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Com grande nomes da música brasileira, Festival Etapa completa 10 anos em agosto

Valinhos, por Kleber Patricio

Jaques Morelenbaum. Crédito da foto: Roberto Cifarelli.

Jaques Morelenbaum. Crédito da foto: Roberto Cifarelli.

O Festival Etapa de Música de Arte faz sua edição comemorativa, em dois fins de semana, de 19 a 28 de agosto, com nomes de ponta da cultura brasileira. Quem abre a décima edição, na sexta-feira (19) é o crítico musical Carlos Calado, que apresentará um panorama da música instrumental brasileira. Ainda na primeira noite, o maestro, pianista e arranjador Nelson Ayres sobe ao palco com sua Big Band, formada por 16 músicos, para interpretar um repertório exclusivamente instrumental mesclando jazz e ritmos brasileiros. No sábado (20), Paula Morelenbaum, uma das melhores cantoras do Brasil e o violoncelista, arranjador e compositor Jaques Morelenbaum revisitam repertório voltado às composições de Tom Jobim, João Donato, Chico Buarque, Toquinho e Vinícius de Moraes, Baden Powell e Jorge Benjor com o Cello Samba Trio. Para fechar a primeira semana de Festival, no domingo (21), show com o multi-instrumentista Egberto Gismonti, que irá mostrar a pluralidade rítmica e sonora nos violões e piano.

Seguindo a mesma linha festiva, o Etapa Música de Arte começa sua segunda semana de apresentações com a voz e violão de João Bosco na sexta, 26. No sábado, (27) a noite é de bossa nova, com o autor de clássicos da MPB, Carlos Lyra. A décima edição se encerra com um encontro de virtuoses no palco do teatro Etapa: Duofel, Carlos Malta e Robertinho Silva farão uma autêntica jam session.

“Foram mais de 60 apresentações nestes 10 anos de Festival. Uma experiência fantástica de convivência com todos os envolvidos neste evento e muito gratificante no que diz respeito ao retorno que recebo do público. O Etapa Música de Arte vem conquistando reconhecimento nacional. Temos muito o que comemorar”, enaltece Luiz Amaro, curador do Festival.

Os ingressos já estão à venda, com renda integralmente revertida para a Orquestra Filarmônica de Valinhos.

Desde 2007, passaram pelo palco do teatro Etapa Valinhos nomes como Hélio Delmiro, Roberto Sion, Moderna Tradição, SoundScape Big Band, Camerata Fukuda, Banda Mantiqueira, Pau Brasil,  Hector Costita e Joseval Paes, Paulo Moura, Zimbo Trio, Raul de Souza e trio, Victor Biglione , Duo Carrasqueira, Quinteto Vento em Madeira, Badi Assad, Wagner Tiso, Ricardo Herz, Danilo Brito Quinteto, Roberto Menescal,  Wanda Sá, Ulisses Rocha, Trio Curupira, Arismar do Espírito Santo, Chico Pinheiro, Eumir Deoadato, Claudio Roditi , Nailor Proveta, Laércio de Freitas, Mauro Senise, Rildo Hora, o maestro João Carlos Martins, Romero Lubambo, Cristovão Bastos, Osmar Milito, Ithamara Koorax, Hermeto Pascoal, João Donato, Marco Pereira & Toninho Ferragutti, Rosa Passos, Villa-Lobos Superstar, Trio Corrente, Swami Jr., Hamilton de Holanda, Danilo Caymmi, Túlio Mourão, Marcel Powell, Paulo Lepetit, Zeca Baleiro e Antonio Adolfo.

O elenco

Crédito da foto: Katia Medaglia.

Crédito da foto: Katia Medaglia.

Carlos Calado

Jornalista, editor e crítico musical, escreve sobre festivais, shows e discos. Desde os anos 1980 acompanha profissionalmente a produção fonográfica brasileira e eventos musicais em diversos países. Ministra palestras sobre música e dirigiu projetos musicais para o SESC SP.Escreveu diversos volumes das coleções Soul & Blues (2015), O Melhor de Elis Regina (2014), Tributo a Tom Jobim (2013), Grandes Vozes (2012), Raízes da Música Popular Brasileira (2010) e Clássicos do Jazz (2007-2008), séries de livros-CDs que editou para a Folha de São Paulo. É autor dos livros Tropicália: a História de Uma Revolução Musical (1997), A Divina Comédia dos Mutantes (1995), O Jazz como Espetáculo (1990) e Jazz ao Vivo (1989). Atualmente colabora com os jornais Folha de S. Paulo e Valor. Carlos Calado fará a abertura do Festival apresentando a Música Instrumental Brasileira.

Foto: divulgação.

Foto: divulgação.

Nelson Ayres Big Band

Em 1973, a cena musical da cidade de São Paulo foi surpreendida pelo aparecimento de uma orquestra muito diferente de tudo o que existia na época. Na contramão das grandes orquestras de baile lideradas por Silvio Mazzuca, Luiz Arruda Paes, Erlon Chaves e outros maestros, essa orquestra não tocava para dançar, não tinha cantores e apresentava um repertório exclusivamente instrumental, mesclando jazz e música brasileira. A Big Band de Nelson Ayres se apresentou todas as segundas-feiras durante oito anos, abrindo o caminho para muitas outras que seguiram seus passos, como a Mantiqueira, a SoundScape e as bandas que hoje fazem parte do Movimento Elefantes.

Para alguns jovens músicos que estavam sempre presentes em meio ao público que lotava o Opus 2004 e o Teatro Augusta, a Big Band foi um estímulo a mais para abraçar a carreira musical. E é por sugestão deles que a Big Band de Nelson Ayres faz agora um revival dessa época memorável. São 16 grandes solistas num encontro de várias gerações: músicos que fizeram parte da Big Band original, músicos que assistiam às apresentações e grandes talentos que sequer haviam nascido na época. Todos unidos pela mesma paixão de fazer música juntos, revivendo um repertório exuberante e bem humorado. A batuta é a do grande maestro Nelson Ayres, também pianista e compositor, amplamente reconhecido como uma das personalidades mais importantes da música instrumental brasileira contemporânea.

Crédito da foto: Paulo Fiori.

Crédito da foto: Paulo Fiori.

Paula Morelenbaum & Jaques Morelenbaum e Cello Samba Trio

Paula Morelenbaum, uma das melhores cantoras do Brasil e o violoncelista, arranjador, produtor e compositor Jaques Morelenbaum são artistas de extensas carreiras, amplamente reconhecidas nacional e internacionalmente. Participaram por 10 anos da brilhante Nova Banda de Tom Jobim e nela tiveram a rica experiência do convívio com o grande maestro, assim como participação em inúmeras gravações e shows pelo país e pelo mundo. Após o fim da banda, Paula e Jaques continuaram a explorar o repertório clássico de Jobim, bem como os de outros mestres da Bossa Nova, o que resultou em belos trabalhos, recebidos com entusiasmo por público e crítica. Entre as inúmeras performances que Paula e Jaques fizeram com grande sucesso, destacam-se a homenagem a Tom Jobim no Carnegie Hall em Nova York e inúmeros concertos em Israel, Itália, França, México, Alemanha, Portugal e Japão. Para apresentar o estupendo repertório, que inclui composições de Jobim, João Donato, Chico Buarque, Toquinho e Vinícius de Moraes, Baden Powell e Jorge Benjor, Paula e Jaques terão a companhia de dois dos mais talentosos instrumentistas da música brasileira atual: Gabriel Improta no violão e Rafael Barata na bateria.

Crédito da foto: Ziga Koritnik.

Crédito da foto: Ziga Koritnik.

Egberto Gismonti

O multi-instrumentista, compositor e arranjador Egberto Gismonti nasceu na cidade do Carmo, no estado do Rio, em dezembro de 1947. Começou a estudar música aos seis anos de idade. Durante sua infância e adolescência, dedicou-se, no conservatório, à flauta, clarinete, violão e piano. Em 1968, participou de um festival da TV Globo com a canção O Sonho, que atraiu a atenção do público e elogios da crítica. Partiu neste mesmo ano para a França, como músico e arranjador convidado pela atriz e cantora Marie Laforêt. Lá, estudou música dodecafônica com Jean Barraqué e análise musical com NadiaBoulanger. Em 1969, lançou seu primeiro disco, Egberto Gismonti, com forte influência da Bossa Nova. O álbum, hoje cult, acabaria sendo uma de suas obras mais “acessíveis”, dado que a partir dos anos 1970 Gismonti se dedicaria a pesquisas e experimentações com estruturas complexas e instrumentos inusitados, voltando-se quase exclusivamente para a música instrumental. Gismonti explorou diversos caminhos musicais, sempre refletindo o seu interesse pessoal: o choro o levou a estudar o violão de oito cordas e a flauta; a curiosidade com a tecnologia e a influência da música europeia o levaram aos sintetizadores e a curiosidade com o folclore e as raízes do Brasil o levaram a estudar a música indígena, chegando mesmo a morar por um breve período com índios yawaiapiti no Alto Xingu. Foram anos de experimentação com diferentes possibilidades de afinação em busca de novas sonoridades. O primeiro trabalho de Gismonti pelo selo alemão ECM, Dança das Cabeças, em dueto com o percussionista Naná Vasconcelos, foi premiado como “Álbum do Ano” em 1977. Dentre os nomes com quem dividiu sua carreira, estão o norueguês Jan Garbarek (saxofone), Collin Walcott (percussão), Ralph Towner (guitarra), Charlie Haden (baixo), Mauro Senise (saxofone e flautas), Zeca Assumpção (baixo), Nenê (bateria e percussão), Johny Alf, Marlui Miranda, André Geraissati, Jaques Morelenbaum e Hermeto Paschoal. A carreira de Gismonti prosseguiu sólida, vindo a gravar cerca de 60 discos, 30 trilhas para balés, 22 trilhas para cinema e 11 para séries de TV. Nesta 10ª edição do Festival Etapa, Egberto fará uma apresentação solo, tocando piano e violões.

Foto: divulgação.

Foto: divulgação.

João Bosco

Incentivado pela família mineira, repleta de músicos, João Bosco começa a tocar violão aos 12 anos. Anos mais tarde, em Ouro Preto onde cursava a faculdade de engenharia metalúrgica, sem abandonar os estudos, dedica-se à música, atraído principalmente pelo jazz, bossa nova e tropicalismo.

Um de seus primeiros parceiros foi Vinicius de Moraes, que o encorajou a ir para o Rio de Janeiro. Algumas músicas da dupla são Rosa dos Ventos, Samba do Pouso e O Mergulhador. Em 1971, conhece o letrista Aldir Blanc, com quem faria uma série de geniais parcerias (Bala com Bala, De Frente pro Crime, Kid Cavaquinho, Caça à Raposa, Falso Brilhante, O Rancho da Goiabada).

Ao terminar a faculdade, muda-se para o Rio de Janeiro, onde grava sua primeira música, Agnus Sei (parceria com Aldir Blanc) no lado B do Disco de Bolso lançado por O Pasquim que lançava Águas de Março, de Tom Jobim. Suas parcerias com Aldir Blanc se tornam clássicos atemporais na voz de Elis Regina, como Mestre-sala dos Mares, Dois pra Lá, Dois pra Cá e O Bêbado e a Equilibrista.

Na década de 70, lança discos solos que o destacam como violonista virtuose, elogiado por ases como o inglês John McLaughin. Nos anos 80 e 90, depois de encerrar sua parceria com Aldir Blanc, passa a atuar mais frequentemente como cantor e encontra outros parceiros, como Capinam (Papel Machê, outro grande sucesso), Waly Salomão e Antônio Cícero (Holofotes), além do filho poeta, Francisco Bosco, com quem compôs as faixas do disco As Mil e Uma Aldeias. Em 1998 compôs a trilha para o balé Benguelê, do Grupo Corpo, apresentado no Rio, São Paulo, Belo Horizonte e em festivais internacionais. Depois de um intervalo de quase cinco anos, João Bosco lança, em 2003, o inédito Malabaristas do sinal vermelho. No álbum, o artista provou ser capaz de atualizar a temática social, sempre presente em sua obra, sem esquecer seu jeito de fazer música. Este trabalho, outra parceria com o filho Francisco Bosco, foi bem acolhido pela crítica e até recebeu uma indicação ao Grammy de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.

Foto: divulgação.

Foto: divulgação.

Carlos Lyra

Um dos precursores da Bossa Nova ao lado de Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Edu Lobo e Nara Leão, seus colegas de juventude, Carlos Lyra cantava e tocava violão em festinhas e na casa de amigos, até que por volta de 1954 começou a participar de festivais e concursos com composições próprias. Em 1955, a cantora Silvia Teles gravou Menina pela Odeon, mas a carreira de Carlos Lyra deslanchou mesmo a partir de 1959, quando João Gilberto gravou o disco Chega de Saudade, que incluiu três de suas composições, Maria Ninguém, Lobo Bobo e Saudade Fez um Samba, as duas últimas em parceria com Bôscoli. No mesmo ano, gravou seu primeiro disco solo pela Philips e no decorrer dos anos 1960 lançou outros discos, musicou filmes e peças, incluindo o musical Pobre Menina Rica, com Vinicius de Moraes, que mais tarde, lançado em disco teve sucessos como Minha Namorada e Primavera. Em 1962, participou do famoso Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall, em Nova York. Autor de Influência do Jazz, Lyra promoveu também a aproximação da bossa nova com os sambistas de morro e compôs em parceria com Zé Kéti o Samba da Legalidade. Neste show Eu & a Bossa, Lyra traz ao palco do Teatro Etapa toda a bagagem de 60 anos de carreira, relembrando suas histórias e cantando seus belos clássicos.

Foto: divulgação.

Foto: divulgação.

Duofel, Carlos Malta & Robertinho Silva

Na esteira de uma tendência já bastante consagrada no universo do jazz – a dos grandes encontros – os violonistas Fernando Melo e Luiz Bueno do Duofel se unem ao mago dos sopros Carlos Malta e ao lendário percussionista Robertinho Silva para um show memorável. “Vi o Duofel nascer e crescer. Eles abriram vários shows do Hermeto Pascoal, grupo do qual eu fazia parte nos anos 80 e 90. Como eu ficava na coxia, não conseguia ver, mas escutava o show deles e ficava intrigado com a quantidade e a qualidade dos sons que eles tiravam. Parecia que era muito mais gente tocando. Os arranjos também sempre criativos exploravam muito bem as dinâmicas do fino repertório e ao final do set o público vinha ao delírio. Ali desejei um dia estar com eles, juntando meus sopros às cordas deles, somando nossas linguagens, sotaques e timbres. Que bom que este dia chegou!” (Carlos Malta)

De maneira diferente, mas com o mesmo tempero, Robertinho Silva enviava mensagens ao Duofel mostrando seu desejo de um dia poderem tocar juntos.

O interessante é que Fernando Melo e Luiz Bueno sempre tiveram esta formação em mente e finalmente o encontro é realidade.O repertório dessa verdadeira jam contempla versões de clássicos da MPB, como Ponteio e Casa Forte, de Edu Lobo, Cais de Milton Nascimento, Água de Beber, de Tom Jobim e Vinicius, Tema de Viola e Roda Gigante, de Fernando Melo e Luiz Bueno, Emoriô e Bananeira, de João Donato e Gilberto Gil e Consolação e Berimbau, de Baden Powell, além de outras.

Programação 10º Festival Etapa de Música de Arte 2016

19 (sexta-feira), 19h – Carlos Calado (Panorama da Música Instrumental Brasileira) e Nelson Ayres Big Band

20/8 (sábado), 20h – Paula Morelenbaum & Jaques Morelenbaum e Cello Samba Trio

21/8 (domingo), 19h – Egberto Gismonti

26/8 (sexta-feira), 20h – João Bosco

27/8 (sábado), 20h – Carlos Lyra

28/08 (domingo), 19h – Duofel, Carlos Malta & Robertinho Silva

Serviço:

10º Festival Etapa de Música de Arte

Data: 19 de 28 de agosto

Local: Teatro Etapa (Valinhos)

Endereço: Avenida Dr. Antônio Bento Ferraz, 95 – Valinhos/SP

Site: www.etapa.com.br/festival

Ingressos: R$40,00 (inteira); R$20,00 (meia)

Classificação etária: 10 anos

Acesso a pessoas com deficiência física

Estacionamento gratuito no local

Pontos de venda sem taxa de conveniência

  • ETAPA Av. Dr. Antônio Bento Ferraz, 95 – Valinhos/SP

Horário de venda: de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h; sábado, das 8h às 12h.

  • UNIÓPTICA Rua Benedito Alves Aranha, 70 – Barão Geraldo – Campinas/SP

Horário de venda: de segunda a sábado, das 10h às 20h; domingo e feriado, das 12h às 18h.

Pela Internet

  • Bilheteria Rápida (sujeito à taxa de conveniência)

https://www.bilheteriarapida.com.br/festivaletapa/.