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Favela Brass ensina música gratuita para mais de 250 jovens de periferias cariocas

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Foto: Felipe Bezerra.

Tom Ashe, idealizador do Favela Brass, chegou ao Brasil em 2008 e, ao longo de vários anos,  percebeu um problema social, onde crianças de famílias mais pobres, especialmente aquelas vivendo em favelas cariocas, não tinham a oportunidade para aprender instrumentos de sopro devido à falta de acesso e ao preço dos instrumentos. Foi então que, em 2014, decidiu se mudar para comunidade Pereira da Silva, no Rio de Janeiro, e começou a ensinar crianças e jovens moradores locais em sua própria residência.

O grupo começou com apenas quatro crianças tendo aulas três vezes por semana e em 2016 já tinha mais de 30 alunos. Durante este trajeto, Tom se juntou ao mestre percussionista Mangueirinha São Vicente, da escola de samba Vila Isabel, ao trompetista americano Joe Epstein e muitos outros professores voluntários brasileiros e internacionais.

Para conseguir manter o projeto, Ashe começou a produzir e vender comida indiana em sua residência uma vez por semana e recebeu também doação de instrumentos dos conterrâneos e músicos ingleses para alavancar o seu sonho de conseguir introduzir o ensino musical de sopro nas comunidades cariocas.

Foto: Felipe Bezerra.

Hoje, o projeto sobrevive e cresce com ajuda de trabalho voluntário, auxílio da Lei Rouanet, doações online, patrocínio e outras atividades para angariar fundos. O Favela Brass atende adolescentes entre 8 e 18 anos, com cerca de 220 alunos em 6 escolas públicas cariocas, por meio de um projeto-piloto autorizado pela Secretária Municipal de Educação do Rio de Janeiro e 40 alunos moradores das comunidades de Pereira da Silva, Fogueteiro, Fallet e Morro dos Prazeres em sua residência.

Tom Ashe diz que “o suporte e ajuda foram fundamentais para que o ensino musical chegasse a mais pessoas. O número de voluntários não era o suficiente atender o número de estudantes esperado; com a ajuda que recebemos, hoje contamos com professores contratados, conseguimos comprar os instrumentos necessários e já chegamos a várias escolas públicas. Alguns de nossos alunos já se tornaram professores e outros só aprenderam a ler após aprender a tocar; é muito lindo ver esta transformação acontecer”.

Os alunos durante as aulas aprendem a tocar instrumentos de sopro e percussão com um repertório típico das fanfarras e blocos de rua – de sambas e marchinhas ao funk carioca – e a ler partitura. Além da música tradicional brasileira, as crianças do Favela Brass são regularmente expostas ao jazz e à música improvisada, principalmente o estilo de segunda linha tocado por bandas de metais em Nova Orleans.

Foto: Paula Dutra.

O Favela Brass realiza oficinas na comunidade Pereira da Silva, em Laranjeiras, no Aterro do Flamengo e apresentações públicas com os alunos ao longo do ano. O projeto tem uma banda composta por 10 músicos, que se apresentam na comunidade Pereira da Silva e também como convidados em alguns bares do Rio, espaços públicos e festivais de Jazz. Marcos Henrique, ex-aluno e hoje professor do projeto, conta que seu maior desejo, e também de todo o grupo, é fazer mais apresentações pelo Rio de Janeiro, pelo Brasil e, quem sabe, até no exterior.

A aluna do projeto Maria Rita acrescenta: “temos várias versões de músicas brasileiras de famosos, já compartilhamos alguns vídeos em nossa rede social e alguns até nos responderam e replicaram o vídeo; já recebemos também a visita vários artistas locais e internacionais. É muito gratificante ser reconhecido pelo nosso trabalho e esforço. Torcemos para que mais artistas consagrados nos vejam e, quem sabe, até nos convide para abrir um show, e que mais espaços se abram para fazermos o que mais gostamos – tocar”.

A sede do projeto fica localizada Rua Almirante Alexandrino, 2023, no bairro Santa Teresa, Rio de Janeiro, onde a banda e grupo Favela Brass se apresentam todas as primeiras segundas-feiras de cada mês gratuitamente.

Sobre o Favela Brass | Projeto criado para promover a inclusão cultural e transformação social, por um programa gratuito de educação musical. Voltado para crianças e adolescentes moradores de comunidades carentes e de escolas públicas do Rio de Janeiro, com acesso ao aprendizado de instrumentos de sopro e percussão, contribuindo com a cultura musical popular da cidade.

(Fonte: Sherlock Communications)