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22ª Bienal Sesc_Videobrasil divulga lista de artistas participantes

São Paulo, por Kleber Patricio

Obra: Pink Mao, de Tang Han, China, 2022.

O SESC São Paulo e a Associação Cultural Videobrasil anunciam a lista de participantes da 22ª Bienal Sesc_Videobrasil, edição que marca os 40 anos do Videobrasil e que ocorrerá entre 18 de outubro de 2023 e 28 abril de 2024 no SESC 24 de Maio. Intitulada “A memória é uma ilha de edição” – frase retirada de poema de Waly Salomão (1943-2003) –, a bienal segue com seu olhar voltado à arte produzida fora dos centros de poder euro-americanos dominantes. Deste modo, entre os 59 participantes – 51 deles selecionados a partir de chamada aberta – estão 20 artistas e coletivos da América do Sul, 13 da Ásia, 8 da África, 7 da Europa (Leste e Portugal), 5 das Américas Central e do Norte, 3 do Oriente Médio e 3 da Oceania.

“Desde sua criação, há 40 anos, o Videobrasil tem focado sua missão em formar caminhos alternativos para a exibição e apresentação de obras de arte como veículos para a negociação desses novos conhecimentos no Sul Global. Longe de ser apenas um significante de localização geográfica, o amplo alcance curatorial da bienal demonstra novas alianças entre praticantes culturais em todo e além deste Sul, respondendo às prementes injustiças, preconceitos e desapropriações de nossos tempos em uma constante mudança da paisagem global”, comenta Solange Farkas, diretora artística do Videobrasil.

Andro Eradze – “Raised in the Dust 2”.

Em uma estreita sintonia e duradoura parceria, o SESC e a Associação Cultural Videobrasil vêm juntos, desde os anos 1990, fomentando a pesquisa e a produção de artistas provenientes de diferentes nações do Sul geopolítico. Para Danilo Santos de Miranda, diretor do SESC São Paulo, “a realização da 22ª edição sob o título ‘A memória é uma ilha de edição’ é um convite a relembrar a origem desta bienal, que abre espaço para interações, trocas e aprendizagens entre artistas e público, reforçando assim, o compromisso da ação cultural da instituição em promover experiências de formação sensível e crítica acerca da cultura global”.

A curadoria da 22ª edição da Bienal Sesc_Videobrasil, assinada pelo brasileiro Raphael Fonseca e pela queniana Renée Akitelek Mboya, contou com um comitê internacional de pré-seleção formado por Amanda Carneiro (Brasil), Ana Sophie Salazar (Portugal), Nomaduma Masilela (EUA/Alemanha), Siddharta Perez (Filipinas), Tereza Jindrová (Tchéquia) e Ying Kwok (Hong Kong) para analisar as 2.319 inscrições de artistas de 119 nacionalidades. A partir do foco na descentralização dos eixos de poder nas artes visuais e na busca por diferentes sistemas de conhecimento – com destaque para os povos originários e indígenas de vários cantos do mundo –, as obras selecionadas respondem à provocação proposta no partido curatorial, colocando a memória no centro do debate como algo que é entendido globalmente, mas que tem suas particularidades em função das culturas que estão atendendo a esse chamado e da história pessoal dos artistas. O corpo, a comida, o texto, diversas abordagens sobre o som e até mesmo a tecnologia de games aparecem como recortes sobre o que pode significar memória.

Gabriela Pinilla Mariacano – “Roja muy Roja 1”.

O vídeo ainda é a mídia preferencial de boa parte dos artistas inscritos e aparece em diálogo com outras linguagens, como a cerâmica e o trabalho têxtil. Juliana Braga, gerente de Artes Visuais e Tecnologia do SESC São Paulo, destaca que “a universalidade que o vídeo vem conquistando ao longo das três décadas em que o SESC acompanha a trajetória do Videbrasil é perceptível”. Neste sentido, Solange afirma que “de algum modo a Bienal Sesc_Videobrasil se volta novamente para o vídeo, que se relaciona diretamente com os primórdios do Videobrasil, lá nos anos 1980. É interessante pensar como o vídeo, nesse momento, ocupa de novo um lugar central em todos os campos da cultura. Foi ele que nos conectou durante a pandemia e é ele também que está ao acesso de nossas mãos, todos os dias, nas telas de celular ou nos computadores”.

Nesta 22a edição da Bienal Sesc_Videobrasil, a mostra segue com grande foco não apenas na exposição propriamente dita, mas também nos programas públicos e publicações. Segundo a curadora Renée Akitelek Mboya, o evento tem na localidade e no espaço do SESC 24 de Maio um de seus grandes destaques. “Se pensarmos as exposições como emissárias na construção de sistemas de conhecimento, um espaço como este nos permite trabalhar à vista e em colaboração com as comunidades que utilizam a região adjacente do centro de São Paulo para introduzir formas de mediação e conhecimento não necessariamente acessíveis em espaços de exposição tradicionais ou em instituições de uso único”. Sobre a exposição, o curador Raphael Fonseca destaca que as obras estarão dispostas em diferentes pisos do edifício, criando variadas possibilidades de trajeto e diálogo entre os trabalhos: “Nesta edição da Bienal Sesc_Videobrasil não optamos por criar núcleos; desejamos que o corpo do público se movimente da maneira mais livre possível pelo espaço e crie seus próprios itinerários. Além disso, como se perceberá, em uma espécie de gesto que faz referência à história do evento, decidimos por ter trabalhos em vídeo mostrados de forma mais escultórica. Optamos mais por telas do que por salas escuras e projeções. Isso cria um ar arejado para a exposição e contribui para que que os trabalhos estejam numa conversa mais direta. Ocupando o térreo, o terceiro andar e o décimo primeiro, abraçamos o SESC 24 de Maio de forma mais ampla e desafiamos artistas a lidar com espaços muito diferentes”.

LISTA DE PARTICIPANTES

Abdessamad El Montassir, Marrocos | Abdul Halik Azeez, Sri Lanka | Abu Bakarr Mansaray, República da Serra Leoa | Adrian Paci, Albânia | Agnes Waruguru, Quênia | Ali Cherri, Líbano | Alicja Rogalska, Polônia | Andrés Denegri, Argentina | Andro Eradze, Geórgia | Anna Hulačová, Tchéquia | Antonio Pichilla Quiacain, Guatemala | Arturo Kameya, Peru | Bo Wang, China | Brook Andrew, Austrália | Camila Freitas, Brasil | Cercle d’Art des Travailleurs de Plantation Congolaise (CATPC), Congo | Doplgenger, Sérvia | Eduardo Montelli, Brasil | Euridice Zaituna Kala, Moçambique | FAFSWAG, Nova Zelândia | Froiid, Brasil | Gabriela Pinilla, Colômbia | Guadalupe Rosales, Estados Unidos | Hsu Che-Yu, Taiwan | Isaac Chong Wai, Hong Kong | Iwantja Arts, Austrália | Janaina Wagner, Brasil | Josué Mejía, México | Julia Baumfeld, Brasil | Karel Koplimets, Maido Juss, Estônia | Kent Chan, Singapura | La Chola Poblete, Argentina | Leila Danziger, Brasil | Maisha Maene, Congo | Maksaens Denis, Haiti | Marie-Rose Osta, Líbano | Maurício Chades, Brasil | Mayana Redin, Brasil | Mella Jaarsma, Indonésia | Moojin Brothers, Korea do Sul | Natalia Lassalle-Morillo, Porto Rico | Nolan Oswald Dennis, Zambia | Pamela Cevallos, Equador | PENG Zuqiang, China | Rodrigo Martins, Brasil | Sada [regroup], Iraque | Samuel Fosso, Camarões |Seba Calfuqueo, Chile | Sofia Borges, Portugal | TANG Han, China | Thi My Lien Nguyen, Vietnã/Suíça | Tirzo Martha, Curaçao | Tromarama, Indonésia | ujjwal kanishka utkarsh, Índia | Virgílio Neto, Brasil | Vitória Cribb, Brasil | Waly Salomão, Luciano Figueredo, Oscar Ramos, Brasil | Youqine Lefèvre, China | Zé Carlos Garcia, Brasil.

BIOGRAFIA DOS CURADORES

DIREÇÃO ARTÍSTICA

Solange Farkas, Feira de Santana-BA, 1955

Com quatro décadas de trânsito no meio cultural, Solange Farkas foi curadora-chefe do Museu de Arte Moderna da Bahia. Participou, como curadora convidada, do FUSO (Portugal), da Dak’Art – Bienal de Arte Africana Contemporânea (Senegal), do 6º Festival Internacional de Vídeo de Jacarta (Indonésia), da 10ª Bienal de Sharjah (Emirados Árabes Unidos), da 16ª Bienal de Cerveira (Portugal) e da 5ª Videozone – Bienal Internacional de Videoarte (Israel). Criadora e diretora da Associação Cultural Videobrasil, atua como diretora artística do festival e bienal Sesc_Videobrasil desde sua primeira edição, em 1983, investindo na criação tanto de seu acervo quanto de uma ampla rede de parceiros institucionais nos cinco continentes. Nos últimos anos, integrou o Júri de Premiação das 14ª e 15ª Bienal de Sharjah (2019), o Comitê de Premiação do Prince Claus Awards (2017-2018), o júri da 10ª Rencontres de Bamako – Bienal Africana de Fotografia (Mali, 2015), o Comitê de Seleção dos curadores para a 11ª Bienal de Berlin (2020) e ajudou a organizar a mostra Anthropocene Project no Ilmin Museum of Art (Coreia, 2019). É membra do comitê de jurados do EYE Art & Film Prize de Amsterdã e do conselho consultivo do espaço de arte Pivô, em São Paulo. Em 2017, foi contemplada com o Montblanc Arts Patronage Award, prêmio da fundação alemã destinado a profissionais com trajetória de destaque no apoio ao desenvolvimento das diversas expressões artísticas e culturais. Recentemente, realizou a curadoria de uma série de exposições na plataforma Videobrasil Online, inaugurada em 2020, e assina em 2022 a curadoria da mostra “Reviravolta”, realizada em Vitória em parceria com o Governo do Estado do Espírito Santo.

CURADORES CONVIDADOS

Raphael Fonseca, Rio de Janeiro, 1988

Pesquisador nas áreas de história da arte, crítica, curadoria e educação, tem interesse especial pelas relações entre arte, cultura visual e história em suas diversas concepções. A justaposição de diferentes temporalidades e a forma como isso pode suscitar reflexões contemporâneas para o público é de grande importância em sua prática. Humor, absurdo, cultura pop e a compreensão de que uma exposição se relaciona com as ideias de instalação, cenografia e espetáculo têm crescido dentre seus interesses de pesquisa. É o primeiro curador de arte latino-americana moderna e contemporânea no Denver Art Museum, nos Estados Unidos. Trabalhou como curador do MAC Niterói entre 2017 e 2020. Doutor em Crítica e História da Arte pela UERJ, recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça de curadoria (2015). Entre suas exposições recentes, estão “Who tells a tale adds a tail” (Denver Art Museum, 2022), “Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil” (Sesc 24 de Maio, 2022), “The silence of tired tongues” (Framer Framed, Amsterdã, Holanda, 2022), “Sweat” (Haus der Kunst, Munique, Alemanha, 2021-2022), “Vaivém” (Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, 2019-2020), “Lost and found” (ICA Singapore, 2019), “Sonia Gomes – a vida renasce, sempre’ (MAC Niterói, 2018) e “The sun teaches us that history is not everything” (Osage Art Foundation, Hong Kong, 2018).

Renée Akitelek Mboya, Nairóbi, 1986

É escritora, curadora e cineasta. Seu trabalho se baseia na biografia e na contação de histórias como forma de pesquisa e produção. Renée está atualmente preocupada em olhar e falar sobre imagens e as formas como elas são produzidas, mas especialmente como elas passaram a desempenhar um papel crítico como evidência da paranoia branca e como expressões estéticas da violência racial. Frente a isso, Renée busca entender melhor as maneiras pelas quais tais imagens são usadas para reforçar a narrativa institucionalizada do corpo racializado como um constante perigo à lei. Entre seus projetos mais recentes, estão “Sweet Like Honey” (Northern Corner Gallery, Musanze, 2022) e “A Glossary of Words My Mother Never Taught Me” (Cell Project Space, Londres, 2021). Renée trabalha entre Kigali e Nairóbi e é editora colaborativa do Wali Chafu Collective.

Sobre o Videobrasil

O Videobrasil é uma plataforma de arte e uma associação cultural que pesquisa e difunde a produção artística das regiões do Sul geopolítico do mundo – América Latina, África, Leste Europeu, Ásia e Oriente Médio. Criado e dirigido por Solange Farkas, integra uma rede de ações que inclui exposições, mostras, publicações, documentários, encontros e residências artísticas. Com mais de mil obras em vídeo e quatro mil itens, seu acervo é referência para conservação de vídeos, videoinstalações e registros de performance no continente.

Sobre o SESC São Paulo

Com 76 anos de atuação, o SESC – Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 45 unidades operacionais no estado de São Paulo e desenvolve ações com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio, serviços, turismo e para toda a sociedade. Mantido pelos empresários do setor, o SESC é uma entidade privada que atua nas dimensões físico-esportiva, meio ambiente, saúde, odontologia, turismo social, artes, alimentação e segurança alimentar, inclusão, diversidade e cidadania. As iniciativas da instituição partem das perspectivas cultural e educativa voltadas para todas as faixas etárias, com o objetivo de contribuir para experiências mais duradouras e significativas. São atendidas nas unidades do estado de São Paulo cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do SESC São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Mais informações, clique aqui.

Serviço:

22ª Bienal Sesc _Videobrasil – A memória é uma ilha de edição

Local: SESC 24 de Maio

Período expositivo: 18 de outubro de 2023 a 28 de abril de 2024

Horário de funcionamento: terça a sábado, das 9h às 21h; domingos e feriados, das 9h às 18h

Acessibilidade: mobiliário acessível; audioguia geral e audiodescrição de objetos táteis; videoguia em Libras com Legendagem para Surdos e Ensurdecidos (LSE) e vibroblaster para obras sonoras; réplica, maquete e mapa táteis; piso podotátil e impressão dos textos em dupla leitura (português ampliado e Braile)

Classificação Livre | Entrada gratuita

SESC 24 de Maio

Endereço: Rua 24 de Maio, 109 República – São Paulo (SP) Telefone: (11) 3350-6300

Transporte Público: Metrô República (350m)

Não tem estacionamento

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(Fonte: A4&holofote Comunicação)