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Galeria Frente abre mostra “A realidade máxima das coisas”

São Paulo, por Kleber Patricio

Manabu Mabe – sem título. Foto: Luan Torres/Galeria Frente.

Dedicada à importante presença de artistas nipo-brasileiros e a mostrar suas diferentes criações frente às individuais percepções de cada um em contato com a nova cultura dos trópicos, a Galeria Frente apresenta a exposição “A realidade máxima das coisas” até 1º de junho. Com cerca de 70 obras, a mostra tem curadoria de Jacob Klintowitz e celebra a arte de onze artistas que deixaram o país do Sol Nascente e dedicaram suas vidas e suas criações nas artes no Brasil.

As diferentes nuances, traços, formas e tons impregnados nas obras de Jorge Mori, Flávio Shiró, Kazuo Wakabayashi, Manabu Mabe, Megumi Yuasa, Takashi Fukushima, Tikashi Fukushima, Tomie Ohtake, Tomoshige Kusuno, Yutaka Toyota e Tsugouharu Foujita que compõem o elenco da exposição retratam a forma como esses artistas dialogaram com o Novo Mundo. “De que maneira os artistas oriundos do Japão responderam ao desafio de um país solar como o Brasil?” questiona o curador ao pontuar que “a proposta foi a de uma arte de realidade máxima das coisas. Cada um na sua linguagem, nos seus símbolos, nas suas vivências, tornaram presente a presença da luz e da possível percepção. Vindos de uma tradição na qual a arte e a linguagem foram sensíveis, mas matizadas, eles produziram uma arte notável que pode ser definida como a realidade máxima das coisas, onde realizaram uma arte que contribuiu muito para o amadurecimento da arte brasileira”, explica Jacob.

Um dos destaques e em celebração ao seu centésimo aniversário – o artista faria 100 anos esse ano – Manabu Mabe (1924–1997) tem forte presença nessa mostra. Entre o total das 14 obras que serão exibidas na exposição, está um óleo sobre tela de 1994 que retrata uma aventura no espaço, uma intervenção no imaginário espacial e uma referência à sensibilidade humana. “Por vezes, quase sentimos o artista respirar. O seu delicado pincel percorre a tela como uma anotação do sentimento. Os elementos dialogam entre si, mas o diálogo maior se dá entre a respiração e o gesto, entre a criação e o sentimento”, detalha Klintowitz.

Assim como Mabe, Yutaka Toyota (1931) reflete sobre a energia e o espaço em seus trabalhos. Dele, o curador destaca a obra ‘Espaço Negativo’. “Nesta escultura, ele assinala vetores de energia, uma conversa com o invisível”. É um artista cuja sensível pesquisa do invisível, do espaço sideral e do que se sente dele produziu uma obra de grande percepção manifestada numa geometria sagrada. É um mestre silencioso, um visionário e um dos escultores mais importantes do país. Da peça de pequeno formato às peças de grande formato, nas palavras do curador, Toyota produziu um universo de formas totêmicas cuja essência é a relação sutil com o universo e a percepção humana. É um mestre do silêncio.

Única artista mulher da mostra e uma das artistas mais emblemáticas, Tomie Ohtake (1913–2015), tida como uma das grandes damas da arte brasileira, tem seis trabalhos selecionados para essa mostra, todos em pintura sobre tela. Destaque para uma tela de 1968 na qual nota-se a relação da forma e gestos em formas rigorosamente elaboradas empregadas pela artista, que explora suas espacialidades de modo preciso. Sua pintura sempre dignifica a sua linguagem já que a pintura, nesse contexto, é o único discurso possível.

E, não há como não citar a presença de T. Foujita, um artista japonês que esteve ‘temporariamente’ entre nós na década de 1930 e que se relacionou com fortes presenças da nossa cultura como Manuel Bandeira, Candido Portinari e Emiliano Di Cavalcanti. Foujita, que produziu ‘entre nós’, foi um viajante, um transgressor e, de tanta expressividade na Escola de Paris, é considerado um precursor ao representar para sua época, uma possibilidade de prazer e sonho. Um artista antológico, de grande domínio expressivo e senhor de uma técnica soberba, a obra “Nú deitado” é um precioso desenho cuja figura feminina é representativa do seu percurso. “A presença feminina percorreu todas as fases do artista. E ela é sempre significativa, pois sinaliza a sua capacidade de amar e a suavidade de sua concepção da realidade”, pontua Jacob.

Acacio Lisboa, à frente da galeria, enfatiza que é uma exposição que estimula a refletir sobre a cultura nipo-brasileira. “Essa mostra nos faz trazer à tona e homenagear legados estéticos de relevância, que tenham consistência histórica e um valor inestimável para a cultura artística Nacional e Internacional. Acreditamos que a difusão dessa exposição promove a atualização do debate, cria uma atmosfera de encontros e favorece novas discussões sobre a criação dos artistas, tão relevantes para nossa história”, finaliza.

A REALIDADE MÁXIMA DAS COISAS

Período expositivo: 16 de março a 1 de junho | Horário: 11 às 16h | de segunda a sexta das 10h às 18h – sábado das 10h às 14h – Fecha aos domingos e feriados

Galeria Frente

Rua Dr. Melo Alves, 400 – Cerqueira César, São Paulo – SP

(11) 3064-7575.

(Fonte: Ju Vilela Assessoria de Imprensa)