encerramento: 16 de julho de 2023, domingo

“Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro” – Galeria Lago

Mostra coletiva integrada por: Aline Motta, Ana Elisa Gonçalves, Antonio Obá, Arjan Martins, Coletivo Nacional Trovoa, Desali, Elian Almeida, Erica Malunguinho, Eustáquio Neves, Gustavo Nazareno, Januário Garcia, Juliana dos Santos, Kika Carvalho, Larissa de Souza, Lita Cerqueira, Maxwell Alexandre, Moisés Patrício, Mulambö, No Martins, O Bastardo, Panmela Castro, Paulo Nazareth, Pedro Neves, Peter de Brito, Rafael Bqueer, Robinho Santana, Ros4 Luz, Rosana Paulino, Sidney Amaral, Silvana Mendes, Tiago Sant’Ana, Wallace Pato, Yhuri Cruz, Zéh Palito.

“O Mundo é o Teatro do Homem” – Galeria Fonte

Jonathas de Andrade, Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, seleções do acervo Augusto Boal, Acervo Ipeafro.

Funcionamento Inhotim

Horários de visitação: de quarta a sexta-feira, das 9h30 às 16h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30

Entrada R$50,00 inteira (meia-entrada válida para estudantes identificados, maiores de 60 anos e parceiros). Crianças de até cinco anos não pagam entrada.

Localização: O Inhotim está localizado no município de Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte (aproximadamente 1h15 de viagem). Acesso pelo km 500 da BR381 – sentido BH/SP. Também é possível chegar ao Inhotim também pela BR-040 (aproximadamente 1h30 de viagem). Acesso pela BR-040 – sentido BH/Rio, na altura da entrada para o Retiro do Chalé.

Opções de transporte regular:

Transfer | a Belvitur, agência oficial de turismo e eventos do Inhotim, oferece transporte aos sábados, domingos e feriados, partindo do hotel Holiday Inn Belo Horizonte Savassi (Rua Professor Moraes, 600, Funcionários, Belo Horizonte). É preciso comparecer 15 minutos antes para o procedimento de embarque e conferência do voucher.

Veja mais informações sobre o transfer clicando aqui.

Ônibus Saritur – saída da Rodoviária de Belo Horizonte de terça a domingo, às 8h15 e retorno às 16h30 durante a semana e 17h30 aos fins de semana e feriados. R$41,50 (ida) e R$37,15 (volta).

Loja

A loja do Inhotim, localizada na entrada do Instituto, oferece itens de decoração, utilitários, livros, brinquedos, peças de cerâmica, vasos, plantas e produtos da culinária típica regional, além da linha institucional do Parque. É possível adquirir os produtos também por meio da loja online.

(Fonte: Instituto Inhotim)