Notícias sobre arte, cultura, turismo, gastronomia, lazer e sustentabilidade

Exposição no MAM São Paulo reflete sobre o que é elementar na relação com o outro

São Paulo, por Kleber Patricio

Pedro Motta – “Treme Terra”, 2008. Foto: Pedro Motta.

O Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta de 15 de junho a 13 de agosto, na Sala Milú Villela, a exposição “Elementar: Fazer Junto”, uma coletiva que propõe reflexões acerca do que é essencial para se estabelecer uma relação com o outro.  A mostra tem curadoria de Valquíria Prates, curadora convidada,  Mirela Estelles, coordenadora do educativo do museu, e  Cauê Alves, curador-chefe do MAM, e traz ao público a intersecção entre os acervos artístico e educativo do museu. Com patrocínio da Unipar e da EMS, são apresentadas mais de 70 obras modernas e contemporâneas do acervo do MAM e experiências poéticas realizadas pelo educativo. A exposição convida o  público a pensar nas barreiras a serem rompidas para se realizar coisas em comunhão, sejam elas sociais, culturais, políticas ou geográficas, dentre outras, em um exercício para se refletir questões como a alteridade e a liberdade.

“A exposição aborda questões essenciais para a arte e que estão ligadas à identidade do MAM, como a participação de diversos públicos e o convite para que tenham experiências significativas. Assim, o MAM São Paulo contribui para a aproximação entre curadoria e educação ao mesmo tempo em que promove a arte moderna e contemporânea brasileira. Certamente este é mais um passo na realização de algumas das diretrizes estratégicas do museu: a de ser uma instituição democrática, plural e afetuosa”, comenta Elizabeth Machado de Oliveira, presidente do MAM São Paulo, no texto de apresentação do catálogo da exposição.

German Lorca – “Ibirapuera”, 1998. Foto: Romulo Fialdini.

Considerando a ideia daquilo que é “elementar”, a curadoria partiu dos quatro elementos básicos da natureza para selecionar as obras presentes na exposição. Desta forma, o mergulho na coleção do MAM traz peças que dialogam em diferentes suportes, da pintura à intervenção, com a água, o fogo, a terra e o ar, seja em sua materialidade ou de maneira simbólica.

“No museu, elementar é ‘fazer junto’. Também é a possibilidade de instaurar situações e modos de se relacionar com os acervos e os diferentes públicos em vivências e experiências. Envolve o artístico e os saberes que a arte movimenta e coloca em contato todos que disponibilizam sua atenção, presença e abertura à conexão geradora de sentidos. Tal como elaborou Richard Sennett, trabalhar em cooperação pressupõe disposição e receptividade. A expografia da mostra contempla experiências poéticas e um Espaço de Fazer Junto, além de proposições realizadas com artistas e educadores”, explicam os curadores no texto da exposição.

“Elementar: Fazer Junto” é composta por obras de Anna Bella Geiger, Artur Lescher, Caio Reisewitz, Claudia Andujar, Chelpa Ferro – coletivo fundado pelos artistas Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler –, coletivo OPAVIVARÁ, Dora Longo Bahia, Edouard Fraipont & Cildo Meireles, Fausto Chermont, Frans Krajcberg, Franz Weissmann, German Lorca, Jac Leirner, Jarbas Lopes, José Leonilson, Julia Amaral, Laura Vinci, Leda Catunda, Lia Menna Barreto, Luiz Braga, Mabe Bethônico, Marcia Xavier, Marcius Galan, Marcos Piffer, Marcelo Cidade, Marcelo Nitsche, Marcelo Moscheta, Marcelo Zocchio, Maureen Bisilliat, Motta & Lima, Nelson Leirner, Paulo Bruscky, Pedro Motta, Pedro David, Regina Silveira, Rodrigo Andrade, Rodrigo Bueno, Rodrigo Braga, Rodrigo Matheus, Sandra Cinto, Sara Ramo, Shirley Paes Leme, Tarsila do Amaral, Tatiana Blass, Tadeu Jungle, Thomas Farkas e Vulcânica Pokaropa.

Arthur Lescher – “O Rio”, 2006. Foto: Marcelo Arruda.

A expografia criada pelo arquiteto Tiago Guimarães convida o visitante a participar e traz para o espaço da mostra um mobiliário adaptado para diversas experiências artísticas e educativas.  Trata-se do “Fazer Junto”, um espaço que será construído no centro da mostra e ativado com diversas atividades, toda quarta-feira às 16h. A proposta consiste em um ateliê onde acontecem dinâmicas, falas de artistas, oficinas e outras proposições que o MAM Educativo intitula “experiências poéticas”.

Além da programação no espaço Fazer Junto, outras atividades na agenda educativa do museu ao estarão vinculadas à mostra. O público pode acompanhar a programação completa por meio do site do museu. Em algumas delas, o MAM Educativo contará com uma parceria com a Secretária Municipal de Educação, que trará professores para participarem das atividades, produzindo material audiovisual sobre suas experiências para ser difundido na rede pública posteriormente.

A linguagem gráfica criada pela artista e designer Vânia Medeiros se integra ao local expositivo a partir de uma identidade visual em que as palavras se organizam em curvas, insinuando movimentos fluidos e cores que trazem a memória de canetas marca-texto usadas para destacar palavras e frases, como informa a apresentação da mostra.

Mabe Bethônico – “Paisagem”, 2002. Foto: Edouard Fraipont.

Vânia também produziu ilustrações para o catálogo da exposição a fim de representar as experiências poéticas comentadas na publicação, que estará disponível na abertura da exposição e está dividida em duas partes. A introdução do catálogo conta com textos de Elizabeth Machado, presidente do MAM, e dos curadores. Na primeira parte da publicação, são apresentados os núcleos, com imagens de obras representativas de cada um deles, acompanhadas de citações de autores que ajudam a pensar os temas evocados nesses segmentos, como Ailton Krenak, Marilena Chauí, bell hooks, Bruno Latour, Maria Lind, Roland Barthes, Leda Maria Martins, Humberto Maturana, Luiz Antônio Simas, Jacques Rancière e Paulo Freire, dentre outros. A segunda parte, intitulada “Para ler junto”, é composta de ensaios assinados por Cristine Takuá, Paul B. Preciado, Fátima Freire, Antônio Bispo dos Santos e Gandhy Piorski, sucedidos da lista de obras completa da exposição.

Núcleos e elementos

A exposição é estruturada em seis núcleos que são articulados de modo fluído; ou seja, sem formar eixos rígidos, já que várias peças poderiam fazer parte de mais de uma seleção. Para guiar o visitante, o MAM Educativo criou listas de palavras mediadoras para o acesso a cada espaço, anunciadas no catálogo como pistas em mapas para conhecer as obras. Cada núcleo contará com televisões que mostrarão registros de experiências poéticas, proposições realizadas pelo educativo do museu. No catálogo e na exposição, também ficam disponíveis QR codes para acessar esses registros, disponíveis em texto e gravadas em vídeo.

No primeiro núcleo, “Narrativas: fluxos, conexões, transformação”, as pinturas de Leda Catunda dialogam com obras de paisagens em outros formatos, como em “Delta Del Tigre – Naufrágio”, de Tatiana Blass. O espaço também traz trabalhos arrojados, como “Bolha Vermelha”, de Marcelo Nitsche, um experimento que parte de um eletroduto de polietileno movido por um motor exaustor industrial. A fotografia está presente em “Elementar: Fazer Junto” com obras como a série Caranguejeira, de Maureen Bisilliat, e os retratos do Parque Ibirapuera feitos por German Lorca, presentes nos núcleos dois e três, “Redes de comunicação: comunhão, resistência” e “Território: ambiente, contextos”, respectivamente.

Chelpa Ferro – “Totó treme terra”, 2006. Foto: Renato Parada.

A ação humana pode ser vista com ênfase nos trabalhos demarcados no núcleo quatro, “Rastros, Registros e Tempo”, das nuvens de fumaça da gravadora mineira Shirley Paes Leme ao flagrante urbano de um bueiro feito por Thomaz Farkas na década de 1940.  A relação com o meio-ambiente está presente em muitos dos trabalhos, como em “Folhas Avulsas #3”, de Laura Vinci, feito em folha de ouro e latão, e o relevo de uma folha em papel na obra Sem título (1981), de Frans Krajcberg, que se encontram no quinto núcleo, ‘Transmutação: trocas e mudança’.

O sexto núcleo, “Jogos: regras, modos intencionais de tomar parte”, reúne trabalhos de artistas que convidam o público a se aproximar das peças. O visitante encontra obras interativas como “Totó Treme Terra”, do Chelpa Ferro, coletivo multimídia fundado em 1995, no Rio de Janeiro, que investiga os caminhos da arte sonora contemporânea. Neste núcleo, também estará a obra “Expediente: primeira proposta para o XXXI Salão Oficial de Arte do Museu do Estado de Pernambuco”, de Paulo Bruscky, que será ativada por colaboradores do MAM ao longo da exposição, que usarão a proposição do artista como local de trabalho. Neste núcleo, está inclusa a experiência poética MAM no Minecraft, na qual dois computadores serão dispostos na sala para que o público acesse e divirta-se com o jogo lançado em 2021, que projeta todo o universo da instituição no ambiente virtual.

Ao longo de seus 75 anos, o MAM São Paulo tem investido na formação de educadores, na cooperação com o setor pedagógico e no desenvolvimento e implementação de medidas de acessibilidade, sendo reconhecido nacionalmente por seus esforços neste núcleo.

Sobre o MAM São Paulo

Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.

Rodrigo Braga – “Comunhão I”, 2006. Foto: Terraverde.

O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.

Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx e Haruyoshi Ono para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.

Serviço:

“Elementar: fazer Junto” [coletiva com Anna Bella Geiger,  Artur Lescher, Caio Reisewitz, Claudia Andujar, Chelpa Ferro – coletivo fundado pelos artistas Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler -, coletivo OPAVIVARÁ, Dora Longo Bahia, Edouard Fraipont & Cildo Meireles, Fausto Chermont, Frans Krajcberg, Franz Weissmann, German Lorca, Jac Leirner, Jarbas Lopes, José Leonilson, Julia Amaral, Laura Vinci, Leda Catunda, Lia Menna Barreto, Luiz Braga, Mabe Bethônico, Marcia Xavier, Marcius Galan, Marcos Piffer, Marcelo Cidade, Marcelo Nitsche, Marcelo Moscheta, Marcelo Zocchio, Maureen Bisilliat, Motta & Lima, Nelson Leirner, Paulo Bruscky, Pedro Motta, Pedro David, Regina Silveira, Rodrigo Andrade, Rodrigo Bueno, Rodrigo Braga, Rodrigo Matheus, Sandra Cinto, Sara Ramo, Shirley Paes Leme, Tarsila do Amaral, Tatiana Blass, Tadeu Jungle, Thomas Farkas e Vulcânica Pokaropa]

Abertura: 15 de junho, quinta-feira, 19h

Período expositivo: 15 de junho de 2023 a 13 de agosto de 2023

Curadoria: Cauê Alves, Mirela Estelles e Valquíria Prates

Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo, Sala Milú Villela

Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3)

Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)

Ingressos: R$25,00 inteira e R$12,50 meia-entrada. Aos domingos, a entrada é gratuita e o visitante pode contribuir com o valor que quiser.

*Meia-entrada para estudantes, com identificação, jovens de baixa renda e idosos (+60). Gratuidade para crianças menores de 10 anos, pessoas com deficiência e acompanhante, professores e diretores da rede pública estadual e municipal de São Paulo com identificação, sócios e alunos do MAM, funcionários das empresas parceiras e museus, membros do ICOM, AICA e ABCA com identificação, funcionários da SPTuris e funcionários da Secretaria Municipal de Cultura.

Telefone: (11) 5085-1300

Acesso para pessoas com deficiência

Restaurante/café

Ar-condicionado

Mais informações:

www.mam.org.br

www.instagram.com/mamsaopaulo/

https://www.facebook.com/mamsaopaulo/

www.youtube.com/@mamsaopaulo/

https://twitter.com/mamsaopaulo.

(Fonte: A4&Holofote Comunicação)